Um balanço de 2006 é que o betão está de pedra e cal.
Melhores votos para 2007 e seguintes é que todos tenhamos uma empresa de construção civil. E obras. Especialmente na Ota e na Castanheira do Ribatejo: assim poupa-se nas deslocações para depósito das terras movidas por causa do aeroporto (que pena a lezíria não ser mais perto).
A quem cuida das gentes faço votos de boas colheitas pelo anúncio de empregos em plataformas logísticas em terras da Reserva Agrícola.
A bem da inclusão [adoro estes vocábulos da moda!] dos deslocalizados da Azambuja e do Ministério da Ingrícola...
Enquanto me sento aqui com uma manta nas pernas - que helada está esta casa! (*) - ouço na televisão que 2006 foi um dos anos mais quentes das últimas décadas. Gosto da vêemência; gosto do rigor: não foi nem o mais quente, nem sei bem se últimas décadas dá para 20, 40 ou 80 anos. O facto assim afirmado com tanto rigor científico - percebo-lhe a intenção - substancia uma vez mais (ou substancia-se em) o que garantem 2500 cientistas dum painel da O.N.U. para as alterações climáticas.
E esta ciência não pára. Constroem-se modelos climáticos a cavalo num histórico de medições só de algumas décadas quando nem capacidade há para previsões fidedignas além de... dias.
- Portugal a não escapar ao aquecimento global - parece-me que é o que ouço papaguear como conclusão.
Pois pudera! Se nem da Europa, que pode muito menos que o aquecimento global, conseguiu Portugal livrar-se, como ia agora fazê-lo de algo mundial global?!
Quanto aos 2500 cientistas da O.N.U. não me admira que aqueçam o clima: sem calor será mais dificil aquecerem o tacho. Mas a quem mais interessará o aquecimento global? Aos ursos polares? Ao presidente Bush? É isso que não entendo!
Imagem em Amazon.com
(*) Patxi Andion - Palabras (1970)
O arco no horizonte estava bem à vista. Viemos pelo o azimute inverso.
Arco de Andaluz, Lisboa, c. 1900.
Fotografia: Alberto Carlos Lima, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
[Que singular aquela casa com zimbório por cima do arco ainda lá existir...]
Passei - passámos - por lá hoje…
Largo de Andaluz, Lisboa, c.1940.
Fotografia: Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Esta é uma imagem rara e preciosa do primeiro troço da velha Rua do Arco do Cego entre a Av. Duque de Ávila e a Av. António José de Almeida. Pense o benévolo leitor em parar à porta do Centro Comercial de São João de Deus; pouse o tripé e a máquina de Eduardo Portugal, aponte a objectiva para dentro do centro e foque para 1940. Adenda:
2ª adenda:
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Lá em casa tínhamos uma caixa de bolachas, daquelas em folha de lata, com o Terreiro do Paço na tampa. Havia mais bonecos à roda da caixa; julgo que eram pormenores barrocos do Terreiro do Paço, parece que detalhes da imagem da tampa, que eu achava muito, muito bonita.
Desfile de cortejo: vista imaginária do Terreiro do Paço
J.A Cyriaco, 1794.
Óleo sobre tela, 450 x 940 mm, in Museu Nacional dos Coches.
Poder passar lá no eléctrico tornava-se fantástico; o lugar real que eu via tão encantador na caixa das bolachas estava ao meu alcance. E contudo em lá passando, vendo as magníficas arcadas e as grandes janelas mai-los grossos torreões a rematar a praça à beira-rio, sentia dali algum desencanto. Eu não pressentia ali realeza. Intrigava-me como podia a imagem da caixa das bolachas transmitir um encanto de realeza e ao depois o terreiro verdadeiro não no ter. Ingenuamente - teria eu uns 4 ou 5 anos - ocorria-me que podia ser por a imagem da caixa de bolachas retratar o tempo dos reis. Na realidade não havia rei...
Gravura colorida, séc. XVIII, 410 x 825 mm
Projecto para a Praça do Comércio atribuído a Eugénio dos Santos.
Pouco tempo após deslindei o caso: o Terreiro do Paço na realidade estava inacabado; faltavam-lhe as cúpulas nos torreões e a torre sineira no cimo do arco triunfal como na caixa de bolachas.
Mas ainda assim, sobretudo faltava-lhe ser paço.
Um saltinho à quinta do Conde de Sintra e um passeio no Chao Phrya em bergantim real (cortesia do confrade das Combustões), eis-me que torno à Guerra Junqueiro:
— FELIZ NATAL A TODOS!
Armando Serôdio, 1959 (ainda a expensas da Câmara Municipal de Lisboa).
O confrade Je Maintiendrai lançou-me na esplanada da Mexicana um interessante e honroso desafio: investigar o velho Arco do Cego, com especial incidência numa velha quinta com casa nobre, ali onde é hoje a Casa da Moeda; o fito era afixar cá na parede do blogo alguma fotografia da tal quinta. Temo sinceramente que o objectivo fique aquém… Mas vamos por partes.
O Arco do Cego em três planos: o Instituto Superior Técnico; um troço da Rua do Arco do Cego que já não existe; a Carris e os restos das quintas, terras onde hoje estão os quarteirões da Casa da Moeda até à Av. Elias Garcia.
Vista Geral do Arco do Cego, Lisboa, c. 1930.
(O Livro de Lisboa, Livros Horizonte, 1994.)
Planta Topográfica de Lisboa, Arquivo do Arco do Cego , C.M.L., (plantas 10L e 11L,1906-1908).
Na planta acima há quatro vias principais correndo mais ou menos de S. para N.: da esquerda para a direita temos a Av. Cinco de Outubro, a Av. da República (mais larga), a Av. dos Defensores de Chaves e a velha Rua do Arco do Cego (menos regular); de N para S vemos sucessivamente a Barbosa do Bocage, a Elias Garcia, a Visconde de Valmor, a Miguel Bombarda e, no encontro com a Defensores de Chaves ainda vemos a João Crisóstomo.
A velha Rua do Arco do Cego corria para NNO desde o ponto de encontro da Av. Rovisco Pais com a Duque de Ávila. Corria sensivelmente pelo que são hoje os logradouros dos quarteirões orientais da R. de Dona Filipa de Vilhena. Sobrevive ainda o troço entre esta e o Campo Pequeno. No lado ocidental da dita Rua do Arco do Cego podem identificar-se na Planta Topográfica de Lisboa três quintas: a Quinta do Chora ou do conde Sintra (azul); a Quinta da Brasileira (amarelo); e a Quinta dos condes das Galveias (verde). Destas, a que interessa aqui é primeira. A dúvida agora é saber naquela fiada de casas adjacentes (rosa) identificar a casa nobre da quinta. Para ajudar há lá dois jardins de buxo.
O problema é que naquela fotografia lá mais acima — onde se vê a terraplenagem da Av. António José de Almeida através da nossa quinta a caminho da Miguel Bombarda — já não sobrava muita casa de pé…
O toldo que se vê na Av. Guerra Junqueiro não é da Mexicana; é duma loja que lá houve antes. O que era não sei. Uma mercearia, uma leitaria, talvez uma garrafeira...? Quem souber que me confirme os alvitres.
Av. Guerra Junqueiro, Lisboa, [c. 1950].
António Passaporte, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Fico sabendo que o programa curricular do em boa hora retornado Manuel (Mexicana I, Mexicana II, Mexicana Descritiva, Comida e Bebida) é dalguma reforma do ensino posterior a 62; é o que depreendo da datação da fotografia de Vasques, ali mais abaixo.
Em tempos frequentei a Mexicana mas não passei nenhuma das cadeiras mencionadas. A escola era outra, mais atrasada, embora depois houvesse algumas cadeiras feitas na Sul América!...
Há bastante que lá não vou. A ambas.
Pastelaria Mexicana, Lisboa, c.1977.
Fotografia de Vasques in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Ando aqui há tempo com ela fisgada para falar de duas cousas mas outros afazeres (calhando é falta de arte) me têm tolhido o intento. Uma é a Nossa Senhora da Rocha e o vale do Jamor e a outra é Goa. Deixando agora o primeiro, pego ao de leve na sede do nosso Estado da Índia.
Fez há dias 45 anos da invasão de Goa Damão e Diu e talvez por isso tenham dado há pedaço um documentário sobre ele no canal da R.T.P. Memória. Da bravura dos nossos em tão agrestes e ingratas circunstâncias, estou convicto, não se envergonharia Albuquerque. Mas confesso que não estou nada à vontade no tema. Afortunadamente há gente quem sabe e nos lembra o que se passou e tem passado...
Há quase 500 anos assentou o grande Afonso de Albuquerque de acometer a cidade de Goa. Conquistando-a uma primeira vez viu-se obrigado a retirar. Achando-se mal julgado por deixá-la acometeu-a segunda vez e tomou-a aos Turcos pelas armas: um dos seus capitães, «Manuel de Lacerda, que andava [ferido] com uma setada polo rosto, em entrando pela porta encontrou-se com hum Turco de cavallo, e matou-o, e subio-se no cavallo, e foi seguindo a vitoria [...] Quando o elle vio [Afonso de Albuquerque] com as armas todas tintas de sangue, abraçou-o, e disse-lhe: Senhor Manuel de Lacerda, confesso-vos que vos hei grande inveja, e assim vo-la houvera o grande Alexandre se aqui estivera [...] » (Comentários do Grande Afonso de Albuquerque, parte III, cap. III).
Foi no dia de Santa Catarina de 1510. Uma das velas da frota da conquista de Goa é este magnífico galeão Trindade. Logo depois seguiu a frota para Malaca...
Telmo Gomes, Galeão Trindade.
(Navios Portugueses do Oriente: Século XVI, Inapa, 1999.)
Aos meus bons amigos Fernando C. e Pedro Oliveira que comentaram o Posto 6 de maneiras distintas, remetendo porém ambos para a Av. Guerra Junqueiro: a entrada do Posto 6 da Caixa adivinha-se mais do que se percebe, logo após a esquina, sensivelmente diante do autocarro de 2 pisos; a Mexicana, topa-se-lhe o toldo à esquerda de quem começa a descer a Guerra Junqueiro; se já se chamava Mexicana desconheço.
O postal é de 1959 (possivelmente tirado do alto do Ministério das Corporações em construção); a edição é de António Passaporte.
Notai que nesta altura já os arruamentos laterais da Manuel da Maia haviam sido modificados em passeios e estacionamento.E a tabuleta do Restaurante Portugal parece-me que também... (cf. Posto 6).
Do Restaurante Portugal não me lembro. Recorda-me, sim, de haver ali um balcão do Banco Nacional Ultramarino. No primeiro andar, disse o meu irmão, era o posto 6 da Caixa; diz que fomos lá algumas vezes com a mãe, mas não me consigo lembrar.
Vista parcial sobre a Praça de Londres e Avenida Manuel da Maia, Lisboa, anos 50.
Fotografia de António Passaporte in Arquivo fotográfico da C.M.L.
Ou [futura] Rua Nova dos Bombeiros.
Ou [mais futura] Av. dos Bombeiros Voluntários.
Estrada da Carapuça e ribeira, Algés, 1941.
Fotografia de Eduardo Portugal in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Por via dum pecadilho, deu-me para pôr aqui no blogo um Piranesi. Dei-me depois conta que o confrade Je Maintiendrai nos brindara com mais três, magníficos, retirados dum guia piranésico de Roma, que generosamente nos depositou na mão esquerda. Não contente, deixou-nos ainda um guia gastronómico na direita.
Sabe quem sabe!
Interrogo-me se esta maravilha se não irá apresentar a concurso... com um grãozinho na asa.
Enrique Casanova, Porto: Torre dos Clérigos, c. 1890.
Litografia color.; 29 x 30 cm
Acho que ninguém notou: fui espreitar as prendas de Natal da srª D. Emília.
Espero que o Piranesi seja para o meu Menino Jesus!...
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Templo de Saturno e Arco de Septímio Severo.
João Baptista Piranesi (1720-1778).
O príncipe regente, futuro D. João VI, embarcara com a sua corte para o Brasil em 27 de Novembro de 1807. Pelo dia de hoje há 199 anos consta que já andariam todos com um camadão de piolhos (face=georgia>1).
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Ilustração: Carlos Alberto in História de Portugal, 13ª ed., Agência Portuguesa de Revistas, [s.l.], 1968.
align=left width=100>(face=georgia>1) Patrick Wilcken, O Império à Deriva: a corte portuguesa no Rio de Janeiro 1808-1821, Porto, Civilização, 2004, p. 52 e ss.
Acabei de ouvir um jornalista no Rádio Clube perguntar ao sr. ministro da agricultura se vão haver deslocalizações de funcionários.
O sr. ministro evitou habilmente responder com um hadem...
Gosto que o Ministério da Agricultura (oportunamente mudará o nome para Ministério da Consultoria - ou será Consultadoria?) haja encontrado uma nova missão agora que a agricultura é de cimento e as pescas são bacalhau da Noruega e carapau espanhol. Chama-se isto gestão para a mudança.
Mas atenção notai, os funcionários afinal não se mudam. Deslocalizam-se!
Quinta da Graça, Marvila [S. João de Brito], 1961.
Fotografia de Arnaldo Madureira in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Honra-me o confrade Mendo Ramires com um convite para pendurar aqui na parede um postalinho do saudoso Cais das Colunas - que a empreitada do Metropolitano haja. Meio desprevenido e um tanto atrasado, vale-me que o cavalheiro Jorge Ferreira supriu a falha com cinco belíssimos postais ilustrados n' O Carmo e a Trindade, com dedicatória a condizer.
* * * « O lado S da praça é formado pelo chamado Cais das Colunas (de duas colunas que aí se levantaram), hoje um pouco deteriorado, sendo raros os desembarques que nele se efectuam, a não ser de pequenos vapores e embarcações de vela que fazem a travessia do Tejo para a outra banda. De aí desce até ao rio uma ampla escadaria de mármore.» (2)
(1) A silhueta do silo da Trafaria e o tipo do cacilheiro atracado parece-me que tornam a fotografia daquém 1973, mas posso estar enganado. Música: Verdes Anos (Carlos Paredes).
(Revisto em 20/VII/14. Muito revisto e augmentado em 12/XI/17.) |
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