Às vezes dou comigo a imaginar como seria tal ou tal sítio antes de lá haver prédios. Um deles é a Av. dos Estados Unidos ali onde quem vira da Av. do Aeroporto.
Avenida dos Estados Unidos da América, Lisboa, 1951.
Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Aqui o café pub fechou. E o gás acabou...
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Sonap, Maçã (E.N. 379), 2006.
Leve o aquecimento global consigo!
Crowded House - Weather With You
(MTV / 1992) Max Sessions, [s.d.]
[Recomendado pelos principais noticiários.]
Corrigido em 4/2/2007 e em 12/9/2008.
Santana - Samba Pa Ti
(Beat-Club / Abril de 1971)
Em 2002 deu-me saudade dos chavales do Verão Azul e rumei em passeio a Nerja — duma jornada do caminho já dei cá notícia.
Lá vi a traineira do Chanquete, mas a idealização formada a partir da série dos miúdos e o lugar real não se conjugam nestes veraneios; é como ler um livro e depois ver o filme...
A terra tem graça pitoresca mas a multidão de veraneantes com carros e motoretas desgraça-a; as praias ficam cheias como um ovo e é difícil pisar o cascalho sem pisar a cabeza a alguém. Julgo que isto seja uma técnica dos que arribam à praia para remover os outros e abrir uma clareira para si. Outra técnica - mui pouco usada - era chegar cedo o bastante, mui antes dos pisa cabezas, e fugir-lhes a meio da manhã que era quando eles engrossavam. Calhava bem pois podia almoçar-se à saída no restaurante da praia logo à hora de chegar o peixeiro. Este modo antecipava a siesta. À tardinha as praias de cascalho voltavam a ser frequentáveis por os pisa cabezas — já tostados em rosa forte — terem debandado para se alindarem para a ceia e juntarem à movida.
No apartamento havia uma estante com livros (sobretudo em inglês); cuidei que fossem os veraneantes que lá se alojavam que os iam deixando. Levei um livro que acabei lá e como os da estante não me interessaram fui comprar outro. Trouxe Felipe II y su Tiempo de Manuel Fernández Álvarez, o mais grosso que havia na livraria. Imagino se alguém se interessou pelo Paço da Ribeira do Nuno Senos que lá deixei…
Mais que isto só me lembro de coisas soltas de Nerja.
Perguntei, apontando, o nome dos pêssegos carecas numa tienda e responderam-me: nectarinas. Aprendi que Nerja é a origem do novo nome dos pêssegos carecas que vejo agora escrito nos híperes! Quem quiser diga aos dicionaristas!… A vendedeira por seu lado pediu informação e foi informada que nosostros éramos galegos!…
Outra coisa que me lembro é de cá a senhora pronunciar zumo (com o 'z' bem zumbido à portuguesa) e os sumos não serem piores por isso.
Nerja sofre com o calor do Verão e com os cães dos turistas. Somados [à falta de limpeza dos dejectos caninos], intensificam exponencialmente o cheiro a... Nem de propósito, quando no Verão a seguir contei onde estivera ao tio do Algarve, ele, ouvindo pela primeira vez o nome da terra perguntou admirado.
— Estiveste onde?! Em merda?!...
Epílogo: por uma razão qualquer a máquina fotográfica descartável ficou no saco até passarmos por Beja, à tornada. Salva-se de Nerja uma fotografia em grande estilo na Cueva, que eles lá impingem aos turistas. Vale-me isso, mas não vos maço com tal. Já basta a crónica banal.
Nota: corrigido às oito e meia da noute.
Nos Dias que Voam ciranda-se pelos cinemas piolho de Lisboa (e outros mais). Calha bem que tenho aqui a parelha Bud Spencer e Tèrênço Hill (como diria o Cafeteiras).
Isso é que eu me ria com aquele chapadão de mão aberta no mexicano [a 0:50 do fim]...
O antimercado é uma feira onde os que não produzem vendem o nada que produzem. Quem produz não pode lá vender, só comprar.
 Paradoxalmente (ou se calhar não) a promoção o marketing de um não-produto faz-se tal e qual como a prom o marketing de qualquer outro produto: com imoral amoral publicidade. A campanha escolhida intitula-se «Aquecimento Global», é duma agência das N.U. e está a ser veiculada a todo o gás na comunicação social.
A América, orgulhosa da sua economia mercado, renega a economia de antimercado por não ganhar nada com isso ter sido ela que inventou.
O antimercado inaugurou-se na feira de Quioto e diz que foi um gato fedorento que inventou.
Eu cá para mim foi o Mastermind.
Em menino achava maturidade nos crescidos. Os avós, os pais, os tios, a sra. D. Maria do Rosário que foi minha professora primária falavam assisadamente, soavam como gente grande e não me parecia que dissessem disparates. Estivesse frio diziam-me agasalha-te sem muitos nhanhanhãs; se porventura perguntasse porque estava frio diziam-me que no Inverno é normal o tempo frio. Isso mesmo também dizia o livro da 2ª classe...
Hoje de manhã a telefonia noticiava que estamos em estado de alerta por causa do frio. Parece que pode nevar em Bragança!...
Extraordinário, portanto!
O corolário da notícia foi um conselho em português... securitário, talvez (o que eu aprecio este palavreado moderno!):
— Aconselha-se o uso de várias camadas de roupa!
A geração rasca (a minha) não ensinou sequer a dizer agasalho a esta nova geração diluviana de banalidades; e agora há paranóia um alerta a cada terrível estação do ano. Duas gerações cuja mentalidade hibernou na creche debaixo de muitas camadas de roupa de marca.
Uma tristeza!...
Imagem do Livro de Leitura da 3ª Classe do Ministério da Educação Nacional, [s.d.].
Pedindo uma mulher viúva a el-rei [D. João III] que lhe tomasse dois filhos [1], alegando para isso os muitos serviços de seu marido, tomava-lhe el-rei logo um. E ela não quis, antes, insistindo em sua tenção, disse algumas palavras tão ásperas que se enfadou el-rei tanto que, não podendo usar de sua condição sofrida [2], se levantou da cadeira e se recolheu para a rainha [3]. E ela, logo que lhe viu no rosto que ia agastado, perguntando-lhe de quê, contou-lho el-rei; e a rainha, com rosto risonho, pelo desmalenconizar [4], disse-lhe:
— Não, Senhor. Porém tome-lhe Vossa Alteza um filho e eu o outro.
E assim fizeram.
Ditos Portugueses Dignos de Memória; História íntima do século XVI anotada e comentada por José Hermano Saraiva, 3.ª ed., Mem Martins, Europa-América, 71 (p.40).
[1] Que tomasse ao seu serviço, admitisse como criados do Paço.
[2] Não podendo manter a calma que lhe era habitual.
[3] Retirou-se para os aposentos da rainha.
[4] Para lhe restituir a boa disposição, para o tirar da melancolia.
Estou orgulhoso de mim por este passatempo. Pondero agora concorrer ao Preço Certo, daquele grande português anafadinho.
Derivado ao - derivado ao é como se diz muito agora, não é... Derivado ao desafio do Manuel veio-me a recordação das férias de 2002. Numa etapa (demorando) a caminho de Nerja percorri E.N. 266 de fio a pavio (foi a única vez que lá passei). Foi depois duma tarde na praia das Furnas (V.N. de Milfontes), passando por Odemira - onde sorvi uns iogurtes de meio litro do Lidl. Prestei pouca atenção às pontes. Lembro-me é de ter enchido uma garrafinha de água numa bica lá mais para a Portela das Corchas (Serra de Monchique) e de ter dito à senhora:
- É água de Monchique; é boa!
A água pernoitou na mala do carro (nós e o carro pernoitámos em Monchique) e no outro dia a senhora, arrumando a bagagem, apresentou-me a garrafa cuja água se tornara da cor do barro, dizendo:
- Queres água de Monchique? É boa!
E seguimos para a Praia da Rocha entretanto.
Postal de Portimão do Fórum Auto-Hoje.
[Calhando há-de sair algo sobre a terra do Chanquete.]
Dúvidas há que me ocorrem:
- Será que há limite para o desejo dos humanos de possuir coisas?
- Seguindo para N. na Av. Antº Augusto de Aguiar, será que algum dia poderei virar à esquerda para a Marquês de Fronteira e não para o Corte Inglês?
- Será que o areal de S. João da Caparica está a depositar-se na praia de Caxias?
...
[Esta agora é mais para o amigo Manuel]
- Será que esta ponte fica ali ao virar da curva ou é mais adiante na E.N. 266?
Se for mais adiante apanho aqui a carreira nesta paragem.
Fotografias in H Gasolim Ultramarino.
O tempo voa. A Dona T. reconta-o aos dias cheia de entusiasmo. Dá-se a trabalhos por isso e dedica-os generosamente aos circunstantes. Por causa dumas curiosidades antigas que publiquei sobre Arroios e a Almirante Reis ofereceu-nos ela a perspectiva diacrónica. Agradeço-lhe com uma tentativa de aproximação fotográfica do seu postal dos Restauradores ao Almanach Palhares.
— Muito obrigado Dona T.!
Praça dos Restauradores e Avenida da Liberdade, Lisboa, c. 1900-1910.
Manuel Tavares, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
A 20 de Janeiro tem uma hora por inteiro, quem lá chegar hora e meia há-de achar.
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Camponeses de Mosteirô, Castro Daire, 2006.
Isto agora é para atulhar e empurrar os devoristas para baixo. É gente que desmerece menção. Além disso no circo de feras saiu omissa a dízima que sabeis compete às confrarias eleiçoeiras...
Doravante proibo-me o entulho.
É porivido vazar e[n]tu[l]ho, Teixelo, 2006.
Os cartazes do circo dão muito como grande atracção uma espécie de domador dos leões. Não vos enganeis. O impostor é triste figura num pobre espectáculo de pulgas amestradas. As feras, essas é que domam a dita atracção de circo.
src="http://fotos.sapo.pt/biclaranja/pic/0009xyyk/s500x500" width=500 border=0>
E as pulgas, bem amestradas, botam-lhe voto.
[Bem contados foram] 71.029 condutores em excesso de velocidade [...]
Durante o primeiro trimestre deste ano, os radares terão apenas um carácter preventivo e pedagógico [...]
In Portugal Diário
Cá está!
Os mentecaptos, além de agirem imbecilmente de seu natural, não se aprende nada com eles. Assim continuarão necessariamente a ser votados para mandar nisto.
Cumprir as leis não faz parte da pedagogia.
Fotografia no Fórum Auto-Hoje.
Adenda: o Carmo e a Trindade esclarece com um silogismo a pedagogia dos mentecaptos.
A planta é de 1909. A Rua José Falcão (2) — o troço dela a ocidente da Av. D. Amélia (1), que era o tudo o que havia — já está quase construído tanto no lado norte como no lado sul. Na fotografia se vos lembrardes, só lá havia dois ou três prédios. O mesmo se passa no troço da António Pedro a chegar à Morais Soares (3). Esta — podeis ver agora com mais clareza — prolongava-se em estreita via para ocidente da mal definida Praça do Chile. A fotografia é, pois, anterior a 1909; pelo menos um ano ou dois, mas estou conjecturando.
Os arruamentos actuais estão lá quase todos como hoje; os prolongamentos da Pereira Carrilho (7), da José Falcão, da Almirante Reis e da Rua de Ponta Delgada até ao Largo do Leão (10) adivinham-se sem esforço; assim também o desenho da Praça do Chile. Dispenso assim a sobreposição com um mapa actual.
A legenda, transcrevo a de hoje ao meio-dia.
Dúvidas?
Planta 11K (URBA-LT-03-143-11K — 1909) do Levantamento da Planta de Lisboa: 1904-1911.
Durante os primeiros 40 anos da sua existência a Av. Almirante Reis [1] terminou em Arroios, na circunvalação, onde confluem as ruas Morais Soares [3] e Pereira Carrilho [7]. O lugar hoje chama-se Praça do Chile [aprox. 4].
Convido-vos a subir à Penha de França. Apreciai!
Terrenos da Av. Almirante Reis, Lisboa, ante 1909.
Fotografia de Alberto Carlos Lima in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Olhai na direcção do Hospital de Arroios. O cenário campestre é formidável!
O hospital de Arroios [8] vê-se bem ao centro; à sua direita o casario baixo meio escondido no arvoredo identifica-nos a estrada de Sacavém [6] no troço correspondente à Quirino da Fonseca. Por trás do hospital, meia encosta acima, é a Azinhaga (ou Travessa) das Freiras a Arroios [11], onde deram com o almirante Reis depois que se suicidou na manhã de 5 de Outubro de 1910; é lá onde se vê uma casa grande com uma capelinha diante. A Azinhaga das Freiras ainda hoje leva ao Largo do Leão [10] que podeis ver um pouco mais à esquerda, encosta acima. Estendendo o olhar ao monte alto que vem a seguir, o da cumeada arborizada, digo-vos que lá veio a erguer-se o Instituto Superior Técnico [13]. Para além do monte, não se vê, mas segue a Rua do Arco do Cego em direcção ao Campo Pequeno [14] cujas cúpulas sobressaem um pouco à direita do cume do monte.
Ao cimo da Av. D. Amélia atravessa-se para lá e para cá dela, entre muros, a Rua Conselheiro Morais Soares, bordejando hortas e quintas, beijando inclusive uma nora [4] ali na esquina nascente. Começava naquele tempo a Morais Soares quase no enfiamento da travessa das Amoreiras a Arroios, no ponto exacto onde acaba a Rua António Pedro [5]; o muro do hospital ficava mais para sul do que fica hoje. Mais tarde a Rua Pereira Carrilho desceu à Praça do Chile e este troço inicial da Morais Soares foi suprimido.
Esta fotografia é um mimo - os montes enevoados que mal se distinguem no horizonte não são eles para os lados de Belas?!
Esta fotografia é, de feito, um mimo; se vos não maçar conto tornar cá com ela legendada um mapa legendado.
Se vos não maçar...
Legenda [trazida no dia 17 ao meio-dia]:
Adamastor (O)
Apartado 53
Bic Cristal
Blog[o] de Cheiros
Carmo e a Trindade (O)
Chove
Cidade Surpreendente (A)
Corta-Fitas(pub)
Dragoscópio
Eléctricos
Espectador Portuguez (O)
Estado Sentido
Eternas Saudades do Futuro
Fadocravo
Firefox contra o Acordo Ortográfico
Fugas do meu tinteiro
H Gasolim Ultramarino
Ilustração Portuguesa
Kruzes Kanhoto
Lisboa
Lisboa Actual
Lisboa de Antigamente (pub)
Lisboa Desaparecida
Menina Marota
Meu Bazar de Ideias
Paixão por Lisboa
Pena e Espada(pub)
Perspectivas(pub)
Planeta dos Macacos (O)
Pombalinho
Porta da Loja
Porto e não só (Do)
Portugal em Postais Antigos(pub)
Retalhos de Bem-Fica
Restos de Colecção
Rio das Maçãs(pub)
Ruas de Lisboa com Alguma História
Ruinarte(pub)
Santa Nostalgia
Terra das Vacas (Na)
Tradicionalista (O)
Ultramar
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