Há dias as senhoras lá no trabalho apareceram quase todas vestidas de roxo ou lilás, uma cor assim. Perguntei a uma se o roxo estava na moda (foi mais afirmar que perguntar) e recebi a resposta:
- Beringela.
(Bouquet Beringela em flores.pt.)
Quando hoje liguei o telefone móvel vi que tinha finalmente a hora certa. Cuidava que aparelhos de telefone tão modernos e sofisticados fossem mais lestos a telefonar por eles para a Hora Legal. Este que possuo demorou seis meses.
Posto do relógio padrão da Hora Legal, Lisboa, início do séc. XX.
Alberto Carlos Lima, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Passagem de nível da Cruz da Pedra, São Domingos de Benfica, 1969.
Arnaldo Madureira, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
« Devido ao encerramento da passagem de nível na Cruz da Pedra, o percurso da carreira 11 é completamente restruturado a partir do dia 29 de Março de 1971 (segunda-feira).
A carreira passa a efectuar terminal na Praça do Comércio, de onde circula pela Rua do Ouro/Rua Augusta, Rossio, Largo Dom João da Câmara, Restauradores, Avenida da Liberdade, Marquês de Pombal, Rua Joaquim António de Aguiar, Avenida Engenheiro Duarte Pacheco, Auto-Estrada,Cruz das Oliveiras e Avenida Tenente Martins até à Cadeia de Monsanto, onde retoma o percurso habitual até à Buraca.
O serviço entre a Picheleira e o Rego (Hospital Curry Cabral) continua a ser assegurado pela carreira 11A. A ligação a Sete Rios é garantida através de transbordo para as carreiras 26 ou 31 nas Avenidas Novas. O Bairro do Calhau passa a ser servido apenas pelas carreiras que circulam na Estrada de Benfica.»
In Cruz-Filipe, A minha página da Carris.
Guia Informativo de Autocarros e Eléctricos, Carris, Novembro de 1970.
Id., ib.
Uma fotografia inverosímil da Rua Joaquim António de Aguiar em Março de 39, há 60 70 anos. - Talvez de inícios de Março considerando as despidas árvores. - As casas que se atravessam podem ser da Rua de Artilharia 1, e à direita o muro, do palácio Abrançalha. Isto antes de rasgar-se dali a Av. Duarte Pacheco. Mas escrevo isto de cor.
A cabina e o poste dos telefones dão uma ar pitoresco, de fora de portas, ao local.
Rua Joaquim António de Aguiar, Lisboa, 1939.
Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Quando a bitola de cinco pisos — seis com o desnível — chegava…
Ruas Castilho e Joaquim António de Aguiar, Lisboa, [1936-1958].
Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Ao deixar-me o recorte o estimado amigo Fernando C. perguntou: será?
Claro que não é. Assim como vejo é como a Alemanha perdeu a guerra. De cócoras é como vimos nos noticiários quando há dias nos visitou o presidente de Angola.
(Imagem: Global Notícias, 24/3/2008.)
Sede da F.I.A.T. Portuguesa, Lisboa, 1940-59.
António Passaporte, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Av. Eng.º Duarte Pacheco, Lisboa, 2008.
Depois dos entreguistas de 74 assinarem a capitulação final em 85, Portugal acabou. Mas parece que tinham deixado umas pontas soltas...
" Da Regoa saimos com rasoavel atraso, e não está nos habitos d'este caminho de ferro compensar os atrazos pelas velocidades. A anedota conta-se em Hespanha, mas tem um sabor tão nosso que bem a podemos nacionalisar. Um passeante encontra-se n'uma gare á chegada d'um comboio de passageiros. Olha o relogio e verifica que chegou precisamente á hora. Muito admirado, dirige-se ao chefe da Estação, faz-lhe notar o facto, e apresenta-lhe, por tal motivo as suas felicitações. O chefe, agradecendo com reverencia, homem sério, não querendo deixar o outro lamentavelmente iludido, por muito que isso lisongeasse a sua vaidade de funcionario: - Pues el tren que llega es... el de ayer!
A verdade é que vamos atrazados [...] "
in Brito Camacho, Jornadas, (Agosto de 1915).
A verdade é que já não vamos... senão de autocarro.
Linha do Corgo, Vila Real, 2005.
Fotografia de Pedro Flora.
1907, 5.º Prémio Valmor. Demolido em 1954. Avenida Duque de Loulé, 77. Autor: António Couto [de Abreu]. Proprietário: Ernesto Empis (1).
« Durante a frequência da instrução primária, andei na catequese que funcionava junto à igreja de Lousa [...] Na altura, a minha catequista era a D. Cristina Empis que morava, principalmente no Verão, no Casal do Fetalinho, perto da nossa casa. Os Empis, julgo que de origem judaica, mas que tinham há muito optado pelo catolicismo, eram pessoas extraordinariamente simples, embora de um elevado estatuto social — o Senhor Ernesto Empis era accionista e administrador do então Banco Burnay, entre outros lugares que ocupava; a D. Cristina Empis, sua filha, que viria a casar com um diplomata, ensinou-me a doutrina católica até eu ser crismado. Em casa dela, todos gostavam muito de mim, incluindo as criadas e eu, claro, deles! A D. Cristina e a sua irmã a D. Isabel Empis (ainda viva) tentaram que eu seguisse os estudos num seminário. Para esse efeito, um dia foi lá, a casa dos Empis em Lousa, almoçar um alto dignitário da igreja para avaliar, segundo penso, a minha motivação e vocação. Após o almoço esse dignitário esteve a conversar comigo e, de repente, perguntou-me: “Porque é que queres ir para padre?” Respondi: “Para não ter muitos filhos, que custam muito a criar!” Pronto, o problema ficou logo resolvido, nunca mais me falaram em ser padre!... » Fernando Patronilo d' Araújo Website (Adolescência). Em breves instantes na Internete eis o que me foi fácil descobrir sobre a casa Empis da Duque de Loulé que, salvo aquela fotografia bastante conhecida, tão mal documentada parece andar. (1) Lisboa Desaparecida, vol. 5, 2.ª ed., Quimera, 1996, p. 147. |
Há dias dei conta que se montava um estaleiro em frente do nº 35 da Duque de Loulé...
Ministério da Justiça, Direcção Geral dos Registos e do Notariado e Conservatória dos Registos Centrais, Lisboa, 1961.
Augusto de Jesus Fernandes, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
No fim, em Lisboa, nenhum palacete há-de resistir ao camartelo que a ganância imobiliária brande. Leio no blogo da Cidadania LX que se prepara um prédio de oito andares e que logo ao lado, um mamarracho de gosto inqualificável que é da Sociedade Portuguesa de Autores, está inventariado na Carta do Património anexa ao Plano Director Municipal. - O palacete neo-gótico do nº 35 não! - Até dói o coração. Quando o mau gosto campeia é demolidor. Resigno-me e faço já por esquecer. É que não tarda hão-de somar-se-lhe os últimos dois palacetes que restam na Avenida João Crisóstomo (do nº 40 foi a P.S.P. despejada à má fila no ano passado, o que demonstra bem quem manda).
E mais dois que definham no gaveto da Av. Fontes Pereira de Melo com a Av. 5 de Outubro.
E mais o nº 1 da Av. da República que já está bem como há-de ir, não fora o Instituto de Beleza...
E mais o nº 1 da Rua Rebelo da Silva; e mais a moradia do nº 2 da Av. António Augusto de Aguiar, &c., &c, &c....
Resignar-me é, pois, o melhor remédio, que é para não morrer destes cuidados.
Av. João Crisóstomo, 38-42, Lisboa, 2008.
Av. Cinco de Outubro, 2, Lisboa, 2008.
Av. da República, 1, Lisboa, 2008.
Vaticano, 2004.
S.S. o Papa - tenho ouvido nas notícias - falou no preservativo. As notícias mostram toda a sorte de gente dizendo do preservativo, mas nenhuma delas é S.S. o Papa.
No entanto estou cá com a ideia que S.S. o Papa foi África só para dizer do preservativo, nada mais.
Altos momentos televisivos por cabo, alternativos aos Gouchas e às Fátimas Lopes, são aqueles em que um telespectador telefona dando palpites sobre um assunto na berra e o apresentador fica quieto e calado a olhar para a câmara.
(Imagem da S.I.C. Notícias.)
Bom sabor dos velhos tempos ou a fama que vem de longe tanto dá. Ambas servem a esta imagem de Lisboa, não?!...
AEC Regent III da Carris, nºs. de frota 214, 209 e 205, Terreiro do Paço, 1982.
Fotografia de John Ward.
Dizer brande por brandy é coisa velha. Imagino se alguém o ainda dirá. - É como dizer Pipe por Pipi (a da meias altas). Havia uma tia - e creio que a minha mãe - que o diziam. Há tempos repeti-o de igual modo a uma sobrinha de três: - "Não é Pipe é Pipi!" - corrigiu com certa autoridade. Foneticamente são coisas distintas mas no falar ligeiro dum lisboeta típico significa o mesmo.
Recorda-me agora dum anúncio que houve ao brandy Constantino. Mostrava já fora de época um autocarro de dois andares da Carris, dos de porta atrás, passando no Rossio. Cuido que o anúncio fosse dos anos 80. Quando pergunto ali à senhora se se lembra, nada. Nem do bom sabor dos velhos tempos? - "Ah! Sim, tenho ideia."
Mas era um anúncio ao brandy, não ao brande.
Fotografia: Rossio, Lisboa, [1947]. Estúdio de Mário de Novaes (1933-1983), inBiblioteca de Arte da F.C.G..
Galheteiro modelo A.S.A.E.,
in Lezíria Vinagres.
« O primeiro projecto de um monumento no Rossio - em louvor da Constituição - data de 1820, havendo sido lançada a pedra fundamental em 15 de Setembro de 1821; não prosseguiu. O segundo, que ainda deu um famoso «Galheteiro» - que algum tempo ocupou o lugar - teve a primeira pedra em 8 de Julho de 1852; não andou por diante e foi demolido em 1864.»
Norberto de Araújo, Peregrinações em Lisboa.
Haveria de ilustrar o excerto com uma fotografia de por volta de 1860, mostrando o 'galheteiro', do fotógrafo Venceslau Cifka. Convenci-me que a tinha visto no Arquivo Fotográfico da C.M.L.. Afinal não. Acha-se em Marina Tavares Dias, Lisboa Antes e Agora, 1ª ed., Quimera, Lisboa, 2006, p. 9. Necessitaria da autorização da autora para publicá-la aqui, mas nada justifica maçá-la com assunto tão fútil.
Olho o Rossio pela janela do Fórum Motor Clássico.
A escrita, de ser um modo cifrado de representar a realidade - um significante - passou ela própria a substância da realidade significada. Independentemente do que a realidade seja, esta torna-se o que a escrita diga dela. Um diploma, por ex., vai num ápice de representar o valor da sabedoria aprendida por alguém ao próprio saber do diplomado. Seguindo este cânone, a escrita contabilística vai da representação da riqueza dum magnata à sua própria riqueza. Assim como os bens passam de ter o seu valor intrínseco (o da sua utilidade ou necessidade, para começar) para terem o valor que se lhes queira inscrever na etiqueta de preço. Se só se venderem muito baratos bens etiquetados com preço muito caro, pode alguém dizer que desvalorizaram, ou a realidade é que nunca tenham valido o preço escrito na etiqueta?
Edifícios da Aveirense, Lda, Aveiro [Lisboa], [s.d.].
Fotografia: Estúdio de Mário de Novaes (1933-1983), in Biblioteca de Arte da F.C.G..
Adamastor (O)
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