Esta semana tem sido por aqui muito dada à música. Com imagens a acompanhar (talvez ande eu a fingir que faço telediscos). Esta agora é do tempo em que fui para o liceu - ou escola secundária, como diz com mais propriedade esta república igualitária... - O John Watts canta aqui que perdeu a namorada. Vê-se-o algo agitado no fim mas o abandono não teve mal. Lembro-me dele logo a seguir nesse tempo, gritando exuberantemente por uma Marliese no concerto da Febre de Sábado de Manhã no estádio de Alvalade. Nunca gostei da Marliese, sempre preferi esta cantiga do So Long, mais rara de ouvir na rádio naquela altura. Em 2005 lembrei-me de gravá-la num disco compacto que fiz para levar para férias...
Voltando ao John Watts e à Febre. Ao depois duma data de anos do concerto em Alvalade o simpático Júlio Isidro convidou-o a tornar cá para a festa dos 25 anos da Febre. Apareceu algo decrépito sem cantar grande coisa. Tanto assim, que o bom do Júlio Isidro chegou a comentar: - "O John Watts desta vez veio para segurar o microfone, e os dois que o acompanhavam vieram para segurá-lo a ele".
Fischer Z — So Long
(1980)
Alto de Santo Amaro, traseiras da Ermida de Santo Amaro. Vê-se, em baixo, a Junqueira, Lisboa, 1944.
Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Ermida de Santo Amaro, fachada principal, Lisboa, 1970.
Armando Serôdio, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
« Festejos e outras notícias — Como se sabe, Santo Amaro, abade e bispo, é o advogado das pernas e braços partidos, e muitos devotos oferecem ainda as suas promessas de cera, com a forma daqueles membros, que se vêem pendurados no arco e paredes da capela-mor.
A ermida, construída há 396 anos, segundo reza a inscrição existente,[ COMECOVSE A EDIFICAR ESTA ERMIDA DE SANTO AMARO A DOZE DIAS DE FEVEREIRO DO ANO DE 1549 ANOS E AVIA SETE ANOS QVE HERA AQVI EDIFIQVADA A QVE AGORA SERVE DE SAMCRISTIA ]
foi encerrada à devoção dos fiéis, profanada e roubada após a implantação do regime republicano em 1910, e acha-se novamente restituída ao culto desde 15 de Janeiro de 1927. Existia ali uma confraria, de que fizeram parte alguns dos mais ilustres nobres doutros tempos.
Nela se faziam antigamente grandes festas ao seu patrono, que começavam em 15 de Janeiro e se prolongavam ordinàriamente até 2 de Fevereiro. No seu adro organizavam os galegos das companhias de aguadeiros de Lisboa, um arraial e danças ao som de gaitas de foles, e nele apareciam, além dos vendedores dos artigos que era uso negociarem-se em todas as festanças populares portuguesas, mulheres vendendo rosários de pinhões de Leiria.
Com a evolução dos tempos estas festas têm desaparecido pouco a pouco e dos antigos galegos frequentadores do arraial, ainda há cinco anos (1930) lá apareceu o último, que, com a sua gaita de foles, animou uma dança impovisada no adro, e até na sala de oração.»Augusto Vieira da Silva, Revista de Arqueologia, t. III, 1934, apud Dispersos, vol. II, 2ª ed., Lisboa, C.M.L., 1985, pp. 290, 291.
Vista de Santo Amaro e Prospectiua do lugar de Bellem.
Gravura de Dirk Stoop, séc. XVII.
(2.ª edição. Revisto e augmentado em Julho de 2013.)
António Pinho Vargas - Dança dos Pássaros
(R.T.P., Deixem Passar a Música, 1987)
“ Tomada Lisboa — conta o minucioso António Coelho Gasco, autor de um precioso inédito conservado na Biblioteca Nacional — o victurioso e sancto Rey se foy apousentar nos passos [i.e. paços] delrey mouro, que são hoje os d'alcaceva, nome corrupto de alcacer, que quer dizer em lingua Arabea Castello. E a mesquita dos mouros nesta alcaceva, a mandou sanctificar e alimpar, e chamou-lhe Sancta Cruz, por amor do dia da tomada desta Cidade”.
Depois de arvorada a cruz na tôrre maior da Alcáçova, deu el-Rei a volta a pé aos muros do Castelo [...]
A Alcáçova inundada do nosso formosíssimo sol de Outubro, que não tem rival, queria sorrir-se, obrigaram-na a sorrir-se, e rutilava de colchas e pendões.
As tôrres da muralha, em parte derrocadas e feridas, presenciavam mudas aquele definitivo aproximar dos odiados cristãos; e ao longo do nosso Tejo a Ribeira resplandecia de luz, e formigava de gente [...]
A tudo isto se seguiu, como conseqüencia, o render-se logo o castelo de Sintra, e o de Palmela, desamparado pela fuga da guarnição; e depois o de Almada; tudo no mesmo mês.
Júlio de Castilho, Lisboa Antiga, vol. II, 2ª ed., Lisboa, S. Industriais da C.M.L., 1935, p. 223 e ss..
Madredeus - Moro em Lisboa
(Um Amor Infinito, 2004)
Há pedaço perguntava com certa astúcia o escritor Saramago no programa do Mário Crespo: — Para quê? Para que criou Deus o mundo?
— Para termos aqui o senhor - ouviu-se baixinho o jornalista Mário Crespo.
A liberdade de estar calado não tem nada destas coisas: um escritor livre de dar à estampa as alarvidades que entenda; um deputado não sei das quantas livre de mandar escritores à fava; e um jornalista, livre de estupidamente verbalizar um insulto ao entrevistado-ídolo sem se dar a mínima conta.
Realmente!... Deu-se Deus ao trabalho para isto.
(Imagem em "Vas te Faire Foutre", Notícias da Cidade, 2/9/2007.)
Um deputado da Europa que nunca ouvi falar exortou o escritor Saramago com rudes palavras a abjurar a cidadania portuguesa (como se isso anulasse o ter nascido cá).
O deputado Fernando Rosas encarniçou-se com o deputado da Europa: que era inadmissível, antidemocrático, que bulia com a liberdade de expressão. Um correligionário do tal deputado da Europa amenizou sem deixar porém de o criticar: que não devia ter dito aquilo; que o seu partido tem ideais democráticos e respeita a liberdade de expressão; que o outro deputado da Europa - é por todos sabido - também perfilha esses ideais do partido e do Sá Carneiro...
Enfim!... Só o Saramago é que pode chamar nomes...
« Começou finalmente a realizar-se a tão ardente aspiração da ligação da Baixa de Lisboa com a parte ocidental da cidade, por uma via pública com dimensões suficientes para a actual circulação citadina entre aqueles locais.
Primitivamente a comunicação dos arredores ocidentais de Lisboa com a Baixa, isto é, com o bairro situado entre os montes de S. Francisco e do Castelo de S. Jorge, fazia-se ùnicamente pelas ruas que são actuais representantes a Rua Garrett e a Calçada do Combro.
Mais tarde começou a formar-se um caminho pela praia que, com o andar dos tempos se transformou nas actuais ruas do Corpo Santo, de S. Paulo e da Boavista.
Depois do terramoto de 1755 abriu-se a Rua do Arsenal, que os arquitectos do Marquês de Pombal julgaram bastante para a circulação durante alguns séculos.
Mas ainda não era decorrrido pouco mais de um quando se reconheceu que tal via pública, bem que larga, era insuficiente para as necessidades da viação, e começaram a estudar-se alvitres para as remediar.
[...]
Todos estes e outros projectos foram por nós descritos na Revista Municipal, nºs 8 9, de 1941, e desconhecendo pormenorizadamente o projecto adoptado, deixamos todavia consignado que a nossa opinião é a que todos os projectos estudados sobreleva o patrocinado pela Sociedade Propaganda de Portugal, não só pela elegância do traçado da nova avenida, seguindo uma curva sensìvelmente no prolongamento do eixo da Avenida 24 de Julho, o que reduz ao mínimo a extensão da nova via pública, como conserva íntegra a monumental ala da Sala do Risco do Arsenal, a que estão ligadas memórias gloriosas da nossa história.
O estudo do arranjo definitivo das novas vias públicas e construções nos terrenos do Arsenal da marinha não está ainda concluído, mas [...] o início da abertura da nova avenida e a esperança da sua conclusão breve são porém motivo de grande regozijo para todos aqueles que são toda a população actual de Lisboa, que têm tido ùltimamente a necessidade e a desventura de transitar pela Rua do Arsenal. Seja pois bem-vindo este melhoramento citadino.»Augusto Vieira da Silva, A Voz, 25 de Agosto de 1947, apud Dispersos, vol. III, Lisboa, C.M.L., 1960, p. 277 e ss.
Melhoramentos citadinos na Ribeira das Naus, hoje, garantidamente são menos em função da faina dos lisboetas e mais em função do turismo. A pé, de bicicleta ou de observação europeia da toxicodependência...
Avenida da Ribeira das Naus, Lisboa, 195...
Fotografias: Judah Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
(Revisto em 30/VII/13. Tornado a rever em 19/VIII/17.)
"A Frente Tejo,S.A. convidou dois dos melhores ateliers de arquitectura..."
Ribeira das Naus, Lisboa, [próximo futuro].
Projecto do consórcio P R O A P, GLOBAL & Consulmar, in cm-lisboa.pt.
Sobre os melhores 'ateliers' de arquitectura, também nada melhor que o alto critério da Frente Tejo S.A.. Já sobre a melhor administração pública...
« Visita ao Coelho de Carvalho, que está doente, e mora num velho palácio, na Rua do Arco do Cego. Móveis Império, uma cama imponente com golfinhos doirados e espelhos, falsos quadros de mestres nas paredes de estuque, onde todos os caiadores de Lisboa pintam sempre o mesmo friso azul-ferrete, e salas que se sucedem com alguns móveis antigos isolados. São restos de grandeza duma existência de artista...»
Raul Brandão, Memórias, Tomo I, Relógio d'Água, Lisboa, 1998, p. 180.
Um velho palácio na Rua do Arco do Cego? Olha se fosse... Teríamos aqui meia descrição do interior.
Rua do Arco do Cego [vista de metade do palácio do Conde de Sintra à dir.], Lisboa, 1940.
Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
E risco ao meio (viola baixo).
Há quem diga New Wave (nova vaga) e julgo que a designação se colou modernamente ao dicionário da Gestão - parece-me até que haverá copiosa edição de livros sobre isso [em vagas sucessivas]. O fato e a gravata também são do figurino da pesudo-ciência, só o risco ao meio é que não sei.
Um comentário perdido no Tubo diz que esta aqui é do programa Top of the Pops de quinta-feira 18 de Outubro de 1979, que foi apresentado por Lee Travis. Os Buggles eram nº 1 nessa semana no Reino Unido. Há lá outro comemtário que pergunta se esta cantiga é sobre coca, o que não é descabido do figurino descrito um parágrafo acima. Não me refiro ao risco ao meio.
New Musik - Straight Lines
(TOTP, 1979)
(Este verbete foi redigido em 15/2/2009 e posto a hibernar.)
Lalo Schifrin & BBC Bigband, Mission: Impossible
Entretanto a anterior concluiu a missão com cozido à portuguesa. Sintomático.
Um lyceu do tempo da monarquia vertido requalificado (o que eu aprecio este palavreado da moda) em escola secundária por uma república de terceira...
Lyceu de Camões, Lisboa, c. 1909.
Carlos Alberto Lima, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
(Título Revisto.)
Adamastor (O)
Apartado 53
Bic Cristal
Blog[o] de Cheiros
Carmo e a Trindade (O)
Chove
Cidade Surpreendente (A)
Corta-Fitas(pub)
Dragoscópio
Eléctricos
Espectador Portuguez (O)
Estado Sentido
Eternas Saudades do Futuro
Fadocravo
Firefox contra o Acordo Ortográfico
Fugas do meu tinteiro
H Gasolim Ultramarino
Ilustração Portuguesa
Kruzes Kanhoto
Lisboa
Lisboa Actual
Lisboa de Antigamente (pub)
Lisboa Desaparecida
Menina Marota
Meu Bazar de Ideias
Paixão por Lisboa
Pena e Espada(pub)
Perspectivas(pub)
Planeta dos Macacos (O)
Pombalinho
Porta da Loja
Porto e não só (Do)
Portugal em Postais Antigos(pub)
Retalhos de Bem-Fica
Restos de Colecção
Rio das Maçãs(pub)
Ruas de Lisboa com Alguma História
Ruinarte(pub)
Santa Nostalgia
Terra das Vacas (Na)
Tradicionalista (O)
Ultramar
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.