« Ou seja, a nenhum deles [os partidos] se mostrou imperioso ou sequer útil, mesmo que por estritas razões ideológicas, o recurso à “novilíngua” patrocinada por Malaca & Bechara. E se a ortografia, na variante falsamente “moderna” que por aí circula como válida, não vai a votos, melhor seria que a metessem noutra urna. E a lançassem… talvez ao mar.»
Nuno Pacheco, «A ortografia não vai a votos», Público, 30/5/2011.
A ortografia do português (de qualquer idioma pátrio) não vai a eleições nem devia de ir a votos. Só em Portugal certos cretinos que rebaixam tudo haviam de fazer com a ortografia um escambo político. Face ao abuso e à ursurpação, os portugueses vêem-se assim, pois, na obrigação de ter de a submeter a um foro a que ela não pertence - a Assembleia - por meio do único instituto político de recurso, uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos. Deve ser caso único no Mundo este desmando de deputados usurpando a ortografia do seu próprio idioma nacional em favor duma potência estrangeira. Deputados, muitos, que nem redigir sabem, se formos bem a ver.
A ortografia vai a votos sim senhores! Porque tem de ser. E as sondagens aos textos - na blogosfera, nos jornais, nas televisões por cabo, nos reclamos, em documentos de empresas ou escritos pessoais, &c. - dão que só vermes rastejantes e viscosos e alguns parasitas é que borram por recto o torto. Perante isto é demencial que a abortografia, de que até os partidos que a instituiram fazem gato-sapato nos textos dos programas eleitorais, não vá consequentemente bardam... borda fora.
Orthographia, ou Arte de Escrever, de Pronunciar com acerto a Língua Portugueza,
para Uso do Excellentissimo Duque de Lafoens: pelo seu mestre
Joaõ de Moraes Madureira Feijó,
Lisboa, Impressaõ Regia,
Anno 1824.
A Radiotelevizão Brazileira inaugurou oji no canau da memória o seriado do Espasso 1999. Parece qui anda por lá toda genti afetada por um vírus. O cientista dos lunáticos, o Vítor, disse agora memo qui a infeção si parece mais com radiação, mais sem radiação. É um seriado em que tá estrelando (do americano starring) o Martin Landau e a Barbara Bain. O argumento do seriado é a Lua lua si desquitando da Terra terra em 13 de setembro de 1999.
Nos anos 70 a Radiotelevisão Portuguesa estreou uma série parecida, o Espaço 1999. Na época, não a apreciei na estreia porque veio substituir uma outra série que eu apreciava muito: A Gente do Amanhã. A verdade é que o Espaço 1999 foi um êxito formidável, tanto que fez esquecer completamente A Gente do Amanhã. Pois A Gente do Amanhã vingou-se. Gabo-lhe a trabalheira de botarem agora uma infeção nas legendas da pobre Base Lunar Alfa.
The Carpenters, Superstar
(B.B.C., 1971)
Repassando aqui há dias num verbete antigo (Junho de 81) releio lá um comentário do meu velho Pitxaime sobre que vinha impressa no Jackpot 81 uma das suas cinco favoritas de sempre. Não adivinhei, então, a que cantiga se referia e cuido até que deixei veladamente entender isso na resposta. Todavia agora, nesta vez que o reli, uma voz me soou... Não sei se acertei. Se acertei, não sei se se ainda mantém...
Justin Hayward (dos Moody Blues), The Voice
(Ao vivo em São Capristano, 1998)
Notável prédio de rendimento de gaveto na Rua José Estêvão com a Joaquim Bonifácio.
Rua José Estêvão, 3, Lisboa, 1965.
Arnaldo Madureira, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Cortaram-na.
Largo de Dona Estefânia, Lisboa, [s.d.] [1967].
Armando Serôdio, in Arquivo Fotográfico [archivo photographico] da C.M.L.
O formador duma turma de 20 escreveu no quadro:
A turma entendeu a calinada ortográfica. A I.L.C. juntou num minuto mais 20 assinaturas.
Se discorda do absurdo Acordo assine! Exorte a família e os amigos a assinarem. Temos até 15 de Setembro [a recolha de assinaturas prossegue] para juntar as assinaturas que faltam.
O tolo do Coelho apareceu ontem ou anteontem com aquela conversa sem nexo dos feriados e a produtividade. Os oligarcas que seguravam o Sócrates já o largaram; espremeram o que conseguiram e deitam-se agora, aperaltados com o fraque da troika, a segurar este Coelho para desbastarem o que resta...
Ontem estava um a dar na televisão, em Almada, diante dum pé-de-microfone:
— Já sabe em quem vai votar?
— Sei sim senhor.
— Em quem?
— É nos comunas.
Portugal acabou. O resto é folclore.
Fado: Hermínia Silva, Fado das Toiradas (Luís Galhardo e Hugo Vidal), in Youtube por Era do Gramophone.
Imagem: João Patinhas (F.A. de Évora), com 1.ª ajuda de João Bonneville Franco e 2.ªs ajudas de Francisco Picão Abreu e Estevam de Lancastre, Praça de Touros de Évora, 20/9/1964; corrida de homenagem a João Branco Núncio pelos 50 anos de toureio.
Fotografia de Lucílio de Figueiredo, in Tordesilhas.
De: [Autor identificado]
Enviada: domingo, 22 de Maio de 2011 10:35
Para: 'arte.emocao@rtp.pt'
Assunto: Contacto Página EPG ARTE
Meus Senhores,
A Tauromaquia não tem tradição no Brasil, de modo que a legendagem em brasileiro na Arte & Emoção, haveis de convir, é uma má sorte. Uma rubrica «Espetáculo» num magazine da Festa Brava, além de dar a cernelha ao ridículo, é uma valente garrochada no idioma pátrio. A nossa tradição vem com maiorais e campinos, não ponhamos agora o idioma português a afinar com cabrestos.
Por atenção a todos os espectadores aficionados esquecei de vez esta má lide ortográfica.
A.v.o.
[Espectador identificado]
«Mais uma reforma? Deus nos acuda. Cada reforma ortográfica é uma convulsão no idioma. Admite-se de século a século. De oito em oito dias, é demais... Antes brincar com fogo ou com bombas atómicas. Não há reforma ortográfica tão subtil que possa satisfazer qualquer inteligência. Todas têm defeitos. São obras humanas, eivadas de paixão, tocadas de bairrismo, não podem servir todos os intelectos. A de 1911, para mim, é a menos defeituosa. As seguintes, querendo corrigi-la, pioraram-na, principalmente a da mãi. A de 1945... Portugal perde nela, ainda hoje, o seu carácter. Mas, Deus a conserve. Outra que venha será porventura a mortalha da língua portuguesa.»
João de Araújo Correia, A Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Verbo [1959], p. 40, apud Assim mesmo.
(In www.RTP.pt/cinema www.RTP.br...)
Adenda às 5 para a meia-noite:
O texto apresentado segue rigorosamente o português brasileiro; a consoante etimológica em percepção é pronunciada pelos brasileiros e só por isso lá está. Somam-se fato e seção, sem consoante etimológica, também à brasileira. Dois erros grosseiros de indigência porque em português se diz facto e secção. O actualizado está embutido no algoritmo do programa informático e só por distracção escapa ao Lince (maio já vem com minúscula, como no Brasil, também). Torna-se óbvio que o milagroso corrector ortográfico Lince, do I.L.T.E.C., para o aborto gráfico, é municiado pelo Vocabulário Ortográfico brasileiro, tal como afirmei aqui há tempo (v. Adoptar, verbo transitivo, 10/IV/2011).
Demonstra-se: 1) que a indigência acordita não dá para um Vocabulário Ortográfico português, sequer; 2) que o Acordo Ortográfico de 1990 é uma capitulação por inteiro ante o Brasil. É também este o estado a que Portugal chegou. Isto envergonha.
O Ministério da Educação brasileiro já aborta abertamente o português. Mas sem se desfazer da designação (dá prestígio). Aqui há dias gozei com o caso sem muita reflexão.
Pois o Ministério da Educação brasileiro distribuiu a meio milhão de alunos um livreco que legitima a gramática do crioulo. — Perdão! Do português popular (ex.: os menino pega o peixe; nós pega o peixe) — Quem se lembraria de, na escola, ensinar aos moleques o que eles aprendem na rua em lugar de lhes ensinar o que só podem aprender na escola?
Parece estupidez?...
Descobre-se a estratégia do Brasil: vergar o cânone vergando Portugal com um engodo de 180 ou 190 milhões de falantes (de crioulo), passando a fautor reconhecido da norma (i.e., cânone abastardado) da língua portuguesa; vergar de seguida a nova norma ante o seu crioulo, arredando Portugal; finalmente tomar o universo português ultramarino ao gosto caipira. Inteligente, não fora — deslumbrados que andam com o resultado do Acordo Ortográfico — inflamarem-se já como a "8ª língua mais falada" (referem-se ao crioulo brasileiro, bem entendido...) acabando por descobrir o flanco. Ainda há brasileiros que não entendem e gastam-se a estrebuchar, mas isto como vai não leva emenda, 'tá entendendo?...
Se não, o diaporama mostra o que se prepara. A colecção de imagens, o nível de língua e o discurso estereotipa-
do dão o calibre dos autores. Leva 10 minutos, mas bastam uns segundos.
Não tarda estamos lá. Resta o mirandês.
O filho do almirante Louçã, ao que julgo, inventou ontem a bancarrrota social. Ouvi-o há pedaço ali com aquilo outra vez. É um criativo - falhou a profissão, havia de vender bem.
Fábrica Nacional de Sabões, Portugal, [s.d.].
Estúdio Mário Novais: 1933-1983, in Biblioteca de Arte da F.C.G..
Farinha Amparo (Assucarada), Portugal, [s.d.].
Estúdio de Horácio de Novais, in Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian.
Este o que lá havia antes...
... do que estão agora a demolir.
Fotografias: Instituto de Agronomia e Veterinária (1898-1908), e Escola Superior de Medecina Veterinária (A. Madureira, c. 1960), in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Dire Straits, Private Investigations
(c) 1982 Universal Music International Ltd.
Ao Norte da Azinhaga do Fidié, Campo Grande, c. 1941.
Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Adamastor (O)
Apartado 53
Bic Cristal
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