Algarve, 2011.
Não porque se vendam pròpriamente. Mas pelo que mais se pode saber de estarem à venda (v. comentários de Montexto).
Estas casas vendem-se, Santiago do Alandroal, 1955.
Arquivo da Ordem dos Arquitectos, PT-OA-IARP-EVR-ADL03-006.
Lubrificação e lavagem, Garagem Sorel, [s.d.].
Estúdio de Mário de Novaes, in Bibliotheca de Arte da F.C.G.
Há cereiga do Fundão, Pègões, 2012.
Cliché de Luísa Gonçalves.
Desafrontamento que o Estado Novo levou a cabo no terreno diante das casas que Brás de Albuquerque levantou no tempo de el-rei D. João III para o marido da sr.ª D.ª Pilarª, de modo a plantar-se ali uma oliveira arrancada da Azinhaga e polvilhar-se-a de Saramago.
Pensão dos Bicos na Rua dos Bacalhoeiros, Lisboa, anos 50.
A.N.T.T, «O Século», Joshua Benoliel, lote 0, cx. G, neg. 031.
A imagem escura duma noite qualquer no novíssimo aeroporto da Portela deu-me saudade. E curiosidade. O negro da noite, um crescente de Lua meio deformado, o aeroporto sobressaindo à distância e dois aviões que nem se percebem muito bem... |
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O avião maior parece um DC-3, mas mais fino; um DC-2, portanto (não me pergunteis como o sei...). A matrícula lê-se mal, parece G-AG... — «G-» é matrícula de avião inglês. G-AGOB? Não. Mas o palpite serviu: G-AGBH. Um Douglas DC-2 com uma matrícula adicional: PH-ALE. Holandesa. Agora, adiante. O DC-2 estacionado no aeroporto da Portela fôra da K.L.M.. Quando a Alemanha invadiu a Holanda, em Maio de 1940, a real companhia aérea holandesa tinha vários aviões em trânsito no estrangeiro que se dirigiram a domínios ingleses e holandeses. Outros aviões e tripulações da K.L.M. refugiaram-se em Inglaterra. Entendeu-se o governo holandês no exílio com os ingleses e entraram os aparelhos e as tripulações da K.L.M. a servir em voos de carreira da B.O.A.C. Ganharam pintura e insígnias inglesas excepto o Union Jack; em seu lugar levavam escrito o nome de aves da Holanda por debaixo das janelas do cockpit — Edelvalk (Nobre Falcão?) foi o nome deste nosso DC-2. — O interior das cabinas manteve a decoração da K.L.M.. O Edelvalk operara antes na rota de Amesterdão para Lisboa, em ligação à carreira de clippers entre Lisboa e Nova Iorque. Com a invasão da Holanda, a operação de voos de carreira anglo-holandesa (mas formalmente inglesa) acabou baseada em Whitchurch (Bristol) em Setembro de 1940 donde continuou a operar para Lisboa em voos da B.O.A.C. Os voos civis de países beligerantes para países neutros mantiveram-se apesar da guerra. Compreende-se a vantagem; os clippers americanos não operavam para aqueles destinos e Lisboa ganhou enorme importância no trânsito para a América. É sabido que nesses anos da guerra fervilhava de espiões — o chefe de escala da B.O.A.C. contava que Lisboa era uma Casablanca multiplicada por vinte. — Cuido que no novíssimo aeroporto da Portela fosse mais. — Antes da sua abertura ao tráfego (Outubro de 1942) usava-se o campo de aviação de Sintra, com uma pista em relva, como destino de voos para Lisboa. Não sei como se há a espionagem de ter dado para passar desapercebida num aeródromo tão... provinciano. Justamente a partir do ano de 42, em que entrou ao serviço o aeroporto da Portela, a guerra sobre a Biscaia aqueceu. Os voos de carreira passaram a ser nocturnos por se fugir às acções bélicas. O avião estacionado na placa da Portela, com a aerogare toda iluminada e os holofotes da torre apontados sobre ele, podia estar a aguardar o embarque. Talvez por assim ser, o fotógrafo haja dado um saltinho ali para uma fotografia nocturna. Aeroporto da Portela, Lisboa, 1943. Estúdio de Mário de Novaes, in Bibliotheca de Arte da F.C.G.. Das histórias destes voos anglo-holandeses nos anos da guerra, a mais fantástica é a do voo 777. O avião Ibis, o DC-3 G-AGBB (PH-ALI), seguia de Lisboa para Bristol quando foi abatido pela força aérea alemã no golfo da Biscaia. Ninguém se salvou. A bordo ia o actor Leslie Howard que viera a Portugal para algumas palestras sobre cinema condimentadas de propaganda aos Aliados. Por isto tinha viagem marcada para Bristol. A morte de alguém tão famoso em tais circunstâncias (os beligerantes por regra não atacavam aviões civis nas rotas de países neutros) despertou muita curiosidade e fomentou especulação. A teoria rebuscada mais famosa é de que o avião fôra propositadamente abatido pelos alemães por crerem que nele seguia Churchill vindo duma conferência nos Estados Unidos com Roosevelt. Winston Churchill dizia que a única coisa que igualava a brutalidade alemã era a estupidez dos seus serviços secretos. Nas suas memórias alimentou a especulação ao afirmar que eles se convenceram de que ele próprio era um dos passageiros do voo 777 da B.O.A.C., por o confundirem com o contabilista de Leslie Howard, Alfredo T. Chenalls. — Este tinha por hábito fumar charuto... — Os pilotos da força aérea alemã explicaram-se mais prosaicamente: tomaram o Ibis por um avião militar e alvejaram-no. Dando pelo engano detiveram-se mas era tarde. Três pessoas — relataram os aviadores — saltaram do avião em chamas mas os pára-quedas não se abriram; tinham pegado fogo nas chamas do avião. O restante caiu no golfo da Biscaia. Ninguém foi encontrado. Outras teorias dizem que Leslie Howard era um espião e que por isso... Foi o destino. Mais estranheza do que a especulação romanesca causam as voltas dele: o voo estava cheio e vários passageiros foram recusados; Leslie Howard confirmou tarde os bilhetes, mas como lhe davam precedência obrigou a desembarcar o menino de 8 anos Derek Partridge, filho dum diplomata britânico, e a sua ama, Dora Rove. Mas até aqui aflora a especulação: diz que um padre católico largou do avião depois de ter embarcado; nunca o ninguém o achou ou conseguiu identificar. Helena Gerassi, Leslie Howard, Alexandre Gulbenkian, Alfredo T. Chenalls, Hotel Aviz - Lisboa, 1943. Fotografia part. de Patrick Gerassi, in Aterrem em Portugal. |
Segundo a Aviation Safety Network, o Edelvalk — o nosso DC-2 — durou pouco mais que a guerra. Saiu da pista em Luca, Malta, em 1946 durante uma descolagem e acabou sem conserto. Sem vítimas também, menos mal. Pertencia então à Southampton Air Service. Ali na fotografia em Lisboa ainda estaria longe do fim, quero crer; talvez ande ela por fins de 1942, quando o aeroporto entrou ao serviço, ou inícios de 1943. Conjecturo isto porque o que motivaria o fotógrafo a documentar o aeroporto em actividade nocturna seria precisamente a sua novidade. Ou não? É mero palpite, mas, a não ser isto só se alguém que saiba ler o céu nos consiga pela fase da Lua e pelo quadrante das estrelas dizer qual é o ano da fotografia. Não quere o benévolo leitor tentar? |
Ref.ª: «B.O.A.C. Flight 777», in Enciclopédia Livre.
(Revisto às 11h10 da manhã.)
Aeroporto da Portela, Lisboa, c. 1942-43.
Estúdio de Mário de Novaes, in Bibliotheca de Arte da F.C.G..
Ele há coisas que, por sumo absurdo, não lembram a ninguém. Outras que pelo cheiro se topam logo….
Este ininteligível palavrão – receção – é das que não lembram a ninguém. Foi parido pelo «Acordo» ortográfico como grafia portuguesa válida, pasme-se! Esperar achar grafia de feição meramente portuguesa no vocabulário (orto)gráfico da Academia Brasileira (mesmo se parido dum enlevo da indigência acadêmica e a comprovada estupidez acordita), cheirava-me logo ao coitus interruptus que havia de dar.
Diz que o Alto do Pina ganhou as marchas? Parabéns à organização. O notável regedor do Largo do Intendente pode bem lambuzar-se de sardinha no arraial que arranjou.
Noite de Santo António, Lisboa, 2012.
Dia de Santo António, Lisboa, 2012.
(*) Plica 12, ou '12, é isto mesmo: 12 com plica. Muito diferente de 12 sem plica. Talvez...
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