Caravela VI-R, o primeiro avião a jacto da T.A.P., matrícula CS-TCC, baptizado Dio (prima a fotografia para ampliar).
Desembarque de passageiros da TAP, Aeroporto da Portela, 1962-75.
Estúdio de Mário de Novais, in Bibliotheca de Arte da F.C.G..
The Carpenters, Close to You
(1971)
Putos alfacinhas, Largo do Chafariz de Dentro, [s.d.].
Estúdio de Mário de Novaes, in Bibliotheca de Arte da F.C.G.
O hotel Royal Belle-Vue da Praia das Maçãs, soube-o há tempo que teve honras de albergar o Afonso Costa em 1913. O hotel ardeu em 1921. -- A casa prosaicamente chamada «Avermar» que lá se acha hoje há-de ser a versão contemporânea da belle vue dos tempos chiques de Afonso Costa. -- O hotel não mais foi reconstruído.
O Afonso Costa hospedara-se ali em veraneio quando os paisanos que o guardavam deram conta duns espias que cirandavam o hotel à espreita, à procura de o fisgar (ao Afonso Costa). Eram um Miguel Gaião e um Jaime Granja; queriam-no abater a tiro ou, quando não, à bomba. Parece que enterraram o engenho que fabricaram quando se viram notados e deram em fugir para Lisboa. Entretanto foram apanhados em Sintra. A notícia vem na Illustração Portugueza n.º 398, de 6 de Outubro de 1913, que mandou os repórteres.
Ficam documentadas umas fotografias que achei há tempos na Torre do Tombo e que publiquei aqui, mais esta agora.
Hotel Restaurant Royal Belle Vue, Praia das Maçãs, 1913.
(A.N.T.T., Col. «O Século», Benoliel, lote 8, cx. 1, neg. ?)
Passei hoje em Janas e lembrou-me da do poço coberto. Lembrou-me do sr. Pedro Macieira e do trabalho a que se deu para achá-lo, da notícia que me entretanto dele deu, mais de ter achado também o sr. Armindo, que era quem estava a cavalo no burro e que tem para cima de 90 anos. Veja o benévolo leitor no Rio das Maçãs.
Sr. Armindo e o burro, Poço coberto de Janas, 1957.
Arquivo da Ordem dos Arquitectos, PT-OA-IARP-LSB-SNT00-001.
Poço coberto, Janas, 1957.
Arquivo da Ordem dos Arquitectos, PT-OA-IARP-LSB-SNT00-029.
O projecto de alterações ao Código da Estrada na baila subjuga agora o automobilista aos ases do pedal. Deve ser veneração do moderno legislador playmobil ao bravo feitio para pára-choques do ciclista citadino. Cuido também que se devia pôr na lei que todo o semáforo encarnado se prostrasse ao venerando ciclista e não que ficasse firme naquela cor, indiferente à sua passagem. Já de desservir os deuses Ambiental e Sustentável com cerimoniosa queima de combustível refinado à venerada passagem de veículos de tracção animal, não sei que diga. Isto de rezar a tantos deuses é tramado.
(Boneco da rede.)
Hoje falam as notícias em mais 1 000 000 000,00 € (mil milhões de euros; para cima de 200 milhões de contos em dinheiro português) metidos no B.P.N.. Nem sei que diga. Chego a julgar que o caso serve de capa a toda e qualquer vigarice com dinheiros que se descubra e se não queira que saiba. -- O que significará que não foi só no B.P.N. que andou ladroagem... -- Sucede, porém, que desde a descoberta das partidas dobradas na contabilidade se sabe que para todo o «deve» há-de haver um «haver» de valor igual. Faltava conhecermos em que conta foi lançado. Ora até à data só sabemos dum gajo a quem ofereceram uma pulseira...
Furtado com pernas (anúncio do B.P.N.), ante 2009.
(Imagem do Universo Paralelo).
Triumph TR3A 1960
Os mandaretes lá hão-de ter recebido ordens. Hoje tornaram com o T.G.V. às calhas:
O governo português obteve a garantia em Bruxelas de financiamento comunitário... (Público, 6/II/13)
Comunidades há muitas: as que financiam; as que se penhoram; as que vêem passar os comboios...
Composição da Linha do Vale do Vouga, Foz do rio Mau (Carvoeiro), 1969.
In Postais Ilustrados.
Vê-se hoje em dia muita coisa «de excelência». Coisas excelentes é outra conversa, mas «de excelência»…
Bom! O Guglo dá hoje treze milhões e duzentos mil resultados «de excelência». Empresas e centros «de excelência» (incluí pólos, campi e regiões inteiras também) é o mais que se queira e, como não se quer mais nada, o caso é que as «perfeitas» condições «de excelência» ao dispor são corolário dos frutíferos modelos «de excelência» que se propagam como coelhos. O resultado são ninhadas produtos e serviços «de excelência». É toda uma cultura; é toda uma civilização.
Com isto a excelência deu em low cost e, como tudo o que é demais, enjoou. -- A quantos não satisfariam mais naturalmente quaisquer bons produtos ou serviços (olhai, o Serviço Nacional de Saúde «de excelência», p. ex.) do que toda essa banha da cobra rotulada, homologada e certificada «de excelência»? Ou que dizer daqueles «S. Exc.ª isto» ou «Vossa Exc.ª , sr. deputado, aquilo» que ressoam amiúde dos lados de S. Bento, a julgar do (pouco) subtil agravo ao interlocutor posto em tão deferente tratamento?...
Veio-me isto a propósito dum «optimizado», que é outro chavão corriqueiro para definir inúmeros trabalhinhos que levamos a cabo a cada dia com os conhecidos resultados «de excelência». O que me quer que surja «de excelência» causa-me má impressão, dá-me brotoeja, e não consigo metê-lo em texto que redija. De modo que me lá resigno ao «optimizado». Sucedeu-me ter tido hoje de redigir algo que havia fatalmente de cair nas garras dum revisor acordita. Era certo e sabido que o «optimizado» acabaria mal... Pois acabou, «de excelência».
(Vale-me de que a redacção também era do género para quem é bacalhau basta.)
(Imagem in «Acçoriano» Oriental, numa qualquer notícia de querer o arquipélago ser destino «de excelência».)
Este verbete vai na orthographia etymologica do portuguez.
Tropéço eu mais n'esta escripta de atrasados mentaes d'agora do que na do tempo de Eça ou de Camillo. Aliás, n'essa maneira de escrever antiga — que ninguem se nunca preoccupou por môr de qualquer ideologia em systematizar (e bem) — vou por ella bem ligeiro, só do gôzo que me dá em lê-la.
Sôbre esta velha orthographia, as grammaticas antigas sómente remettiam para os exemplos dos melhores auctores; e sôbre regras de accentuação simplesmente mandavam que se marcassem com elles [os accentos] as palavras cuja escripta se confundisse com homographos — «tres», p. ex., não carecia de accento. — Quereis regra de accentuação mais simples?
Quem deu em forçar o idioma por motivos estrictamente ideologicos foram os republicanos em 1911. A orthographia do portuguez, a face visivel mais perenne do idioma patrio, anda em convulsão dês d'ahi. Ao proposito ideologico de moldar uma escripta que delisse os ultimos annos da Monarchia sommaram os irreflectidos ideologos um paternalismo inconsciente e uma crença desarrazoada n'aquelles côcos em que, se ensinassem a escrever filosofia em vez de philosophia, erradicariam o analphabetismo; como se a filosofia se tornasse mais facil do que a philosophia sem haver Instrucção Pública illustrada e capaz. A crença cega em que a mudança dos rotulos muda a realidade das cousas tem progredido muito d' então para cá — vede a revolução nos transportes que foi a rede 7 da Companhia Carris ou a pujante dynamica internacional do portuguez com êsse accôrdo cacographico do govêrno...
Innumeros entendidos e milagreiros d' alto coturno foram convidados em 1910 pelos republicanos para integrar a commissão da reforma orthographica que havia de erradicar o secular analphabetismo dos portugueses. Entre elles, o Dr. José Leite de Vasconcellos, o qual percebendo ao que aquillo levaria, intelligentemente se escusou; não quiz tomar parte na dicta commissão. O sr. Candido de Figueiredo, afamando diccionarista, sendo que entendia bem a realidade das cousas, como veremos, não se escusou, porém. Succede que vindo a ser a dicta reforma officialmente decretada pelo govêrno da Republica em 1911, o sr. Candido de Figueiredo fez tanto caso d'ella e do trabalho que n'ella fizeram que em 1913 se sahiu com isto logo de entrada á nova edição do seu diccionario:
NOVO DICCIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA
Redigido em harmonia com os modernos princípios da sciência da linguagem, e em que se contém quási o dôbro dos vocábulos até agora registados em todos os diccionários portugueses, além de satisfazer a todas as graphias legítimas, especialmente a que tem sido mais usual e aquella que foi prescrita officialmente em 1911.
Todas as graphias legítimas, especialmente a mais usual é symptomatico de quem percebe onde pára a realidade d'um idioma vivo e o valor da ideologia official. Por isso adeantava n'estes termos:
Officialmente, considera-se modêlo a orthographia do Diário do Govêrno. É verdade que o próprio Govêrno, isto é, os ministros, só a praticam nas columnas da mesma fôlha; cá fóra, praticam o que lhes ensinou o professor de primeiras letras, cuja orthographia já brigava com a do professor da vizinha escola.
E conclue com elementar razão:
Ora o diccionarista não tem o direito de escrever somente como entende. A sua missão não é preconizar systemas, nem fazer reformas, nem manter intolerantes exclusivismos. Àparte os termos que êlle só conhece de outiva ou que colheu da linguagem oral, e que tem de reproduzir phoneticamente, se a etymologia, a derivação, ou a analogia lhe não aconselham outro processo, todos os vocábulos que êlle viu escritos, sob a responsabilidade de um escritor antigo ou moderno ou sob a chancella da prática corrente numa época, tem de os reproduzir taes, quaes os viu; e, se a fórma varía de escritor para escritor ou de época para época, essas variantes devem fazer parte do seu trabalho, sob pena de sensíveis imperfeições ou de lastimosas deficiências.
Por isso é que o leitor encontrará nesta obra numerosas variantes autorizadas; e nem de outra fórma o Diccionário reproduziria, como deve, o estado actual da escrita portuguesa. Veja-se idéa e ideia, pae e pai, philósopho e filósofo, ouro e oiro, distincto e distinto, escripto e escrito, lyra e lira.
Pois não era isto que a Academia das Sciencias de Lisboa podia ter lavrado depois de 1955?!... Um diccionario que registasse variações auctorizadas reproduzindo o estado da escripta dos melhores auctores (antigos e modernos) de língua portuguesa?! Um trabalho com intelligente e elementar senso da realidade (os idiomas regem-se simplesmente pelo uso e pela Grammatica, não por despachos e decretos) e, em corollario, obra de discreta magnanimidade. Não é simplesmente isto que os ingleses fazem em lugar de se pôrem a ridículo em desaccôrdos parvos e humilhantes?
Plough (US = plow). Oxford Advanced Learner's English Dictionary of Current English, 3rd. impr., Oxford University Press, 1987.
(Excerptos in Candido de Figueiredo, Novo Diccionário da Língua Portuguesa, [2.ª ed.], Empreza Litteraria e Typographica, Porto, 1913, na transcripção electronica do projecto Guttenberg, 2010.)
A sr.ª deputada Canavilhas, açoriana de Angola, vem citada no título da notícia da audiência dada pela comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura aos representates da I.L.C. contra o «acordo ortográfico». -- «O futuro faz-se hoje» -- disse. Havia dias que, na constituição deste grupo de trabalho para apreciar o caos provocado pelo «acordo», trauteara ela uma cassete doutrinária -- «o conteúdo científico [?!] e académico [do desconchavo ortográfico] foi sancionado polìticamente». -- Cantigas de quem não está sequer para se maçar a pensar! -- Não sei o contexto agora da nova tirada mas, «o futuro faz-se hoje» é o vazio a falar. É como falar do tempo. O povo, que não é soberbo e sabe exprimir-se muito mais chãmente, diz melhor: -- «o futuro a Deus pertence». O presente é que não passa deste vazio de asneiras pseudo-profundas.
O garfólogo que sobraçou a pasta da cultura nacional a seguir à dr.ª em música fica mais aquém no subproduto intelectual. Reage, porém, muito prosaicamente quando lhe vão à manjedoura:
« Pretendem os burocratas de Bruxelas que o bacalhau comercializado nos países da União Europeia fique sujeito a tratamento com polifosfatos que podem alterar o sabor, a textura e a qualidade [...] Uma coisa é sermos europeus, outra é estarmos dispostos a que nos mexam no prato e nos alterem a ementa. Não estou a brincar; é um caso sério de identidade nacional.»
(Francisco Viegas, «Bacalhau de Bruxelas», in Origem das Espécies, 30/I/13).
Ficamos cientes de que um caso sério de identidade nacional é o que lhe percorra o tubo digestivo fazendo-o arrotar assim. Na obtusidade córnea da criatura o idioma confundir-se-á muito provàvelmente com feijoada à brasileira.
(Imagens da rede da Internete.)
« O D. Luiz pôde ir até ao fim do seu reinado, porque elle proprio o disse — «um principe é um dissimulador». Mas D. Carlos é que não foi nunca um dissimulador. D. Carlos desprezava os politicos. Dizia: — Tu ouvel-os falar? Se lesses as cartas que me escrevem enchias-te de nojo. — Essas cartas existem... Na verdade toda a gente dizia mal da politica e desprezava os politicos: só elle os não podia desprezar. É authentico tambem que no seu desdem chegou a envolver o paiz. Toda a gente, desde o literato ao homem rude, dizia mal do paiz. Tempo houve em que foi moda dizel-o. Só elle não devia dizer mal do paiz.
[...]
Porque foi, por exemplo, morto D. Carlos? É fora de duvida que até os monarchicos receberam com alegria a sua morte. «Não vi lagrimas» — diz Julio de Vilhena. Eu avanço mais: só vi aplausos. E no entanto já hoje se pode afirmar sem erro que D. Carlos não foi morto pelos seus defeitos, mas pelas suas qualidades. Respirou-se! respirou-se! — o que não impede que, a cada anno que passa, esta figura cresça, a ponto de me parecer um dos maiores reis da sua dinastia. Já redobra de proporções e não se tira do horizonte da nossa consciencia. O rei tinha na verdade defeitos, mas—diga-se! diga-se!—não foram os seus defeitos que o mataram, foram as suas qualidades. Só o assassinaram quando elle tomou a serio o seu papel de reinar, e quando, com João Franco, quiz realisar dentro da monarchia o sonho de Portugal Maior. Foi esse o momento em que, talvez pela primeira vez na historia, os monarchicos aplaudiram um crime que os deixava sem chefe, e se abriram de par em par as portas das prisões, congraçando-se todos os politicos sobre os corpos ainda mornos dos dois desventurados.»
Raul Brandão, Memórias, 1.º vol, Renascença Portuguesa, Porto, [1919], p. 289, passim.
El-Rei Dom Carlos com o presidente do Conselho, conselheiro João Franco, no local do futuro lyceu de Passos Manoel, Lisboa, 1907.
Alberto Carlos Lima, in archivo photografphico da C.M.L.
« Não vale a pena pensar que temos possibilidade de crescer nas instituições europeias. Enquanto língua de trabalho, o Português vai lentamente desaparecer", disse ontem na Academia das Ciências de Lisboa o embaixador Francisco Seixas da Costa. »
Conhecido acordita (e cheira-me que confrade aventaleiro) este embaixador sai-se com isto para dizer quê?
« Seixas da Costa sugere que os agentes políticos que trabalhem em cenários diplomáticos sejam instruídos a "usar o Português sempre que possível", acções políticas de alto nível na O.N.U. ou acções conjugadas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e da C.P.L.P..»
Ah! Agentes instruídos a usar o português sempre que possível...
Na O.N.U. ...
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(Excertos do Público, 1/2/13.)
— «Ao primeiro tiro — continua o Navarro — a cabeça do rei descahiu para a frente, ao segundo tombou para o lado». O Buiça, que tirára a carabina debaixo do gabão, apontava e descarregava. O principe real ergueu-se — cahiu varado. A rainha, louca de dôr, sacudia o Alfredo Costa com um ramo de flores. — Então não acodem?! Não ha quem me acuda?! — Ninguem.
Raul Brandão, Memórias, 1.º vol, Renascença Portuguesa, Porto, [1919], p. 173.
El-Rei D. Carlos, a Rainha D. Amélia e o Infante D. Manuel, Largo de Camões [Pr. D. João da Câmara], ante 1908.
Alberto Carlos Lima, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
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