Tirando o de 81 este é o Junho mais quente que me lembra. Em 81 foi um record em Lisboa: 43ºC, pelos meados do mês. Recorda-me de, para refrescar, tomar uns duches de água fria à tardinha. Ao depois ia-me plantar à porta da minha mãe em tronco nu e de chinelos, a tomar fresco; apareciam normalmente uns quantos vizinhos à cata do mesmo.
Este Junho de 15, agora, também entra nos meus records: dos duches sem precisão de esquentador à cata do de 81...
Esse Junho de 81 foi prenúncio dum Verão estupendo, o Verão do Zé, do Jaime e do Pedro (ou vice-versa); o Verão da Fórmula 1; o Verão, também, do gira-discos que me deu o primo Zeca; o Verão, ao depois, do Jackpot, que por acaso não veio com o Joe Dolce... -- Mas para mim também foi o Verão dele. Lembra-me cada vez que o oiço.
Joe Dolce, Shaddap You Face
Faz-te mercê, barão, a Sapiência
Suprema de, cos olhos corporais,
veres o que não pode a vã ciência
dos errados e míseros mortais.Os Lusíadas, X, 76.
Renato Epifânio tem uma coluna n' O Diabo: «A Via Lusófona». -- Só este nome...
Renato Epifânio publica esta semana uma «Carta Aberta ao Ministério da Educação do Governo de Portugal» (O Diabo, 23/VI/15). Saúda, em associação à Associação de Professores de Latim e Grego, a pretensão do dito Ministério de desenvolver um projecto de Introdução à Cultura e Línguas Clássicas. -- Note o benévolo leitor bem: a pretensão de desenvolver um projecto de Introdução à Cultura e Línguas Clássicas... -- i.é, a vontade (uma ideia) de um projecto (outra ideia), a ser desenvolvido (que não existe senão em ideia, portanto), ao que se seguirá levar a cabo a introdução duma disciplina (a realização, finalmente...) de... Introdução à Cultura e Línguas Clássicas. Não será pròpriamente uma disciplina de Cultura e Línguas Clássicas, mas uma disciplina de Introdução, um intróito em jeito de sucedâneo.
Menos mal. À falta da mestria (i.é, saber consolidado com aptidão de fazer obra e que se traduz em português pelo poético know-how), saúde-se, pois, a funda elaboração teórica da ideia duma vontade de fazer um projecto de ensinar pela rama cultura e línguas clássicas aos meninos da escola primária. Ou do ensino básico...
Renato Epifânio afirma (bem) que Portugal deve preservar a sua matriz cultural... contrariando uma certa inércia para o esquecimento histórico, bem patente, por exemplo na diluição da raiz etimológica de grande parte do nosso vocabulário que o novo acordo ortográfico propõe.
Na última parte, porém, é que Renato Epifânio é fraquito: a certa inércia para o esquecimento histórico não é inércia, é trabalho empenhado de apagar a memória histórica; e tal labor é (tem vindo a ser) levado a cabo com afinco; quem dera fosse, como lá atrás, mero pregão da pretensão de desenvolver um projecto de -- neste caso agora -- esquecimento histórico (não passaria de uma ideia...) E somando-lhe a diluição da raiz etimológica de grande parte do nosso vocabulário não é, como o Epifânio diz, o novo acordo ortográfico que propõe; o verbo é mais imperativo e o seu agente é feroz e empenhado no propósito: é como o Governo de Portugal e o respectivo Ministério da Educação -- a quem Renato Epifânio se meigamente dirige -- ditam, impõem.
Renato Epifânio afirma ao depois (bem, também, mas todavia aquém...) que Portugal deve renegar a saloiice de atitudes como a do bom aluno europeu que sucessivos governos assumem (pior, digo eu, fomentam e elegem em doutrina) a olhar de baixo os restantes povos europeus, concluindo que, não temos, em suma, de sentir um complexo de inferioridade em relação a qualquer outro povo deste nosso comum continente.
Muito bem, muito bem! Mas... mal se enxerga Renato Epifânio. -- Que faz ele para aí com o qualificativo «lusófono/a»? -- Não encerra este termo todo um sentido de diluição e complexo de inferioridade em relação a qualquer povo daqueloutro nosso comum Mundo Português? -- Não é a Via de Renato Epifânio «lusófona» por medinho de afirmar-se portuguesa em toda a sua dimensão material e espiritual, ou seja Lusíada?
Enquanto não puxar pela mioleira bem pode Renato Epifânio prosseguir nas (trans)vias da luso-fonia cujo literal significado mais não será que luso-gargarejo: ou seja, a velha e vernácula garganta!
(Imagem: Tétis revela a Gama a máquina do Mundo. Carlos Alberto, óleo s/ tela (?) da colecção do autor, in Os Lusíadas de Luis de Camões ilustrados por Carlos Alberto Santos e anotados por João Manuel Mimoso.)
Quando se pensava ser impossível algo mais ridículo do que Allgarve
Chegam os três
estarolaspresidentes das câmaras de Almada, Barreiro e Seixal com mais um contributo precioso para o anedotário nacional: «Almada, Seixal e Barreiro transformam-se em 'Lisbon South Bay'.» No Público (e não, não é no Inimigo):« Lisbon South Bay é o novo nome adoptado para os territórios da margem sul do Tejo, geridos pela Baía do Tejo, empresa pública do universo Parpública, e integrados no Arco Ribeirinho Sul.
O nome, apresentado esta quinta-feira pela administração da empresa e pelos presidentes das três câmaras municipais (C.D.U.), resulta de um estudo de marketing em que foram realizadas mais de mil entrevistas, a entidades e pessoas da região, e tem como objectivo, segundo o presidente da Baía do Tejo, facilitar a promoção internacional dos parques industriais do Barreiro e Seixal, e a Cidade da Água projectada para os terrenos da antiga Margueira, em Almada. »A sorte desta gente é que o ridículo não mata.
(João Campos, in Delito de Opinião, 25.06.15.)
* *
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O caso desta gente é que já morreu. Suicidou-se. Tudo isto que se lhe vê lhe brota naturalmente do bestunto aculturado. Gente que dá em desprezar o seu modo natural tomando modos estrangeiros é gente fraca, de alma servil que não tarda em perder a noção de si, havendo de aculturar-se ao que primeiro lhe chegue. Em esquecendo-se de si, da sua identidade, ao ponto de lhe começar a linguagem a aflorar espontânea e naturalmente no modo estrangeiro sobrepondo-se ao seu falar original anterior, será quando esta gente com certeza atingiu o ponto de não retorno; é quando esta gente deixa de ser a gente que é e se torna gente outra.
Perdida a consciência de si, o que lhe observo cada vez mais é que, para exprimir uma ideia (se a tem), se vale esta gente em primeira instância do amaricano da cultura que a domina, que lhe espontaneamente sai, assim, tão natural como a sede, como diziam naquele anúncio feito por esta gente, dantes, e quando na sua terra era o estrangeiro que falava o Português.
Aquela gente..., in Setúbal TV [de Setúbal].
(Revisto.)
Eléctrico de Sintra (Wenher Krutein, 1955-65, in Portugal Velho).
Em chegando à Trafaria eram as carreiras para a Costa que eram encarnadas...
Camioneta da carreira da empresa Transul, Cacilhas, 1968-75.
Diapositivo de autor não identificado restaurado por Martyn Hearson, in Flickr.
Praia do Sol, Rio Tejo, 1973 (?).
Arthur Pastor, in archivo photographico da C.M.L.
Devo ter navegado nele. Quase de certeza.
Em meninos somos atentos ao que nos rodeia. Muito nos fica gravado na ideia e nunca mais o esquecemos.
As travessias de barco da minha infância para a praia, de Belém à Trafaria, eram uma aventura que me fascinava; reparava muito nas bóias e nos pneus que rodeavam o barco; dois padrões. As bóias eram para se salvar a gente se se o barco afundasse -- dizia-me a mãe. -- E os pneus? -- Notava que não eram bem como as bóias... -- Os pneus também -- atalhava o meu irmão, espigadote e... -- Servia tudo para o mesmo...
Reparava depois muito na espuma que se formava quando o cacilheiro ia cortando as águas. Perguntava como e porquê? -- O mano, com oito anos de avanço sobre mim sabia, é claro. E dizia-me com toda a sabedoria: era Omo. O barco deitava Omo à água, como a mãe para lavar a roupa... -- Não percebia bem, ali, para lavar o quê, mas, lá que explicava a espuma, explicava...
Depois, do meio do Tejo, eram aqueles reservatórios na outra banda como os da Sacor no Cabo Ruivo que víamos lá de casa. Só que estes eram da Esso e lá onde estavam era o Porto Brandão. Mais tarde soube ler-lhes as letras E S S O pintadas em quatro deles, uma em cada um, não havia dúvida. Reparava muito neles. Ainda reparo. Mas nunca passávamos muito perto porque o barco que apanhávamos não escalava o Porto Brandão.
Em chegando à Trafaria eram as carreiras para a Costa que eram encarnadas; nada como os autocarros verdes, nem na cor nem no aspecto -- não tinham daquelas cabinas para o motorista nem radiadores de calhambeque, eram direitos... -- Mas antes das carreiras havia os gelados de máquina no café do cais, com cone de baunilha; o gelado de baunilha e chocolate saía da máquina e enchia o cone em cornucópia: para mim um cone pequeno de vinte cinco tostões; para o meu irmão um cone maior, de cinco escudos; cones de sete e quinhentos não havia para ninguém...
Uma vez na praia tive sede e pedi água; o meu irmão disse-me o óbvio: -- Vai ali beber -- e apontou para o mar. Eu ainda perguntei se se podia beber daquela... -- Sim! Há lá muita. -- E eu com 4-5 anos acreditava inocentemente em tudo o que me aquele judeu dizia...
Desconfio agora é do rigor da data indicada para a chapa: Dezembro de 73. O ano pode ser, mas o mês é óbvio que não.
Meio edificado, ainda com horizonte. A matrícula do Fiat 600 é posterior a Julho de 56. Calhando a imagem é desse Verão
Av. dos Estados Unidos, Lisboa, post 1956.
Salvador de Almeida Fernandes, in archivo photographico da C.M.L.
Nó da auto-estrada, Almada, 1973
Artur Pastor, in archivo photographico da C.M.L.
Nestes dias não há-de haver viatura que dê uma trombada por uma dessas auto-estradas que não haja de sair um jornalista do fundo da valeta.
O canal do Porto até rejeita o aborto gráfico, mas tal peste mete-se em tudo. E nem sempre há tarimba que nos salve...
Esta mocinha já tinha quase encalhado a ler Fi-lo-lo-gia Românica no teleponto, um trava-língua danado referido à notícia do prémio Camões deste ano. Quando chegou à parte de a premiada ser poetisa dramaturga e ficionista, que havia uma jornalista tenrinha de ler...?
(Imagem do canal do Porto, 17/VI/15.)
« Quando os cães disputam um osso ladram e mordem; e também nesta faina do devorar havia latidos e dentadas, denúncas formais dos que tinham comido menos contra os que tudo queriam para si.»
Oliveira Martins, Portugal Contemporâneo, vol. II, 2.ª ed., Europa-América, Mem Martins, [1996], p. 20.
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Hoje, duas mioleiras que rangem diàriamente na emissora nacional, o Papillon e a estouvada da matraca infernal, deram duas para a caixa.
A torrencial Ana Gomes descobriu a bombordo dos submarinos (ou talvez aqui) uma encomenda de 2 navios-patrulha pelo Estado aos estaleiros de Viana. Logo agora, depois de os ter vendidos (os estaleiros), baratinhos, porque quando era seu dono e os administrava (o Estado) lhes não arranjava nem a encomendinha dum bote a remos.
O Papillon, por seu lado, explicou nas contas do dia a venda da TAP pelo real preço de 0,5 Jorzes Juses, parafraseando os esquerdóides mai-lo seu óbvio ululante.
Se bem o entendi, a mezinha do consórcio Helder & Rodoviária para a TAP é,
Nestes trabalhos porá o Estado português de si todo o empenho e fiança e... eis os 350 milhões dos «investidores».
Os mesquinhos 10 milhões que meteram para aí como gazua cobrirão à tanga, porventura, os encargos do governo nacional com escritórios de advogados, agências de comunicação e afins para o expediente dos 350 milhões do consórcio... A menos que hajam servido afinal meramente para cobrir o bendito alívio da cavacal figura...
Imagens:
Navio-patrulha oceânico da classe Viana do Castelo, in Revista Militar, n.º 2452, Maio de 2006.
Cartaz publicitário Rio de Janeiro, Brasil, TAP, anos 70, in Voa Portugal; 60 anos na Rota do Futuro, TAP, 2005.
Sabeis o plural de João, claro. É joães -- lembrar-vos-eis do parvo Joane do Auto de Gil Vicente, decerto... -- Não confundamos, portanto, o encontro de joões em Braga que deram nas notícias. Este foi de pessoas chamadas Joom. Bastou ouvir o moço entrevistado dizendo -- «É engraçado, já me confundi com alguns ao me chamarem Joom, por isso...»
(Imagem da TVI, 14/VI/15.)
A dissolução em que a regência estrangeirada lança a Nação é nítida. E deliberada. Deduzi-o há dias das palavras dessa mediocridade que nos calha por regente pedindo crianças e imigrantes para o País sem se referir para o efeito a... Portugueses. Entretenham-nos com futebóis!...
Isto anda tudo ligado. A última tirada da agenda estrangeira para o que se ainda designa como Portugal saiu numa endrómina arengada docemente aos indígenas no jornal, com propósito evidente -- «U.E. propõe que Portugal receba 1700 deslocados» (jornal I, 27/V/2015). -- Do estrangeiro não propõem nada como plantam na notícia; o que fazem é ditar veladamente aos portugueses que alberguem por cá os ditos deslocados -- outro eufemismo das agências de comunicação para adormecer a opinião pública. Depois de terem andado a brincar às Primaveras árabes os burocratas neo-imperiais resolvem agora atirar para cá com o quinhão de hordas bárbaras que nos fizeram caber por quota. -- Hordas invasoras assim desfizeram o Império Romano do Ocidente e já nesse tempo o escol degenerado de Roma lhe não mediu o alcance. Agora chamam-lhe deslocados e migrantes por lhe mitigarem a desgraça, e o efeito. Triste engano. Triste Europa. À escala do portugalinho enormemente internacionalista, mai-lo seu escol pós-entreguista, levará um instante.
O diktat entra pelos olhos, mas não há-de ser coisa a que os democráticos mandaretes de turno à bancarrota hajam de eximir-se (olhai lá o deles!...) Venham de lá os bárbaros diluir os portugueses, que estes estão a mais.
E vem toda esta dissolução da Pátria a derramar-se hoje no dia de Portugal quando não sei por que acaso da providência, ontem, na emissora nacional, um desastrado (só pode) fez soar como do Além, no éter, a voz do Dr. Salazar:
Ironias que está bem, está! Se Salazar disse para os portugueses continuarem Portugal, desfaça-se-o já com estrangeiros!
Salazar, Terreiro do Paço, [1941].
Horácio de Novais, in Bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Pelo amor de Deus! Deixar a jaula havia de ser só com coleira e açaimo. Rogar-lhe que vá de bracelete para casa nem para argumento de histórias aos quadradinhos (das autênticas).
(Sarnoso do Guia dos Quadradinhos.)
A temperatura por cima dos 30º e as previsões meteorológicas a darem trovoada, granizo, chuva forte e também incêndios.
Quem saiba notícia dalgum destes apocalipses favor reportar aqui.
Dantes havia um Portugal em ponto pequeno que era dos pequeninos.
Dantes havia Portugal.
Agora há este cavalheiro num portugalinho qualquer que promove barbies e artistas cabotinas a dizer que o país precisa de mais crianças e mais imigrantes.
Entendei: ele não diz que o seu país precise de mais portugueses!...
Procurou-me há dias uma estimada leitora do palácio em que se instalou o Partido Socialista, ao Rato. Pois trata-se do antigo palácio do Marquês da Praia que ocupa o topo norte do Largo do Rato, entre a Rua das Amoreiras e a antiga Calçada da Fábrica da Louça, crismada em Calçada Bento da Rocha Cabral por edital da Câmara de (nem de propósito!) 7 de Junho de 1924.
Segundo Norberto de Araújo (Peregrinações em Lisboa, Liv. XI)...
Foi construído o Palácio do Rato cêrca de 1784 por um Luiz José de Brito, contador do Real Erário, sôbre chão de casas e quintais pertencentes à famosa fábrica da louça do Rato; no comêço de oitocentos era da viúva Brito, andou depois alugado, e foi mais tarde comprado pelo Barão de Quintela, do qual passou por herança ao Conde da Cunha e dêste ao Marquês de Viana, que já o possuía em 1828, e cuja espôsa era neta do Barão de Quintela.
Em 1876 o palácio foi vendido ao visconde de Monforte, Luiz Coutinho de Albergaria Freire, dêste passou a sua sobrinha, D. Maria José, que casou com o conde da Praia, depois Marquês, António Borges Dias da Câmara e Sousa; dêste transitou a seus filhos, 2.º Marquês da Praia e Monforte, D. Duarte, e Condessa de Cuba [...]
Interrompo aqui a peregrinação de Norberto de Araújo por deixar Trindade Coelho contar um episódio curioso deste 2.º Marquês, Duarte Praia, e por mostrar que as bexigas doidas da política deram na história deste palácio ainda se não esfumara nas crónicas sociais lisboetas a opulência dos bailes dos marqueses de Viana, anteriores donos — a ombrear com as faustosas festas dos condes de Farrobo, de Penafiel, do Carvalhal — e muito antes do famigerado caso da capela do Rato ou da sua posterior passagem à posse do bando político do P.S.
Quando morreu em Lisboa o rei D. Fernando [15/12/1885], alguns rapazes de Coimbra lembraram-se de ir á capital em commissão, a representar a Academia nos funeraes regios ! Ora precisamente n'esse anno, começavam a grassar pela rapaziada, lá em Coimbra, as bexigas doidas da politica, e as bexigas atacavam de preferencia os quartannistas — que são bachareis... em flôr!
Como os feriadinhos estavam certos, e isso é que importava, a Academia nem sequer pensou em mandar japonezes aos funeraes! Mas sempre houve tres que quizeram ir; — o Antonio Lagoaça, agora conde de Lagoaça e par do reino; o Duarte Praia, agora Marquez da Praia; e então o Antonio Alte, que andou pelo Brazil uns poucos d'annos, secretario de legação: — todos tres lisboetas da gemma!
Por meio de bilhetinhos passados na aula, os tres lá arranjaram no Theatro Academico uma especie de assembleia a que chamaram geral, mas que não passou, em verdade, de particularissima; deram-se por nomeados para representar a Academia nos funeraes; e quando a briosa soube da historia, já iam todos caminho de Lisboa, muito satisfeitos!
Ora a pirraça poderia talvez passar, feita por outros! Mas feita por aquelles tres, era imperdoavel! Pertenciam todos á primeira ala dos polainudos, chamados assim porque faziam da polaina um chic, e acho que uma fidalguia, — e os polainudos, embora bons rapazes como aquelles tres, eram, como collectividade, quasi odiados! Aquelles bem o sabiam; e bem sabiam, também, que especie de diploma levavam na mala, a acreditál-os como enviados da Academia...
Por isso, e prevendo tempestade na sua ausencia, entenderam-se antes de partir com o Antonio Cabral, que andava então no 5.º anno e tinha a sua influencia na rapaziada, — e pediram-lhe que se estalasse tempestade na ausencia d'elles, fizesse por a amainar.
Prometteu o Antonio Cabral o que lhe pediam, — e os tres lá partiram emfim para Lisboa, representantes da Academia!
Mas a tempestade não tardou a desencadear-se, e desencadeou-se furiosamente! Um Aviso pegado nas portas do Club Academico chamava a Academia, offendida nos seus brios, a uma assembleia geral, com o fim de protestar contra os « usurpadores » !
Andou o Antonio Cabral em bolandas, para ter mão no chinfrim [&c. &c.]Trindade Coelho, In Illo Tempore; estudantes, lentes e futricas, Aillaud, 1902, pp. 121, ss.
A usurpação como prática política baixa dos possidónios do palácio da Praia vem, pois, de longe...
O palácio esteve dividido por partilhas entre os herdeiros do Marquês da Praia e era habitado por eles quando o autor das Peregrinações por lá passou em 1939, até que o 4.º Marquês, Borges Coutinho, o cedeu, arrendou e vendeu ao bando do P.S.
Em 1977 era este o estado em que o arrendatário o exibia. O senhorio não devia estar para obras, mas os inqulinos não se perderam por ensaiar ornamentação na fachada... Ao depois de o comprarem lá o compuseram e ainda bem. Não sei se lhe não puseram até um daqueles avisos proibido afixar anúncios nesta propriedade, não venham de lá os esquerdóides democràticamente borrar o rico palácio de propaganda panfletária ou com esses acarinhados sucedâneos das Belas-Artes ditos arte urbana.
Palácio da Praia, Rato, 1977.
Vasques, in archivo photographico da C.M.L.
Pormenores do palácio in O Palácio Praia; sede nacional do Partido Socialista, [s.n.], [s.l.], 2009, p. 16.
Representação de Antonio Horta (Alte), Duarte Praia (marquês da Praia), Antonio Lagoaça (conde de Lagoaça), in Nivel Academico, apud Trindade Coelho, In Illo Tempore, Aillaud, Paris-Lisboa, 1902, p. 141.
Na sociedade industrial de concentrados S.I.C. diziam hoje que o paineleiro de turno disse ontem andar a Maria de Belém bem calhada a candidata do P.S. à presidência.
Pois se é ela de Belém e não passando o São Paio da Nóvoa, que se sabe lá onde fica...
Outra que a sociedade industrial de concentrados S.I.C. disse hoje que disse ontem o paineleiro de turno foi de serem os ordenados da bola «pornográficos».
Quanto ganhará um telepaineleiro de opinião por trivialidades de conserva com eco bombástico?
Sociedade Industrial de Concentrados (desdobrável), Azinhaga do Ribatejo, 1963.
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