Os que acordamos diàriamente, por fé ou atavismo querendo saber da espuma dos dias, ligamos a emissora. E dela ouvimos os recados das centrais da doutrinação geral diária. Hoje havia duas: uma era que morreu aquele entrevadinho da teoria de tudo que conforma o mundo hoje, que dizia we're all time travellers turning together into the future com a mesma inspiração e gravidade com que Darth Vader disse: — Luke, I am your father! — Bom! Talvez com menos gravidade. Mas o penico electrónico donde ecoava a voz era o mesmo.
A emissora gosta desde logo de compor estas homilias do engrandecimento das autoridades do paradigma vigente que passam a fazer tijolo, arregimentando sumidades de autoridade gaseificada e pendor semelhante para começarem a assentar o dito tijolo nos muros da mitificação. Para o mito de hoje foram buscar o Carlos Piolhais. Phiolhais. Fiolhais. Amanhã esquecem.
A segunda de hoje era que o governo vai disponibilizar dois milhões de euros para os centros oficiais de recolha de animais.
Acho dinheiro bem empregado. Contanto que os centros de recolha sejam mesmo oficiais!...
Carroça dos cães, Lisboa, 1939.
Eduardo Portugal, in archivo photographico da C.M.L.
De [s.n.] a 15 de Março de 2018
Mas esta carroça era para recolher animais vadios e levá-los para algum abrigo (que talvez já existisse nesta altura) ou era para levá-los para abate ou sòmente para os alimentar em local apropriado?
Interessante transporte, este, aparentemente respeitador das condições mínimas para acondicionar os animais até ao destino(?). Nunca tinha visto imagen semelhante.
Maria
Recolhia cães vadios ou sem licença. Se os ninguém resgatasse do canil municipal, acabavam abatidos.
Cumpts.
De [s.n.] a 15 de Março de 2018
Ah, era isso. Que pena tenho desses animais. Mas isto sou eu que choro copiosamente quando vejo, em alguns documentários, um cão a ser maltratdo ou quase a morrer por abandono dos indignos donos ou mesmo por maus tratos de alguns destes verdadeiros diabos em figura de gente.
Um caso houve em que um destes pobres animais tinha sido atirado para o meio da rua a partir de um automóvel em andamento!!!, o pobre animal percorreu quilómetros atrás do carro do dono, mas o criminso nunca parou para o recolher. O animal, devido ao cansaço extremo e aos graves ferimentos, acabou por desistir e deixou-se ficar prostrado à beira da estrada. Sofreu danos irreversíveis mas felizmente foi salvo por um autêntico anjo da guarda. Selvajaria pior do que esta não há. O dono que praticou tão infame crime devia ter sido preso para a vida.
Vi há algum tempo um documentário maravilhoso em que um mexicano, um ser humano excepcional, creio que na cidade do Mexico, andava à procura de cães abandonados ou cheios de fome ou num estado físico deplorável por já nem forças terem para procurar alimento, levando-os de seguida ao veterenário. Quase todos se salvaram. Esta alma caridosa faz isto por sistema e tem recuperado dezenas de animais.
Vi também um documentário passado numa cidade inglesa, onde também há gente bondosa que pratica estas obras caridosas, eles que são o povo que mais adora animais, sobretudo cães. Que Deus os abençõe.
Maria
De gato a 16 de Março de 2018
Não fique desesperada.
Veja uns tantos vídeos que na sua maioria focam a acção de pessoas (de várias raças) para salvar animais.
Procure no YouTube em «real life heroes saving animals». Aí vão duas entradas:
https://www.youtube.com/watch?v=RDVIpWJVsBg
https://www.youtube.com/watch?v=4YfQM-4cXBY
De [s.n.] a 16 de Março de 2018
Gato, muito obrigada pelos linques. Vou ver.
Maria
De [s.n.] a 19 de Março de 2018
O que é feito do seu último comentário relacionado com o salvamento dos canídeos? O comentador Gato deixou amàvelmente dois preciosos linques que fui ver. Eu comecei a ler o seu comentário à pressa mas não terminei por falta de tempo, contudo hoje queria acabar a leitura para responder..., mas não consegui!
Depos daqueles, aproveitei e vi mais vídeos sobre o mesmo tema e todos de partir o coração pela bondade que ainda é possível um ser humano demonstrar para conseguir salvar um animal em perigo de vida, o próprio socorrista correndo o mesmo perigo de vida. Todos estes vídeos sobre o salvamento de animais das mais diversas raças - e atenção, não só cães! - que se encontravam em perigo pelas mais variadas e tristíssimas razões.
Conto dois casos paradigmáticos que demonstram o amor que os cães dedicam aos donos e o que sofrem quando não os vêem por uns dias ou perdem-nos para sempre.
Um caso destes aconteceu há muitos anos e outro há uns quatro ou cinco. Qualquer deles demonstram o amor incondicional que estes animais dedicam aos seus donos e o que sofrem e quão tristes ficam, não se alimentando nem se importando de morrer, sempre à espera de voltar a ter os donos perto de si.
Os meus Avós ficaram com um cachorrinho abandonado no campo, que um Tio meu tinha trazido das suas idas à caça. Ele recolhia todos os cachorrinhos que encontrava abandonados e depois distribuía-os pelos familiares e amigos. Este cachorrinho tinha inicialmente ficado connosco, mas um dia caiu da janela do nossa casa, uma janela muito baixa em relação ao passeio, mas mesmo assim partiu uma patita. A Nossa Mãe ficou horrorizada com o acntecimento. Não sei se ele caiu por acaso ou por falta de cuidado de mim própria pois vagamente me lembro de estar com ele à janela, mas eu tinha na altura só cinco anitos. Os meus irmãos eram um pouco mais velhos mas eram terríveis, como já aqui os descrevi. Teria sido algum dos meus irmãos que o fez cair?
Resultado, a nossa Mãe 'exportou-o' no dia seguinte para casa dos meus Avós, não lhe fosse acontecer algo pior. Este cachorrinho, que eu adorava, ficou lá toda a vida. O meu Avô afeiçou-se tanto a ele e ele ao dono, que quando este estava em casa ele sentava-se sempre no chão ao lado do sofá e seguia o dono para todo o lado. Dormia junto à porta do quarto dos meus Avós do lado de fora e quando o meu Avô ía arranjar-se para a casa de banho ficava do lado de fora, também encostado à porta, à espera que o dono saísse. Quando o cão morreu o meu Avô teve um desgosto tão grande que nunca mais quis ter outro cão.
Quando os meus Avós íam ao estrangeiro levavam-no sempre, mas houve uma vez em que não o fizeram e o cachorrinho ficou em nossa casa. Nós vivíamos na altura na Av. da Igreja junto ao Campo Grande. Os meus Avós viviam na Guerra Jungueiro. Nós, miúdos, já estávamos mais crecidinhos e não deve ter sido nenhuma diabrura que os meus irmãps lhe tivessem feito, mas um dia o cão escapou-se de casa nem sei como e percorreu a pé toda a Av. de Roma até à Av. G. Junqueiro e subiu ao andar dos meus Avós e ficou encostado à porta de casa (e não do prédio) durante os três dias que eles demoraram a voltar do estrangeiro. Quando a nossa Mãe, preocupadíssima pensando que o cão se tinha perdido, foi avisada pelos meus Avós, no seu regresso do estrangeiro, onde ele tinha sido encontrado não queria acreditar.
O outro caso, passado perto de nossa casa, foi assim: o dono da casa faleceu. Já não havia mais ninguém na casa. O cão, após a morte do dono, ficou vários dias do lado de fora da moradia junto ao portão à espera do dono a ganir baixinho ou seja a chorar, sem que o conseguissem demover do sítio. Até que alguém o levou, não cheguei a saber quem, talvez algum familiar. Este foi outro caso de fazer partir o coração.
Houve um outro caso deste género, que vi num documentário há muito tempo, creio que passado nos Estados Unidos, em que um cão esteve prostrado junto à campa do dono dias seguidos até ter sido levado por alguém. Estes são casos de nos fazerem reflectir e pensar se certos animais irracionais, neste caso os cães, mas existem outras raças que o exprimem do mesmo modo, não têm sentimentos muito superiores a alguns seres racionais que na verdade não são mais do que seres infra-humanos? Eu acho que sim.
(cont.)
Maria
De [s.n.] a 19 de Março de 2018
á se imaginou a dificuldade que um cadelinho com menos de dois anos teve para conseguir percorrer toda a Av. da Igreja e depois a longuíssima Av. de Roma e depois a Av. G. Junqueiro para ir ter a casa dos seus donos, que sabia exactamente onde se situava, subir ao respectivo andar e ficar deitado junti à porta à espera deles o tempo que fosse preciso? E tudo por sentir infinitas saudades dos donos, sentimento que só o ser humano é capaz de experienciar ou assim muita gente pensa, mas não é verdade.
Os animais, independentemente da raça, também as sentem e talvez mais do que um ser pensante, só não conseguem falar. De resto têm as mesmas dores físicas, sofrem pelos maus tratos físicos tal como nós o faríamos e nunca se queixam, têm o mesmo amor pelos donos mesmo quando por vezes estes lhes ralham, chegam a salvar os donos quando estes se encontram em perigo indo avisar alguém que os possa ir socorrer e são capazes de dar a vida pelos donos. Há provas disto todos os dias em todo o mundo e também em Portugal.
Maria
De Valdemar Silva a 19 de Março de 2018
'Os animais, independentemente da raça, também as sentem e talvez mais do que um ser pensante...'
Então, o que é que tem a dizer sobre as touradas e os touros de morte, para deleite de pessoas?
Valdemar Silva
De [s.n.] a 19 de Março de 2018
Valdemar, estou completamente contra.
Maria
Esta história é gira.
Tenho uma história de cães, mas nunca tive cães. A minha mãe só me deixava ter pintainhos. Ao depois que cresciam perdiam a graça. Mas punham ovos.
Cumpts.
De
zazie a 19 de Março de 2018
O penico electrónico era o mesmo, pois.E o culto do cientoinismo, idêntico.
De gato a 19 de Março de 2018
Zazie,
Em forma!
Cumprimenta,
miau...
De [s.n.] a 19 de Março de 2018
Ainda sobre este tema do salvamento de animais, cães, gatos e outras raças, devo acrescentar mais qualquer coisa.
Ainda cheguei a ler parte do comentário desaparecido:) e reparei que o dono desta casa insurgia-se pelo facto das pessoas terem pena dos animais abandonados mas nada fazerem quanto aos vagabundos que por aí abundam e dormem nas ruas.
Pois bem, se há vagabundos por todo o País deve-se a este regime que permite que os haja. Depois é o Estado que tem a estrita obrigação de cuidar deles e de prover à sua recuperação para a vida social e não o público, pois este não governa e portanto não tem culpa alguma que eles existam.
O Estado é que tem muito dinheiro, a maioria muito mal gasto - na verdade são biliões anuais, metade deles segue para os partidos e outra parte substancial para as respectivas contas off-shore - para prover à saúde e habitação dos vagabundos. É um escândalo e uma vergonha para esta farsa de regime (estando os políticos completamente marimbando para o problema) que sejam os populares e pessoas anónimas que se dediquem a alimentar e a conseguir abrigo para os vagabundos - quando eles o aceitam e muitos deles regeitam o auxílio e preferem continuar na rua - e sendo assim tanto melhor para o Estado, cínico e oportunista como é, que tem menos uma obrigação a cumprir e que indubitàvelmente lhe pertence.
No Regime anterior havia dois ou três vagabundos, se tanto, em toda a Lisboa e arredores. Talvez houvesse o mesmo número deles ou ainda menos, no Porto. Em Coimbra não creio que eles existissem. E era tudo quanto havia de vagabundos pelo País inteiro.
Havia em Portugal muita gente pobre mas essa gente não andava a mendigar pelas ruas, vivia do seu trabalho muito humilde que este fosse. Toda a gente tinha trabalho desde que o quisesse. Os pouquíssimos vagabundos que havia em Lisboa eram quase todos alcoólicos irrecuperáveis, mas não me recordo de ter lido ou visto que eles andassem a dormir pelas ruas e a mendigar alimento, com alguma eventual excepção que confirmava a regra. Tal coisa era inconcebível acontecer no Regime anterior. Neste excelso regime, sim, há-os aos milhares e com tenbdência para aumentarem.
E menos ainda havia milhares de drogados espalhados pelo País, uma nova espécie de vagabundos, que ou andam a traficar e a roubar ou inclusivamente a assassinar pessoas inocentes ou a morrerem em bairros degradados ou em becos e travessas. Esta miséria de gentes e de vidas, dentre inúmeras redes de violência e crime, foi o que esta magnífica democracia nos presenteou com sobras.
Conclusão, os animais não sabem falar para pedir protecção ou alimento, eles não podem pedir auxílio quando estão em perigo, eles não se sabem queixar quando estão doentes, eles dependem do ser humano para tudo isto. Pelo contrário o ser humano, designadamente os vagabundos, têm todas as capacidades físicas e intelectuais - aliás podem e devem - para pedir, melhor, exigir dos Estados e dos seus governantes que os ajudem a sobreviver, que abram instituições (parece que as há, mas nada fazem propositadamente e isto é um facto comprovado, estão cìnicamente à espera que eles vão morrendo para evitar gastos suplementares, são os funcionários das poucas instituições que existem que o atestam) para cuidar deles quando doentes e que lhes dêem abrigo e alimento quando deles necessitarem. É isto que penso.
Maria
Varri o comentário para não alimentar polémica. Mas já fui tarde, bem vejo. E também vejo que independentemente de tudo deu por cá tourada...
É um desatino certa ordem de prioridades. A perda de senso da realidade dá no que dá: cães com nome de gente e gente a dormir na rua. E o desgoverno da Santa Casa investindo em Montes nada pios.
Dantes havia a Mitra e acabaram com ela porque era mau; hoje não há e veja-se se não é pior.
Acabou-se este assunto.
Comentar