No tempo em que o prédio de rendimento era tachado como architectura menor que desvalorizava o presumido bom gôsto das avenidas novas, já a moda de fechar marquises pegava. Succede que os materiaes vidro e ferro ainda se perdiam em arrimos «art déco». Nada que se assemelhasse ao alumínio de régua e esquadro a 90º em sublime gôsto eurocaixilho.
Rua dos Açores, 59 a 59-J em 1961: descubra as diferenças! (Não existem soluções.)
Rua dos Açores, 59 a 59-J, Lisboa, 1961.
Augusto de Jesus Fernandes, in archivo phtographico da C.M.L.
A casa que refere não é o museu do Dr. Anastacio Gonçalves? Essa é na Pinheiro Chagas com a 5 de Outubro.
Paris foi massacrada com a 2.ª grande guerra e refizeram-na. Lisboa (ou qualquer cidade portuguesa) não e desfizeram-na.
Cumpts.
De [s.n.] a 22 de Março de 2017
É esse mesmo! Paris, que visitei já lá vão muitos anos e apenas por falta de tempo não vi muito do que merecia a pena ter sido visitado e visto. Paris e arredores era então e creio continuar a ser, uma cidade extremamente bela e atrever-me-ía a dizer uma cidade feminina:) Assim como Lisboa é uma cidade branca, no dizer nuito acertado de um jornalista norte-americano.
Não foi na Avenue du Champs Elisées que o nosso Marquês se inspirou para encarregar os arquitectos E. dos Santos e M. da Nóbrega de fazer algo semelhante na Baixa de Lisboa e que mais tarde deu origem à nossa Av. da Liberdade? Parece-me bem que sim. Sem desprimor para a francesa, a nossa Avenida é mais bonita. Refiro-me sobretudo e òbviamente à sua limpeza e conservação durante o Estado Novo e também a absoluta perfeição dos belos desenhos milimètricamente trabalhados no calcetamento dos passeios e a enorme largura da nossa Avenida, dividida por largas placas arborizadas pontificadas por várias e bonitas esculturas e pequenos lagos, sem esquecer é claro a sua limpeza ímpar que deixava boquiabertos de espanto os turistas que então nos visitavam.
Tudo o que descrevi é a antítese do que por lá vê agora e que já se vem verificando desde há pelo menos trinta anos. Um dia destes tive que lá passar e o que observei desde o desnivelamento e nenhum cuidado com a conservação dos passeios, passando pela má conservação do arvoredo, assim como com as poucas plantas e flores(?) dos cada vez mais exíguos e maltratados espaços para estas se desenvolverem em harmonia, até à porcaria que se vê por todo o chão duma ponta à outra daquela que já foi um linda Avenida, mais do que uma vergonha trata-se de um crime de lesa património e uma completa falta de respeito por quem com tanta dedicação, empenho e trabalho nos legou uma verdadeira pérola na Baixa de Lisboa. O Medina não sabe tratar de recuperar esta que é/era uma das mais lindas avenidas da Europa? Digo o Medina, já que o Costa, aparte a penthouse que lá mandou construir para proveito próprio num edifício cuja planta não o permitia, nunca quis saber nada sobre a recuperação desta Avenida nem na verdade de toda a Lisboa.
A de Paris, que pessoalmente achei uma aberração, passou-se quando a visitei, pois não possuía a mais pequena amostra de arvoredo, o que me deixou estupefacta, quase chocada, já que estava à espera que se assemelhasse à nossa linda Avenida e que até fosse mais deslumbrante. Mas não, sem arvoredo, sem canteiros com flores, espaços ou placas a dividir a Avenida, etc., esta, dos Campos Elísios, perdia em espectacularidade o que de outro modo tê-la-ia fortemente enriquecido.
Maria
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