O eléctrico sobe a Rua de Dona Estefânia. A cabina telefónica é na Av. Duque de Ávila. À esquina a Casa dos Estudantes do Império que não me diz grande coisa. O que me fala na imagem é marginal e encoberto: o palacete onde acho que funcionou um colégio para raparigas, com o seu pátio cercado e o portão de chapa azul enferrujada, que se identifica na sombra das árvores no lado da Rua de Dona Estefânea. Meio tapado por elas, o prédio a seguir, cujos últimos dois andares se vêem acima da copa das árvores, foi anexado ao colégio das raparigas; uma porta lateral e uma passagem no seu logradouro ligavam ao pátio do palacete...
Depois de 74, não sei ao certo quando, o palacete e o prédio anexado deram em escola secundária. Do Arco do Cego, chamava-se. Escuso dizer que em tão improvisada escola não cabiam instalações para Educação Física.
Pois não!
Pois bem! Recorríamos ao Instituto Superior Técnico com enorme vantagem: havia um generoso campo de bola de terra batida, com balizas; um ginásio plenamente equipado; e - um luxo - a piscina. Cada ano lectivo as aulas de Educação Física eram um semestre na piscina, um semestre no ginásio.
Calhou-me andar lá três anos: do 7º ao 9º. Três saudosos anos com a Bé, a Célia, a Cristina, a Dulce, a Fernanda, a Mónica, o Acabu, o António da R. António Pedro, o Fumaça, o Jorge Vicente, o Mário David (dito o Prego), o Nuno Tempero, o Orlando, o Paulo Jorge, os irmãos Saramagos (eram o Saramago e o Saramaguito), um mocito (Jorge?) da Praceta Afrânio Peixoto com jeito para a bola e uma carrada de gente que, peço desculpa, mas já me esqueceu o nome.
Em 82 o cenário desta história fechou e a turma destroçou. Quase um quarteirão de anos passados reencontrei uma das personagens ali de cima no Lost and Found do aeroporto de Lisboa.
Notas finais:
A fotografia é de Augusto de Jesus Fernandes e encontra-se no Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Daquele tempo retive mais que as outras esta cançoneta; não sei porquê...
Adenda (29/11 às 8:13 da noite):
Buááá a minha escolinha... Escola Lusitânia Feminina linda de morrer... Tudo em 3 línguas (Português, Francês e Inglês). O professor "China" o Major, a Madame "Forté"; ai que saudades!... Os namorados esperavam na porta e eram mantidos à distância pela contínua com vassoura na mão!!!! Tinha vitrais, bancos de jardim, máquinas Royal e 1 eléctrica. O que eu adorei aquilo.
Depois do 25 Abril mudou tudo (estragou); os professores foram despedidos e os novos não percebiam nada de nada; os diplomas deixaram de existir, as letras azuis foram derrubadas, e entraram os vândalos... Guardei uma delas durante anos. Foi a melhor escola de secretariado durante anos, daqui saíram secretárias de direcção, hospedeiras da TAP, e muitas Senhoras que hoje são gestoras em grandes empresas. [...]
Comentário de luar em 29/11/06 às 11:37 AM.
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