Chiado: O Peso da Memória / António Valdemar. — [s.l.] : Inapa, 1989. — 153 p. : Il.; 33cm.
* * *
Primeiras impressões (à p. 37): escrita escorreita; leitura agradável; informes interessantes.
O A. parece que é o decano dos jornalistas; tem a carteira n.º 1 da profissão.
Natural de S. Miguel, mandaram-no em moço estudar em Lisboa; no Colégio Moderno. Li que se tornou amigo do filho do reitor do colégio, que fôra padre, por birra de não querer ir à missa. O filhote do reitor apoiou-o… Também li na Casa das Aranhas que amadureceu bem: mais tarde fez profissão de fé na loja Tolerância… A quanto podem chegar as birras de ir à missa…
Colégio Moderno, Estr. de Malpique, c. 1937.
Mário Novais, in bibliotheca d' Arte da F.C.G.
De missas, pois, diz o A. no posfácio que era assíduo nas diversas tertúlias que ainda há uns sessenta anos animavam o Chiado. Enumera-as e é interessante: era a do Quilino, na Bertrand; a do Sérgio, na Sá da Costa; a de Almada, Jorge Barradas, Abel Manta, Eduardo Viana, David Benoliel, e Mário Novais na Brasileira. Abancou também por ali com o olisipógrafo Matos Sequeira…
Frequentador das últimas tertúlias do Chiado, conhecedor da obra dos olisipógrafos, daqui, por conseguinte, o livro. Redigido na Ribeira Grande logo em Setembro de 88 ainda o Chiado estava quente do incêndio de 25 de Agosto, é um resultado daquele conhecimento e vivência do A., e do convite do editor Fernando Chaves Ferreira logo em 26 de Agosto, um dia depois do incêndio. Se houve reconstrução do Chiado feita ràpidamente, e bem, foi esta, em livro, cuja concepção se sucedeu como digo e cuja edição é de Agosto de 89, um ano após o incêndio.
Não me lembro quando nem como me chegou às mãos este exemplar, que está autografado com dedicatória do A.:
Para o Manolo Segura (amigo como só ele sabe ser!) esta introdução ao conhecimento de um Chiado histórico e cultural.
Com o abraço fraterno do Antonio [sic] Valdemar
Novembro 14 de 1992.
Não sei o pai do filho da baronesa de Thyssen o leu ou se gostou. Do abraço, fraterno, desconfio se não é coisa de irmãos…
O que sei é que, resultado numa outra medida do incêndio do Chiado, este Chiado; o Peso da Memória que me calhou bem de ler ontem, não ardeu.
Não ardeu, mas apanhou água.
O manchado da capa em baixo, o ondulado das páginas no pé, uma ou outra página grudada são marcas dum outro sinistro. Felizmente os danos pela água são mínimos e o estrago não deitou o livro a perder. Salvo para o Manolo, mas não sei se lhe importou por aí além!…
Profusamente ilustrado, ilustração ecléctica — o desenho das Portas de Santa Catarina de Alberto de Souza não no conhecia, e nunca o vi em mais lugar nenhum —, a resenha histórica e cultural do Chiado é rica de informes e de contexto e cheia de interesse. A parte final sobre o incêndio é reportagem; relata o acontecido, contém as respostas do Siza e do Abecassis ainda no rescaldo da tragédia a perguntas do A. sobre o que haveria a esperar depois dela e acrescenta um apêndice com os pareceres e a legislação paridos para resolver a desgraça.
Por fim, a bibliografia é preciosa.
Nota final: o A. quando refere a Rainha Santa Isabel di-la sòmente rainha Isabel. Para irmão descrente (ou crente, afinal) não está mal; não na diz santa nem ao menos dona, mas vá lá que em cima (ou abaixo) do desprezo no-la não deprecia ainda mais em sogra…
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