Táxi — Chiclete
A «Febre de Sábado de Manhã» a gente vê como uma chiclete; é da sociedade de consumo imediato; é dum tempo febril (a minha juventude); é de quando Portugal tinha um pé numa galera e outro no fundo do mar (que pode significar algo entre as vertigens de 74 e da Ouropa).
O pessoal da pesada (nome mais simpático que o inventado por Vicente Jorge Silva), de 12, 13, 14 e 15 era gente como devia ser: tinha pouca ordem de soltura a desoras. Naquele tempo, um programa para o pessoal da pesada havia de ser ao sábado de manhã, com eco na telefonia (obviamente em onda média) e com muita música portuguesa da moda; prò menino e prà menina.
O Júlio Isidro tratava todos bem. Todos mereciam oportunidade de mostrar as suas músicas chiclete. Algumas eu mastigava outras deitava fora, mas isso era eu. No fim todos os trovantes povoaram o meu imaginário, fosse chamándo a polícia, fosse com demagogia feita à maneira.
A chiclete de sábado de manhã andou 25 anos colada na sola duma bota Sanjo ou coisa que o valha, e aquele pessoal é agora 25x365 dias mais da pesada. Ontem, o pessoal, adoçado com filharada, foi a desoras à chiclete de sábado do Pavilhão Atlântico. O apresentador Júlio Isidro (em grande forma e no seu estilo sempre simpático) descolou do ténis uma chiclete com a frescura mentol e o perfume Patchouly dos alvores da minha juventude. Não sou muito dado a estas crónicas, mas emocionou-me ver!...
Enfim! Os cavalos de corrida amadureceram e quanto ao tempo a passar, não há nada p' a ninguém...
Nada a não ser que se cá nevasse, fazia-se cá ski. E hoje está a nevar!
Nota: o mérito maior é que a receita do espectáculo reverteu para a instituição Associação das Doenças Raríssimas.
P.S.3: este inventário foi feito numa máquina de escrever (adenda com outra máquina de escrever em 30/1 às 20H00).
P.S.4: foto.
Sabe-se lá porquê, ontem quando me fui deitar, veio-me à ideia esta melodia:
Chapi Chapo eram uns bonequinhos animados duma série realizada em 1974 para a televisão francesa. Foi produzida por Stefano Lonati e Italo Bettiol e tinha um tema maravilhoso composto por François De Roubaix. Reencontrei-os aqui e aqui.
Para ver todos os registos numa tabela de Excel filtrada, proceda da seguinte forma:
1 - Prima o botãozinho à direita da coluna dos candidatos.
2 - Seleccione a opção '(Tudo)' na lista apresentada.
3 - Veja agora todos os resultados da tabela.
Fonte: http://www.presidenciais.mj.pt/html/ISD23.html
— Cavaco Silva ainda não pôs a gravata nem vestiu o fato. Continua de pulôver ao telefone — relatou o jornalista à porta do Portugal Maior.
Do Livro de Leitura da 3ª Classe do Ministério da Educação Nacional.
Os da rua de cima iam a correr para a paragem.
— E o Jardim Zoológico também não se paga — dizia o que ia à frente voltando-se para trás.
Mas o que me arrebitara as orelhas fora ouvi-los antes que nos autocarros e no Metro se não pagava bilhete. — Seria verdade? — Fui como quem não quer a coisa pôr-me ao pé da paragem.
— É porque é o dia mundial da criança! És um mariquinhas pé-de-salsa; tens medo de ir ao Jardim Zoológico! — dizia o da frente no meio dos outros, dirigindo-se a um deles.
Aqueles não eram os da minha rua; não queria ir com eles. Além disso para o Jardim Zoológico ia-se de Metro e eles pareciam não saber isso. Iam perder-se a achar o Jardim e quando lá chegassem havia de estar a fechar. O Metro era mais rápido, aprendera-o com o meu irmão. Marchei para a Alameda.
— Quanto é um bilhete para o Jardim Zoológico? — perguntei hesitante e sem dinheiro.
— Quanto é um bilhete para o Jardim Zoológico! — repetiu a mulher da cabina dos bilhetes rindo-se para a colega.
— Um bilhete para o Jardim Zoológico! — comentou a outra lá dentro enquanto fazia malha.
— Podes entrar! — respondeu a rir-se a mulher da bilheteira. — Mas olha que é para Sete-Rios...
— Pff! Isso já sabia eu — disse de mim para mim. O meu irmão tinha-me ensinado: depois da Rotunda havia Sete-Rios e Entrecampos; e o Jardim era em Sete-Rios. Segui sem olhar para trás.
Chegado a Sete-Rios foi só perceber onde era o Jardim...
Depois do Jardim vi espantado o 30 numa paragem ali junta ao gradeamento. Não havia engano: dizia Picheleira. Eu é que não fazia ideia que o 30 passava em Sete-Rios! Corri para apanhá-lo.
— Fixe! Assim fico mesmo à porta de casa — lembro-me ter pensado. Subi lá para cima onde alguém dizia em voz alta.
— E viste os elefantes, pá? Diz que são espertos, mas no fim põem cá umas trombas!..
Eram os da rua de cima.
Ilustração: Maria Keil, 1979 — Ano Internacional da Criança.
(O 30 era um laranja alto.)
Listagem de best practices no PDA de qualquer consultor:
- criar templates para printar os reports da performance;
- fazer copy paste do target em todos os charts e gráficos;
- personalizar customizar vários powerpoints de projectos de outsourcing;
- apresentar prints de FTE's (Full Time Employees) ao CEO;
- estabelecer o SLA (Service Level Agreement) entre as empresas do Grupo SGPS;
- elaborar um budget para frequência de MBA's pelos elementos do board of directors;
- renovar a subscrição da HBR do chairman;
- conceber um outdoor de marketing da nova corporate image;
- promover o upgrade da optimização de HR;
- standardizar o communication level comunicacional pelo minimum cost;
— Lembra-se de lhe haver dito que também já fui rapaz novo? Veja lá!
Passou-me para a mão a prova em 6x9. De cabelo à Elvis, actuando uma peça de 40mm, lá estava o amigo Fernando C..
— Mas olhe o que diz no verso!
Virei a fotografia. A tinta permanente um tanto sumida esclarecia: «Almirante Tamandaré — 24 de Abril de 1955».
— Aí tem o nome do cruzador e a data.
Navio de guerra brasileiro [Almirante Tamandaré] fundeado no Tejo, Cais das Colunas, 1955.
Fotografia de António Passaporte in Postais de Lisboa.
Nota:
Este navio foi da marinha dos E.U.A. (Saint Louis) e ganhou mística por haver resistido ao ataque a Pearl Harbour em Dezembro de 41. Foi incorporado na marinha brasileira em 1952 com o nome Almirante Tamandaré; o nome foi simplificado depois para Tamandaré (cf. CL Tamandaré).
height=357 alt=telefonar.gif src="http://biclaranja1.blogs.sapo.pt/arquivo/telefonar.gif" width=169 align=right border=0> height=231 alt=glossario.gif src="http://biclaranja1.blogs.sapo.pt/arquivo/glossario.gif" width=457 border=0>
align=right>face=times size=2>Ilustração: Maria Keil, Luís Filipe de AbreuAos mais descabelados por causa das meninas do PBX aconselha-se que vão directamente, sem marcar por telefone.
Cabeleireiro junto à Ermida de Nossa Senhora da Saúde, Mouraria, 195...
Foto: Judah Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Admirou-me muito este postal da António José de Almeida. Quando o mostrei ao meu pai lancei-lhe uma pergunta.
— Lembra-se de isto ser assim?
Ele precisou de pôr os óculos. - Onde é?
— É onde fica a Casa da Moeda. Do tempo em que casou.
Viu melhor. — Ah! Era assim era, com pouco movimento. Acho que havia ali pouca gente.
Foto e edição de António Passaporte, c. 1950.
Há dias dei uma nota de € 5,00 para pagar uma despesa de € 1,00. Na demasia recebi duas moedas portuguesas e duas com o rei dos castelãos. Dias depois, numa circunstância idêntica recebi na demasia € 1,00 português, € 1,00 francês e uma moeda de € 2,00 com o rei dos castelãos.
Privatizaram a soberania? Eis o accionista maioritário!
face=arial size=2> Imaginai um senhor feudal mais a sua hoste num fossado, procurando estender o seu poder, fazendo novos vassalos com promessas de protecção... Conquanto mais vassalos o sirvam, melhor se manterá aquele senhor no seu estado (status).
Vedes a correria para presidente?...
height=344 alt=senhores.GIF src="http://biclaranja1.blogs.sapo.pt/arquivo/senhores.GIF" width=468 border=0>
face=arial size=2>Lembrai-vos que já na Idade Média se dava tença aos validos e se exigia tributo aos vassalos. face=Times>
Ilustração: face=Times size=2>Carlos Albertocolor=#000000>face=times>size=2> in face=times size=2>História de Portugalface=Arial color=#000000>size=2>face=times>, 13ª ed., Agência Portuguesa de Revistas, [s.l.], 1968.
face=arial size=2> Por diversas vezes já, o meu divertido amigo M. de Monsanto me pergunta se eu sei dalgum livro sobre o borboto. Respondo-lhe invariavelmente que não, que não conheço bibliografia sobre tal assunto, descansando-o que se me aparecer algo do género prontamente lhe darei notícia. Mas andamos nisto há tempos...
Hoje chamou-me para me dar esta fotografia que vedes:
- Tome lá! - disse-me. - Parece que estamos atascados com o borboto!
border=0>
size=2 face=times>Assistência em viagem, [s.l.], fins dos anos 1920.
Foto: Automóvel Club de Portugal [tit. or.: Desempanagem com 'reboque'].
Em tempos um cavalheiro lutaria em duelo para manter a sua honra.
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Duelo entre Celestino Henriques e Joaquim Vital, Lisboa, 1915.
Foto: Joshua Benoliel, Ilustração Portuguesa, 1915, 28 de Junho.
Agora face=arial>pode vendê-laface=arial> ao preço do m2.
Tenho pregado na parede aqui do blogo algumas imagens antigas de lugares de Lisboa; aponho-lhes às vezes breve nótula e pouco mais. Vale-me que vão comentando os benévolos leitores, o que melhor compõe as coisas.
O que publiquei n' O lugar de Sete Rios recebeu este emocionante comentário duma amável leitora:
Não me lembro de si mas lembro-me muito bem de Sete Rios e ao ver estas fotografias a comoção é enorme.
Fui um dos primeiros nascimentos da maternidade Alfredo da Costa e um dos primeiros baptismos na Igreja de Fátima até onde íamos a pé, pela mão de nossa Avó, aos Domingos, ouvir a missa. Quando não íamos a Fátima íamos à capela dos Condes de Caria ou à Quinta das Mil Flores dos Carvalho. Pela manhã juntávamo-nos no cruzamento da rua de Campolide com a rua de Carnide e com a parte velha da estrada de Benfica esperando as camionetas dos respectivos colégios. Entre a criançada estava José Carlos Ary dos Santos e irmãs que vinham de Carnide e declamava. Às vezes era a mãe dele que nos ía buscar para juntos irmos ouvir a missa.
Ali vivemos até nos terem demolido e a câmara nos ter dado tuta e meia pelas casas e terrenos. A casa dos meus trisavós beijava a linha do combóio, foi vendida posteriormente a Caeiro da Mata e nós vivíamos naquelas casas que as árvores escondem. No prédio da direita viviam os Burnay gémeos e por baixo um parente nosso da família do conde de Farrobo. Um irmão da minha mãe morreu ali à porta de casa. Trucidado por um eléctrico que esmagou o seu side-car quando vinha duma festa no palácio dos marqueses da Fronteira. O palácio dos Fronteira já era em Benfica. A minha avó tinha como inquilino um tal advogado Palma Carlos e a firma Pardal Monteiro para onde me escapava pois adorava talhar a pedra.
Que Saudades!!!
Saí dali com 11 anos, não posso esquecer o enorme jardim onde demos nomes a cada rua e onde andávamos de bicicleta, jogávamos volley, tínhamos horta e estrumeira, e enchíamos de amigos e primos todos os fins-de-semana. Na rua de Campolide morava o nosso médico, o dr. França e os Paraty, irmãos da D. Teresa de Noronha que visitava a minha avó. Mais adiante na estrada de Benfica morava a Srª. D. Ângela Calheiros, amigos da minha família que visitávamos com certa assiduidade, tinham um jardim lindo. Parece ter sido uma repartição da polícia e agora em ruínas.
Muitas histórias e muitas recordações o sr. me veio acordar. Hoje já com uma dúzia de netos estranho a emoção que estas fotografias me proporcionaram e me fez correr Sete Rios pelos olhos. Obrigada!!! Nem sei como o seu blog me apareceu na frente... É tudo tão estranho... Eu nem procurava Sete Rios... A vida tem coisas...
Tudo de Bom para si e seus familiares no Novo Ano de 2006.(Escrito por Verdade, em 3 de Janeiro de 2006, 05:55 PM.)
Estrada de Benfica, viaduto de Sete Rios, Lisboa, 195...
[Troço da Estrada de Campolide junto ao viaduto de Sete Rios], Lisboa, 195...
Avenida Columbano Bordalo Pinheiro em construção, Lisboa, 195...
Nota: ainda outra imagem do cruzamento da Estrada de Campolide com a de Benfica n' O Caneiro.
Fotos: Judah Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
A rigorosa sinalização de 365 dias de exactamente 24 horas (nem um segundo a mais) distribuídos por semanas de sete dias levou à justa certificação de 2006 como ano civil.
Feliz 2006!
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Febre sinaleira, Cais do Seixalinho, 2005.
[E estão justificados os aumentos...]
Adamastor (O)
Apartado 53
Bic Cristal
Blog[o] de Cheiros
Carmo e a Trindade (O)
Chove
Cidade Surpreendente (A)
Corta-Fitas(pub)
Delito de Opinião
Dragoscópio
Eléctricos
Espectador Portuguez (O)
Estado Sentido
Eternas Saudades do Futuro
Fadocravo
Firefox contra o Acordo Ortográfico
Fugas do meu tinteiro
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Ilustração Portuguesa
Lisboa
Lisboa Actual
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