A aventura do Túnel da Bruxa que preguei na parede cá do blogo há tempos começava com uns catraios metendo-se pela a quinta dos Embrechados. Pois as casas desta quinta são as que aí vedes na foto, na encosta em frente.
Aquele prédio lá em cima ao longe é o n.º 1 da praceta Sócrates da Costa, junto à Calçada do Carrascal, que limitava esta quinta dos Embrechados a SO.
Por trás das casas vê-se o topo da escola primária n.º 28; no lado sul, ainda dentro dos limites das terras que foram desta velha quinta dos Embrechados. Ali, entre as casas e a escola que havia um campinho de jogar à bola.
Lembra-me bem destes arcos aqui à frente que traziam água à antiga Quinta da Conceição de Cima. Fiz equilibrismo neles. A quinta dos Embrechados acabava naquela espécie de caminho quase ao fundo da encosta. Estas terras da encosta e do vale deixava-as cheias de corpos imaginários de bandidos e índios, depois do Bonanza, aos sábados à tarde. Dali à linha do comboio era um passinho para toda a sorte de aventuras.
No fim dos anos 60 as casas da quinta foram ocupadas por gente que vinha sei lá donde. Estenderam-se barracas pelas terras a N (á direita) da quinta e ao redor da escola primária. O ponto donde foi tirada a fotografia veio a ser densamente abarracado até ao caminho de ferro e além dele, até à estrada de Chelas: eram estoutras as barracas do Casal do Pinto, por contraponto às dos Embrechados. Afortunadamente toda essa gente (ou descendentes) foi realojada há meia dúzia de anos, ali mesmo pel' aquela encosta acima, em novas casinhas da Câmara...
Quinta dos Embrechados [tomada da Azinhaga do Curral, que partia da Calçada da Picheleira, anos 60].
Foto: Vasco Gouveia de Figueiredo, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Vem isto a propósito da tal história do Túnel da Bruxa que, se me desculpardes a vaidade, podereis ouvir no dia 6 de Março na Antena 1 da R.D.P., no programa «HISTÓRIA DEVIDA»; vai para o ar para pela voz do actor Miguel Guilherme às 17h20, 21h40 e 01h20.
Jardim 9 de Abril, Lisboa, 2004.
Silhuetas de boné fazem lembrar...
No seu gabinete, o doutor vai lendo a Internete por cliques espaçados.
Pela porta entreaberta só o suficiente para ali caber alguém aproximam-se lentos passos de quem caminha com as mãos nos bolsos.
O doutor vira a cabeça para a porta enquanto o olhar se atrasa no monitor. Adivinha ali o engenheiro.
Dali, da porta entreaberta, mãos metidas nos bolsos, diz-lhe em voz baixa e tom sério o dito cujo:
- Parece que há um pato na Alemanha...
- Parece que há um pato na Alemanha?... - contesta o interrogativo doutor no mesmo tom e voz do engenheiro.
Sem dizer mais o que seja, entreolham-se doutor e engenheiro.
Os passos deste último, mãos metidas nos bolsos, voltam ao corredor ganhando distância da porta entreaberta.
Passados 20 minutos a cena repetiu-se.
Alfredo Roque Gameiro
Ilustrações escolhidas d' As Pupilas do Senhor Reitor, n.º 19.
A estradas tantas este blogo como que empanou, hesitante; a desempanagem parece apontar a Nacional 7...
Foto daqui por gentileza de Manuel.
Aquela imagem campestre de 17 da estrada de Sacavém, ao Areeiro, perto do retiro A Perna de Pau fascinou-me tanto que deu nisto:
1 - Ponto de encontro da Rua Agostinho Lourenço com a Av. de São João de Deus, onde ficava a passagem de nível e onde se acedia à plataforma do antigo apeadeiro do Areeiro (nos 1 e 2 da fotografia).
2 - Av. Almirante Gago Coutinho, ou do aeroporto, que passa em viaduto sobre a linha de caminho de ferro de cintura.
3 - Entroncamento da Rua Guilhermina Suggia com a Av. Frei Miguel Contreiras, rasgadas no que eram terras da Quinta dos Lagares d'El Rei (nº 6 na fotografia).
4 - Av. dos Estados Unidos da América no cruzamento com a avenida do aeroporto, onde antigamente ficava a Quinta da Fronteira (nº 5 na fotografia).
Depois a estrada de Sacavém prosseguia a poente da actual avenida do aeroporto (o traçado desta não se lhe sobrepôs), até ao sítio da Portela... Ia salpicada de quintas; resta a Quinta de Santo António no nº 81 da Gago Coutinho; e no lugar do nº 115, onde era a Quinta do Narigão, há vestígios da velha estrada (pavimento de basalto e muro).
[Do retiro da Perna de Pau talvez venha a falar depois.]
- Perguntas?
Mapa de Lisboa Interactiva sobre a planta 12N (URBA-LT-03-143-12N) do Levantamento da Planta de Lisboa: 1904-1911.
Os que se metessem de automóvel à estrada de Sacavém (ou outra), acho que podiam seguir descansados; caso empanassem este senhor do Automóvel Club havia de dar uma ajuda. Quando não, o melhor era pedir numa daquelas quintas uma ajudinha...
Foto: Automóvel Club de Portugal, amavelmente cedida pelo amigo M. de Monsanto.
A minha mãe dizia-me em menino que o Ribatejo começava em Vila Franca. Na verdade Alverca já era do Ribatejo, mas era o mais típico cenário rural que se via a partir de Vila Franca que a levava a dizer assim. Isto dizia ela quando eu era pequeno. Antes, muito antes, e quando desse tempo mais antigo ela falava, o que eu lhe ouvia era que a cidade acabava no Areeiro; daí a diante era tudo campo.
Passagem de nível na estrada de Sacavém, ao Areeiro, perto do retiro A Perna de Pau, Lisboa, c. 1938.
Fotografia: Eduardo Portugal in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Dada a antiguidade da fotografia e a actual densidade urbana do lugar apresentado, achei pertinente esta adenda (23h20). Junto uma com os pontos da legenda na certeza do valor histórico da fotografia ser do interesse dos leitores que simpaticamente visitam este blogo, os quais, naturalmente, podem estar menos familiarizados com este lugar de Lisboa.
Legenda:
1 - Os dois prédios à direita correspondem aos nos 20 e 22 da actual Rua Agostinho Lourenço (troço da antiga estrada de Sacavém), que desce à esquerda da avenida do aeroporto (no lado oposto à bomba de gasolina, logo abaixo do Areeiro) em direcção à linha férrea.
2 - Cancela da passagem de nível do Areeiro que já não existe, suprimida que foi com as últimas obras na estação do comboio.
3 - Casa no troço da estrada de Sacavém que seguia entre a actual Rua Guilhermina Suggia e a avenida do aeroporto.
4 - Retiro e Quinta da Perna de Pau, a nascente da estrada, uns 100m além da passagem de nível.
5 - Quinta da Fronteira, mais ou menos onde hoje a Av. dos Estados Unidos da América se cruza com a Avenida do Aeroporto.
6 - Terrenos da Quinta dos Lagares d'El-Rei a poente da estrada de Sacavém; a casa desta quinta ainda existe.
7 - Quinta da Feiteira, além do que é hoje a Av. do Estados Unidos da América.
(Revisto em 1/3/2017.)
face=arial size=2> A mocinha rabiscou na areia, estilo sms. O moço rodeou a pergunta um bom par de minutos. Não sei se era timidez se pouco enamoramento o que lhe tolhia a resposta. face=arial>[Hoje, acho que pontuaram um parágrafo no centro comercial: vendas de S. Valentim!]
O Cupido, nos seus termos, pôs ponto final ao caso.
width=500 border=0>
size=2>face=times>Queres namorar cmg?, Praia das Maçãs, 2005.
Já clamei sobre sobre o caso aqui, onde a estatuária sobressaía na justa medida; repeti-o além onde o bom senso recuou o edifício público (dignamente de maior volume) em relação à rua. Se reparardes na ilustração d' O produto interno vereis naturalmente a forma da igreja de Benfica recortando o horizonte.
Mas torna-se já vã a busca de torres sineiras na cidade!...
Igreja de Nossa Senhora do Amparo, conhecida hoje em dia por igreja de Benfica, e ribeira de Alcântara, séc. XIX.
Archivo Pitoresco, vol VI, Lisboa, Typographia de Castro Irmão, 1863, p.105.
Lisboa, sexta-feira, quase seis da tarde: apanhado na ratoeira da 2ª Circular, quando arranco, não progrido mais que meio carro...
Ouço uma sirene lá atrás; o Doppler diz-me que avança em melhor ritmo que eu. Enquanto procuro nos espelhos a fonte do aflito som, salta o aviso da telefonia do carro :
- 2ª Circular: no viaduto da Fonte Nova, no sentido aeroporto Pina Manique há um veículo capotado. Trânsito com muita demora; a fila chega à Encarnação.
- Que raio! Tanto banzé sobre homossexualidade e esta gente não consegue dizer bicha - pensei. O pensamento foge; passa a vaguear entre a moral preocupação com a(s) vítima(s) do acidente e a irritação pelo transtorno no tráfego. Mas a sirene soa-me agora ali, duas filas à minha direita, e afasta-me daquela angústia.
Sigo com os olhos o gemido estridente e, onde esperava ver uma ambulância vejo um polícia de mota, levantado do assento, gesticulando vigorosamente para afastar a mole de carros engarrafados. Os malabarismos que faz anunciam gente grada:
- Um batedor? - digo cá para mim. - Lá vem alguém que não pode sujeitar-se à hora de ponta como os comuns mortais.
Nisto, outro batedor. Logo atrás, furando agilmente no meio do trânsito um autocarro dum clube de futebol.
- !...
- Um autocarro dum clube de futebol?! Um autocarro dum clube de futebol?!...
E lá seguiu enquanto eu ali fiquei; ali ficámos os comuns mortais, baixando o défice pela via do I.V.A. e do I.S.P. vãmente queimados; promovendo o P.I.B. pela via dos lucros das petroleiras...
E o autocarro do clube?
Claro que seguiu! A indústria da bola pode produzir grande riqueza; mas não parada no trânsito...
Equipa da Associação de Futebol de Lisboa que jogou com os estudantes de Bordéus e ganhou por 5-1.
Campo da Feiteira, Benfica, 21/5/1911.
Fotografia de Joshua Benoliel in Uma Cidade do Futebol, C.M.L. e Assírio e Alvim, Lisboa, 2004.
Nota: não sei nada do acidente nem passei por ele; saí da Circular na primeira oportunidade para evitar mais angústias.
EDITORES - BELÉM & CA
[Lisboa, c. 1890.]
Este brinde da empreza editora Serões Romanticos aos seus assignantes foi gentilmente cedido por MANUEL.
O caixeiro também começou como marçano. Foi na drogaria do sr. Teixeira, à Rua de S. Bento, quando ainda lá havia o arco. Muito antes daquele moço lá da vizinha da tia do patrão, no armazém do Poço do Bispo, foi ele que aqui foi apanhado pelo fotógrafo.
Drogaria e Perfumaria Teixeira [Rua de São Bento 230-236], Lisboa, [1911].
Joshua Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
« A Avenida de Fontes Pereira de Melo termina na rotunda da Praça do Duque de Saldanha, cercada de heterogéneas edificações, e a meio da qual se ergue o monumento ao Duque de Saldanha.
A pedra fundamental do monumento, cuja parte escultural é de Tomás da Costa e a arquitectónica de Ventura Terra, foi lançada em 1904 tendo-se inaugurado em 1909. A estátua, que representa o marechal de pé, com a mão direita apontando na direcção do S., assenta sobre um pedestal dórico de base quadrangular flanqueado de colunas com capitéis canelados. À frente da estátua, na base, a figura alegórica da Vitória, de bronze, nas outras faces panóplias ornamentais pendem da boca de leões, tudo de bronze.» (1)
Praça Duque de Saldanha, Lisboa, post 1909. [ao fundo a Av. de Casal Ribeiro].
Joshua Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Heterogéneas edificações é o que mais há na dita praça. Uma das mais modernas, de brônzeos vidros e enorme volume, abafa completamente o monumento aos olhares que possais atirar desde a Av. da República.
(1) Raúl Proença, Guia de Portugal, 1.º v., Generalidades; Lisboa e arredores, 1.ª ed., Lisboa, B.N., 1924, p. 251. [Reedição da Fund. Calouste Gulbenkian, imp. 1991, que reproduz fielmente a 1.ª ed. de 1924].
face=arial size=2>Acho que nunca se viu tanta neve em Lisboa... Nem no meu correio electrónico.
face=Arial size=2>Agradeço aqui a todos os que gentilmente se lembraram de mim e me remeteram as fotografias de 54 que aí vão em baixo. Infelizmente desconheço a fonte e o autor.
alt=lisboa54_neve3.jpg src="http://biclaranja1.blogs.sapo.pt/arquivo/lisboa54_neve3.jpg" width=500 border=0>
face=times size=2>Av. António Augusto de Aguiar, Lisboa, 1954.
alt=lisboa54_neve6.jpg src="http://biclaranja1.blogs.sapo.pt/arquivo/lisboa54_neve6.jpg" width=500 border=0>
face=times size=2>Rua Castilho, Lisboa, 1954.
alt=lisboa54_neve5.jpg src="http://biclaranja1.blogs.sapo.pt/arquivo/lisboa54_neve5.jpg" width=500 border=0>
size=2>face=times>Parque Eduardo VII, Lisboa, 1954.
face=arial>Tal como agora, em 54 a neve foi uma alegria.
Casamentos de Santo António, Lisboa, 1967.
Fotografia de Eduardo Gageiro.
Segue-se romaria à conservatória exigindo acordo colectivo de casamento?!
Pompeio, antr. m. Forma preferível a Pompeu, que o uso, todavia, vulgarizou.
Maria Helena Prieto, et al., Índices de nomes próprios gregos e latinos, Lisboa, F.C.G./J.N.I.C.T, 1995, p. 173.
É pena não se vulgarizar antes o uso de dicionários e obras de referência. Nada justifica tantas traduções inexactas.
« Meu Deus que horror. O que então se passou. Só Deus, minha Mãe e eu sabemos; porque mesmo o meu querido e chorado Irmão presenciou poucos segundos; porque instantes depois também era varado pelas balas. Que saudades meu Deus!»
D. Manuel II, Notas Absolutamente Íntimas, 21 de Maio de 1908.
(Manuscrito conservado na Torre do Tombo).
Família Real, Lisboa, ante 1/2/1908.
Fotografia de Joshua Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Nota: no landó real, a Rainha D. Amélia, el-rei D. Carlos, o infante D. Manuel e o príncipe real D. Luís Filipe (ambos de costas). O Café da Saúde indicia-nos o local: a Rua da Mouraria, junto à ermida da Senhora da Saúde.
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