Os guardas Costas disputaram competências policiais. A coisa deu brado mas cheira-me que foi a fingir: um astuto batoteiro valeu-se da distracção judiciária para dissolver uma manilha de ouros.
Os policias, esses nem deram pelo roubo.
O Batoteiro, c. 1620-1640
Georges La Tour
Óleo sobre tela, 106 x 146 cm, Paris, Museu do Louvre.
Cf. a «manilha de ouros» no Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado, p. 17.
Olhe que não! Olhe que não! [...]
Só vim fazer a rodagem ao carro.
Ou a História de Portugal resumida a quatro Contos de réis.
É fazer as contas...
Livro ilegível
(http.paineis.org)
Sabemos da História que houve avanço ou recuo na Reconquista conforme a maior divisão ou unidade do Andaluz: talvez por isso se haja conquistado Santarém e Lisboa no período das segundas Taifas...
Colina do castelo tomada do monte de S. Gens, Lisboa, 2005.
Desaprendi há dias que a fragmentação em Taifas se chama agora regionalização técnica.
Três anos após descobrir o percurso do 55 com uma poupança de 5$00, tornei-me freguês habitual deste autocarro. Prosseguir para o 7.º ano deu-me então direito ao passe: o percurso diário era até ao Arco do Cego, onde era a escola.
Havia um 55 de 20 em 20 minutos; ao todo havia quatro carros fazendo esta carreira. Costumava apanhar o das sete e cinquenta, que dava para chegar, o mais tardar às oito e cinco.
Ora, calhava que, saindo da escola à uma da tarde, era o mesmo carro que apanhara de manhã que vinha de volta e que eu apanhava. O autocarro que mais me transportou nestas andanças de 55, lembra-me muito bem dele: foi o 301.
Naquele tempo, o 301 somaria por certo mais de vinte anos ao serviço da Carris. Pois bem: este autocarro conseguia o notável feito de subir a íngreme ladeira nascente da Alameda de D. Afonso Henriques em 2ª. Chegava a subi-la em 2.ª mesmo sem ganhar embalagem, por encontrar vermelho o semáforo do cruzamento com a Rua Rosa Damasceno. Lembro-me de andar noutros 55 que só conseguiam subir em 1.ª. E era se fosse: alguns paravam por altura da Rua Actor Vale e não subiam mais. — Eh pá! Lá tinham de ir os passageiros a pé até ao cimo da rampa onde ficava uma paragem; ali ficavam à espera que o autocarro conseguisse acabar a subida sem carga. Caso contrário era esperar pelo próximo. Muita gente aborrecia-se e ia-se embora a pé.
Hoje nenhum autocarro da Carris enfrenta a ladeira nascente da Alameda.
O 301, que vedes aí numa fotografia de 1999, se existir, há-de ter à roda de cinquenta anos.
DD-56-73 - Carris 301, Algés, 1999.
Fotografia: Marco Lindo — AEC Society.
Bal-Baltasar. Bal-Baltasar. Bal-Baltasar Baltasaaaar.
Bal-Baltasar. Bal-Baltasar. Bal-Baltasar Baltasaaaar.
Baltasaaaar.
Baltasaaaar.
Novos episódios: Regjonaliczja Technjka
Referenda decizija Legjslatjka 2009
Música: Tomica Simovic in Mistério Juvenil, e Zokratcej in Govreniczija Tuga; imagens: TV-Kult.
Um artigo algo...
Laboratório de Produtos Farmacêuticos Vitória na estrada de Benfica-Amadora, [Venda Nova], 1961.
Fotografia: Arnaldo Madureira, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Idem [encoberto pelo arvoredo], 2004.
... Gasolímnico.
Ao olhar interrogativo do rapaz do quiosque o freguês respondeu:
— São duas bicas, se faz favor!
A senhora que o acompanhava fez um sinal que não.
— Desculpe! Afinal é só uma — emendou o freguês para o rapaz. E adiantou € 0,50 sobre balcão.
Em pousando a bica o rapaz do quiosque avisou:
— É cinquenta e cinco.
Quando entregou a quantia que faltava, o freguês disse brandamente:
— Imagino que o patrão lhe paga mais que o mínimo.
— Por acaso não.
[Imagem daqui.]
Vivaldi - As Quatro Estações: «Primavera».
A minha 2.ª classe... que saudades! Tranças loiras, fitinhas na cabeça, olhar malandro, trazia preso pelo beicinho o meu amigo Vitó... na altura, já gostava de Poesia, que o meu Pai me lia com frequência... A minha favorita já era (porque era do meu Pai) Florbela Espanca...Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as pedras, os astros e o luar
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.
Amo a hera que entende a voz do muro
E dos sapos o brando tilintar
De cristais que se afogam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.
Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!
Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!...
Delicadíssima lembrança trazida gentilmente às 4:40 da tarde pela Menina Marota.
Ilustração: Maria Keil e Luís Filipe de Abreu no tal livro.
Há vezes em que fujo ao Mundo e o Mundo forma-se estranho cá na ideia...
O «Wall» tem muita carga orwelliana. Mas as ligações de ideias na mente são muitas vezes estranhas: no «Wall» sinto um mundo dormente, tremendo de fricção latente, pesadelo industrial pós-holocausto sem holocausto. Estranhamente surgem-me em paralelo memórias de excursões escolares em maios mais soalheiros: país afora aos doze anos, com a cambada da escola numa espécie de fuga e descoberta de novas vivências, de cenários novos. Talvez a ligação advenha do «teacher leave the kids alone» que se atirava aos professores.
Luminosas recordações da infância ligadas ao sombrio muro...
Ao final, a criança está crescida, o sonho foi-se.
Tornei-me acomodadamente dormente.
Pink Floyd – Comfortably Numb
(Gilmour/Waters)
Hello?
Is there anybody in there?
Just nod if you can hear me.
Is there anyone at home?
Come on, now,
I hear you're feeling down.
Well I can ease your pain
Get you on your feet again.
Relax.
I'll need some information first.
Just the basic facts.
Can you show me where it hurts?
There is no pain you are receding
A distant ship, smoke on the horizon.
You are only coming through in waves.
Your lips move but I can't hear what you're saying.
When I was a child I had a fever
My hands felt just like two balloons.
Now I've got that feeling once again
I can't explain you would not understand
This is not how I am.
I have become comfortably numb.
O.K.
Just a little pinprick.
There'll be no more aaaaaaaaah!
But you may feel a little sick.
Can you stand up?
I do believe it's working, good.
That'll keep you going through the show
Come on it's time to go.
There is no pain you are receding
A distant ship, smoke on the horizon.
You are only coming through in waves.
Your lips move but I can't hear what you're saying.
When I was a childI caught a fleeting glimpse
Out of the corner of my eye.
I turned to look but it was gone
I cannot put my finger on it now
The child is grown,The dream is gone.
I have become comfortably numb.
The Wall (Capitol -1979)
«
Linha férrea de Oeste (até Cacém) e ramal de Sintra. Trajecto de 1 h 10 m nos tranvias, 54 m nos semi-rápidos (paragens de Barcarena em diante) e 47 m nos directos (1ª e 2ª classes, paragens só em Cacém e Sintra). Nas estações intermédias o embarque e o desembarque faz-se sempre pelo lado esq. da linha. » (1)
Estação de Algueirão-Mem Martins, c. 1953.(2)
Linha férrea Lisboa-Sintra, [s.d.]
(1) Raúl Proença, Guia de Portugal, 1.º v., Generalidades; Lisboa e arredores, 1.ª ed., Lisboa, B.N., 1924, p. 477. [Reed. da Fundação Calouste Gulbenkian, imp. 1991, que reproduz fielmente a 1.ª ed. de 1924].
(2) Margarida Magalhães Ramalho, Comboios com História, Lisboa, Instituto Nacional do Transporte Ferroviário e Assírio e Alvim, 2000. p.75 — M1798 (foto amavelmente enviada por João).
Fotografias de António Passaporte, no Arquivo Fotográfico da C.M.L..
O tempo primaveril aí está convidando ao veraneio.
Domingo, no barco para Tróia, de permeio com as azémolas, ele via-se belos puro-sangue...
1 Jaguar, 2 Porsches, 1 Ferrari, rio Sado, 2006.
[Mais atrás no barco, seguia ainda um burrico mx-5.]
Deu na telefonia que a Universidade Nova pôs um aparelho a medir a poluição na 2.ª circular, ao pé do colégio alemão. Baptizaram-no Snif mas podiam alcunhá-lo La Palisse: é que a engenhoca mostrou que, imagine-se, a poluição nesta segunda-feira foi mui maior que no sábado ou no domingo.
Pobre Snif! Aquilo só lhe faz mal. Conheço uma árvore na avenida do aeroporto que se vê na cor do carvão com um «trabalho» assim.
Av. Gago Coutinho, Lisboa, 2006.
Correndo o risco de imodéstia por remeter os benévolos leitores para lugares que me referem em tom elogioso, julgo que pior seria não agradecer publicamente ao Manuel pela inspiração que tem sido o seu Gasolim (é excelente a composição dos Campos Elíseos!) e ao Paulo Cunha Porto pelas (já várias) referências elogiosas que faz a este blogo no seu Misantropo Enjaulado. A muitos mais estou em dívida; que me perdoem não os nomear agora aqui. Obrigado!
Avenida do Aeroporto, Lisboa, post. 1947.
Fotografia de Kurt Pinto, por cortesia de Lena F., primeiro, e do archivo photographico da C.M.L. depois.
Com as cinco pedrinhas na palma da mão, cada jogadora atira-as ao ar e apanha-as com as costas da mão; volta a atirá-las para as apanhar desta vez com a palma da mão. Começa o jogo quem ficar com mais pedras na mão. A que começa coloca quatro pedrinhas no chão e de cada vez que atira ao ar a que tem na mão, procura apanhar uma das pedrinhas com a mesma mão. Se conseguir apanhar todas as pedrinhas do chão sem nunca deixar cair a que atira ao ar, volta a jogar, tentando apanhar agora duas de cada vez; se conseguir, prossegue o jogo, tentando então apanhar as quatro pedrinhas de uma só vez.
A moça que traz o cântaro parece estar a ganhar...
Foto de Ferreira da Cunha (1901-1970), no Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Esta é autêntica, colhida num desses paradoxais «eléctricos», fábrica de discussões e manancial de boas piadas.
O carro vai à cunha, mas com jeitinho, há um lugar no estribo, conseguido - sabe Deus à custa de quanta canelada e pontapé - por uma senhora adiposa e de meia idade.
O condutor repara e dirige-se à senhora, muito delicadamente:
- Ó minha senhora, tenha paciência! Os homens ainda eu deixo que se transportem aí, mas as mulheres...
- Pela sua saúde! É para ir para o hospital...
- Ah, se é para «ir para o hospital», então está bem! Pode seguir...
E seguiu mesmo!
Fontes:
Riso Mundial, nº 1, Lisboa, 26 de Junho de 1947, p. 2.
Fotografia de Ferreira da Cunha, no Arquivo Fotográfico da C.M.L..
"Não me venham dizer que não [há] já jogadas imobiliárias, porque eu não acredito, diz Godinho."
Jornal de Notícias, 4 de Março de 2006
Panorâmica da Junqueira e da Ajuda [vendo-se o liceu D. João de Castro], Lisboa, 1949.
Foto: Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
A rocha da Praia da Rocha vai ser abatida. O seu estado de degradação não justifica obras de conservação. Em seu lugar será construída outra, de idênticas características...
Praia da Rocha, Portimão, início do séc. XX.
Foto: Alberto Carlos Lima, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
1.ª, 2.ª, 3.ª, meio-piras, piras, matas.
Fotografia de Ferreira da Cunha (1901-1970), no Arquivo Fotográfico da C.M.L.
A ponte:
Compreende-se a dor dos que perderam familiares e amigos e compreende-se também que, por isso mesmo, insistam em procurar culpados.
Já não se compreende tão bem a enxurrada de imbecilidades que foram ditas e repetidas com este ou aquele interesse mais bizarro [...]
Melhor fora que lhe chamassem a essa [nova ponte] «Ponte das Amendoeiras em Flor». Que era de vê-las que vinha grande parte das vítimas.
Manuel, in H Gasolim Ultramarino.
O pilar descalço:
Os meios de comunicação [leia-se, a televisão], ao mostrarem sucessivas imagens da tragédia contribuiram para aliviar o sofrimento e o stress pós-traumático dos familiares das vítimas: é a tese defendida pela jornalista [fulana de tal, parece que baseada numa certa teoria da Psicologia].
Notíciário da televisão em 4/3/2006 à hora do almoço.
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