[Obrigado é porque recebeu o subsídio...]
Panorâmica de Cabo Ruivo, Lisboa, 1969.
Foto de Armando Serôdio no Arquivo Fotográfico da C.M.L.
O senhor do talho era o senhor Chico. Era mesmo assim que ouvia a minha mãe chamar-lhe: senhor Chico, pronunciando audivelmente as sílabas. O talho tinha na parede um enorme cartaz de touradas, coisa que eu vagamente imaginava ligada a bifes. Naquele tempo lá no talho era o senhor Chico e o seu pai. Depois, recorda-me que trabalhou lá o Quim, mais tarde também o Ramona…
Costumava o senhor Chico vir de terça a sábado na sua lambreta verde-clara, grande, de marca alemã. Referindo-se-lhe, todos os lá da rua diziam: a mota do Chico.
Imagem adaptada. Original em HeinkelTourist.com.
A mota do Chico foi anos a fio um adorno quase diário daquela rua. Todos os miúdos, gerações deles, brincaram nela ou fizeram dela assento quando não brincavam a coisa nenhuma. Ele, o senhor Chico, nunca se aborrecia – só se deitassem a mota ao chão, que aconteceu só uma vez. E também não se aborrecia nada quando os miúdos entravam pelo talho pedindo um torresmo. Dava sempre!
Atentos leitores aqui deste blogo de notas têm-me comentado o aparente anacronismo da imagem dos Cavaleiros e tipóias. De feito, a não ser que seja desfile - dizem-me os benévolos leitores e eu concordo -, os meios de transporte, o candeeiro (talvez a gás), o tipo da calçada (ou falta dela), o uniforme do sr. polícia; tudo parece remeter a dita imagem uns 25 anos para trás.
Admitindo que o arquivista tivesse válida razão para dar a fotografia ao ano de 28 mantive a legenda do Arquivo. Descrendo eu também, todavia, da verosimilhança da datação, revi o artigo, marquei a dúvida e aventei uma conjectura, também marcada de dúvida: a fotografia, não sendo obra do autor indicado, seria talvez peça da sua colecção; uma fotografia que ele não tirara, portanto, mas que obtivera por compra ou oferta. A verdade é que não achei nenhuma prova de nada...
Do pouco estudo que fiz, deixo-vos a Panorâmica da Avenida, Lisboa, 1930 [ou talvez 1934].
Parece-me que nesta o fotógrafo Ferreira da Cunha trepou ao pedestal do Marquês.
Não foi o bigodes que me contou, foi o motorista com quem ele fazia equipa no 55: os primeiros autocarros de dois andares em Lisboa foram o 201 e o 202 e tinham a cabina à direita. O que ele não disse foi que vieram em 1947 e a Carris estava a construir uma estação de serviço para autocarros nas Amoreiras. Diz que os lisboetas receberam os novos autocarros de dois andares com receio e admiração (1) .
Vede o 201.
Carris: n.º de frota 201 (IL-13-09), Amoreiras, c. 1970.
Foto de Cliff Essex.
O receio não tinha razão de ser: o ensaio abaixo mostra que um autocarro de dois andares (AEC Regent III) podia inclinar-se até 35º antes de tombar (2) .
Fontes: (1) Os Autocarros em Portugal e (2) Park Royal Vehicles.
Apesar dos orgulhosos cavaleiros, este guarda não cortou o trânsito na Avenida!
Av. da Liberdade, Lisboa, 1928 [?].
[Colecção(?) de] Ferreira da Cunha, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Revisto em 25/6 às 10h30 da manhã.
Olha o balão na noite de São João...
Olha o Balão na Canção de Lisboa.
Estes saloios aqui cavando batatas estiveram a um passinho donde vi umas peixeiras passar com a canastra à cabeça... Com cinquenta anos de avanço, bem entendido.
Notai ao fundo o mercado geral dos gados - a Feira Popular, entenda-se. Mais longe, as quatro cúpulas da praça do Campo Pequeno.
Terreno em Entrecampos onde foi aberta a Av. 5 de Outubro, Lisboa, c. 1900.
Eles, os saloios, pela a lente de Joshua; elas, pela de Judah Benoliel. Todos no Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Na 2ª classe fixei para sempre o Verão neste tom. Foi em 1975.
Ilustração: Maria Keil e Luís Filipe de Abreu, no respectivo livro.
- Ao movermos um qualquer objecto F dum ponto A para um ponto B, o que lhe acontece? [Ou pior!]
- F é deslocado de A para B, obviamente.
- Não! O objecto F é deslocalizado.
height=300 alt="Deslocação" src="http://biclaranja1.blogs.sapo.pt/arquivo/De%20A%20para%20B.gif" width=400 border=0>
Corrida dos ofícios - cantoneiros, B.º de Alvalade (Lisboa), 1953.
Fotografia de Armando Serôdio, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
O Semestre era o sr. Fernando, o sapateiro. Trabalhavam com ele a mulher, a D.ª Armanda e o sô Manel. Ao sábado costumava dar a féria aos sobrinhos , o Rui e o Armando: 25 tostões a cada um.
Mas não era isto…
Certa vez, sendo eu pequeno procurei à minha mãe como se atavam os sapatos. Depois, pensando já conseguir fazê-lo fui a correr ao Semestre:
— Já sei atar os sapatos!
— Ai já! — disse o sr. Praças que era costume ir para o Semestre só para conversar.
— Já!
E desatei logo os cordões dos sapatos.
— Faz-se assim e assim
Não!… É assim
. Espera! Não é assim?
— Bolas! Não sou capaz. Vou a casa aprender outra vez e já cá venho mostrar.
Deixei-os e fui a correr para casa com os cordões desatados, meio envergonhado.
Nunca mais me apeteceu ir ao Semestre demonstrar habilidade nenhuma.
Sapateiro em Sacavém, 1967.
Fotografia de Eduardo Gageiro in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
(*) De se[nhor] mestre; tal como setor <= se[nhor dou]tor.
De regresso a casa soube pela TSF que o sr. dr. Sampaio foi à bola a Colónia.
Segundo as suas palavras - papagueadas várias vezes pelo, ou pela jornalista, já não sei - «foi o regresso à cidadania mais banal que se pode ter».
Bem me parecia que ser presidente da República interrompia ser-se cidadão. É como ser deputado: daí as indemnizações pelo regresso à banalidade depois dos mandatos...
Pois bem, o dr. Sampaio - diz-nos a, ou o jornalista - «agora é simplesmente Jorge Sampaio, mais um português a torcer pela equipa». Ele percebe-se: quando era presidente, o ex-presidente ou não torcia, ou não era português. Ou ambas, ao certo não sei...
Mas sei que neste regresso à cidadania o sr. dr. Sampaio exultou (como sempre) com a banalidade: «Pude finalmente dar gritos [...] Foi agradável poder gritar e irritar-me [e] estava tão irritado que fui beber uma Coca-Cola e um Big Mac.»
Esta beleza de discurso (e de notícia) deve-se talvez a um excesso de...
Leite de Colónia (em Mistério Juvenil).
A imagem possível do aparelho televisor.
E já está a dar deu a bola...
Emissão com mira técnica às 0:28 do dia 12.
Genérico da RTP patrocinado por Mistério Juvenil.
« A camponesa de Fiães, vinda da sua lavra, pousou a braçada da horta no degrau e rezou as suas devoções. Agora que a tarde cai, regressa ao lar.» (*)
O resto é folclore.
(*) José Hermano Saraiva, Jorge Barros, O Tempo e a Alma; Itinerário Português, v.1, Círculo de Leitores, [Lisboa], imp. 1986, p. 18.
Fotografia: Jorge Barros, op. cit..
a KULTURA kontemporanea vive n1 eskizofrenia d ruptura.
A Arte é uma convenção. Rompendo os cânones em demasia a manifestação artística anula-se, não passando de extravagância. Enganada numa ilusão de originalidade e carecendo de mestria torna-se pior: mera palermice. É o que a escrita lá em cima é.
O Português é outra convenção... E parece-me melhor o castiço que o kastiço.
Já aqui disse, não disse?
Naquela vez que fui a Alcântara-Mar por 5$00 subi por uma escada assim...
E fui tudo lá para a frente.
Quando ia com a minha mãe é que tinha de escolher um destes cá em baixo.
Às vezes só havia lugar no banco dos palermas, daqueles de costas para as janelas que se vêem na primeira imagem. Mas o mais difícil era arranjar lugares de pé, que só havia 4... (*)
Autocarro: AEC Regent III, carroçaria Weymann, 1952 (Carris, nº de frota 217).
Fotografias: Museu da Carris apud Fórum Auto-Hoje.
Emendado às 9h45 do dia 9. Revisto à meia-noite e onze de 23/VI/14.
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