Precisava ir buscar a sr.ª D.ª Maria Luísa à loja do cidadão. Ali chegado, aconteceu que o metropolitano se avariou e a sr.ª D.ª Maria Luísa ainda sequer chegara. Puxei então pela cabeça, vendo como haveria de aproveitar o tempo.
— O selo do carro — lembrei-me.
Fui à loja da Fazenda Pública e tirei uma senha com o número que era logo a seguir.
— O selo do carro, posso comprá-lo aqui?
— Sim! Qual o seu n.º de contribuinte?
— 191... - disse de cór cor.
O senhor da tesouraria da Fazenda perguntou-me o nome, a morada, se os carros eram este e aquele... Batia tudo certo. Disse-me quanto era. Quando me estendeu o recibo disse que os selos seguiriam no correio.
— Já está? — perguntei incrédulo: ali estava eu despachado em menos de 1 minuto.
— Sim. Está tudo. Os selos hão-de ir no correio — tornou.
— Isto assim está bom! — disse como para comigo de modo que fosse ouvido. Agradeci sorrindo e voltei-me para sair.
— Está satisfeito? — disse risonho um colega do que me atendera. — Ainda há bocadinho um senhor reclamou. Exigia que lhe déssemos os selos logo aqui ao balcão.
— Ah! Isso agora já não é comigo... — e levei a mão ao bolso da camisa onde tinha dobrado em quatro o recibo.
— Boa tarde, obrigado! — despedi-me.
E lá fui muito contente por me ter despachado na tesouraria da Fazenda num minuto e meio, incluindo a conversa fiada. E devo-o ao sr. ministro Coelho, que inaugurou aquela loja do cidadão.
Um mês depois recebi duas cartas da Fazenda: uma para cada selo.
O Expresso pesa cerca de 2 kg e contém:
1 jornal, dito 1.º caderno;
1 jornal de Economia;
1 jornal de golfe;
1 jornal de gestão global;
1 revista Portugal&e Espanha;
1 jornal de imobliário;
1 revista de jogos e passatempos;
1 catálogo da Worten;
1 catálogo da Moviflor;
1 revista de finanças pessoais do bancoBesteBest;
1 jornal de empregos;
1 jornal Actual;
1 revista Única;
1 catálogo de Vodafone;
1 guia Portugal de Comboio;
1 catálogo de relógios.
Ah! E um saco de plástico.
A imagem é da periférica.org; o rol refere-se ao saco de plástico de 8 de Julho.
As férias, o Algarve. uma curta passagem pelo Porto, e sobretudo, noites quentes de Verão [onda de calor, chamam-lhe agora], deram-me saudades desta cantiga.
Rui Veloso - A Ilha | |
(Carlos Tê / Rui Veloso) Fiz-me ao mar com lua cheia A esse mar de ruas e cafés Com vagas de olhos a rolar Que nem me viam no convés Tão cegas no seu vogar E assim fui na monção Perdido na imensidão Deparei com uma ilha Uma pequena maravilha Meia submersa Resistindo à toada Deu-me dois dedos de conversa Já cheia de andar calada Tinha um olhar acanhado E uma blusa azul-grená Com o botão desapertado E por dentro tão ousado Um peito sem soutien Ancorámos num rochedo Sacudimos o sal e o medo Falámos de música e cinema Lia Fernando Pessoa E às vezes também fazia um poema E no cabelo vi-lhe conchas E na boca uma pérola a brilhar Despiu o olhar de defesa Pôs-me o mapa sobre a mesa Deu-me conta dessas ilhas Arquipélagos ao luar Com os areais estendidos Contra a cegueira do mar Esperando veleiros perdidos Rui Veloso ao Vivo (1988) | |
Mas já passou.
Só quando estou de férias leio o jornal. O que na verdade gosto é comprar o jornal a caminho da praia, em que a antecipação de o ler me anima. A pobreza dos pasquins acaba por desencantar, mas enfim, é um hábito ligado ás férias que aprecio. No primeiro sábado a banhos deixei-me ficar refém do saco de plástico por causa duma colecçãozinha sobre os 150 anos do caminho de ferro em Portugal; por isso o continuo a comprar. Hoje, logo abaixo duma linda fotografia da Elisabeth Taylor, diz que os políticos vão a banhos e o combate ideológico arrefece: é a «silly season». | |
Elisabeth Taylor, Sarago, Espanha, 1959. |
Despedida do comboio a vapor — Via Larga, Porto, 1977.
Fotografia: Comissão de Estudo para Instalação do Museu Ferroviário.
Desde 69 para cá já mudaram o asfalto e parece que também houve obras nos gasómetros. Mas continua-se a patinar por ali.
Av. Infante Santo, Lisboa, 1969.
Fotografia de Artur Inácio Bastos, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Em fundo, o Júlio de Matos. presidente da C.M.L. visita as obras do bairro de Alvalade, Lisboa, 1947.
Fotografia de Ferreira da Cunha, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Quinze dias a banhos e - vindos da praia - o bichano lá estava empoleirado no parapeito. Naquele canto da varanda, patinha estendida tocando o segundo varão.
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Pinhal da Falésia, Algarve, 2006.
Como muitos, tenho andado curioso acerca da fisionomia de D. Afonso Henriques. Inesperadamente, descobri a sua verdadeira figura no Largo João Franco em Guimarães: era branco, media cerca de 2,5m de altura, pesava bastante...
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Largo João Franco, Guimarães, 2006.
Foto: Luísa Gonçalves.
Na crise de 1383-85 o alcaide de Óbidos tomou partido por Castela.
Quando o Mestre levantou o cerco a Torres Vedras determinando ir-se com as suas gentes para Leyrea, em passando per amtre Obidos [...] se lamçou com os Castellaãos Alvoro Fernamdez Turrichaão, Comendador de Monte Moor o Novo, e outros (1). Apesar disso, sabemos como o Mestre venceu os de Castela, tornando-se por fim a vila de Óbidos e toda-las outras para Portugal. Por isso achei graça ontem ver mercadores castelãos arredados para fora dos muros da vila, vendendo tés e remedios caseros devidamente identificados em português lá de Castela.
Ou seria chás e mezinhas...?
Campo do mercado medieval, Óbidos, 2006.
Daquele Álvaro Fernandes Turrichão, e outros, não soube mais notícia…
(1) Fernão Lopes, Crónica de D. João I, vol. 1, [s.l.], Civilização, imp. 1994, p.388.
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