Pela avidez e pela bandalhice...
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Alameda da Universidade, Lisboa, 2007.
Taxistas não se escreve com tê?
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Muro da Faculdade de Letras, Lisboa, 2007.
— Não foram à varanda?!
— Não! Fomos ao aeroporto.
— Mas não foram à varanda? — insitia o meu irmão.
— Fomos ao aeroporto. Vimos os aviões…
— Então viram os aviões da varanda…
— Foi cá fora. O primo Zeca parou o carro e fomos ver os aviões ao pé da rede.
— Então ele não vos levou à varanda?! Assim não viram nada.
— Vimos sim! Eu vi os aviões ao pé da rede!
A varanda estava fechada. E tenho saudades do primo Zeca.
Esta manhã [foi ontem] ouvi na telefonia do carro, em tom trágico, a notícia dum estudo qualquer sobre o agravamento do abandono dos estudos pela mocidade. Parece que o problema é das escolas: diz que são muito mal amanhadas e até as há - imagine-se - sem computadores. E assim a mocidade foge delas. No fim vem a desmoralização completa: o risco da desqualificação futura da mão-de-obra nacional.
Dito isto veio-me à ideia: a) Quem garante que, mantendo todos os cábulas no ensino público, a mão-de-obra nacional no futuro será mais qualificada? b) Por que diabo há-de haver tanta gente a mandriar no ensino público, dispendioso, generalista e pouco técnico (viva a tecnocracia!) - e sem computadores (sem computadores, imagine-se) - quando há tanta oferta de formação profissional privada particular? Não é por esta via que jorra a dinheirama comunitária? c) Por que motivo ninguém lhe ocorre que - se até um burro tem vontade própria - a vontade dos cábulas é mandriar e não estudar? d) Que razão há para se promoverem turmas cheias de cábulas e fecharem-se escolas com menos de 10 alunos se estes forem interessados? e) Porque haveremos de continuar a insistir em produzir simulacros de doutores e engenheiros...?
E agora, ou eu não sei procurar, ou não há sinal desta notícia na Internete... É a importância que as notícias trágico-bombásticas têm.
Liceu de Camilo Castelo Branco, Vila Real, 2006.
E o beijo-bicada da avó do Saramago se calhar não existiu.
— A avó Carolina [...] não me lembro que alguma vez me tivesse dado um beijo, e se me beijou foi com a boca dura como uma bicada (Saramago, «As Pequenas Memórias», p. 62).
O beijo-bicada da avó Carolina, a ter existido, haveria de levar o buço sobre bico. Haveria de o picar. Seria antes (talvez) como um beijo-barbado. Ná! Aquela memória do beijo-bicada deve advir dalguma tia. Mas aqui — sendo de tia — acho até que ele teve sorte por não ter gramado uma porção de beijos-babosos…
Senhora com uma criança na Av. da liberdade, Lisboa, 1912.
Joshua Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Um artigo muito bom sobre os [meus] Amigos de Alex...
Aretha Franklin - Natural Woman
(Mike Douglas Show)
[E o cenário é muito moderno. Como no Habitat...]
O gira-discos do carro faz negaças a discos de 90 minutos. Ontem, porém, lá acedeu a tocar um desses, uma compilação dos tempos do TNT - Todos No Top. A nº 13 é esta.
The Stranglers - Golden Brown
De acordo com o Genea Portugal eis um rascunho da ascendência de D. Maria Lívia Ferrari Schindler Castelo Branco que foi casada com João Franco Ferreira Pinto Castelo Branco, presidente do conselho de el-rei D. Carlos. Fica assim melhor ilustrada a adenda de correcção do verbete sobre a Real Fábrica das Sedas ao Rato.
Obrigado ao confrade Jansenista pela oportuna chamada de atenção.
O presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica e a vice-presidente do Clube de Campismo de Lisboa exigiram hoje a demissão do responsável máximo do Instituto da Água, considerando que o avanço do mar resulta da inoperância desta entidade.
(Público [Sol], 26/3/2006 [2007].)
Estátua de Neptuno, Praça do Chile, ante[c. 1949-]1950.
Judah Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Não deviam pedir antes a demissão de Neptuno?
Aqueloutra do cruzamento com a João XXI vi-a primeiramente num centro comercial da Av. de Roma, em tamanho gigantesco. Esta agora também lá estava. Surpreendeu-me - refiro-me à outra - ver os prédios da Guerra Junqueiro através da novíssima Praça de Londres por causa da ausência de arvoredo cortando o campo de visão. Já não sou do tempo em que se podia olhar sem obstáculos da Av. de Roma através da Praça de Londres. Foi intrigante a ideia que aquela fotografia me deu, pois o plano inclinado da Guerra Junqueiro nunca me pareceu ser tão acentuado na realidade. Como aqui a imagem é pequena não dá a mesma sensação...
Mas já estou a divagar.
Esta agora encantou-me pelo ar de cidade nova bem pensada, com autocarros, táxis... E o desafogo!
O postal é de António Passaporte, talvez de 59, e acha-se no Arquivo Fotográfico da C.M.L..
A Real fábrica das Sedas remonta ao tempo de el-rei D. João V. Ricardo Godin, industrial francês, fundou uma fiação de sedas na Fonte Santa, estabelecendo-a depois ao fundo da Rua de S. Bento; finalmente mudou-a para o Rato. A fábrica veio a decair ainda naquele reinado e por volta de 1750 o Estado deitou-lhe a mão. Com Pombal a Real Fábrica prosperou mas veio a decair novamente com a viradeira, arrastando-se todavia até 1855. A rainha D. Maria II mandou então vender tudo. | |
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Fotografias: Real Fábrica das Sedas, Lisboa, [1907-1908]. Arquivo Fotográfico da C.M.L., A1678 e A3498. Adenda (27/3/2007): |
Avenida de Roma, cruzamento com a Av. João XXI, Lisboa, [c. 1952].
Fotografia do Arquivo Fotográfico da C.M.L., A18139.
* A original aqui...
Ainda a propósito do exercício de branding do sr. ministro Pinho sobre o Allgarve Algarve vai daqui uma garrafinha de branding Macieira à laia do que fazia a Hermínia Silva à saúde do nosso Manel e da nossa Allzira Alzira.
- É p'ra matar saudades da nossa terra, sr. ministro, coisa que já deve ter diluída... nesse mundo global onde anda a lutar p'ra vida.
Imagem de Truca.
[Corrigido às cinco e meia da tarde.]
Sei que a tentação é grande. Mas o verbete anterior não se destina a nenhum jogo de dardos. Foi um trocadilho inspirado num novo exercício de branding (cf. qualquer glossário da Deloitte ou quejandos para o significado deste barbarismo) do sr. ministro Pinho da República Portuguesa, S.A. para melhor promover a «venda» do reino do Algarve. Como a coisa mete investimento de uns tantos milhões convém melhorar a marca comercial para garantir o R.O.I. (cf. o benévolo leitor novamente o tal glossário supramencionado, tenha paciência, mas faz-me urticária explicar isso aqui).
A marca escolhida foi Allgarve (supõe-se que entoada à amaricana).
Fico na dúvida se o sr. ministro Pinho sofreu uma insolação em Sun-tarém ou se lhe deu uma febre por dinheiro em Cash-cais.
XVII comissão liquidatária.
[Revisto às oito e vinte da noute.]
Estava enganado na rua...
Algumas vezes vínhamos pela Sabino de Sousa para comprar amendoins. Mais a rogo do mano que meu, que eu era mais amigo de guloseimas. Vínhamos com a mãe das compras. O itinerário era influenciado por pequenas coisas: um dia pela Actor Vale por causa das bolas de Berlim ou dos sorvetes, outro dia pela senhora dos amendoins na Sabino de Sousa; habilidades da mãe que não encurtavam os trajectos a pé mas que os tornavam mais amenos a nós, o mano e eu.
A senhora lá adiante no passeio, além do carro, parecendo conversar de cabeça erguida com alguém à janela... Era por ali a janela da senhora dos amendoins. Talvez um nadinha mais para cá. Era num rés-do-chão pouco alto, porque eu, pequenino, chegava ao parapeito da janela. A senhora aviava os amendoins em cartuchinhos de mercearia e nós lá seguíamos satisfeitos rua adiante, escascando e comendo...
Por uma ou duas vezes - houve mais, por certo - atravessámos para o passeio de lá. Esta Rua Sabino de Sousa inflecte a 90º o seu curso e eu engraçava com o recanto do passeio lá ao fundo, mais as janelas das casas em ângulo, tão juntas ao canto que as vizinhas se podiam dar as mãos. Julgo que eram por capricho meu essas mudanças de passeio. Mas calhava bem, que na continuação do passeio, no troço final da rua já a chegar ao Jardim da Nêspera, havia um armazém de bananas de que éramos fregueses.
Os prédios de topo foram demolidos. O que se edificou tem um arco para ligação desta rua a uma praceta que se fez lá por trás.
Chafariz da Rua Sabino de Sousa, Alto do Pina, [s.d.] [1964].
Augusto de Jesus Fernandes, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
O pitoresco chafariz é o marco mais notável desta rua; fica no cruzamento com a Rua Quatro de Agosto. Não conheço em Lisboa outro igual.
Sábado, cá a senhora comprou amendoins no café do costume lá na Praia das Maçãs. Vinham num pacote plástico luzidio, de cores metalizadas; tinham paprika ou especiarias - uma coisa assim -, e muito sal; aberto o pacote não era preciso descascar... Com isto lembrei cá à senhora umas máquinas que se punha cinco ou dez tostões e, rodando um manípulo, aparava-se os amendoins que caíam com as mãos em concha. E a seguir lembrou-me da história lá de cima.
Estava enganado na rua. Chamei à Sabino de Sousa Quatro de Agosto.
Chafariz da Rua Sabino de Sousa, Rua Quatro de Agosto, 1964.
Armando Serôdio in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Revisto e aumentado às 9h30.
Refundido em 25/3/2012, devido à desactivação do slide.com onde estava alojado o diaporama original. A música é o «Stardust» de de Benny Goodman
A padiola Zundapp do Zé careca? Acho que era Zundapp…
Mas não creio que ele fornecesse peixe ali para o tasco.
Prédio para demolir, Campo Grande, n.º 272, [s.d.].
Fotografia: Artur Goulart, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
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Mote: Jorge Coelho. Ilustração:Fórum Auto-Hoje.
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Enviado por O Jansenista em 27/03/07 às 05:47 PM
Tem razão. As duas últimas D. Lívia são a mesma pessoa: D. Maria Lívia Ferrari Schindler (1858-1950), de Castelo Branco pelo casamento com João Franco, filha de Gaspar (e não Guilherme) Schindler e Maria Lívia Ferrari, uma das três herdeiras de Francisco Ferrari.
Cf. http://genealogia.netopia.pt/pessoas/pes_show.php?id=28547.
[Respondido] com Bic Laranja em 27/03/07 às 09:33 PM