Um gentil comentário no novo estrato da Rua de Campolide que só agora me dei conta. Obrigado, Dª Luciana! |
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Fotografias:
Av. Columbano Bordalo Pinheiro, Lisboa, 1961.
Artur Inácio Bastos in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
O cançonetista Toni Carreira publicou uma biografia e teve no lançamento da obra o alto patrocínio do sr. Malato que - além de já ter sido muito feliz na sua carreira - teceu rasgados elogios a Toni Carreira e afirmou que o livro é "bastante cinematográfico", destacando o episódio em que Toni recebeu, do avô, um pacote de bolachas Maria.
O autor da obra da carreira do Toni da mesma foi o sr. Rui Pedro Brás, jornalista de carreira.
E agora, benévolo leitor, seguimos com as variedades:
Tom Jones - What's New Pussycat
Quando aprendi a ler as horas aprendi que os minutos se contavam de cinco em cinco por cada tracinho do relógio. Como depois da meia-hora eu teimava em contar trinta e cinco, quarenta, quarenta e cinco, &c., o Vijó, que era o melhor da 1ª classe teimava em ensinar-me: - "Trinta e cinco, não. São vinte e cinco para...!"
Para a uma.
E são já vinte e quatro.
Vinte e três...
Posto do relógio padrão da Hora Legal, Lisboa, 1914.
Joshua Benoliel in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Esta foi quando tinha eu 10 anos; andava no 1.º ano. A escola eram uns pavilhões de lusalite alinhados num perímetro murado e pelo meio deles tudo era recreio. Certa vez não houve uma aula; não me recorda se foi Ciências, se foi Trabalhos Manuais -- bem vedes, isto foi no tempo em que as disciplinas da escola ainda não tinham nomes compostos pomposos e imbecis.
Tornando ao que dizia.
Para aproveitar o furo demos uns poucos em jogar à apanhada, com muita gritaria. Só que no meio do jogo irrompeu o professor Maurício e logo ali filou o Assis por um braço. O professor Maurício estava a dar Educação Visual (afinal já havia disciplinas com nomes chochos). Ele era terrível, com muito mau génio. Atirou um berro ao Assis: — EU NÂO QUERO AQUI BARULHO, OUVISTE?! — e com um safanão que lhe deu lá o deixou escapar-se.
Ora eu não achei que aquilo fossem modos e logo que o professor Maurício tornou à sala e fechou a porta, feito finório, eu, pus-me a gritar pelo Assis:
— Ó ASSIS! Ó ASSIS! NÂO M' APANHAS, NÃO M' APANHAS...
Pois o professor Maurício, além de mau, nunca iria ficar-se com uma afronta dum fedelho. Saiu cá fora outra vez e com ar carrancudo veio direito a mim. Eu fiz-me valente e não fugi; fiquei ali com ele a ralhar: — EU NÂO DISSE QUE NÂO QUERIA AQUI MAIS BARULHO? — E antes que eu pudesse pensar no que fosse pregou-me uma tal bofetada que só já me não dói porque, ao final de contas, com isso me atalhou logo ali de trabalhos maiores com sr. Procurador e com Ministério Público.
Imagem em ...
Para a miúda zaragateira que tanto interesse suscitou à nação bem-falante aqui fica uma musiquinha para pôr no telemóvel.
Há duas ou três semanas que dei notícia das andorinhas aí pelas lezírias. Uma destas manhãs vinham umas voando baixo; passaram um poucochinho sobre a minha cabeça. Foi numa rua na Venda Nova. Ontem lá estavam, muitas, esvoaçando pelo prado da quinta que o presidente da Comissão vendeu a um amigo. E hoje julgo que chegou a porta-estandarte que traz a Primavera.
A imagem não tem andorinhas; é dum Inverno com Lisboa ensolarada e o Monsanto coberto de neve. Mais um Inverno que ficou para trás. |
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Notas: na serra do Monsanto vedes no cume o forte e na meia encosta as casinhas do aqueduto; num cabeço intermédio o Moinho das Cruzes que ainda existe, embora abafado na mata. As casas mais distantes bordejavam o último troço da Rua de Campolide que já aqui falei; adiante delas - no lado de lá da estrada onde se vê o arvoredo - era o Casal do Sola. As casas mais cá - as três que se vê mais do que o telhado - na direcção do moinho das cruzes ficam na Rua Basílio Teles; é possivel que alguma delas (ou a mais à esquerda) tenha chegado a esta Primavera, perdida no meio dos mamarrachos que povoam a zona. |
Há tempos vi que a R.T.P. se empenhava em pôr o Nodi1 a ensinar palavrinhas em inglês às criancinhas. Outro tanto fazia o governo do sr. eng.º Sócrates nos jardins-escola. Não nego a importância do Inglês como língua franca. Já duvido do imperativo de ensinar as nossas crianças de três anos a papaguear inglês. E fico cá a pensar como se irá ensinar ao depois essa mocidade a escrever enough, though, thought, ou inclusive Marlborough, caso escapem à tirania dos hábitos saudáveis e se lhes queira ensinar a recta grafia. Tanta consoante que ora se lê desta maneira, ora não se lê sequer, há-de com certeza estourar os miolos aos aprendizes que - ilustres mentes o defendem — ficam demasiado confusos por se dizer ótimo e se escrever 'óptimo'.
Mas paciência: o S.N.S. que pague a factura dos esgotamentos. Ou a fatura, pá!...
1 Muitos desconhecem mas o Noddy nasceu em 1949 e foi baptizado em brioso Português como Nodi, o que até se conjuga com as ótimas faturas que estão para chegar. Estranho se torna, pois, o retrocesso no nome do boneco a uma grafia etimológica e extravagante que, pela retórica corrente, só confunde a cabeça às criancinhas, pobrezinhas. Cheira-me que aqui, afinal, impera a imagem de marca, que no caso me leva a concluir que a norma da ortografia se rege somente pelos negócios.
Azinhaga da Fonte do Louro, Lisboa, 1953.
Fernando Martinez Pozal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
« Penso que afotoserá do início dos anos 60, porque já não se vê um chafariz que lá existiu e do qual tenho uma vaga ideia. A sua posição não andaria longe dos objectos que vêm no chão, junto ao início do muro e que não consigo identificar. Poderíam até ser os restos desse chafariz, que por lá andaram durante algum tempo.»
[Attenti al Gatti em 18/3/2008.]
Deu ali no telejornal um molho de chavalas num pranto desgraçado por causa dum concerto que foi adiado. Uma tentava sublimar a desilusão dizendo que sem o Bill não era a mesma coisa; uma outra, cheia de borbulhas, dizia que o ídolo não estava bem e ela sentia-se preoc'pada co' isso.
Quem é o Bill? Como foi que eu nunca ouvi falar dos Tóquio Hotel?!...
The Beatles - A Hard Day's Night
1964
É só uma conjectura. Calculo que a primitiva Azinhaga da Fonte do Louro seguisse sinuosamente rente ao muro semi-arruinado que se vê à direita. A edificação do Bairro da Guarda rectificou este troço entre a Barão de Sabrosa e a casa do sr. Emídio.
Azinhaga da Fonte do Louro, Lisboa, [s.d.].
Judah Benoliel in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Nota: a legenda do Arquivo Fotográfico não é muito exacta; a R. Barão de Sabrosa corre pela esquerda do primeiro edifício (não se vê), que é de gaveto. Para a direita da imagem desce a Rua Cristóvão Falcão que hoje liga à rotunda das Olaias, mas que à época desta fotografia não passaria da Rua Ferreira do Amaral; se for caso de a fotografia ser dos anos 50 é possível que ao fundo da Cristóvão Falcão ainda existisse a Azinhaga da Picheleira, primitivo caminho que ligava ao bairro desse nome.
« Não conheci o sr. Emídio nem os gansos; conheci mal a Azinhaga das Olaias mas, em contrapartida, conheci a Azinhaga da Fonte do Louro, por onde me desloquei muitas vezes de garrafões na mão para ir à água que a minha mãe tanto apreciava. Conheci a inauguração das casas novas da G.N.R. com muita fardeta devidamente medalhada e alguns mirones embasbacados e conheci ainda um "pitrolino" que guardava algures por aqui a carroça do ofício (será que ainda existe alguma devidamente preservada?) e o respectivo cavalo, um baio de razoável estampa. Lembro-me que um dia, o cavalo ao tentar vencer o desnível entre a Azinhaga e a Veríssimo Sarmento (vulgo Rua Nova) atrelado à pesada carroça (uma autêntica cisterna cheia de artefactos) patinou, perdeu o equilíbrio e foi ao chão. Ocorreram os circunstantes e tentaram levantar o bicho, mas nada. Houve quem alvitrasse que a pileca devia estar em fraqueza e o melhor era mandar vir meia litrosa de tinto da tasca do Rodrigues e fazer-lhe umas sopas de cavalo-cansado. Provavelmente a ideia era o alvitrante provar as sopas antes da vítima, não sei. Para desgosto do cavalo, que deve ter achado que um mal nunca vem só, optou-se por o desatrelar e assim se conseguiu levantá-lo. A minha visão infantil, mais atenta ao pormenor do que ao conjunto (ainda hoje é assim) registou, em particular, a aflição do equídeo, preso aos varais, a tentar erguer-se (foi antes de se falar nas sopas) e os arranhões sangrentos com que ficou na ilharga esquerda. Os meus agradecimentos por mais uma viagem ao passado. » [Comentário de Attenti al Gatti em 14/3/08.] |
O desnível entre a Azinhaga da Fonte do Louro e a R. Veríssimo Sarmento, Lisboa, [s.d.] Arnaldo Madureira, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.. |
Em que certa vez me aventurei à descoberta e onde descobri que podia chover pedrada...
Azinhaga da Olaias, Lisboa, [s.d.].
Arnaldo Madureira in Arquivo Fotográfico da C.M.L. (onde está erradamente catalogada co-
mo R. Domingos dos Reis Quita).
O feirão das laranjas deu numa salada. Parece que há rótulos tutti-frutti e uma orientação clara para o cliente.
Mural do P.P.D., Calçada do Carmo, 1975.
Neves Águas, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Porquê dígito e não dáctilo?
E ao depois, em nos referindo a numerais já os árabes inventaram os algarismos há tanto tempo...
Imagem em The Furniture.
Não sei o quê ou quem dita a agenda das rádios.
Andaram a antiga Emissora Nacional e o novo-chique Rádio Clube toda a manhã em reportagem desde Castela. Talvez um sapateiro com profecias tenha confundido o espírito sebastianista e messiânico destes tolos jornalistas portugueses. Acontece que o Bandarra era de Trancoso, não do P.S.O.E. ...
A T.S.F. por seu lado resolveu olhar para outro mercado: fez um foro toda a manhã sobre o Camacho e sobre o 5º ou 6º lugar do Sportem. (Eles lá chamam-lhe fórum para parecer Latim, mas topa-se-lhes a ladainha logo [que] vertem o nome para o plural.)
Isto na rádio.
Tem-se falado aí em excursões e professores (o locutor Adelino Faria diz pressores e diz muito bem).
Eu falo ali na Nacional 10...
Tudo conjugado, a primeira excursão da escola (é aqui que entram os professores) que me recordo ter feito pela Nacional 10, no troço entre Vila Franca e Pegões, foi a Évora em 81. Havia uma cassete no gravador da malta no último banco que deu várias voltas no caminho para lá. A malta curtia esta. E não sei porquê tinha a vantagem de atrair miúdas...
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