Já são dois dias seguidos - e em canais diferentes - que ouço os postilhões da cultura oficial dizerem "a sonda espacial Fónix"...
Das cinzas do classicismo já só renascem imagens de marca foleiras.
Fenix auis vnica
Hartmann Schedel, Liber Chronicarum,
Nuremberga, Anton Koberger, 1493, apud Wikipedia.
Cidadão João Gonçalves (Travessa do) — Freguesia dos Anjos — Tem constituído até hoje um mistério, o nome desta pequena serventia que faz a comunicação entre o largo do Intendente e a avenida Almirante Reis. Que cidadão teria sido aquele? Qual João Gonçalves? Tem-se perguntado: o dr. João Gonçalves, de Vila Franca de Xira, que foi deputado às constituintes da república? Algum exaltado republicano do sítio? Algum livre-pensador? Ninguém tem sabido responder. Ora certo dia, (do ano de 1938), o sr. Matos Sequeira referiu-se ao mistério que constituía este dístico, num artigo publicado, salvo erro, no Século Ilustrado, e na semana seguinte recebeu uma carta do sr. Jacinto José Barbosa, de Vila Nova de Cerveira, na qual explicava quem era o cidadão João Gonçalves. Deitaram-se foguetes. E de posse da chave do enigma, o sr. Matos Sequeira, sabendo que nos interessam estes assuntos toponímicos, teve a amabilidade, que agradecemos, de nos oferecer uma cópia da carta, razão porque podemos informar hoje os nossos leitores que aquele cidadão foi merceeiro, proprietário de três mercearias, (ao cimo da Calçada de Agostinho de Carvalho, na rua de Arroios e na rua da Graça), foi um organizador de associações de classe e também fundador do Centro Eleitoral Republicano, nas freguesias dos Anjos e de S. Jorge de Arroios. Ainda segundo o mesmo informador, o cidadão João Gonçalves faleceu antes da implantação da república. Luiz Pastor de Macedo, Lisboa de Lés a Lés, vol. III, 3.ª ed., C.M.L., 1985, pp. 34, 35. | |
Imagem: Entrada de uma mercearia na Tr. Cidadão João Gonçalves, 6, Lisboa, 1964. Armando Serôdio, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.. |
Confesso que já não sei. Primeiro pareceu-me a má-criação habitual com delação a condizer pelos parasitas do costume. Ao depois admiti que fosse manobra para distrair o pagode do tracto duvidoso oleoso com o sr. Chaves da Venezuela, colhendo de caminho dividendos eleiçoeiros com uma fantochada de pecadilho e arrependimento.
Mas não sei, já. Um logro assim exige afoiteza, inteligência; e eu só descubro na personagem descaramento e esperteza saloia.
Talvez seja o muito tempo com os braços caídos... Meu, claro.
Vede! A estes não lhes puxa o vício. Há mais que fazer...
Moços de frete galegos com padiola, Lisboa, 1908.
Joshua Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Primeiro fica-se abismado. Mas então…
Imaginai um sujeito espertalhão como poucos, com boa pinta mas má rês, apanhado a mentir diversas vezes e sempre forjando a verdade… Pois um farsante destes comete um pecadilho e põe-se de repente a pedir desculpas com uma tal ingenuidade, a ponto de invocar em sua defesa o desconhecimento das leis?! Logo ele que fez uma lei punindo o pecadilho que cometeu?!
Pois pasmai! A dor de haver ofendido é tão profunda que em contrição promete o sujeito largar o vício. Mas não o negócio, que assim o risco deste se inflamar é muito menor…
Comboio cisterna, Olivais [ou Cabo Ruivo], 1962.
Artur Goulart, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
O presidente [do Conselho] Marcello Caetano à partida para o Ultramar, Lisboa, 1969.
Fotografia: Inter TAP, n.º 25, Abril-Junho de 1969.
Ao contrário do que se poderia pensar não se voltou a poder fumar nos aviões da T.A.P. A menos que se frete o avião. Nesse caso um havano ou uns bafos de haxixe tanto dá. — «Quem freta um avião pode usá-lo da maneira que quer» — afirmam do gabinete do sr. primeiro ministro. Mas o benévolo leitor calculará que isso se aplica mais a presidentes dalguma república ou dalgum conselho de ministros.
Entretanto aumentou a gasolina.
A consequência mais formidável da massificação do ensino é havermos o dr. Rui Santos por doutor, discorrendo cientificamente sobre todos os ângulos da bola para lá de 90 minutos em cada domingo à noite.
Fotografia do dr. Rui Santos na página do governo sobre o Congresso do Desporto, 2006.
« Os manes de hum Afonso Henriques, de hum Nuno Alvares Pereira, do grande Afonso de Albuquerque, e de tantos outros que nos precederam na carreira da gloria e do amor da Patria, não vos envergonheis de receber no vosso gremio as almas dos novos Heroes, que cahirão nos campos da honra para viverem eternamente e que sellárão com o seu sangue a nossa independencia: elles são dignos da vossa amizade, do nosso reconhecimento e da admiração da Posteridade.»
Gazeta de Lisboa, 17 de Abril de 1811, apud Joaquim Veríssimo Serrão, História de Portugal, vol. VII, 3.ª ed., Verbo, Lisboa, 1983, p. 92.
Traição a Viriato.
Ilustração: Carlos Alberto Santos, in História de Portugal, 13.ª ed., Agência Portuguesa de
Revistas, Lisboa, &c., 1968.
O sr. Pinto da Costa foi suspenso de ser quem é por dois anos. Por conseguinte os c. de 10 minutos de tempo de antena concedidos pela R.T.P. na abertura do Telejornal foram da exclusiva responsabilidade dum cidadão anónimo.
Ardina e vendedor de capilé, Lisboa, 1908.
Joshua Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Nota: a importância atribuída ao Tratado de Lisboa também pode medir-se pela bitola do Telejornal: a ratificação foi anunciada em meio minuto quando o telejornal já levava meia hora.
Na Av. 5 de Outubro n.º 38 houve em tempos um palacete com jardim murado que dava até à Av. Duque de Ávila. Cuido até que foi desse jardim que um fotógrafo desconhecido bateu uma chapa em que se vêm dous palacetes que já publiquei sobre a Av. António Maria de Avelar.
Jardim com gradeamento na esquina da 5 de Outubro com a Duque de Ávila, Lisboa, 1961.
Arnaldo Madureira, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Mas tornando ao palacete do n.º 38, puseram-no faz tempo à venda dando nota disso na parede do mostrengo envidraçado que lhe brotou no jardim:
Vende-se palacete, Lisboa, 2008.
A marreca de vidro não está incluída.
O candidato ao P.S.D. Passos Coelho segue o lema que o futuro é agora. E afirmou agora na televisão que o agora é a formação e a excelência.
É um candidato do catálogo proactivo.
Imagem em ...
Chris Isaak - Can't Do A Thing To Stop Me
O burro sou eu.
Preciso de estudar arduamente os pasodobles toreros pois a minha cultura nesse campo só me envergonha. Calculem bem que me enganei redondamente a titular o pasodoble da Semana de 25. Qualquer um que abrisse a ligação ao Tubo - mesmo sem ser versado no assunto - exclamaria logo com desdém:
- Irra que é burro! Então este freguês nem ler sabe?! Não viu ele lá escrito Banda do Samouco - Campo Pequeno - "El Gato Montez"?!
Hei-de repetir 100 vezes para castigo: El Gato Montez; El Gato Montez; El Gato Montez...
Tal a ignorância, tal o descuido, que só chegando a hoje dou pelo o aviso do bom amigo M..., aviso velado que jazia na caixa do correio desde praticamente que a asneira foi publicada (mais um descuido): - Desculpe a intromissão - escrevia-me - mas o pasodoble que lá se toca é “O Gato Montês”.
Claro que é. E não me peça cá desculpa nenhuma. Só lhe tenho a agradecer. Há-de ser por burrices destas que o gráfico vai em queda. Enfim!...
Pois Nerva é este pasodoble agora aqui pela Banda de Música da Sociedade Filarmónica Progresso e Labor Samouquense, actuação nas Festas das Angústias em Ayamonte, em 2007.
Banda do Samouco - Nerva
Concerto na Fundación Tejada, 2007.
Já se descobriu quem matou a Laura Palmer?
E esta Mary aqui desta cantiga? Pode o benévolo leitor ouvi-la e tentar descobrir... Mas não merece a pena fazê-lo repetidamente. Acaba por enjoar.
Richard Marx - Hazard
Dantes havia um grande problema com as bolas de Berlim e não era a A.S.A.E.. Era o creme: dificilmente chegava ao fim da bola. As padarias e as pastelarias cujas bolas tivessem creme até meio eram coisa rara. Na maior parte das vezes lá vinha uma desilusão; um embuste; o creme não passava duma tira à superfície e comer o resto da bola seca só com o açucar granulado era um tremendo sacrifício. Aos ciganos via-
-os eu comerem alarvemente até ao fim do creme e deitar o resto fora. A minha mãe nunca me deixou fazer isso. Que não eram modos de gente, dizia. Hoje talvez ela omitisse a gente, o que vendo bem continuaria sendo inteiramente apropriado...
À tarde comi uma bola de Berlim muito refinada, com açúcar em pó e creme mesmo mesmo até ao fim. Um regalo quase obsceno numa civilização que deixa de cultivar pão para refinar biocombustíveis.
(A bola é de wax115, via A aba de Heisenberg.)
Quando as Delloites galgaram as empresas deixou de haver trabalhadores. Passaram a chamar-se colaboradores, estatuto que, em rigor, se aplicaria nestes casos só aos das Deloittes; mas isto quiçá para que os deloittes se diluíssem mais facilmente e pudessem passar despercebidos na sua sobranceira ciência: a Gestão. |
Ontem telefonaram-me da TV Cabo associando-me a uma morada nova. Propunham-me serviços de televisão por cabo, rede da Internete ou telefone; tudo junto ou só o que eu quisesse. Ora o que eu quis saber e não me disseram foi como tinha a TV Cabo sabido do meu nome e o meu telefone ligados àquela morada. Afinal eu só dera este meu número associado à morada nova às companhias das águas e da luz para me lá instalarem os contadores.
Onde vai já a velha coscuvilhice entre vizinhas!... É uma indústria.
Adamastor (O)
Apartado 53
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