De Santa Catarina ao Grandella. Do Grandella a Santa Catarina.
Com paragem na Perfumaria da Moda.
Leonor Maia e Ribeirinho, O Pai Tirano, 1941.
Parfumaria da Moda, Rua do Carmo, 5-7, [post 1943].
Fotografia: Estúdio de Mário de Novaes (1933-1983), in Biblioteca de Arte da F.C.G.
E um senhor à procura de táxi....?
E um padeiro com a cesta às costas. É de manhã, mas não vai alta que as sombras são longas. Fazia-se era tarde para o senhor à procura de táxi.
E o gasolineiro que pousa a bomba. Ia lá eu imaginar uma bomba de gasolina naquele sítio.
E uma costureira aqui apressada, será? - Costureira, quero dizer.
E o cartaz do Valentão das Dúzias, no Éden, atira-me um ano para a fotografia:1948; mais o tempo que demorou a cá chegar...
O eléctrico 1 era o de Benfica.
Restauradores, Lisboa, [post 1948].
Fotografia: Estúdio de Mário de Novaes (1933-1983), in Biblioteca de Arte da F.C.G.
Estrada Marginal, Santo Amaro, [c.1950 post. 1937].
Fotografia: Estúdio de Mário de Novaes (1933-1983), in Biblioteca de Arte da F.C.G.
Adenda: a datação inicial da fotografia pareceu-me agora demasiado grosseira. Atendendo às matrículas julgo que posso recuar a data da fotografia para os anos 30. A matrícula do carro à direita decorre do Código de 1911, que foi mudado em Novembro de 1936 para o esquema que todos conhecemos de duas letras, dois números, dois números (cf. História das matrículas). Não sei quanto tempo levou a converter todas as matrículas das séries de 1911 mas cuido que para aquele carro ainda a ostentar se estaria muito provavelmente em fins de 36 ou início de 37. As roupas dos transeuntes (especialmente da senhora) indiciam tempo frio: arrisco o Inverno de 36/37, princípio da Primavera, talvez. Ou, dilatando mais, pode ser admissível o fim do ano de 37. As restantes matrículas podem corroborar o ano de 1937: o carro à esquerda foi matriculado em 1935-36 e vê-se já rematriculado; ostenta uma série de letras reservada à D.G.V. de Lisboa para converter as antigas matrículas; os restantes dois carros ostentam matrículas de 1937-38 (a 1ª série de números, neste caso o 10, marca os anos).
Todo este arrazoado pode apenas definir, bem sei, um limite a quo e não invalida por si só que a fotografia seja mais recente. Sucede que a matrícula do N-15689, na pendência de ser mudada, não permite uma margem de datação muito alargada. Mas não descarto absurdos. A chave está na demora da D.G.V. do Porto ou algo que a valha, em rematricular aquele carro. Uma coisa é certa: não tendo demorado até 1945, o título deste verbete torna-se anacrónico.
Duas semanas e meia sem publicidade havia de dar nisto: o Saldanha tem diabetes. Unidos pela diabetes - parece-
-me que é o que dizem as bandeirinhas lá plantadas agora.
Praça Duque de Saldanha e Av. da República, Lisboa, 1968.
João Brito Geraldes, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
De início não soube muito bem o que pensar desta missiva.
O sr. presidente do conselho directivo da D.R.M.T.L.V.T., Crisóstomo Teixeira, não aparenta ter grandes maneiras. Dirige-se-me numa gritaria (as maiúsculas são o quê?) despropositada, e aquele modo imperativo na última frase que significa?!...
Se este oficial da administração rodoviária acha necessário berrar-me com mau modo para eu cumprir o Código, porque arrisca ele enviar-me a carta de condução?
Quando aqui me referi à abertura da Rua Nova da Palma assinalei onde passava a cerca fernandina. Àqueles que tenham curiosidade por estas memórias do que foi e do que é cá deixo agora a recriação esboçada com supina arte e design. Não é bem a muralha, é antes um supônhamos. Ali onde esvoaça a bandeira da C.E.E. é outro supônhamos:da porta ou postigo da Rua da Palma original (hoje desviada para o eixo da Rua do Socorro); o artista que reconstruiu o troço da cerca há talvez de ter sacado algum da caixa da comunidade, que lá nisto de arte moderna sempre são (cuido eu) os senhores alcaides mui benfazejos...
Mas apreciai a torre ali adiante atrás duma grua, entre os novos edifícios da E.P.U.L. que se alevantam. É a torre do jogo da péla - porque havia ali há muitos séculos umas casas do jogo da péla que passaram o nome ao lugar: à calçada debaixo do plástico preto das obras; e à torre. - É genuína, do séc. XIV, a torre.
Ao fundo um dos primeiros pavilhões de lojas do Martim Moniz, no lugar do quarteirão demolido onde estava desde o séc. XVII o palácio do Marquês do Alegrete. O Salão Lisboa é a casa mais adiante no sopé do monte do Castelo.
Calçada do Jogo da Péla, Lisboa, 195...
Judah Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Parece que boletim meteorológico estava errado.
Rua Norberto de Araújo (Rua da Adiça), Alfama, 2008.
Passei hoje e vi a Praça Duque de Saldanha desafrontada da ignóbil publicidade à Audi que a C.M.L. lá deixou pôr.
Considerando o que se deu depois da última desafronta, desta vez será por quanto tempo...?
Fotografia de António Passaporte, in Arquivo Fotográdfico da C.M.L.
Esta R.T.P. é um fartote. Vi há pedaço um mamífero a que chamam jornalista plantado na selva ao pé duma cerca que parece que é da casa da avó Bama. Dizia que estava vedada e que a sua espécie não se podia aproximar.
Quem andará a financiar este jornalismo?!...
(Talvez seja melhor ficar por aqui...)
Um dos repórteres Especial América 2008 foi entrevistar o primeiro governador negro dum Estado norte-americano. Um marco [para o futuro], no entender do repórter. Um marco é a raça dum candidato a eleições nos E.U.A. ser mais conveniente? Vede lá o alarido politicamente correcto gerado por um dos candidatos [agora] ser mulato. A raça certa continua a existir, parece é que varia. Cuido que quando variar ou não, e já se não ouvir ruído em função da raça mais correcta, então sim, será um marco.
Entretanto racista será ferrete para mim porque usei a palavra mulato. É o que indicam as sondagens.
(Revisto às 6h00 da tarde.)
No supermercado das notícias parece que a marca de produtos d' O Bama é um êxito mundial, equiparável à Coca-
-Cola e ao McDonalds. Dizem-me os noticieiros de bairro que é a marca que mais se vende, inclusive em África, onde é baixo (em geral) o poder de compra. Os produtos brancos - parece, mas há menos informação - andam muito mal de vendas, mesmo apesar da crise. A menos que esteja a acontecer dumping da marca d' O Bama por esses mercados...
No entanto há artigos gourmet que apenas se encontram em certas lojas de conveniência...
No liceu, a malta mais dada à folgança que ao estudo encarregava-se de sempre organizar umas excursões de veraneio. Convinha, para sustentar a coisa, incluir uns professores e chamar-lhe muito institucionalmente 'visita de estudo'. E lá se faziam os passeios, quotizando-se todos, incluindo a conta gorjeta para o chauffeur.
Pois ele há agora umas reportagens parecidas em que, quotizando-se todos, vão uns repórteres daqui ao Oeste selvagem para nos dizer que os gentios da América do Norte botarão todos voto pelo pajé. Parece-me natural, mas fica-me a dúvida: se fossem os gentios (todos) pelo homem branco, iriam daqui lá fazer excursão reportagem?
Não posso nem quero andar para diante sem te dar duas brevíssimas notícias retrospectivas, sabidas «por tôda a gente que sabe», o que não quere dizer que - como tantas que darei - elas estejam na tua memória e eu esteja no meu direito de as omitir.
Neste troço da Rua de Santa Justa, entre as Ruas dos Correeiros (vulgo Travessa da Palha) e a Rua da Prata, passava antes de 1755 em terminus a formosa Rua das Arcas, o Largo da Palha, do qual nascia a Rua da Palha que ia desembocar na Rua da Betesga, velha. A Rua dos Correeiros, que foi destinada aos ofícios dos seleiros - ainda hoje [1939] subsistentes - e que se chamou também Correaria Nova, e Nova dos Correeiros, deve a sua designação oral, sobrevivente, à vizinhança com o Largo e Praça da Palha.
Norberto de Araújo, Peregrinações em Lisboa, livro XII, 2ª ed., Vega, 1991, p.42.
Colocação de tapumes na Praça da Figueira; ao fundo a Rua dos Correeiros, Lisboa, 1949.
J. C. Alvarez, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Antes de 1755 a Rua da Palha desembocava naquela esquina que vedes ao fundo (cruzamento da Rua da Betesga com a dos Correeiros). Nasceria essa Rua da Palha por alturas do nº 43 da Rua de Santa Justa, entre as actuais Rua dos Correeiros e Rua da Prata. Seriam por aí o Largo e a Travessa da Palha.
O fado Foi na Travessa da Palha, de 1958, cantado originalmente pela Lucília do Carmo (letra de Gabriel de Oliveira, música de Frederico de Brito), diz-me que a memória oral se mantinha nesse tempo. Mas a voragem destas coisas, dos anos 60 para cá tem sido grande. Não sei se a velha designação oral da Rua dos Correeiros perdura além do fado, mas afoito-me a pensar que não. Eu não a conhecia (mas todavia que sei eu...).
O fado menciona a taberna dum certo Friagem, que as Páginas Amarelas dão como Adega Restaurante, precisamente na Rua dos Correeiros, ou, como já vimos, na Travessa da Palha. Nunca lá comi.
Tudo isto a propósito dum comentário que o leitor italiano Roberto simpaticamente me deixou na Abertura da Rua Nova da Palma.
Rua dos Correeiros, Lisboa, início do séc. XX.
Joshua Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Adenda (13h37): só agora me dou conta - ampliando a fotografia - que os dizeres naquela tabuleta pendurada mais adiante na rua, do lado direito, dizem quase de certeza Adega Friagem. Sendo que estamos à porta do nº 151 e voltados para a Praça da Figueira, a tabuleta coincide com a morada das Páginas Amarelas: o nº 170. É extraordinário!
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