Quarta-feira, 29 de Abril de 2009

Motivos apropriados

Melendez (Natureza Morta,1770)

Melendez (Natureza-morta 1772)

 Ontem embelezei... (acho que sim) a cozinha com dois quadrinhos: mostram tupperwares muito muito antigos, entre outros motivos apropriados.
 


Óleos: Luís MeléndezNatureza-morta com melão e peras (1770) e Natureza-morta com laranjas e nozes (1772), respectivamente no Museu de Belas-Artes de Boston e na Galeria Nacional de Londres.

Escrito com Bic Laranja às 20:07
Verbete | comentar | comentários (4)

Cosmética 125

 Domingo passado o sr. primeiro ministro anunciou com pompa e circunstância a concessão da E.N. 125 ao Grupo Rodoviário Algarve Litoral. Ouvi nas notícias que a concessão é por 30 anos; mas o valor do negócio é tão mal papagueado que nem se percebe... Vamos lá ver se entendi eu.
 A concessão da E.N. 125 por 30 anos assemelha-se-me uma enfiteuse (*). O enfiteuta há-de pagar de foro € 28.400.000,00 pelo senhorio útil da estrada.

" Segundo o M.O.P.T.C., a escolha do vencedor baseou-se ainda no facto da Edifer propor o pagamento de 28,4 milhões à Estradas de Portugal, S.A. (E.P.) pela exploração da concessão ao longo de 30 anos, o que é inédito no programa de concessões rodoviárias apresentadas pelo Governo, uma vez que a E.P. vai receber em vez de pagar, quando o estudo de viabilidade apontava para um esforço financeiro da parte da Estradas de Portugal próximo dos 50 milhões de euros."
A.E.C.O.P.S., in Algarve Litoral
.

 Se bem entendo, num estudo de viabilidade (o mesmo é dizer um estudo) feito por si, a empresa Estradas de Portugal, S.A. previa uma perda (esforço financeiro é mais chique, bem sei) com a E.N. 125 de quase 50 milhões em 30 anos; a enfiteuse (ou concessão) produz um ganho superior a 28 milhões.
 Sei pouco destes negócios e nem sei como se obtém ganho na exploração duma estrada nacional onde não há nem vai haver (em princípio) portagens. Mas, sendo possível fazer das rodovias sem portagens um negócio lucrativo, a sucessora da J.A..E. devia sabê-lo. E a final de contas faz um estudo de viabilidade (mas viabilidade porquê?) em que estima gastar ao todo 804 milhões em grandes obras nos próximos três anos, mais manutenção nos próximos trinta; somada a renda obtida da exploração da estrada (que inclui dotação dos impostos, presumo) obteria um saldo negativo de 50 milhões. Em simultâneo, um consórcio de empresas propõe-se, se lhe derem o senhorio útil da estrada, fazer o mesmo gastando ao todo 399 milhões (e daqui tirando necessariamente o seu lucro) e ainda por cima pagando ao Estado (por intermédio da Estradas de Portugal, S.A.) 28 milhões e tal.
 Admitindo que ambas as partes, a Estradas de Portugal e a foreira Edifer, são ambas idóneas para estimar estas coisas, será possível tamanha disparidade nas contas duns e doutros? Fizeram as mesmas contas? Com as mesmas variáveis?!...
 Será paranóia minha?
 Entendamos-nos: a viabilidade do tal estudo parece manobra para disfarçar o contrário.
 Fazem-me espécie estas concessões de obras em estradas nacionais. Dantes era missão da J.A.E. construir e zelar pelas rodovias nacionais. Missão e trabalho. Noto que desde há tempo as sucessoras da J.A.E. pegaram com ambas as mãos na missão mas foram descartando os trabalhos... O assunto é polémico. Julgo que seja dos últimos tempos da J.A.E.  a sua metamorfose em singela central de concursos de empreitada com comissão de avaliação de propostas. Cuido que lá subsista residualmente um qualquer gabinete de estudos... de viabilidade...
 No fim disto lembra-me o seguinte: um consórcio de empresas que não são públicas que tome o senhorio útil duma estrada nacional pode entregar directamente todas as subempreitadas que entender: a empresários familiares, amigos, conhecidos, ex-condenados, ex-o-que se-queira... Inclusive governantes... O potencial de transferir riqueza desta forma a partir do erário é aliciante e pode ter compensações inimagináveis. Não é ilegal nem constitui ilícito, como dizem agora esquecendo que ilícito também significa contra a moral. Ora, que eu ouvisse no anúncio de domingo passado, o imperativo moral são 1000 empregos nas obras para os compatriotas do sr. primeiro ministro (e ninguém fala em discriminação?!). O resto é cosmética:
 A E.N. 125 tem pontos negros.
 A E.N. 125 vai ter 71 rotundas.

Da antiga E.N. 125 (Manuel, 1993)
Da antiga E.N. 125, Algarve, 1993.
Fotografia de Manuel, in
H-Gasolim Ultramarino.


(*) Em rigor, a ser enfiteuse, o enfiteuta seria em primeiro lugar a Estradas de Portugal, S.A., que subcontrataria a concessão. Em todo o caso, neste negócio, a Estradas de Portugal parece que se limitou a ser consultora do governo. O tracto da E.N. 125 parece ter sido directamente tomado em mãos pelo governo; depreendo isto pelo grosso volume de informação (só propaganda) na página do M.O.P.T.C. e a omissão completa dela na da Estradas de Portugal, S.A..

Escrito com Bic Laranja às 15:12
Verbete | comentar | comentários (6)

Monumento a D. Pedro IV

« O monumento, nada famoso, concepção dos franceses Elias Robert, escultor, e Jean Davioud, arquitecto, que venceram o concurso aberto, e no qual foram apresentados 87 projectos vindos de todos os pontos da Europa! A construção é de Germano José Sales.

 O pedestal é de mármore de Montes Claros, e a coluna coríntia, canelada, foi arrancada de Pero Pinheiro; a base é de granito dos arredores do Pôrto.
 
Essas figuras nos ângulos da base do pedestal representam a Justiça, a Prudência, a Moderação, a Fortaleza; quatro figuras em baixo relêvo adornam a parte superior do fuste. O segundo envasamento é ornamentado com os escudos de dezasseis cidades dos país.
  E lá em cima, a 18 metros de altura, no bronze «eterno», D. Pedro IV, em general, cobertos ombros pelo «régio manto», cabeça coroada de louros. »

Rossio (M.Novais, post 1938)

Rossio, Lisboa, post 1938.
Fotografia: Estúdio de Mário de Novaes (1933-1983), in bibliotheca d' Arte da F.C.G.

 

 « [...] Finalmente em 29 de Abril de 1867, a esforços de uma comissão de que fizeram parte o Duque de Palmela, os Marqueses de Sá da Bandeira e de Sousa Holstein, o Conde de Farrobo, os Viscondes de Benagazil e de Menezes, lançou-se a primeira pedra para o monumento que aqui vês, inaugurado três anos depois, a 29 de Abril de 1870, com extraordinária solenidade. »

Norberto de Araújo, Peregrinações em Lisboa, XII, 2.ª ed., Vega, Lisboa, 1993, pp.67-68. 

Escrito com Bic Laranja às 06:20
Verbete | comentar | comentários (6)
Terça-feira, 28 de Abril de 2009

Discursos

Oliveira Salazar« Na produção [ao plutocrata] não lhe interessa a produção, mas a operação financeira a que pode dar lugar; na finança não lhe interessa a regular administração dos seus capitais, mas a multiplicação por jogos ousados contra os interesse alheios. [...] Não conhece os direitos do trabalho, as exigências da moral, as leis da humanidade.
 [...] O plutocrata age no meio económico e no meio político sempre pelo mesmo processo - corrompendo.»

António de Oliveira Salazar, «Problemas da organização corporativa, discurso proferido na sede do S.P.N. em 13 de Janeiro de 1934», in Discursos 1928-1934, Coimbra Editora, 1939, pp. 283-298, apud Helena Matos,  Salazar, vol. 2 (A Propaganda), Círculo de Leitores, [2003], pp. 11, 12.

Escrito com Bic Laranja às 10:18
Verbete | comentar | comentários (2)
Segunda-feira, 27 de Abril de 2009

O gigante

 O sr. ministro Lino gesticulava muito ontem no Algarve defendendo as obras na E.N. 125, queixando-se da visão cinzenta e salazarenta dalguns sobre o fomento nacional que - segundo disse - nos deixou um país atrasado (v. RTP, Telejornal de 27/4/2009).
 
O sr. ministro Lino, bem vejo, ignora que o plano rodoviário nacional que lhe legou a E.N. 125 foi feito em 1945 com recursos próprios do Estado. Pode, pois, o sr ministro Lino agigantar-se aos ombros dum anão, como corta-fitas de emprazamentos a 30 anos para umas quantas rotundas. Mas por mais cinzento ou salazarento, é devido que um anão que realize um plano rodoviário como o de 45 seja no mínimo considerado gente capaz.

Estrada marginal, Caxias (M.Novais, s.d.)
Estrada Marginal, Caxias, [s.d.].
Fotografia: Estúdio de Mário de Novaes (1933-1983), in
Biblioteca de Arte da F.C.G..

(Ligeiramente ajeitado às 4h25 da tarde.)

Escrito com Bic Laranja às 14:24
Verbete | comentar | comentários (2)
Domingo, 26 de Abril de 2009

Marques da Silva

 Marques da Silva porquê? — foi a pergunta que deixei por responder no Caracol da Penha. Ainda que um dos comentários lá haja dado já a solução (habilmente colhida na Toponímia da C.M.L.), não deixa de ter interesse — cuido eu — para o benévolo leitor curioso de novidades antigas, a história da demanda do topónimo pelo ilustre olisipógrafo e amigo de Lisboa, Luiz Pastor de Macedo. Ei-la, a demanda do Marques da Silva da rua do dito, tresladada abaixo em pública forma. Se bem que um pouco extensa, pode o leitor apreciar nela a uma vez o belo estilo e o método simples, mas rigoroso, do ilustre autor da Lisboa de Lés-a-Lés:

« [...] Perguntemos agora: Marques da Silva porquê? quem foi aquele senhor? que fêz ele? Marques da Silva que conhecêssemos com probabilidades de merecer consagração municipal por intermédio duns letreiros de tinta preta pintados nas esquinas de qualquer artéria, só nos lembrávamos de um, o arquitecto Adolfo António Marques da Silva, que foi um dos fundadores da Associação dos Arquitectos Portugueses, o auxiliar de Parente da Silva nos trabalhos preparatórios para o projecto de restauro da Sé, etc. Mas este Marques da Silva não podia ser o que ficou memorado nos cunhais do antigo Caracol da Penha porque tendo nascido em 1876 não podia com 15 anos de idade merecer a atenção dos edis lisbonenses. Que Marques da Silva era pois aquele? O padre António Marques da Silva, ex-frade dominicano, que publicou dois sonetos e uns Erros de concordância do relativo «cujo» demonstrados e emendados em 13 páginas, segundo informação de Inocêncio, e que acabou os seus dias empregado na Biblioteca Nacional? Ná... Não víamos ponta por onde se lhe pegasse... E fomos ao local. Talvez nos dísticos camarários houvesse alguma indicação. E havia, sim senhor. Lá estava Rua Marques da Silva — 1844/1907 — Escritor.
  O leitor que não se dá ao trabalho inglório da investigação, mal adivinha a alegria que experimentam os rebuscadores de novidades antigas, quando, perante um caso fechado se encontra, laboriosamente, uma porta de entrada. Não é a sorte grande, por certo (que nós não sabemos o que é ser-se contemplado com a sorte grande da Santa Casa) mas é a sorte que dá uma alegria que por sua vez garante umas horas ou dias, conforme o alcance da descoberta, de esplêndida disposição. Pois nós, depois de termos passado um ror de tempo a querer vislumbrar o autêntico Marques da Silva, através de mil hipóteses formuladas de parceria com os nossos botões, não tivemos uma alegria ao lermos o dístico da artéria, tivemos e justificadamente um alegrão. Pronto. O Marques da Silva era afinal um escritor que tinha nascido em 1844 e que falecera em 1907. Não era tudo, evidentemente, mas era quási tudo.
  No entanto — confissão completa, que o leitor merece a nossa consideração e a nossa confiança — no entanto a‑par da nossa alegria, ìntimamente, muito ìntmamente, revirava-se com certa irreverência uma pontinha de despeito. Sim. E bem vistas as coisas, a pontinha de despeito tinha toda a razão em revirar-se no nosso íntimo, travando e arrefecendo um pouco o nosso alegrão. Na verdade era imperdoável que não soubéssemos que tinha havido um escritor Marques da Silva e para mais um escritor que tinha merecido uma homenagem municipal. Mas se a pontinha de despeito, passados os primeiros momentos, refreou a alegria, a alegria, por sua vez não consentiu que nos sentíssemos excessivamente envergonhados perante a nossa indesculpável ignorância. E começámos a deitar abaixo as nossas prateleiras à procura do escritor que com certeza todos conheciam excepto nós.
  Trabalho baldado. Nem um breve rastro se nos deparou. Decidimo-nos então a perguntar e escolhemos claro está o nosso amigo mais íntimo. Sempre é menos vexactório mostrarmos a nossa ignorância a um amigo íntimo.
  — Ora diga-me cá. V. sabe quem foi o escritor Marques da Silva?
  — Quem?
  — ... Aquele que mereceu em vida pintarem-lhe o nome nas esquinas do Caracol da Penha...
  — Marques da Silva?

  — Sim. Que faleceu em 1907...
  E quando esperávamos que o nosso amigo exclamasse admirado: — Pois V. não sabe quem foi? Essa agora..., etc. etc. — respondeu naturalmente:
  — Não. Marques da Silva que fosse escritor, não me recordo de nenhum...
  Mais afoitos, perguntámos a outro amigo, depois a outro, em seguida a outros, por fim a todas as pessoas do nosso conhecimento que encontrávamos. Não. Marques da Silva e então um Marques da Silva que merecesse como escritor aquela homenagem muncipal, ninguém conhecia, ninguém se lembrava...
  Fomos em seguida aos livros de actas das sessões camarárias e dispostos a ir ao fim do mundo se nos palpitasse que só lá descobriríamos o decantado escritor. Mas felizmente não tivemos necessidade de passarmos das actas. Na que diz respeito à sessão de 25 de Setembro de 1891 lá está patente em bom cursivo o Marques da Silva almejado. Caiu-nos porém a alma aos pés. O Marques da Silva que se tratava não nascera em 1844, não falecera em 1907, nem fora escritor... Então? Era ao tempo um comerciante que morava na rua dos Anjos e que era proprietário da célebre Quinta da Imagem, ali ao Caracol da Penha, ao virar para a rua de Arroios, quinta da qual o sr. João Marques da Silva, — era este o seu nome — ofereceu uma fatia à Câmara para alargamento da travessa do Caracol! E lá vimos que foi nessa sessão que o vogal da Comissão Administrativa do Município, sr. Costa Lima, propôs, e foi aprovado, para que a travessa passasse a ter o nome do proprietário local que contemplou a cidade com aquela nesga de terreno da sua quinta.
  Ora veja lá o leitor como estas coisas são!
  Mas ficava ainda um caso por resolver: o dos letreiros com a indicação do homenageado ter sido escritor e ter nascido e morrido em tais datas. Que estava mal, estava; mas as indicações também não tinham sido postas ali à toa. Tratava-se pois, evidentemente, duma confusão. E o escritor Marques da Silva aparecia outra vez. Com que homem de letras se teria confundido o Marques da Silva da Quinta da Imagem? Continuámos percorrendo a vereda das pesquisas, até que por fim chegámos à conclusão de que o escritor que os serviços camarários supunham estar memorando nos dísticos da artéria era o Salvador Marques que também era da Silva e que na verdade nascera em 1844 e falecera em 1907. Deve-se porém notar que o escritor dramático Salvador Marques foi sempre conhecido por este nome e nunca por Marques da Silva.
  E basta. Ponhamos de lado este assunto mas já agora convidemos a Ex.ma Câmara a apagar dos dísticos da torcicolada via pública as datas que lá estão e a substituir o adjectivo escritor pelo de benemérito.

Luiz Pastor de Macedo, Lisboa de Lés-a-Lés, vol. IV, Pub. Culturais da C.M.L., Lisboa, 1968, pp. 54-58.


 À Quinta da Imagem lá iremos... a seu tempo.


Rua Marques da Silva, 44 (antigo nº 7 ou 9?) e Av. Almirante Reis, 107 (actual 113), Lisboa, 1898-1908.
Arquivo Fotográfico da C.M.L..

Escrito com Bic Laranja às 13:32
Verbete | comentar | comentários (4)
Sábado, 25 de Abril de 2009

Caracol da Penha

 Numa jornada atrasada vinha eu na Rua de Arroios. Tinha o propósito de chegar ao Largo e dizer algo da sua história mas detive-me um pouco abaixo para falar antes na Fábrica de Lanifícios; entretanto dispersei-me. Torno aqui àquele caminho, mas antes de prosseguir para Arroios merece o benévolo leitor que reproduza aqui o que nos disseram os autores antigos sobre o (passe a repetição) antigo Caracol da Penha:

Rua Marques da Silva, Lisboa (A.Goulart, s.d.)
Rua Marques da Silva, Lisboa, [s.d.].
Artur Goulart, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..

« Marques da Silva (Rua) — Freguesia de Arroios e da Penha de França — O nome mais antigo que sabemos ter tido é o de calçada da Penha de França (desde 1710), passando alguns anos depois, ao tempo do terremoto, a ser designada por Caracol da Penha ou por travessa do Caracol da Penha.
   Castilho, que na sua Lisboa Antiga [vol. IX, 2ª ed. p. 173] se ocupou desta serventia pública, diz-nos: « O próprio Caracol da Penha (que parece tão calado) se o interrogarmos, dir-nos-á que ainda em 1857 não era mais que uma estreita e pitoresca azinhaga, com foros de caminho de pé posto. Passar aí de noite, só Amadis de Gaula ou Ferrabraz da Alexandria; quaisquer outros mortais eram exterminados.
   « Em sessão de 2 de Abril desse ano de 1857 (nos dirá o Caracol) recebeu da Câmara de Lisboa participação de haver sido aprovada pelo Conselho Distrital a deliberação tomada em 2 de Março antecedente, para expropriação de certo terreno afim [sic] de se começarem ali alguns melhoramentos projectados (Anuário do Mun. de Lisboa, 1857, n.º 33, p. 260).
   « Em sessão de 10 de Dezembro, autoriza a Câmara o alargamento do Caracol, segundo a planta do engenheiro (Idem 1859, n.º 44, p. 361).
   « Finalmente, em 11 de Julho de 1859 determinou-se que se anunciasse a arrematação da obra da muralha (Id., ib.), na estrada que trepa elegantemente aquela encosta a pino.»
   As obras então ali feitas tiveram incontestàvelmente alguma importância, e por isso, em 1863, Vilhena Barbosa já nos dizia: « do lado oeste mostra o monte a sua maior altura com muito íngreme declive, por onde dantes subia o escabroso e tortuoso caminho chamado Caracol da Penha de França, que ora vemos substituído por uma bela estrada macadamizada, em zig-zag, orlada de árvores e iluminada a gaz» (Arq. Pitoresco, vol. VI, p. 71.).
   No entanto não teriam de ser estes os últimos melhoramentos com que a Rua foi beneficiada, e assim, chegados a 1891, vemos a que a artéria tinha sido de novo alargada, se não em toda a sua extensão, pelo menos na parte que desemboca na Rua de Arroios. Neste ano, também, foi a rua crismada e da pitoresca denominação de Caracol da Penha passou, insìpidamente, a ter a de Rua Marques da Silva. Assim o determinou o edital saído a 5 de Outubro.
   Perguntemos agora: Marques da Silva porquê? [...] »

Luiz Pastor de Macedo, Lisboa de Lés-a-Lés, vol. IV, Pub. Culturais da C.M.L., Lisboa, 1968, pp. 52-54.

Rua Marques da Silva, Lisboa (A.Goulart, s.d.)
Rua Marques da Silva, Lisboa, [s.d.].
Idem, ibidem.

Escrito com Bic Laranja às 13:45
Verbete | comentar | comentários (16)
Quinta-feira, 23 de Abril de 2009

A apropriação da memória

Salazar (c) Time Inc.

 Inaugurar o Largo Dr. Salazar no dia 25 de Abril é idêntico à apropriação do nome da ponte sobre o Tejo. Cuido que há forma mais elevada de fazer as coisas. No caso do largo em de Santa Comba Dão seria inaugurá-lo na data de nascimento do homenageado, dia 28 de Abril. Temo é que não haja gente à altura.

Escrito com Bic Laranja às 15:24
Verbete | comentar | comentários (22)
Quarta-feira, 22 de Abril de 2009

Porto. Anos 80

Porto, Anos 80 (Pura Terylene Virgem)

 

Porto, Anos 80 (Pura Terylene Virgem)

Porto, Anos 80 (Pura Terylene Virgem)

Porto, Anos 80 (Pura Terylene Virgem)

Porto, Anos 80 (Forum Auto-Hoje)

Porto, Anos 80 (Forum Auto-Hoje)


Música: Ribeira, Jafu-Mega (1981).
Fotografias: Carlos Duarte, in
Pura Terylene Virgem.
Postais: Fórum Auto-Hoje.


(Revisto em 26/XI/17 e na sexta-feira Santa de 2020 (cantiga).)

Escrito com Bic Laranja às 00:27
Verbete | comentar | comentários (5)
Terça-feira, 21 de Abril de 2009

Uma fantástica antologia de 'thrillers'



 O que eu gostava de saber é se alguém usou a minha televisão, com o objectivo de obter alguma vantagem, ilegítima...
 O que eu gostava de saber é se alguém usou a minha televisão, com o objectivo de obter alguma vantagem, ilegítima...
 O que eu gostava de saber é se alguém usou a minha televisão, com o objectivo de obter alguma vantagem, ilegítima...


(Imagens... da R.T.P.)

Escrito com Bic Laranja às 22:13
Verbete | comentar | comentários (5)
Segunda-feira, 20 de Abril de 2009

Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida [!!!]

 Quando os fundadores da Biologia, da Botânica, etc. se dedicaram à taxionomia, como homens eruditos que eram, foi com naturalidade usaram o Latim (e o Grego) para nomearem as espécies. (Mesmo os casos extravagantes obtêm nomes latinizados.) Desde então (ou na era mais recente) a banalidade ganhou foros de ciência e muito iletrado alfabetizado em massa ganhou estatuto de doutor.
 Isto posto, alguém encontra a razão do sórdido nome do conselho para o tratamento da infertilidade?
 

Maternidade Alfredo da Costa, Lisboa (M.Novais, s.d.)
Maternidade Dr. Alfredo da Costa, Lisboa,[s.d.].
Fotografia: Estúdio de Mário de Novaes (1933-1983), in
Biblioteca de Arte da F.C.G..

(Ajeitado às 11h20 da noite.)

Escrito com Bic Laranja às 22:50
Verbete | comentar | comentários (4)
Domingo, 19 de Abril de 2009

Know by Now


Robert Palmer - Know By Now
(1994)

Escrito com Bic Laranja às 16:57
Verbete | comentar | comentários (8)

Semântica do enriquecimento

"ilícito", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2009, http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx?pal=ilícito [consultado em 2009-04-19].
 Ouvi anteontem a srª procuradora Cândida de Almeida a enunciar o enriquecimento sem causa. - Esta façanha de haver alguém enriquecendo sem causa deve remeter para o Divino pois não se concebe nada sem causa senão Ele. Por este ponto de vista só, seria avisado pôr mais ponderação na caça aos ricos, vá lá saber-se em que malha nos iremos enredar... - No caso, faltou à srª procuradora dizer, é claro, causa conhecida. O como enriquece alguém.
 Este assunto de como se ganha muito dinheiro na vida assombra alguma gente (como eu, que fico assombrado com a dor de cotovelo que me sempre dá ver passar qualquer figurão num descapotável). Até aqui, a Lei considerava o enriquecimento como tendo causa legal ou ilegal. Ultimamente uns novos moralões ditam que se incrimine quixotes-
camente o porquê da riqueza; a Assembleia legisla obedientemente e delega na consciência do almoxarife (o que torna a dor de cotovelo aleatoriamente perigosa).
 Está certíssima a nova terminologia enriquecimento ilícito: a semântica da nova lei propõe penas ao enriquecimento contrário à moral e à consciência. Conto que a moral dos ricos e a consciência dos enriquecidos venha a ser muito debatida na especialidade para servir de guião aos fiscais dos impostos. Como exemplo estude-se o caso daquele ex-ministro das Obras Públicas que se demitiu de consciência (politicamente) pesada por ruir uma ponte; por ironia ganha agora honestamente a vida como administrador duma grande empresa de obras. Calculo que fique mais rico de ano para ano, sem negar que pague justamente os seus impostos. Ele próprio admitiu em entrevista que, por conhecer governantes, ex-governantes, políticos de aparelho, todos os banqueiros e outros empresários, família, amigos, compadres, etc. potencia os negócios do seu patrão. Disse-o tão naturalmente quanto sabe o impossível que é taxar a rede clientelar de qualquer tratante (salvo indirectamente nos próprios negócios, se forem claros). Tal como não se pode incriminar alguém por ganhar dinheiro só porque conhece muita gente de negócios. Este modo de ganhar a vida pode só recriminar-se, nada mais. Não gera receita fiscal. Mas pode fazer-se de conta: através duma lei que cobre 60% ou 70% de imposto quando alguém tropeçar, digamos... numa mala cheia de dinheiro. Propaga (propagandeia) isto com vantagem uma certa moral que colhe votos e a mim reconforta da dor de cotovelo pelos descapotáveis dos outros.
 Aos fiscais das Finanças não imagino...

Escrito com Bic Laranja às 15:06
Verbete | comentar | comentários (2)
Sábado, 18 de Abril de 2009

Surpresa?

A Susan Boyle é feia? Ou somos nós? No sábado à noite ela esteve em placo no Britain's Got Talent [espécie de Chuva de Estrelas?];  baixa, gorducha, com nariz achatado, dentes tortos e cabelo mal amanhado. Vestia um vestido rendilhado que lhe dava o ar dum porquinho num napperon. Entrevistada antes pelo Ant e pelo Dec [elementos do júri, suponho], disse-lhes que estava desempregada, era solteira, vivia com um gato chamado Pebbles e nunca fora beijada [...] "

Tanya Gold, The Guardian, 16/4/2009 (a tradução é minha).

 Parece impossível, do que vejo da televisão e do mundo do espectáculo, que não houvesse naquele programa um maquilhador, uma cabeleireira, etc... O fenómeno Susan Boyle é tão burlescamente encenado que mete dó. Que os fabricantes da moda fashion e os anotadores da agenda mediática se possam sentir mal com os modelos frívolos que propõem não me admira. Agora que queiram pespegar em mim os engulhos de consciência que (não) têm, desenganem-se.

Escrito com Bic Laranja às 11:07
Verbete | comentar | comentários (8)
Quinta-feira, 16 de Abril de 2009

Cautela e caldos de galinha

 Tem-me certas vezes dito alguém que prezo que as ironias daqui sobre alguma gente grada despertam poucos comentários porque as pessoas se arreceiam.
 Bom! Sei que no tempo antigo o respeitinho era muito bonito, mas oiço por todo lado dizer que isso era dantes e que entretanto acabou. Em boa verdade, ele pode ser que sim, pode ser que não... Não sei. Certo é que uma mentira muitas vezes repetida parece que se torna verdade; a gente convence-se. Mas também sei que a ironia é um exercício difícil e, em sendo fraca, tende a não suscitar comentários de espécie nenhuma. — Como no caso da gente grada que viso daqui! — Cuido que é disso que se trata: falta de acerto com a ironia. Vale-me que cativam facilmente, sem obrigar a tomar partidos, umas fotografias nostálgicas ou umas historietas de quando era miúdo... — Como aquela de eu gostar de comer caldos Knorr aos bocadões, sem moderação. A minha mãe não apreciava aquilo; dava-me só umas lascas e dizia: — "Cautela, filho, que isso em demasia pode fazer mal!"

Caldo de galinha(Imagem adaptada dos Dias que Voam.)

 Não acho que tenha nada a ver. A Origem das Espécies fechou.

Escrito com Bic Laranja às 19:16
Verbete | comentar | comentários (14)

Visita de médico

Visitaante nº 152.611

- Não se demora mais um bocadinho?!...
- Beba mais um copo! As sardinhas estão ao lume.

Escrito com Bic Laranja às 00:04
Verbete | comentar | comentários (12)
Quarta-feira, 15 de Abril de 2009

Ministro da Fazenda

Estatística...

Achei que devia pôr aqui uma palavrinha de boas-vindas ao sr. ministro.

(Fonte: Analytics do Google)

Escrito com Bic Laranja às 17:54
Verbete | comentar | comentários (2)

Mangas de alpaca (geração XXI)

Chimpanzés de gravata certificada

 Ontem pus  que o sr. primeiro ministro fora a Sintra dizer coisas sobre comarcas judiciais. Em rigor em rigor, a coisa agora dá pelo nome de 'Mapa Judiciáiro'. A diferença aparente de nos referirmos a comarcas ou a um 'mapa' é a que vai dum sisudo oficial da velha guarda do ministério a um assessor de fato folgado, nó de gravata certificado e gabinete a seguir ao do ministro... E que faz desenhos num mapa.

(A imagem é da Não-Enciclopédia e só por disparate calhou cá.)

Escrito com Bic Laranja às 11:32
Verbete | comentar | comentários (2)
Terça-feira, 14 de Abril de 2009

Do discurso

 O sr. primeiro ministro - que aparece todos os dias na televisão a dizer coisas - foi hoje a Sintra dizer coisas sobre comarcas judiciais. O sr. presidente da Câmara de Sintra - que aparece todas as semanas na televisão dizendo sobre coisas da bola - lá o recebeu ao pé do tribunal.
 O que eu gostaria de ouvir destes senhores é se acham que o I.C. 19 já vale a pena.

Cacém (c) 2008
I.C. 19 vai valer a pena, Cacém, 2008.
(c) Luísa Gonçalves.

Escrito com Bic Laranja às 19:40
Verbete | comentar | comentários (6)

Das inaugurações

 Hospital de Santa Maria inaugura hoje farmácia... O sr. primeiro ministro e a srª ministra da Saúde comparecem à cerimónia. O hospital inaugura e Suas. Exas. comparecem. Parece macarrónico mas ficaria mal pôr no jornal: Primeiro ministro e ministra da Saúde inauguram hoje uma farmácia...
 De todo o modo, abrir lojas de remédios ao lado das Urgências dos hospitais é um ovo de Colombo. Mérito ao governo, pois claro! Mais brilhante - assim que me lembre agora - só se fosse abrir lojas de inaugurações ao lado de ministérios.
 De dar a um particular o rendoso negócio da venda de remédios à saída da Urgência, enfim... é a moda que nos rege: é de senso comum que os hospitais não são para gerir farmácias, mesmo possuindo dispensários. Calhando sabem melhor ser senhorios. E inaugurar inquilinos.


Hospital de Santa Maria, Lisboa (A. Passaporte, c. 1954)
Hospital Escolar - entrada principal, Lisboa, c. 1954.
António Passaporte, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..

Escrito com Bic Laranja às 19:00
Verbete | comentar | comentários (3)

Março 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
15
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Visitante



Selo de garantia

pesquisar

Ligações

Adamastor (O)
Apartado 53
Bic Cristal
Blog[o] de Cheiros
Carmo e a Trindade (O)
Chove
Cidade Surpreendente (A)
Corta-Fitas(pub)
Dragoscópio
Eléctricos
Espectador Portuguez (O)
Estado Sentido
Eternas Saudades do Futuro
Fadocravo
Firefox contra o Acordo Ortográfico
Fugas do meu tinteiro
H Gasolim Ultramarino
Ilustração Portuguesa
Kruzes Kanhoto
Lisboa
Lisboa Actual
Lisboa de Antigamente (pub)
Lisboa Desaparecida
Menina Marota
Meu Bazar de Ideias
Paixão por Lisboa
Pena e Espada(pub)
Perspectivas(pub)
Planeta dos Macacos (O)
Pombalinho
Porta da Loja
Porto e não só (Do)
Portugal em Postais Antigos(pub)
Retalhos de Bem-Fica
Restos de Colecção
Rio das Maçãs(pub)
Ruas de Lisboa com Alguma História
Ruinarte(pub)
Santa Nostalgia
Terra das Vacas (Na)
Tradicionalista (O)
Ultramar

arquivo

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Novembro 2005

Outubro 2005

Setembro 2005

Agosto 2005

Julho 2005

Junho 2005

Maio 2005

Abril 2005

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.