(Imagens da Editorial Verbo e do museu da Presidência)
Nat King Cole, Stardust
Sufragistas. A mulher com o trompete é identificada como Rosa Sanderson.
Publicada por Associações Livres do Dr. X.
Na minha casa, talvez por um princípio de precedência hierárquica, a gasosa era comprada na mercearia das Bitas. A taberna do sr. João estava reservada para o fornecimento de tinto que, aos domingos era do "especial", avalizado pelos adeptos do Vitória que, nos dias em que o clube fazia jus ao nome, transportavam a taça, erguida, Capitão Roby acima, em horda ululante que desembocava no balcão onde o troféu era atestado com o conteúdo do pipo apropriado, rodando depois de mão em mão, a matar a sêde daquelas bocas que não tinham regateado gritos de incentivo ao seu clube nem impropérios ao árbitro. Estas libações eram, por vezes, acompanhadas por algum petisco, obra da D. Rosa, esposa do sr. João e era tal o júbilo que conseguía mesmo alegrar o olhar, usualmente triste, da filha do casal, que faleceu muito nova, por oposição a um garnisé que faleceu muito velho, depois de uma longa reforma passada num poleiro sobre o lavatório de canto, debaixo da vigilância do "Boby", um rafeiro que deve ter enviuvado muito cedo, pois sempre o conheci trajando luto carregado.
A.v.o.
Comentário de Attenti al Gatti em 24 de Setembro de 2009.
Desfile comemorativo da subida do V.C.L. à III Divisão Nacional de futebol, Picheleira, 1977.
[Ao centro a Cajoca mãe (sr.ª D.ª Eugénia, que Deus haja), ao lado o João Pingalim e atrás o Manuel Costa; o Ford Cortina verde azeitona era pertença do David Chitas.]
Cliché do sr. Vieira da Silva, in De Cabelos em Pé.
Exmos. Srs.,
O meu nº de telefone XXXXXXXXX é confidencial. Exijo, por conseguinte, que tal seja respeitado e o nº em causa não seja por vós facultado a ninguém, nem que seja a S. Exª o presidente da República. A menos que haja ordem dalgum juiz.
Faço-vos esta reclamação com manifesto desagrado, por ter começado a receber mensagens da D.G.S. no meu telefone ao abrigo dum acordo entre essa entidade e a Vodafone (http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1365328). Não me parece legítimo que um vulgar acordo entre a Vodafone e qualquer outra entidade viole a confidencialidade dum nº de telefone particular. Tenho a informar-vos que se tornar a receber mensagens da D.G.S. neste telefone, do teor anunciado no tal acordo ou outras, terei de reavaliar os contratos que tenho convosco.
Cumprimentos,
[Assinante identificado]
(Imagem: D.N..)
O regulador da saúde - nos casos de muita saúde - compete-lhe regulá-la para níveis normais. Isto para evitar que haja quem ande por aí a vender saúde e venha a fazer disso outro negócio pandémico que prejudique o H1N1.
O regulador da comunicação encarrega-se da divulgação e promoção (marketing) da pandemia certa. Mesmo nos casos importados...
O Piruças entretanto deve ter reguladas as Companhias de Telefones para, por sms, regular-me para ficar em casa se me sentir engripado. Talvez no futuro me regule para botar o voto certo e me envie uma máscara certificada pelo regulamento da D.G.S. para não deixar de fazê-lo, mesmo se engripado.
Entretanto os chips as vacinas pandémicas estão a caminho.
(Texto revisto.)
Depois de experimentar os transportes públicos, o empreendedor de iniciativas Costa torna todos os dias a casa à pendura, ao fim dum estafante dia de trabalho.
(Foto: Lisboa Desaparecida, vol. 3.)
É eles a darem-lhe e o burro a fugir. Hoje parece que a corrida foi de Porsche, de Metro e a dar ao pedal. Aqui vos deixo o padroeiro do dia, um burro experimenta design, hoje ausente da corrida por afazeres inadiáveis no jardim de Santos.
Foto: Charles Chusseau-Flaviens, in George Eastman House.
Campanha eleitoral: palco com rodas, Saldanha, 2009.
Fotografia: Quero andar a pé! Posso?
Uma reclamação ao M.E.P. obteve uma resposta em redondilha maior que quando cantada dá a já costumeira cacofonia democrática:
Com o devido respeito pela sua opinião, gostaria de lhe dizer que o Movimento Esperança Portugal não "estaciona” o autocarro em cima do passeio. O Movimento Esperança Portugal está em campanha eleitoral [...] Considere o nosso autocarro um palco com rodas. É isso mesmo que andamos a fazer e não tem nada a ver com estacionamento.
Rui Nunes da Silva, M.E.P..
(*) Crismado por Carlos Medina Ribeiro.
Há muito tempo era habitual ir à taberna antes do almoço, ou antes do jantar, comprar 1/2 litro de vinho palheto. Nalgumas vezes pedia à minha mãe para trazer uma gasosa. Quando ela entendia que sim dava-me o dinheiro, mas sem contar com o vasilhame, cujo valor, por trato mais antigo que a minha pouca idade entre os meus pais e o taberneiro, era normalmente resolvido com um - "Dê-me também uma gasosa, sr. Alberto, que ao depois venho cá trazer a garrafa".
Certo dia foi o Beto, o filho mais espigadote do sr. Alberto que me atendeu.
- O dinheiro não chega.
- Não chega?! Mas a gasosa não custa... (não me lembro quanto)?
- Custa, mas não trazes depósito.
- Pois não. Mas ao depois costumo trazer cá a garrafa.
O Beto apontou muito satisfeito de si para cima dos pipos de vinho e leu-me sonoramente os dizeres duma tabuleta que eu sempre lá vira mas que até ali nunca houvera entendido:
- Não se vendem refrigerantes sem vasilhame.
Mesmo sem saber o significado de vasilhame eu percebi o recado. Quando fosse para comprar gasosas devia ir à taberna do sr. João.
(Fotografia: Estúdio de Horácio de Novaes (1933-1983), in Biblioteca de Arte da F.C.G.)
Obra a obra Lisboa SOSsobra (soçobra).
Quinta da Salgada (esq.) e Quinta das Conchas (dir.), Marvila, 2008.
Um verbo deletado.
Anteontem, (vi por acaso ontem o resumo, não estava a par) o primeiro ministro de Portugal prestou preito e homenagem a um chocarreiro em directo pela TV e em horário nobre. Com tão baixo controlo de emoções como lhe é conhecido, pôr-se a jeito assim à chacota é no mínimo mau aviso, para não dizer falta de inteligência. Mas descartando o despropósito, não mandaria o protocolo de Estado que fosse antes o chocarreiro a S. Bento? E não mandaria a dignidade do alto cargo, dado o motivo ser chacota, que nem passasse o chocarreiro a soleira da porta? Noutro tempo, é sabido, tinham os grandes senhores bobos na sua corte; hoje, em nome sabe-se lá de quê, mais parece que são os bobos a ter grandes senhores como vassalos (a maledicência pode ir longe). Como longe vai a suserania da comunicação social sobre os governos, mormente quando por agentes lhe bastam uns truões petulantes e sem graça.
Ontem lá estava também a matrona Ferreira Leite (que lá terá a mesma precedência que o chocarreiro no protocolo de Estado). Dominou-o airosamente e não admira. Se era para fazer pouco, fez ela bem em exigir previamente as perguntas.
Presidente Carmona, Salazar, ministros e chefias militares (antecedidos, julgo, pelo chefe de protocolo), Lisboa, [s.d.].
Fotografia: Estúdio de Horácio de Novaes (1933-1983), in Biblioteca de Arte da F.C.G.
Companhia das Lezírias, Ribatejo, [s.d.].
Fotografia: Estúdio de Mário de Novaes (1933-1983), in Biblioteca de Arte da F.C.G.
Por causa duma garrochada mal calculada no presidente da Câmara aqui há dias, aproveitou a filarmónica do dr. Pedro Lopes para meter um pasodoble nas suas páginas de campanha e tocar para cá. Agradeço-lhe a gentileza, mas manda-me a cortesia dizer-lhe que não se iluda ele com o pasto desta lezíria. É que vai na volta pego no pampilho e não evito encabrestar a manada toda a eito.
(Ajeitado às 11h30 da noite.)
Segundo pude ler, peças de teatro portuguesas da Renascença, incluindo, claro, Gil Vicente, mencionam a Folia como uma dança de pastores e camponeses. E se bem compreendi, apesar da Folia ser muito mais antiga, as primeiras variações sobre o tema vieram a ser publicadas em meado séc. XVII. Contudo na introdução desta peça, Jordi Savall diz-nos que a primeira vez que a melodia aparece registada num manuscrito antigo é num cancioneiro espanhol, anónimo, do final do séc. XV. Trata-se do vilancico Rodrigo Martinez.
Na peça Jordi Savall e o grupo executam uma bonita variação sobre o tema da primeira Folia conhecida.
Jordi Savall, Folia (c. 1490)
Euskal barrokensemble - Lully, Marche pour la cérémonie des Turcs
« Só seis empresas de França, Reino Unido e Alemanha estão certificadas para vender carris, material eléctrico e electrónico, carruagens, etc. para o T.G.V.. A Espanha tem três empresas certificadas para as pontes e a infra-
-estrutura [...] Os três grandes da U.E. exportariam para Portugal 65 a 74% dos 5 mil milhões, a Espanha uns 20% e as nossas três mega-empresas 8 a 9%.»
Jack Soifer, «Alta Velocidade», Oje, 20 de Janeiro de 2009.
A ser realmente assim (e não vejo razão para duvidar), a discussão sobre o T.G.V. anda fora dos carris há muito. Ultimamente chegam a fazer do caso uma contenda entre portugueses e espanhóis. Do que vejo os espanhóis estão a ser levados na intrujice tanto quanto os portugueses. De 2/3 a 3/4 do negócio revertem para um cartel de fornecedores anglo-franco-alemão (quem haveria de ser?). Por mais subsídios que chovam da U.E., logo percebemos aonde haverão de tornar. Em Portugal, o retorno do investimento parece-me mais que duvidoso - quem me desmentir pondere se algum português, tão cioso do seu belo carrinho, irá de T.G.V. de Lisboa ao Porto ou vice-versa, dispondo de duas auto-estradas, do Alfa (mais barato que o T.G.V., certamente) ou do avião (sempre mais rápido).
Ora do que vejo e ouço destes fanfarrões eleiçoeiros de cá, acicatar os ânimos entre portugueses e espanhóis por causa duma negociata interesseira que aproveita a quem já vimos, não passa, claro, dum ardil de caça ao voto à conta da natureza própria (ultrapassada ou não) de portugueses e castelhanos. Aos do P.S.D. - não duvido - assim que ouçam a campainha do páre-escute-olhe, logo baixarão a cancela para o T.G.V. passar. É uma questão de oportunidade (quisessem resolver verdadeira questão com a Espanha ouvir-se-lhes-ia antes falar de Olivença). Tenho para mim, ao nível em que vai a discussão, que a irresponsabilidade desta espécie de gente chega a ser criminosa. Para melhor juízo disso aqui fica o recorte com a notícia completa.
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