Aretha Franklin, Don't Play That Song For Me
(Cliff Richard Show, 1970)
« Pergunto-me a mim, como é que num país em que se constrói mais do que se consegue vender, porque é que não travam a construção nova e se dedicam ao restauro? Porque é que se desvalorizam autênticos tesouros em troca de pesadelos arquitectónicos? Porque é que não protegem o nosso património e gastam somas exorbitantes em projectos efémeros e de utilidade duvidosa?»
Gastão de Brito e Silva, Ruin'Arte, 28/1/2010.
Palácio das Obras Novas, Vala da Azambuja, 2007.
Levantada pelo capitão engenheiro J. A. de Abreu, vogal secretário da Comissão do Tombo dos Bens da Coroa, em 1844.
Notai como curiosidade que a ribeira de Barcarena não corria como hoje, direita ao Tejo após a ponte da Estrada de Paço de Arcos, serpenteando antes para nascente e indo desaguar além do forte de São Bruno.
Litografia de A. C. Lemos, 1844. - 1 pl. : color. ; 79 x 58 cm.
Em Novembro de 2005 dei aqui conta do arranjo da fonte da Alameda. Parece-me que vai já para dois anos que não funciona. Passear por lá é, aliás, pouco seguro – e muito menos à noite.
Num regime prenhe de aeroportos e comboios de proporções bíblicas a fonte da Alameda é um diluviozinho sem interesse. De mais a mais edificado pelo lado errado da República...
Fonte luminosa, Alameda de Dom Afonso Henriques, post 1948.
Horácio de Novais, in Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian.
Fonte monumental inaugurada em 30 de Maio de 1948, localizada na Alameda Dom Afonso Henriques.
Autores do projecto: Carlos Rebelo de Andrade e Guilherme Rebelo de Andrade.
Escultores: Diogo de Macedo, Maximiniano Alves.
Ceramista: Jorge Barradas.
Fotógrafo: Horácio Novais (1910-1988).
Data de Produção da fotografia original: posterior a 1948.
(In Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian.)
Este hábito dos doutores da comunicação forrarem o léxico com ganga importada devia tornar-se mais higiénico. Sugiro-lhes daqui um Palavrão... para depositarem detritos lexicais caídos de maduros como bando ou quadrilha. Podem adicioná-lo aos ecopontos a par do pilhão, devido ao ácido.
(Recorte na 1ª pág. do Sol, 24/1/2010.)
Em modernas escutas a moda é ferir a prosódia com aférese.
Não me abona dizê-lo mas quis ouvir as conversas dos pintos dourados para gozar a certeza que tenho da trafulhice do fenómeno desportivo (leia-se bola). A chafurdice, porém, é bem pior do que eu a fazia; tanto que ainda me chegou a surpreender o nível dos figurões. Não o imaginava tão reles.
Percebe-se bem nas conversas que os galos da bola metem muito respeitinho e que os árbitros são apenas pajens acagaçados. E outros que o parecem também ser são esses pretensos pavões do comentário que nas TV se levam a si mesmos tão à séria. Pois até agora não nos ouvi mais que grasnar sobre se é legal ou deixa de ser legal as 'cutas terem fugido para a Net – uma bizantinice para entreter o pagode. Sobre o conteúdo das conversas – ou das 'cutas, como eles o entoam – nem um pio. Mais dourados ou menos dourados, parecem-me todos eles pintos duma certa cultura de aviário. Se desdouram, nem a galinhas chegam.
(Pintaínho enquadrado através do Google)
Já me pareceu antes com umas casas na António Augusto de Aguiar... Até a Santa Casa parece especular da maneira mais ignóbil com imóveis em Lisboa. Que missão é afinal a da Misericórdia de Lisboa?
Património da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Avenida Casal Ribeiro, 53, Lisboa, 2008.
No Monopólio joga-se à compra e venda de propriedades, aluguer de terrenos, construção de casas e hotéis. No meu tempo o Monopólio era um jogo da Majora...
Jogos Santa Casa, Lisboa, 2010.
A 20 de Janeiro tem uma hora por inteiro e, quem bem souber contar, hora e meia lhe há-de achar.
Companhia das Lezírias, Ribatejo, [s.d.].
Fotografia: Estúdio de Mário de Novaes, in Biblioteca de Arte da F.C.G..
Segundo Ralph Delgado, antiga do Braço de Prata (A Antiga Freguesia dos Olivais, [s.n]. Lisboa, 1969, p. 29). Na Lisboa de Lés a Lés (vol. II, 2ª ed., p. 222 e ss..) lê-se que foi propriedade de António de Sousa de Meneses, de alcunha o Braço de Prata, por ter perdido o braço direito duma canhonada dos holandeses em Pernambuco (Itamaracá, 1638). Passou então a usar um braço postiço de prata e acabou por legar a alcunha à quinta do lugar de Nossa Senhora dos Olivais (quinta do Botol ou Rotol Older, um súbdito inglês que a perdeu por dívida...) que fora doada a seu pai, Francisco de Sousa de Meneses, copeiro-mor do Cardeal D. Henrique e de D. Filipe I.
Instituiu em 1683 morgado destas quintas dos Olivais (Matinha ou do Braço de Prata) e do seu palácio de Santa Apolónia (pertença hoje da companhia dos Caminhos de Ferro). O morgado veio a passar sucessivamente aos descendentes de suas irmãs, D. Mariana, D. Margarida e D. Maria Henriques. A história da sucessão no morgado vem no 1.º vol. do Caminho do Oriente: Guia Histórico, quando se refere o palácio de Santa Apolónia
Da quinta da Matinha mantêm-se umas casas na Rua do Vale Formoso de Baixo, nos 124-132 que foram do pessoal da antiga fábrica do gás. A quinta teve instalada no séc. XIX uma fábrica de cortiça; depois fez-se a fábrica do gás (que sucedeu à de Belém) que começou a laborar em Novembro de 1943, embora inaugurada em 1944 (M.ª de Fátima Jorge, «Fábrica de Gás da Matinha», in A.P.A.I., Arqueologia & Indústria, n.º 2/3, 1999).
O complexo da Matinha, juntamente com as refinarias da Sacor no Cabo Ruivo, foi desactivado aquando da Expo 98. Subsistem algumas estruturas industriais tidas de interesse arqueológico. A urbanização destes terrenos da Matinha está na calha.
Uma perspectiva contemporânea de contraponto possível ao pitoresco da imagem pode ser colher-se nas vistas de rua do Google.
Litogravura: Archivo Pittoresco, t. VII, 1864.
(Revisto em 23/IX/20.)
Fotografias: Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Anteontem, num desses incontáveis programas onde se badala à tripa-forra sobre a bola, o penalty e o árbitro, destacavam em rodapé: Drama no Leixões: jogador haitiano Jean Sony sem notícias da família. É um drama, sim, para o jogador, para a família e, por extensão, para os desafortunados haitianos. Mas traduzir uma desgraça assim num título Drama no Leixões exprime uma noção muito particular da realidade que não ultrapassa um horizonte de recreio de colégio.
Ia dizer que isto é mera coisa de jornalistas de jardim-escola, não fora este ilusório entendimento da realidade ser tão generalizado que o vejo irreflectidamente alardeado da baixa à alta vilanagem. Qualquer folhear dum jornal de ontem dá inúmeros exemplos sonantes, desde tegevês para surfistas, pandemias de vacinas, auto-estradas para lugares ermos, sardinha com certificação sustentável ou até as funções públicas de alto relevo do incubado dr. Pedro Lopes.
Ainda assim estes exemplos, para lá do malbaratar absurdo de recursos por gente tão pouco escrupulosa quanto inteligente, podem aparentemente ser inócuos, mas atenção: a estupidez pode tornar-se criminosa. Pois agora imagino haver cá um terramoto a valer e ser esta gente de entendimento tolhido que há-de vir a organizar o socorro.
(Imagem do blogo do Tinoni.)
O grande Afonso de Albuquerque morreu em 1515 em Goa mal com os homens por amor de el-rei e mal com el-rei por amor dos homens. As intrigas tecidas contra ele na corte motivaram el-rei D. Manuel a substituí-lo injustamente do governo da Índia. Quando, porém, reconheceu os grandes feitos que Afonso de Albuquerque cometera ao seu serviço logo ordenou el-rei, para lhe perpetuar o nome, que o filho do governador e toda a descendência viessem a tomar o nome Afonso. E se na linhagem viesse a haver filha e não filho varão, então que se chamasse Afonsa.
Isto é o que se me oferece dizer sobre funções públicas de alto relevo.
Afonso de Albuquerque (c. 1450-1515)
« A sardinha capturada na costa portuguesa vai passar, a partir desta sexta-feira [não dizem a que horas começa], a ter uma certificação de qualidade [...] Desta forma, fica reconhecido que todo o processo desde a pesca da sardinha até à chegada à mesa dos consumidores respeita a sustentabilidade [...] »
T.S.F., 15/1/2010.
Parabéns à sardinha e à sustentabilidade...
— Epá, por falar disso! Tenho que revalidar a minha...
Sesta dos pescadores, Nazaré, 1958.
Reg Birkett, in Getty/images via Associação Portuguesa de Photographia.
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