Elton John & Kiki Dee, Don't Go Breaking My Heart
(1976)
Como uma banal fotografia duma saída do Metro nos dá uma cidade completamente transfigurada! O quarteirão da Avenida da República ao fundo, entre o Campo Pequeno e a Barbosa du Bocage, está irreconhecível. Foi todo demolido.
Gente bem apresentada saindo do Metro.
Nem a cidade nem a gente têm hoje tão bom ar, parece-me... - A cidade, decididamente, não tem!
Metro: Campo Pequeno, na esquina da Av. de Berna, Lisboa, anos 60.
Fotografia: Estúdio de Horácio de Novais, in Biblioteca de Arte da F.C.G..
Na telefonia propunham hoje, depois do almoço, um debate – ele agora diz-se forum – se Portugal devia promover uma campanha de relações públicas lá fora para melhorar a imagem. É esta mentalidade da imagem de algo se fabricar por artifício e não como corolário dum engenho e trabalho capazes que com certeza fundou a peneirosa doutrina do empreendedorismo.
Colorelle de L'Oréal, 1963.
Há dias a candidatura a Presidente do Dr. Fernando Nobre lançou os menestréis da opinião pública para a lírica demanda se a participação de pessoas da sociedade civil podia enriquecer o debate político.
Bom! No Antigo Regime havia a Nobreza, o Clero e o Povo, também dito o Terceiro Estado, mas a civilização progrediu muito desde a Revolução Francesa e agora temos a classe político-partidária, os jornalistas e a sociedade civil, também dita o cidadão comum.
Depreende-se assim melhor daquele linguajar como no Estado de Direito democrático só os cidadãos comuns é que são iguais perante a Lei.
« Conta quem por lá passou logo após a presença dos chefes de Estado e de Governo, em Dezembro de 2009, que a zona "foi deixada completamente ao abandono, coberta de detritos".»
In Público, 19/2/2010, apud «O que os meus olhos vêem», Lisboa S.O.S., 21/2/2010.
O que os meus olhos vêem, Belém, 2010.
Fotografia: Lisboa S.O.S..
... em tijolo de burro e poema em inglês.
The Housemartins - Build
(The People Who Grinned Themselves To Death, 1987)
(Conservado numa caixa de lata há quase três anos.)
Ouvi de manhã duma Parque Escolar, uma sociedade comercial com capital social do Estado (Entidade Pública Empresarial, é como se chama às empresas públicas agora) cujo negócio, sem os floreados panfletários da moda, se parece resumir em requalificar e modernizar os edifícios [das] escolas secundárias [...] e uma correcta gestão da conservação e manutenção dos edifícios após a intervenção. Se a primeira parte parece dizer um comum trabalho de obras públicas, a segunda já elabora muito mais: em rigor não é singelamente conservar edifícios, nem propriamente executar a manutenção de coisa nenhuma; é antes gestão – correcta, não vá alguém supor o contrário – da conservação e da manutenção. Este estilo de dizer as coisas é típico de gente que faz que sabe, simula que faz, mas que no fim só sabe pagar para alguém fazer. E só paga porque é dinheiro dos outros...
Isto leva-nos de volta à primeira parte (a requalificação e modernização de liceus) que é, afinal, mais elaborada do que parecia: algures no capítulo 5 do Relatório de Sustentabilidade (não recomendo a leitura mas não há perigo em só consultar) desta tão modelar empresa percebe-se que não passa ela duma intermediária para adjudicar empreitadas. — A bem dizer parece-me que nem tem gente capaz de redigir os próprios relatórios. O de sustentabilidade, p. ex., foi encomendado a uma tal Leadership Business Consulting com o objectivo de relatar, a todas as partes interessadas da empresa [as não interessadas e as que não forem da empresa não são chamadas], a estratégia, os principais compromissos e desafios da [própria] Parque Escolar. Imagine-se que gente tão à toa! Esta espécie de empresa contratou uma consultora para lhe ela ditar a cartilha por onde se há-de guiar. Talvez a verdadeira cartilha seja outra...
Ouvi, pois, de manhã que esta Parque Escolar, nas escolas secundárias em obras, não será meramente uma dona de obra sem manejo de pá nem balde. Ela torna-se efectivamente proprietária dos imóveis. Talvez o negócio desta empresa não seja só fazer obras com fato e gravata mas também além disso ir fazendo uma rica engorda imobiliária. Não tarda está boa para o talho das privatizações.
Liceu Pedro Nunes em obras, Lisboa, c. 1909.
Joshua Benoliel, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
(Texto revisto à meia-noite.)
Liguei a televisão e dizia no rodapé: Joe Berardo disponível para comprar a golden share [não terá isto tradução?] do Estado na Telecom.
Cuido que o comendador ainda deva gozar do crédito da C.G.D..
...
A moderna república romano-germânica guarda inúmeros cargos aos patrícios da Lusitânia. Ontem lá seguiu o cidadão Gaio Constâncio o seu Cursus Honorum.
(Escadote em...Reeditado em 18/III/13.)
Liguei a televisão. Está um cavalheiro que é presidente da Câmara de São Brás de Alportel, ar lavadinho, e duas damas. Parece que se atrapalhou ele algo para chegar e pareceu-me ouvir uma das damas: - "...e Lisboa não é uma slow city."
Uma selou cite...
São Brás de Alportel, Algarve, 2007.
O 7 lembro-me de o irmos apanhar à Alameda, ao pé do Pão de Açucar, quando íamos à Tia Etelvina em Odivelas. Também era costume apanhá-lo com o meu pai para a bola, mas nestas vezes descíamos à Praça do Chile, que para a bola o 7 era costume vir sempre muito cheio.
Das visitas à Tia Etelvina, ao domingo, recorda-me de certa vez, já tarde, que tornámos de táxi e não no 7. O primo Ludgero estava na tropa e veio connosco, tinha que voltar ao quartel. - Foi isto talvez em 74, que a Tia Etelvina andava em cuidados por não saber se o primo haveria de ir ou não para África; tenho memória de a minha mãe a descansar dizendo que com a revolução, era bem provável que já não fosse.
Pois nessa vez demos boleia ao primo até o Relógio. Como de costume houve disputa comigo e com o meu irmão para ver quem se sentava à frente. O meu pai ditou a ordem dizendo - "Quem vai à frente é quem usa farda. Os soldados são os mais importantes." - Resignámo-nos. O meu irmão fez questão de ser o último a entrar...
O táxi subiu pela Carriche e pelo Lumiar sem novidade para mim, habituado que estava ao caminho do 7. Estranhei foi o desvio no Campo Grande. Em crianças atentamos em tudo: ficou-me até hoje gravada a imagem nocturna daquela avenida (a 2ª circular) desconhecida, sem casas, iluminada com sucessivos candeeiros baixos e bem ritmados com o avanço do táxi. Parámos no Relógio e enquanto o primo Ludgero saía e se despedia, o meu irmão, afoito, galgou para o banco da frente. Ser o último a entrar dera-lhe afinal a vantagem de ser o primeiro a sair, o manhoso. Ainda esbocei uma reclamação que o meu pai calou não fazendo caso, antes dando de imediato ordem de prosseguir ao motorista. Consolei-me com reconhecer a Avenida do Aeroporto – esta era-me familiar; já lá tinha passado antes de carro com o primo Zeca. – Não tardou chegámos a casa. O caminho do 7 nesse dia ficou arrumado. Mas havia de o fazer em muito domingo até o fim dos anos 70.
Trago aqui esta historieta minha e que só de raspão se liga com título. Mas se o benévolo leitor for curioso dos autocarros da Carris e estiver interessado na história do 7 encontra-a bastante completa no blogo «História das Carreiras da Carris»: pode ler lá que o 7, o autocarro da Avenida de Roma é sexagenário desde o passado dia 1 de Fevereiro e que a Carris lhe prevê reforma antecipada: tem planos de suprimi-lo em breve.
Autocarro de dois pisos (carreira 7), Alameda, [s.d.].
In História da C.C.F.L. em Portugal (1946-2006), v. 3, Carris e Academia Portuguesa da História, 2006, p. 125.
Os prédios novíssimos que se vêem à margem da obra nalgumas imagens (lado direito) são os da Rua Lucinda Simões (fotos 1 e 3) e Rosa Damasceno (4).
Projecto de Luís Benavente (1902-1993) construído entre 1939 e 1942.
Fotografia: Estúdio Mário Novais: 1940-43, in Biblioteca de Arte da F.C.G..
(Revisto ao meio-dia. Tornado a rever em 10/II/18 às 7h00 da tarde.)
Projecto do jardim para o Bairro dos Actores na confluência das Ruas Eduardo Brazão (SO), Carlos Mardel (S-N), Ferreira da Silva (NO), Rosa Damasceno (N), Lucinda Simões (NE) e José Ricardo (SE) com a Rua Ângela Pinto (circular). No seu lugar veio a ser construído o mercado do Bairro dos Actores cuja empreitada de terraplanagens e fundações foi dada a António Veiga por escritura de 29 de Junho de 1939. O contrato de empreitada da superestrutura e rede de abastecimento água e luz foi firmado com a Sociedade Amadeu Gaudêncio em 11 de Maio de 40.
O mercado do Bairro dos Actores tem vários nomes: é também designado por Mercado de Arroios e mais vulgarmente dito praça do Chile.
Planta s/ menção de autor, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.; fotografia de Eduardo Portugal.
Fonte: Arquivo Municipal de Lisboa.
Rua Carlos Mardel, Lisboa, 1966.
Artur Goulart, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Rua Carlos Mardel, Lisboa, 1999.
Pedro Letria, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
O jornaleiro do quiosque às 9h30 da manhã tinha o Sol esgotado.
– Está tudo esgotado, já não arranja. Tive um senhor que com este fazia oito quiosques. Não há nada!
Vendedor de jornais e revistas, Rua do Regedor, 1967.
Sid Kerner, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
O jornalista Nicolau respondia esta manhã ao locutor do Rádio Clube Português sobre se há ou não liberdade de expressão em Portugal. Dizia empolgado que há: que em Portugal toda a gente diz o que quer; que ainda ontem o dr. Pires de Lima afirmara na televisão que o primeiro ministro não passa dum vulgar aldrabão de feira. Ora alguém dizer uma coisa assim quando havia censura é certo e sabido que à saída do estúdio estaria preso. Pois ontem à noite nada aconteceu. O que aconteceu, sim, foi que no instante em que dizia isto na telefonia, este jornalista Nicolau foi de súbito abafado por um jingle publicitário, sendo bruscamente retirado do ar, isto enquanto se ouvia de raspão ainda o locutor: – "Não é censura, Nicolau, mas temos de acabar. Compromissos publicitários" – e entrou um anúncio.
Isto que sucedeu não passa duma trivial grosseria mercantileira que nem desmente o abafado jornalista Nicolau. De feito, salvo o fascismo e o tabaco, em Portugal qualquer um pode grasnar o que panfletariamente queira: Desde que se deva ouvir - o que se deve poder ouvir, porém, é que é já outra história...
O anúncio (compromisso publicitário, digo) que cortou o pio ao jornalista Nicolau nem prestei atenção; pode ter sido ao sabão macaco ou a qualquer artigo de feira, mas o anúncio que veio em segundo lembro-me: foi aos cem anos da República...
Visado por Troll Urbano.
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra, [1ª ed.], vol. I, Lisboa, Typographia da Gazeta dos Tribunaes, 1846, p. 16.
Pela descrição seca não parece ser o cais das Obras Novas. Na Vila Nova devia haver outro.
C.C. Colombo, Lisboa, 2004.
Uma civilização com uma dinâmica tão poderosa que permite subir e descer escadas estando parado, é só natural que produza também planos de... estabilidade e crescimento.
Everything But The Girl - Missing (1994)
(Ao vivo, White Room)
Adamastor (O)
Apartado 53
Bic Cristal
Blog[o] de Cheiros
Carmo e a Trindade (O)
Chove
Cidade Surpreendente (A)
Corta-Fitas(pub)
Dragoscópio
Eléctricos
Espectador Portuguez (O)
Estado Sentido
Eternas Saudades do Futuro
Fadocravo
Firefox contra o Acordo Ortográfico
Fugas do meu tinteiro
H Gasolim Ultramarino
Ilustração Portuguesa
Kruzes Kanhoto
Lisboa
Lisboa Actual
Lisboa de Antigamente (pub)
Lisboa Desaparecida
Menina Marota
Meu Bazar de Ideias
Paixão por Lisboa
Pena e Espada(pub)
Perspectivas(pub)
Planeta dos Macacos (O)
Pombalinho
Porta da Loja
Porto e não só (Do)
Portugal em Postais Antigos(pub)
Retalhos de Bem-Fica
Restos de Colecção
Rio das Maçãs(pub)
Ruas de Lisboa com Alguma História
Ruinarte(pub)
Santa Nostalgia
Terra das Vacas (Na)
Tradicionalista (O)
Ultramar
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.