Esta semana vinha resumida na revista do Sol pelo Carlos Fiolhais uma extravagante descoberta, publicada numa revista americana, acerca dum nexo entre a extinção dos mamutes há c. 11.500 anos e a última glaciação.
Se bem entendi, os mamutes (como qualquer herbívoro) geravam gás metano nas entranhas por efeito da digestão. E o gás metano provoca efeito de estufa, logo aquecimento (global, como é óbvio). Isto na pré-história.
Ora a extinção dos mamutes diminuiu o gás metano e, por conseguinte, piorou o efeito de estufa (global, como é evidente). Conclusão óbvia: a extinção dos mamutes provocou um arrefecimento global. Acontece que quando se extinguiram os mamutes foi quando terminou a última glaciação, ou estarei errado...?
É tudo isto tão rematado disparate que já nem valeria a pena perguntar quem diabo provocou a extinção dos mamutes. De todo modo cá fica a resposta: os homens das cavernas. Nem nada diferente se esperaria dos esparsos trogloditas do paleolítico armados com azagaias de destruição maciça com pontas de pedra lascada, senão que extinguissem os mamutes, dissipassem os gases e... arruinassem o clima. É o corolário que fazia falta à tese das alterações climáticas provocadas pelo homem.
Isto das alterações climáticas há muito que deita cheiro, é verdade...
Fotografia: Declan McCullagh, São Francisco, 2006.
(*) Título revisto.
Na caixa de correio electrónico cai-me periodicamente um(a) 'newsletter' (já não é moderno dizer-se boletim?) do Portal do Cidadão. Vejo que é corrente hoje chamar portais a páginas da internete como se fossem algo monumental.
Portal do Transepto, Batalha, c. 1954.
Fotografia: Estúdio de Mário de Novais, in Biblioteca de Arte da F.C.G..
Contraponto à de 7/7/07.
Praça da República, Tavira, [s.d.]
Publicada por Liberto Sacramento, in Fotografias Antigas de Tavira.
Viviane, A Vida Não Chega
(Tavira, 2007)
Ramal do Estádio Nacional sob a Estrada Marginal, Cruz Quebrada, [anos 40-50].
Fotografia: Estúdio de Horácio de Novais, in Biblioteca de Arte da F.C.G.
A outra face da reabilitação, como agora se diz.
(c) 2005
Em Lisboa, na Fontes Pereira de Melo, entre a Martens Ferrão e a Andrade Corvo (logo acima do palacete Sotto-
-Mayor), há um quarteirão de centenários prédios de rendimento em ruínas. Em 2005 – era o dr. Pedro Lopes o presidente da Câmara, salvo erro – puseram-lhe uma enorme tela anunciando, em todas três fachadas que de 2002 a 2005 recuperámos mais já de não sei quantas mil casas em Lisboa... – A propaganda do costume.
Relativamente a estas casas na Fontes Pereira de Melo, nos 18-26, a recuperação apregoada deu numa tela cada vez mais emporcalhada ao longo de cinco anos – cinco! – A cristalina essência desta recuperação (só na tela) passou a tresandar do nojento reclamo. Além de ofender a inteligência de quem na visse.
Em vésperas de recebermos em Lisboa o Papa, a Câmara ganhou vergonha e deu sumiço à gigante tela emporcalhada. Ficaram as fachadas arruinadas bem à vista e – notai que isto é verdade! – mesmo com janelas entaipadas a tijolo tinham muito melhor ar que a javarda recuperação (na tela; sempre e só na tela) que exibiam desde 2005.
Ora aqui chegados, como gestora de excelência que é (não duvidemos) e aproveitando inteligentemente as sinergias obtidas da visita de S.S. o Papa, a administração municipal parece-me que passou esta semana à fase 2 do projecto de 2005: a requalificação. Mas não cuide o benévolo leitor que requalificação é mero restauro; tire dai o sentido. – Requalificação, na novilíngua da gestão de projecto municipal, é pôr umas gruas e contratar uns grafiteiros (julgo que do estrangeiro) para pintarem bonecada naquelas desgraçadas casas devolutas.
É isto pura gestão mural da Câmara, que nos dará a cidade do futuro.
(Imagem: vistas de rua do Google.)
Tom Jones - Fly Me To The Moon
(Montagem de variedades: "This Is Tom Jones", 1969; Festival da Vinha do Mar, 2007)
Robert Palmer - Every Kinda People
(Ao vivo em 1978)
Mendigo, Terreiro do Paço, c. 1900.
Pedintes, Terreiro do Paço, c. 1900.
Moço de fretes, Terreiro do Paço, c. 1900.
Propagandista, Rossio, c. 1900.
Av. da República, 18 (futura maternidade Pro-Mater), Lisboa, c. 1900.
Fotografias: Paulo Guedes, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Pegões - (c) 2010
N.os 1462, 1463 e 1464. Portinho da Arrábida - (c) 2010.
Apesar da crise este blogo acha proveitoso gastar tempo com dança barroca. A bem da civilização.
Philippa Waite, Passacaille
(Armida - J.B.Lully)
Dusty Springfield — Son of a Preacher Man
Uns dias antes do Papa vi de relance uma reportagem em que alguém se afadigava muito em rebuscadas explicações sobre o altar do Terreiro do Paço. Diz que era um seixo do Tejo, cascado, ou voltado ao contrário. Ou ambos. A coisa daquilo ser um altar emanado dum calhau percebi-o logo, claro, mas carecia de, obviamente, ser explicado...
Só não percebi o porquê de o seixo ser especificamente do Tejo, mas vá lá... com o que aprendi consigo conceber agora que uma destas da calçada, com dois olhos pintados, facilmente resulta num elaborado 'designer'. De altares.
(Imagem de Spotmeter 98.)
No estranho fado meu de ontem, entro na Feira do Livro pelo lado da Estufa Fria e logo desemboco no quiosque da Livraria Municipal. Fatalmente havia ali sortido do meu interesse para encher um cabaz. Mas cada coisa a seu tempo. Havia antes de resolver ao que ia...
Assim foi. Só à saída tornei a parar na Livraria Municipal e, com uns tantos títulos ali escolhidos, já na fase das contas, reparo à minha direita o Levantamento da Planta de Lisboa de 1904-11. Lembrei-me então:
- O Atlas do Filipe Folque é que não há...?
- O Atlas do Filipe Folque sim, temos.
Fiquei admirado. Doutras vezes que perguntara pela obra, da Livraria Municipal a uns tantos alfarrábios, a resposta fora sempre que estava esgotado; não havia nada. Estava rendido a que fosse livro que não quisesse nada comigo porque inclusivamente, numa vez que o pedira na biblioteca das Galveias, ouvira do bibliotecário uma nega espantosa: - "Tínhamos um exemplar, mas emprestámo-lo para uma exposição e perdeu-se. Desapareceu." - Daqui a minha admiração ontem. Tanto que a exprimi ali contando esta história à senhora que me atendia.
Resposta dela:
- Parece que entretanto descobriram alguns...
- Bom. Então se tem, faça-me favor de acrescentar à conta.
(Deve ser tal a desorganização dos serviços municipais que até perdem a mercadoria no próprio armazém.)
Há coisas que não sei explicar...
A R.T.P. Memória transmite à hora do jantar uns programas antigos do professor Hermano Saraiva - os Horizontes da Memória. Hoje deu um sobre o Chiado. A folhas tantas, a propósito do Chiado, o professor referiu um livro da escritora Alice Vieira, Esta Lisboa (Caminho, 1993), e - espanto meu! - numas imagens do livro aberto a passar na TV vejo uma fotografia em que figurava o meu falecido pai.
Que coisa extraordinária! O meu pai aparecer-me assim pela televisão ao fim destes anos todos numa obra publicada sobre Lisboa - sobre Lisboa, imagine-se! - e eu que não fazia a menor ideia!...
No fim do programa contei o caso à senhora muito cheio de admiração. Ela achou graça e sugeriu que fôssemos à Feira do Livro comprar o tal livro. Achei uma excelente ideia e, enquanto ia pensando no meu pai e nesta extraordinária aparição, saiu-me de supetão a pergunta: - Que dia é hoje?!...
- 14 de Maio...
- Que coisa espantosa! O meu pai faria hoje anos!...
A Alameda de Dom Afonso Henriques pelos inícios dos anos 50 com muitos pormenores interessantes.
Alameda de Dom Afonso Henriques, Lisboa, 195...
Fotografia: estúdio de Horácio de Novais, in Biblioteca de Arte da F.C.G..
Os relvados primitivos debruados com canteiros e polvilhados dumas poucas de árvores. Uma opção paisagista mais inspirada que o insípido relvado que se acaba nestes dias da banda do Técnico, ao fim duma data de anos ali com um estaleiro do Metro. Nos restantes relvados, do lado da fonte, há hoje estranhas grelhas, também do Metro, e muito sortido de 'mobiliário urbano', garantidamente com 'design' de autor...
No gaveto da Av. Guerra Junqueiro o prédio do café Pão de Açúcar (que chegou a ter duas frentes e hoje só tem uma). Não sei se foram as duas frentes do café que lhe mutilaram a fachada do r/c no lado da Guerra Junqueiro. Mas aprecie-o o benévolo leitor aqui como era no princípio, com uma harmoniosa fachada e cércea de seis andares, e compare com aquilo que lá temos hoje, num ocre manhoso e enxertado de mais dois pisos. Não deixe de reparar, caso lá passe, na extravagante altura das varandas do 7º andar (o 1º do enxerto). Há-de reparar se o que lá está lhe parece bem.
Na esquina em frente (Av. Almirante Reis, 188 e Alameda, 68), um edifício de quatro pisos que admito ser dos primeiros a ter sido construído na Alameda, por volta de 1939 ou 40 (ou até antes). Lembro-me bem dele, devoluto, já no fim dos anos 80. Ter só quatro andares há-de ter servido bem à desdita que nos calha hoje de vermos um grande mamarracho no seu lugar.
O que se lhe segue (Alameda, 66), em estilo Português Suave e com uma cércea da mesma altura, nem me lembro nunca de o lá ter visto. Não deve ter chegado ao meu tempo. Só conheci o que lá vejo hoje, típico dos anos 70, banalíssimo, sem encanto.
Do mesmo lado, dois quarteirões adiante, estavam por construir o prédio dos correios e o que faz esquina com a Rua Actor Isidoro. Já cá me referi a eles por causa disto mesmo: de não estarem feitos (cf. Dois prédios na Alameda)...
Continuando no mesmo lado, atente o benévolo leitor no desnível entre o prédio ao centro do quarteirão seguinte (já quase a par da fonte) e a cota superior da ladeira a par do dito prédio. Ali, onde se vêem umas terras em declive em vez de passeio calcetado, vieram a fazer-se depois umas escadinhas para vencer o desnível. Os prédios foram construídos à cota mais baixa do terreno antes da ladeira feita, donde acabaram numa cota inferior. Daí as escadinhas. Falo nisto porque ao ir por ali em criança, ora ia pelas escadinhas, ora me empoleirava no muro de protecção que fizeram do lado da rampa.
No prédio a seguir a este, já na esquina da Abade Faria, se bem me lembro houve escrita na fachada desde princípios dos anos 80 e ainda por uns bons dez anos ou mais, uma enigmática frase que só nos alvores deste século lhe percebi o amplo sentido. Dizia algo obsceno sobre um tal Bibi...
Adiante. A par da fonte monumental não havia nada construído. O casario que identifico lá no alto dá para Rua Barão de Sabrosa: a Igreja dos Santos Doze Apóstolos, cujo campanário facilmente se percebe, e a correnteza de casas à sua direita (com seis grandes janelas) que eram o asilo "A Caridade"; segue-se-lhes a casa do benemérito que fundou ambos, Raul Alves Fernandes, de quem já falei aqui. O preventório de S. José (hoje externato 'O Pelicano'), também obra sua, é de 1957. Aqui não existia ainda.
Logo diante da casa de Raul Alves Fernandes, no lado de lá da rua (Barão de Sabrosa, 206-220), estavam em fase adiantada da construção as casas do Bairro da Guarda Republicana. Percebem-se-lhes os andaimes. Não sei a data da conclusão deste bairro, mas ela dará com maior aproximação a data da fotografia. Vamos a ver se descubro.
Outros detalhes de interesse nesta imagem, ao correr da Rua Barão de Sabrosa, são: para a direita, logo a seguir às traseiras duns velhos prédios que lá vi ainda muitos anos, a chaminé da padaria que havia ao cimo da velha Calçada da Ladeira (que existiu no lugar da rampa SE da Alameda); para a esquerda, a Casa dos Plátanos, grande edifício com zimbórios construído em 1821 e que foi asilo para crianças pobres; foi reconstruído no tempo de Sidónio Pais ou pouco depois; hoje pertence à Santa Casa. - À esquerda desta casa, contra o horizonte, notai uma nesga do Tejo.
Por fim, quase na margem esquerda da imagem recortam-se também contra o horizonte umas árvores num monte: eram contíguas à quinta das Ameias, ao Areeiro; mais um pedacinho de abertura de lente e cá teríamos também o Casal Vistoso.
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