Uma versão aveludada do James Brown. Ainda assim nada, nada má.
Seal - It's A Man's Man's World
(Wetten dass...?, ZDF, 2009.)
Nunca mais ouvi notícia do Manel Alegre. Perdeu-se da História?...
Recriação dum homem de Neanderthal (Homo neanderthalensis).
Imagem da Enciclopédia Britânica.
E eis que hoje, decorridos 7 min 21 s do Telejornal, o locutor Adelino Faria pronunciou audivelmente o pê do Egipto. Como não acredito na sabotagem do teleponto (textos na R.T.P. são só em brasileiro de excelência), temo pelo subversivo locutor...
(Imagem ainda não abrasileirirada in R.T.P.)
Revisto às dez para as onze da noute.
Rua Pascoal de Melo, Lisboa, post. 1902.
In Arquivo de Marina Tavares Dias.
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align=justify style="padding-left: 20px; padding-right: 40px">" Vieram os eléctricos e durante muitos meses os pavimentos ficaram revolvidos. Era o progresso, a civilização à porta. Ainda me lembro da tardinha calmosa em que passou o primeiro [4/5/1911?], com a bandeirola a dizer «Experiência», vagaroso, tacteando os carris novos, cheio de pessoal, até parecia uma gaiola de estorninhos. Foi um acontecimento. O comércio animou-se. Houve quem desse palmas! Os pinocas do bairro aprenderam a subir e a descer com o carro em andamento: alguns estampavam-se. As meninas caseiras punham-se à janela para ver quem subia e quem descia. As criadas vinham com um banquinho, para que as patroas de saia travadinha pudessem trepar ao estribo, duma altura vertiginosa. Nesse tempo ainda havia lugar nos electricos, seu Apolinário: e «carros do povo» e carros do Chora a fazer concorrência!"
José Rodrigues Miguéis, «Saudades para a Dona Genciana», in Léah e Outras Histórias, Círculo de Leitores, [s.l.], [1971], pp. 192-193.
A humanidade está cheia de gente que se dá a ares, especialmente com o último grito da moda. Em cima da secretária duma coleguinha vi ontem pousado um decálogo de como escrever em brasileiro. Fez-me lembrar daquela outra que foi daqui das berças para o Rio de Janeiro e que quando lá chegou se matriculou a correr numa escola para aprender bem Português com sotaque.
A esta agora já lhe encomendei uma destas. Há-de-lhe servir como uma luva.
(Imagem em http://desacordo.wikidot.com/loja.)
Há dias transcrevia-se aqui, em palavras da Priberam (um editor de dicionários), que "o texto do Acordo de 1990 não prevê soluções para muitos dos problemas que cria". Em havendo pingo de senso neste país, só por si isto seria razão para arrumar de vez com a aberração. Mas não, e o cúmulo é vermos um editor de dicionários à nora para se conseguir desenvencilhar do texto do Acordo dizendo e repetindo em desespero que o dito acordo "é lacunar, ambíguo ou incoerente".
Em 29/1/2011 Helder Guégués, no blogo "Assim Mesmo" ("O prefixo «re-» no A.O.L.P.", post 4372), apontava ao corrector da Priberam um erro de hifenização nas palavras com o prefixo re- quando se lhe seguia palavra iniciada com a mesma letra. Dias depois ("Diz a Priberam", post 4387) justificava-se longamente Helena Figueira, do Departamento de Linguística da Priberam, com a letra do texto da Base XVI, 1º, alínea b) do Acordo Ortográfico de 90, que é inequívoco relativamente ao uso de hífen com um prefixo que termina na mesma vogal com que se inicia o elemento seguinte; dá uma única excepção: o prefixo co-. A interpretação que a Priberam faz do texto da Base XVI é a única possível. A leviandade com que foi redigido o Acordo de 90 parece que acabou por introduzir no Português formas tão extravagantes como re-eleger, re-embolso, re-encarnação, re-encontro, re-entrar.
Parece mas não foi.
O Brasil, usando da prerrogativa que lhe assiste já do costume de não cumprir nenhum acordo ortográfico, cozinhou unilateralmente uma excepção à Base XVI no seu V.O.L.P. (o tal que foi solenemente oferecido ao Presidente da República Portuguesa e que este subservientemente se dispôs a receber). — E fundamentado o Brasil em quê para introduzir uma excepção não acordada ao Acordo? — Ora vede lá bem: “por coerência e tradição lexicográfica” (*). A mesma coerência que decepa consoantes etimológicas e conserva o ‘h’? Ou a que dita epiléticos sofrendo epilepsia e egípcios habitando o Egito?
E a tradição lexicográfica é a que nega a Portugal o primado do idioma?!...
Posto isto em que ficamos; com o Acordo ou com a Academia Brasileira das Letras?...
O vocabulário do I.L.T.E.C. (o do governo do eng.º Sócrates) fez tábua rasa do texto da Base XVI acerca do prefixo re- e segue a cartilha brasileira. E “os recursos linguísticos da Priberam têm vindo a ser alterados desde 25 de Janeiro de 2011 para seguir a excepção instituída pelo V.O.L.P. da A.B.L.” — O ano lectivo, pois é…
Pois bem, mas se o texto do Acordo é para fazer gato-sapato, que regerá ele afinal?
Ora, nada! A Academia Brasileira das Letras e cada burro escrevem por si.
(*) Nota explicativa ao V.O.L.P. da Academia Brasileira das Letras, pp. LI a LIII.
Neil Diamond, Love On The Rocks
(in O Cantor de Jazz, Ricardo Fleischer, 1980)
Evidentemente que as actividades correctas seriam ingrícolas.
Actualização: o erro foi corrigido na pág. do I.M. em 22/2/2011.
Rita Hayworth, Dança dos Sete Véus em Technicolor
(Guilherme Dieterle, Salomé, Columbia, 1953)
Nas cartas à directora do Público há hoje uma dum leitor sobre as novas canções de protesto. Diz que a canção Parva... da Deolinda troa em todos os meios de comunicação mas a canção do T.G.V. do Paco Bandeira, do mesmo género, muito pouco ou nada. E dá ideia - segundo o leitor - duma subtil ou velada censura à canção do Paco. - Dá pois! - Esta é daquelas que não se prova mas que todavia se pode demonstrar pelo método tudológico do achismo. A censura informal é a cesura dos media. A Parva... da Deolinda conforma-se muito bem ao figurino (sub)urbano das televisões (como acontece com o Bloco); logo serve ao recorte dos media... Isto mais se mostra na cópia de Deolindas conversadeiras e assaz (sub)urbanas, muito afins das redacções jornaleiras, como sabeis, que debitam ciência a toda a hora na televisão. A ortodoxia é sensaborona, não se ajeita ao que sabemos que o telespectador ou rádio-ouvinte querem; muito menos a poeirenta ortodoxia das cassetes, como o P.C.P. ou a música do Paco Bandeira. Quando muito vai uma pitadinha, muito ao leve, para dar um certo gostinho democrático ao caldo; mas só ingredientes muito refinados colhidos em cultura urbana.
Portanto, eu acho que é por isto que há muitos mais paineleiros por ex. do B.E. que do P.C.P. a dar nas TV, quando no fundo todos são comunistas com direitos adquiridos.
E acho também que eis como a Parva... da Deolinda leva-a o vento e o Paco Bandeira não drapeja por falta de sopro.
(Imagem do Portugal dos Pequeninos.)
Só falta o Fado. Talvez a alma não esteja de todo perdida...
Portugal na década de 1960 (TWA) de Gonçalo Ramos Ferreira in Vimeo.
(Via Portugal dos Pequeninos e Corta-fitas.)
O deputado da Europa Ribeiro e Castro bradava hoje ao longo de 900 palavras no Público (cf. no Facebook) contra um projecto de registo europeu de patentes unicamente em três línguas: francês, inglês e alemão. Uma «discriminação linguística» — diz. — «Um camião T.I.R. contra a língua portuguesa».
Pois quando os de cá encomendam já o Português ao Brasil, esperava o quê, o deputado Ribeiro e Castro? Que fossem os bárbaros a preferir o Português às suas barbarescas linguagens?!... E diz ele que nesta agora das patentes só o partido do C.D.S. se pronuncia «em defesa do estatuto internacional do Português»; que os dos outros partidos nem debatem nem dizem o que pensam. — Ora! Lá hão-de pensar o que sempre são capazes: nada.
E o sr. Ribeiro e Castro e seus correlegionários do partido do C.D.S. na assembleia nacional; têm pensado bem, ultimamente, no estatuto nacional do Português? — É que, sem 'nacional', o 'inter' não passa dum prefixo vazio. — Ou será que em Portugal agora vamos já só com o mirandês?
(Imagem: Ervedosa. Carta de foral de D. Dinis, 1288.)
Dedicado aos EGICÍACOS de léxico mutilado.
Lugar da antiga Quinta da Imagem no Caracol da Penha, nº 1.
Rua Marques da Silva, 50/Rua de Arroios, 88, Lisboa, 1967.
João H. Goulart, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
*
Num verbete antigo mereceu-me alguma atenção a Quinta da Imagem que marcou o lugar onde o velho Caracol da Penha aflorava à Rua de Arroios. Vali-me então, e muito, do que o Mestre Castilho deixou dito e do que Luiz Pastor de Macedo aduziu. Se bem me lembro, uma das cousas que o ilustre olisipógrafo da Lisboa da Lés-a-Lés aduziu foi: «A propriedade rústica foi primeiro classificada como horta, depois como quinta, e por fim misturou-se o rústico com o urbano e passaram a chamar-lhe Vila Imagem».
Consultando há dias o Roteiro das Ruas de Lisboa e Concelho de Loures (por Queiroz Vellozo, 6ª ed., Typographia da Rua do Ouro, 1890, pp. 119 e 193) acerto com a minha curiosidade nas duas primeiras designações (mas não a última, talvez demasiado moderna). O mais interessante, porém, é a luz que se reacende sobre a desconhecida imagem que nem o Mestre Júlio de Castilho achou meio de nos desvendar: - «Há na esquina sul desta travessa (o Caracol da Penha) para a rua de Arroios uma pequena casa, de mesquinha aparência, em cujo cunhal se vê um nicho, hoje tapado, mas que antigamente tinha por habitante não sei que santo ou santa, com o indispensável pingente da sua lanterninha. ...Chamava-se por causa dele, ao sítio, o Nicho da Imagem.» (Lisboa Antiga; Bairros Orientais, 2ª ed., vol. IX, p. 165).
Em nota de pé de página no dito Roteiro, Queiroz Vellozo informa-nos afinal que àquela quinta, também a denominavam «da Conceição». Quem se deita a adivinhar agora a santa cuja imagem deu nome à quinta...?
(In Sábado)
Adenda muito pertinente do leitor Carlos Portugal:
Toda esta desgraça advém de uma técnica já ensaiada no pós-abrilismo entre nós, e com origem nos Estados Unidos na década de 1950 e em época desconhecida na ex-U.R.S.S., que se designa por «programação mental» — por outras palavras «lavagem ao cérebro» — que agora se denomina «programação neurolinguística».
Assim, logo após a desgraçada abrilada, fomos inundados por termos como «garante» (usado como substantivo: «o garante da democracia»), «repúdio» por tudo e por nada e outras aberrações do género. A finança já tinha imposto o imbecil «investimento» e o verbo «investir», de cunho claramente tauromáquico, em substituição de «aplicação» e de «aplicar», o fisco o termo «contribuinte» em vez de «espoliado» (o termo em uso implica um acto voluntário que, dadas as circunstâncias, não o é).
Depois, veio a enxurrada de telenovelas brasileiras, cuidadosamente escolhidas, indo inicialmente das com algum interesse e léxico mais cuidado, para o lixo puro e simples, com o passar dos anos, de forma «adaptar» as pessoas à degeneração linguística.
Agora, é o «festival» (nos Açores diz-se «folia», se não me engano) a que Alberto Gonçalves se refere. Qualquer manual de «programação neurolinguística» é claro quanto ao que se está a passar.
O «acordo» ortográfico vem rematar exactamente esta canga que nos querem impor: como as classes mais cultas de cidadãos não engolia o lixo televisivo, comercial e financeiro, remetendo-o para a classificação de calão departamental mais ou menos bárbaro, tentam impor a programação por decreto. Mas, o mais espantoso, é que o decreto nem sequer é português, mas sim brasileiro (Decreto Legislativo no 54, de 18 de Abril de 1995), ratificado depois por «decreto» do Presidente da República Portuguesa (Decreto do Presidente da República nº 52/2008 - dizem que é para «ratificar o acordo»)! Ora, a portaria que impõe que as escolas portuguesas o apliquem, não tem força de lei, pois as ditas portarias apenas servem para regulamentar leis ou decretos-lei, e que eu saiba, um decreto presidencial (ainda falam das ditaduras) não tem essas características. Assim, a dita portaria é legalmente inválida. Para nós, cidadãos, mesmo que fosse válida, não se poderia aplicar, pois só tem acção dentro de organismos estatais, não nos podendo vincular.
Ou seja, meu Caro, tentam programar-nos («neuroprogramar-nos») para que sejamos uns imbecilóides semi-analfabetos, a bater palmas às inanidades jorradas das cloacas da política.
Ao pé destes trastes, o Dr. Josef Goebbels era um aprendiz...
Há assim que lutar por todos os meios contra esta enormidade.
Cumprimentos.
Uma das coisas que mais me impressiona nas fotografias de Lisboa de há 60, 70 anos, é quão arejados que eram os bairros novos. Mesmo quando, como nesta rua, o horizonte são os altos prédios da Av. de Roma. Vistos das traseiras. O que se passou para perdermos tudo isto? Bom, o tempo. O tempo e os homens que descaracterizam tudo...
Av. Frei Tomé de Jesus, B.ª de S. Miguel, c. 1950.
Mário de Novais, in Biblioteca de Arte da F.C.G..
Adamastor (O)
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