Em 82, de permeio com as voltas da Fórmula 1, o Verão ressoou em estéreo espacial, uma fabulosa novidade audiófila que se tirava do novo tijolo do Brooks. Esta África ouvia-se lá que era uma categoria. O grupo, eram uns Toto de quem nunca jamais eu ouvira falar em tempo algum e que me foram "apresentados" pelo Jorge Pêgo do "TNT, Todos No TOP". Ele, o Jorge Pêgo, não dizia Toto (Tótò); quem dizia éramos a gente; ele dizia Tâu-Tâu, e creio que o Jaime também, mas a gozar.
Anos mais tarde ia eu e o Jaime... e dessa vez também ia o Zé — o Brooks é que já não ia —, certa noite cruzando Avenida de Roma de carro, quando o vimos, ao Jorge Pêgo, á porta do Centro Roma. — "Olha ali o Jorge Pêgo do TNT!" — e dei em chegar-me ao passeio parando diante dele enquanto os meus camaradas vozeavam alegremente: — "Ó Jorge Pêgo, pá! Ó Jorge Pêgo! Tu 'tás bom? — e entoávamos o jingle pelas janelas do carro — "TNT, Tooodos no TOP!"
A verdade é que nenhum de nós conhecia pessoalmente o Jorge Pêgo, mas nem assim nos admirámos de vê-lo aproximar-se do carro, à espreita, pelo meio da vozearia — "TNT, Tooodos no TOP!" — Só quando ele abriu a porta fazendo sincera menção de entrar no carro é que deve ter-nos ocorrido: — "O que quer o gajo, pá?! Vai entrar no carro sem nos conhecer de lado nenhum?!" — Aí foi o Jorge Pêgo que se surpreendeu: — Oh! Pensei que eram uns amigos meus... Estava aqui à espera..." — balbuciou.
O Jaime ainda me parece que lhe lançou um - "Não há crise ó Jorge. Nós também somos amigos." — mas o Jorge Pêgo já recuava, desenganado. Nós também seguimos, talvez para a Sul América, com uma historieta na algibeira.
Os Toto (ou Tâu-Tâu, como preferirdes) aqui vo-los deixo como soaram em 2003, á laia de acompanhamento. Notai só mais o vocalista de preto (o com voz de falsete); imita bem o ar do imitador Fernando Pereira, não vos parece?!...
Toto, Africa
(Amesterdão, 2003)
« O Governo acompanhará a adopção do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa garantindo que a sua crescente universalização constitua uma oportunidade para colocar a Língua no centro [...] tanto interna como externamente.»
PORTUGAL. Presidência do [duma espécie de] Conselho de Ministros, Programa do XIX Governo Constitucional [da XIX.ª comissão liquidatária], 2011, p. 121.
(Parente do Pernalonga achado no Telegraph sem saber onde meter a língua.)
Adenda (as 5h00 da tarde do dia de S. Pedro):
O secretário da Çultura, não se conteve um dia depois de empossado que não botasse também a língua no tal centro, o lambão (cf. Sol, 29/VI/2011). Lambeu à uma os documentos oficiais e as escolas. Tem mais pastas que esses novos ministros.
Matadouro municipal de Lisboa vendo-se à direita a esquadra, Rua Tomás Ribeiro, 1960.
Filipe Romeiras, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Matadouro municipal visto da Rua Tomás Ribeiro, Lisboa, [4 de Abril de] 1955.
Armando Serôdio, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Adenda a 1/4 para as 11 da noute: atentai nos horizontes desta cidade; atentai na segunda fotografia em que dum 1º andar se via o hotel Aviz, o fim da cidade, e o céu colado no horizonte.
Diana Krall, Dancing In The Dark
Fotografias: Horácio de Novaes, in Biblioteca de Arte da F.C.G.
Quem é o Angélico?
Carta aberta ao Primeiro-Ministro, ao Ministro dos Negócios Estrangeiros e ao Ministro da Educação pela Suspensão Imediata do Acordo Ortográfico.
-- Por João Roque Dias, António Emiliano, Francisco Miguel Valada e Maria do Carmo Vieira.
Subscrevo.
« Por motivo de reconstrução de pavimentos, a partir do dia 24 de Junho de 1957 (segunda-feira) (*) está encerrado à circulação automóvel o troço da Avenida Rio de Janeiro entre a Rua Maria Amália Vaz de Carvalho e a Avenida da Igreja pelo período previsto de vinte dias. Assim, a partir daquela data a carreira 17 circula provisoriamente em ambos os sentidos pela Avenida dos Estados Unidos da América, Avenida de Roma e Avenida da Igreja.»
C. Filipe, A minha página Carris.
Av. dos Estados Unidos da América, Lisboa, 1957.
Imagem: fotograma dum fillme que me não lembra agora; o autocarro parece-me que é o nº 301 da frota da Carris.
(*) Os meus pais casaram no dia de S. João de 1956 (um domingo); fariam, portanto, em qualquer caso, anos de casados...
« No dia 23 de Junho de 1986 (segunda-feira) as carreiras 3 e 4 são definitivamente suspensas.»
C. Filipe, A minha página Carris.
Fotografias: Wood's Library, 1980.
« No dia 22 de Junho de 1947 (domingo) entram ao serviço dois novos autocarros de dois pisos na carreira Praça do Chile/Encarnação.»
C. Filipe, A minha página Carris.
Os primeiros autocarros de dois pisos da frota da Carris, [Porto de Lisboa], 1947.
In Manuela Mendonça (coord.), História da C.C.F.L. em Portugal (1946-2006), A.P.H., Lisboa, 2006, p. 116.
Ceifa, Alentejo, 1955-70.
Amadeu Ferrari, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
E já agora para "ceifar" daqui do topo a arte cabotina do verbete anterior.
Além de pós-graduações em Gay, o I.S.C.T.E. leva também a cabo exposições de pintura sobre «Descobrir o sentido da Existência».
O sentido (de pernas para o ar) do quadro descobre-se (presumo) pelos dizeres. O sentido do resto não sei.
Mais uma marcha, mais uma "notícia". "Notícia" que mais cheira a doutrinação, tantas são as marchas...
Sobre esta sorte de mariquices recorda-me sempre daquele passo da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto quando o tirano Achém castigou os da armada que enviara para reconquistar o reino de Aaru, quando lhe tornaram derrotados e humilhados.
« [...] Mandou cortar as cabeças dos capitães das catorze velas, e a todos os mais que nelas vinham mandou rapar as barbas, e que sob pena de serem serrados vivos, dali por diante andassem sempre vestidos como mulheres, tangendo com adufes por onde quer que fossem [...] E estes homens vendo-se constrangidos a um castigo tão afrontoso, quase todos se desterraram e muitos tomaram a morte com suas próprias mãos, uns com peçonha outros enforcando-se, e alguns deles a ferro.»
Fernão Mendes Pinto, Peregrinação, vol. I, 3ª ed., Europa-América, Mem Martins, [1995], p. 96.
Peregrinaçam de Fernam Mendez Pinto
Em que da conta de muytas e muyto estranhas cousas que vio & ouuio &c.
Em Lisboa, Por Pedro Crasbeeck. Anno 1614.
(In Arquivo da Internete.)
« Mesmo que Portugal quisesse vendê-lo não o poderia fazer. As regras da Zona Euro são claras: vender ouro para financiar o Estado é o mesmo que imprimir dinheiro. Logo, não é permitido pelo Banco Central Europeu.»
Isabel Loução dos Santos, «Crise: nem o ouro pode valer a Portugal», in Agência Financeira, 19/VI/2011.
Dôbra de D. João V (12.800 rs.), Rio de Janeiro, 1731.
In Forum de Numismática.
O sr. ex-provedor do telespetador da R.T.P. cansou-se de apanhar garrochada e recolheu ao curro conformado ao português possível.
Oliveira galega (olea europea), Azinhaga, 2011.
In Correio da Manhã, 17/VI/2011.
Diz que arrancaram uma oliveira secular na Azinhaga do Ribatejo para pôr no campo das cebolas, polvilhada de Saramago.
Reparou naquele "desactivar som"? É uma etiqueta que aparece ao passar o cursor do rato sobre o comando de volume da aplicação do Youtube, o benévolo leitor sabe... Há-de recordar-se também como as aplicações informáticas dantes eram em inglês ou em brasileiro ("Inicializando o Windows" — lembra-se? — do americano to initialize). Pois houve que dar tempo e, com paciência, os graúdos da informática mundial como a Microsoft, o Youtube , &c. (*) acabaram por muito naturalmente incluir o autêntico português. Modéstia, autenticidade e saber esperar são virtudes de Portugal que aquela etiquetazinha demonstra. Coisa bem diversa foi o que demonstraram os paladinos da asneira ortográfica por deitarem tudo a perder: grosseira estupidez nem será a pior.
(*) Excluo a deloittiana SAP que é germânica e somiticamente apegada ao brasileiro (adenda ás 11h20 da noute).
A sanha revisionista da R.T.P. penetra até nas profundezas do Espaço, já vimos. E prossegue desembestada em todos os caminhos da memória. Ontem, numa seriezeca dos anos 80 que já não lembrava a ninguém, abundavam inexactos exatos nas legendas e inclusive um estranhíssimo aspeto brotou dali. — Deve ser este último apelido do sr. provedor do telespectador em actividade... — Pois com tão notória falta de mais que fazer, cuido em que ainda antes do São João seja natural que os capachos da R.T.P. ferrem para aí o Pátio das Cantigas na cernelha dos infelizes telespetados. Legendado em brasileiro por vias de dúvidas e das consoantes surdas.
Que a falta de ouvido lhes não entorne a cachaça...
Maria da Graça, Camisa Amarela
(Pátio das Cantigas.)
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