Algarve. (c) 2009
Dia de «Sol», o semanário, que não «aquece» muito.
O Sol na praia, embora fira mais o olho, também não aquece muito. O boletim dava 30º; água do mar a 21º. Nem uma nem outra; a outra pende até mais (menos) para os 18º, quere-me a mim parecer... Por sentir cá doer os ossos ao pôr o pèzinho na água fria do mar. — O esqueleto humano também faz de termómetro, hem! O cérebro dá a temperartura.
Esta tarde temos vento. Vento e as mesmas caras da manhã. E umas mais, conhecidas de ontem e de mais atrasado: uma madame e seu acompanhante que (sem nada de mal) não sei bem como qualificar... Algarve. (c) 2009
Ontem fez a esta madame compras a todos os os ambulantes que passaram. Óculos, malas, coisas de trajar, o que fosse. Menos os das bolas de Berlim, que não fazem bem o género. No intervalo das compras refastelava-se na cadeirinha e regalava-se com uma fresquinha tirada da geleira. E com umas cigarradas. — Fumar é hoje o que sabemos, é mais condenável do que não separar o lixo, e peço desculpa de o descrever aqui. Sucede que a cena que conto não iria completa sem dizer agora que o cavalheiro em companhia também se regalava ele com umas fartas baforadas dum hipotético havano. — Não se mete o cavalheiro às compras, como a senhora, mas não deixa de meter mão à geleira por uma fresquinha. No mais, é um passivo adorador do Sol. Como todos nós aqui, afinal. Só não acho como o qualificar.
Enquanto correu esta história o lulu da madame dormiu pacificamente à sombra, ora da geleira, ora da cadeirinha de praia. Se ladrou a algum vendedor não dei notícia. À madame notei-lhe de falar alto nas compras o sotaque. Em certa medida conjuga-se com o cenário, mas esta história não tem que mais se lhe diga. Porém só acaba depois de dizer o qualificativo que me falhava para o acompanhante da madame. Do cavalheiro é justo que refira que se despediu briosamente da praia carregando a geleira, o chapéu de sol e a restante bagagem conforme lhe calhou. Foi disto que me veio o nome.
Praia da Falésia - (c) 2011
A madame abandonou a praia adiante dele exibindo o lulu pela trela.
Algarve, 8 de Julho de 11
« Ficou em prisão preventiva o jovem de Évora acusado de cometer assaltos armado de metralhadora, conhecido por Fábio cigano.»
Notícia dita na TVI, citada de cor. Eufemismo dos jornalistas, sublinhado meu.
Ciganos, Lisboa, 1967.
Sid Kerner, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
A Pantera Cor-de-Rosa - Agente Secreto Cor-de-Rosa.
(F. Freeling, M.G.M., 1965.)
Os ecos da civilização estrondeiam hoje (6/VII/2011) uma daquelas murraças de filme americano — Punch!. — Diz ele que Portugal tem os ratings no lixo e ouviu-se a outro que agora é que os bancos portugueses ficam sem fundings. A palradores tão escorreitos em barbarismos não sei que lhe diga por verterem junk em lixo e não em sucata. É gente que já não vai lá, paciência!...
Ainda menos direi às febris carpideiras tão agravadas da ávida especulação da Moody's a custas dum (des)honrado Estado de pechisbeque. Isto quando há dias andavam todas tão pressurosas, não ao murro, mas à unhada no 13º mês da gente por a contabilidade do Estado aqui ser uma vergonha. Se com isto alguém me ainda demonstrar a vaporosa especulação então pode ser que me desconvença de que o que há aí é, somente, a realidade.
Algarve, 6 de Julho
Nota à data de hoje:
Parece que símiles dos da ensaboadela aos finlandeses ligaram agora a máquina de vender ideias e a municiaram com os inevitávies sabões-macaco Mourinho, Ronaldo e outras exemplares babugens do Portugalinho 74-XXI para apresentar à América a excelência desta real miséria. Ao depois chamam especuladores aos outros.
(Fotografia: Exposição de Floricultura, Lisboa, 194...; estúdio de Mário de Novais, in Biblioteca de Arte da F.C.G..)
Que hoje, nunca por nunca, será já a mesma coisa.
Panorâmica sobre o Tejo do cimo da torre Norte da Praça do Areeiro, Lisboa, c. 1957-58.
Estúdio de Horácio de Novais, in Biblioteca de Arte da F.C.G..
Quando o uso da linguagem com propriedade era normal.
Anúncio da Sacor, 1959.
In Restos de Colecção.
De acordo com uma velha fotografia, não que esteja agora a chover.
Sacor de S. Brás de Alportel (E.N. 2), Algarve, 195...
Espólio da antiga Sacor, in Blogo de Turismo do Algarve.
(c) 2007
Com a maré cheia sobeja uma faixa de praia com uns metros no sopé da falésia. Os banhistas alinham-se aí ao longo da praia. Não sei que diga de todos os avisos sobre as arribas poderem desabar quando as condições da praia são mesmo assim. Há muitos anos que são assim.
Quere-me parecer que são os «franceses» os que carregam mais bagulhos para a praia; ele é baldes, pás, colchões, bóias, botes a remos; é costume tudo em simultâneo...
Os espanhóis mal pisam a areia abancam. É gente que gosta de se apinhar à boca da praia.
— Que horas são, sabes?
— Não. Interessa? (c) 2008
Algarve, 5/VII/2011
O noticiário encarece muito as novas tarifas do estacionamento em Lisboa (não bastava só por si a odiosa E.M.E.L.?). E não pára de encarecer a barateza e a meteorologia do Algarve. Pois aqui o tempo está fresco e a água não apetece. Se não for por ser cá a Região de Turismo a patrocinar a notícia e o boletim meteorológico, bom... E sobre o estacionamento em Lisboa a quadrilha da E.M.E.L. havia de ir presa. Mesmo como larápios são mais reles do que os arrumadores maltrapilhos. Estes mesmo assim ainda conseguem ganho onde a E.M.E.L. só conta prejuízo. Porque será? Se nem uns nem outros são onerados com o arranjo da calçada, a recolha do lixo ou a lavagem das ruas que exploram...
Rua de Arroios, Lisboa, 2010.
Vila Meira - (c) 2011
A Vila Meira foi pintada...
Houve um Meira certa vez - Meira qualquer coisa - que era vendedor de enciclopédias. Parece que tinha jeito, tanto que chegou a supervisor da zona Sul. Do cimo da escalada arrranjou o xadrez em três subdivisões e deitou a escada a três peões de brega: um fulano, bom vendedor mas uma desgraça a conduzir; uma fulana... e; outro fulano de que me não lembra já nada. Mais tarde ouvi que um director o abonou, ao Meira, com uns milhares de indemnização que arrumaram de vez com umas reuniões tête-à-tête que ele costumava ter lá no gabinete com a fulana. A pobre fulana recebeu apenas guia de marcha sem direito a mais nada, coitada. Não tinha peso institucional. Parece que no fim nem o fulano que era bom vendedor aproveitaram; batia demasiadamente com o carro. Não sei como ficou ao depois a história nem se ficou o outro fulano de que não me lembra já a supervisionar alguma coisa que restasse. Também nada disto tem que ver com a Vila Meira, salvo o nome.
Que eu saiba.
Cruzei-me lá atrás nas escadas com o Abraão Lincoln. O Abraão Lincoln foi quem me deu aquele toque na porta em 94. Andou por saber quem era o dono e veio a ver-se era eu. É uma personagem estival de todos os anos mas, no meio de tantas personagens, nunca cheguei cá a escrever de si (dele). Aos anos que aquilo foi!... Nem deve o Abraão Lincoln lembrar-se já da história.
Ali diante vejo o homem que devorava livros. Hoje está só com o jornal. Como no ano passado ou já no outro...?
Ouvi ontem que o Carvalheiro foi assaltado. Ouvi de passagem. Não sei em que contexto; se na praia, no Algarve, ou lá para o Norte (a pronúncia de quem divulgava era nortenha). Não conheço o Carvalheiro, mas mudo-lhe agora aqui o nome para Carvalhosa. Bem sei que no tempo do Eça as praias do Algarve não contavam, mas sendo o nome Carvalhosa muito mais queirosiano sempre há-de compor melhor esta quadrilhice balnear.
Algarve, 4 de Julho
Vi há pedaço 30 s de televisão e fiquei a pensar: qual o adjectivo óbvio para qualificar um desvio de contas que exija um trabalho colossal para as endireitar?
N.85 Casa Á,, Marvila, 2008.
O dr. Vasco Graça Moura assinou a I.L.C. contra o Acordo Ortográfico. Fê-lo de bom grado na conferência que deu em 30 de Junho no C.N.C.. Quando lhe foi pedida a assinatura logo disse da sua disponibilidade para tal: — "Eu assino tudo aquilo que seja contra o Acordo!" — É curioso porque tenho ouvido dizê-lo a inúmeras pessoas a quem rogo a assinatura. É uma voz de peso que se junta agora à galeria de apoiantes subscritores da I.L.C.. O benévolo leitor que, como tantos, se sente verdadeiramente agravado com esta afronta ignara ao idioma pátrio, se ainda não assinou, não deixe de assinar a I.L.C. contra o Acordo Ortográfico. Ficar de braços cruzados é ser complacente com um humilhante enxovalho como o que nos irrompe diariamente pela casa dentro através da intragável R.T.P.. Note que a I.L.C. é o único meio legal ao alcance dos comuns eleitores para abolir a lei o Acordo Ortográfico imposta à bruta nesta espécie de democracia. O Acordo Ortográfico não é vontade dos povos, é tropelia de governos irresponsáveis e de deputados desqualificados que se enredaram na coisa e não ganham jeito de se desenredar dela.
Vasco Graça Moura, C.N.C., 30/6/2011.
Vídeo: José Ferrão.
Na página da I.L.C. pode ver outros extractos da conferência do dr. Graça Moura graças a imagens do sr. José Ferrão.
RTP play beta on-demand em direto... objectivos do milénio... projecto...
(Das páginas da R.T.P. na rede.)
(*) Nome dum programa da abrasileirada R.T.P. com pretensões de ensinar português.
Parei à beira da estrada para comprar laranjas, mas vim de lá com uma estranha ância de comer melância.
border=1 src="https://fotos.web.sapo.io/i/Bf607c2fc/8838458_bLYPm.jpeg" alt="Roja-pé - (c) 2011" width="500" height="333" />
Roja-pé, Algarve - (c) 2011
Ribeira de Alcântara a jusante da Ponte Nova, Lisboa, c. 1912.
Paulo Guedes, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Fim da Rua do Arco do Carvalhão sobre a Ponte Nova, Lisboa, 1939.
Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Vale de Alcântara a montante da Ponte Nova, Lisboa, c. 1940.
Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Vale de Alcântara a jusante da Ponte Nova com as obras de encanamento da riberia começadas, Lisboa, 1945.
Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Ao comentário, mais atrás, dum leitor interessado sobre o local exacto da Ponte Nova comecei por responder com uma transcrição que achei no Arquivo Fotográfico da C.M.L. duma inscrição no original 8141, do fotógrafo Paulo Guedes: "o local da Ponte Nova situava-se na junção das actuais ruas de Alcântara e do Prior do Crato, na perpendicular à linha férrea que vai da estação de Alcântara-Terra para a de Alcântara-Mar. As cancelas da passagem de nível marcam aproximadamente o vão de um dos arcos da ponte."
Estava mal. Logo depois tive de corrigir, e é a emenda que importa trasladar com mais precisão agora para aqui, pois na verdade a Ponte Nova ficava a montante, ao fundo da Rua do Arco do Carvalhão, no cimo da Rua da Fábrica da Pólvora, onde ambas coincidiam no Largo da Ponte Nova, na margem direita da ribeira, um pouco a jusante dum lugarejo chamado Vila Pouca. Por lá há hoje em dia uma E.T.A.R. inaugarada umas poucas de vezes. Consegue imaginar-se uma aldeia ali?
Lugar da Ponte Nova, Vale de Alcântara, 1910-200...
Mapas: Lisboa Interactiva sobre Levantamento da Planta de Lisboa: 1904-1911 (excerto da planta 7H). C.M.L., Arquivo do Arco do Cego.
A obra no pinhal (ex-pinhal) vai bem lançada. Há um ano estava parada. Devem querer abrir o hotel já para... Outubro?
Pinhal do concelho, Albufeira - (c) 2011
A rampa da praia tem alcatrão novo; até pintaram umas riscas no eixo da via. O caminho de pé posto tem piso de cabras e serve de valeta.
Moral?
Vá de carro para a praia ou resvale pela valeta!
Duas barracas novas: uma ao fundo da rampa, com crianças ensinando adultos que as falésias podem, por sua natureza, desabar; outra ao fundo das escadas da praia, de massagens. É toda uma cultura.
Pouca gente (é de manhã); maré-vasa, água boa, nem quente nem fria - como quando o Samora aterrou em Moscovo e o comandante disse que estava 0º. - À nossa esquerda um velho jovem idoso de cabelhos brancos, compridos abaixo dos ombros. É todo um estilo.
Praia da Falésia, Algarve - (c) 2008
Ritual nosso do franguinho no [nome próprio] dos Frangos. Ritual dos do [nome próprio] dos Frangos quererem-nos mudar de mesa depois de nos sentarem. Vim de calções e chinelos e bem vi uma a olhar para mim. Pois saiba que tomei banho para vir jantar fora. E até dou gorjeta (outro ritual).
Na rotunda no meio da Nacional 125 há umas estátuas de frangos. Bem aproveitado o espaço, era lá pôr uma capoeira. Talvez ajudasse a que levassem menos tempo a servir.
Algrave, 2 de Julho de 2011
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