Eléctrico 15, Cais do Sodré, 1980.
Fotografia de Tim Boric.
Em 1904, para alargamento da Azinhaga da Picheleira no troço abaixo da Azinhaga do Teixeira (Rua Luís Gonzaga Pereira), cedeu Hermenegildo da Silva Pinto gratuitamente de sua propriedade 1767,00m2 avaliados em 530$000 rs. Este Hermenegildo Pinto era dono do triângulo de terras situadas entre a Azinhaga da Pecheleira (a Calçada), a Azinhaga (ou Calçada) do Teixeira e a linha ferroviária de cintura concordância (*). O Casal do Pinto. (**)
Vista aérea da do Casal do Pinto e quintas adjacentes, Chelas, 195...
Mário de Oliveira, Arquivo Fotográfico da C.M.L., A24574.
(*) «O ramal que liga o apeadeiro de Chelas a Xabregas chama-se 'concordância de Xabregas' e não linha de cintura.» Devo este esclarecimento ao prezado leitor António.
(**) Projecto de Alargamento e Rectificação da Calçada da Picheleira, C.M.L., Arquivo do Arco do Cego, UROB-PU/09/00635.
O ti Pedro da geladaria diz-me com o café que hoje não há praia: - "É domingue, está fechada."
Havemos de conseguir saltar o portão...
Aquela espécie de truão que se chama Bruno Nogueira vem hoje a dizer no Público que ser o Bruno Nogueira é uma coisa que o irrita. A mim, o ele ser lá o que seja, nem isso.
Bom artigo do director do Serviço de Ciência da Fundação Gulbenkian, hoje, também no Público, sobre élites dirigentes e sua preparação (percepção) do futuro.
Hoje.
Há uma cigarra na falésia que se não cala. Deve de estar a depilar as pernas...
A Lua vai ali maior. Ilusão de estar baixa no horizonte. Vai em quarto crescente. Dentro de dias temos lua cheia. Estivéssemos em Setembro poderíamos esperar marés vivas. E talvez que a água aquecesse.
Algarve, 10/VII/11
border=0 src="https://fotos.web.sapo.io/i/B7107abec/8999472_FwM9e.jpeg" alt="Vilamoura, Algarve, 2011" width="500" />
Vilamoura, Algarve, 2011.
Ouvi ontem um artista na telefonia. Entrevistado, dizia que a quinta essência da criação artistica para si era «a inovação». — A inovação? Cuidava eu que fosse isto coisa de inventores ou treta de vendilhões, e que a Arte tendesse para o Belo... — Mas o artista é um intelectual. Frisou ele que, e bem, há maus exemplos de inovação. O jornalista pediu um.
Resposta pronta: — «O fascismo.»
Imediatamente o jornalista: — «Mas isso não é arte!»
Não se ficou o nosso artista e foi buscar o caso daqueloutro que expôs um cão vivo preso por uma corda a morrer à fome. Que sim, «aquilo era inovação mas era imbecil».
Como foi que a artística razão do entrevistado cedeu aqui ao horrível devaneio do simples senso comum ainda estou para perceber, porque a seguir o jornalista (naturalmente embalado no aparente senso comum do artista) saiu-
-se-lhe a corroborar com o descabelado exemplo dum artista que se mutilasse - «que seria inovação do mesmo género» imbecil...
Afinal não; para o nosso artista seria «inovação interessante». Mas falhou-lhe, é claro, a arte de o demonstrar, pois apenas concorreu com um exemplo desviado: o caso dum artista que enxertou uma orelha no braço. E digo desviado porque a orelha era de laboratório, não lhe havia sido cortada.
Chego a pensar se isto com três orelhas me soaria bem. Mas não sou artista nem intelectual.
(Imagem do museu do circo.)
Rua Veríssimo Sarmento e Quinta das Olaias, Picheleira, 195...
Judah Benoliel, Arquivo Fotográfico da C.M.L., JBN005164.
(Idem, 2011 - Google Maps 3D.)
Rua Andrade Corvo, Lisboa. Adiante o cruzamento com a Rua Sousa Martins. A casa da esquina de cá ainda existe, mas está devoluta. Além do cruzamento já não. Mesmo a casa de topo que fecha a rua, lá muito ao longe - a sede, hoje, do jornal Público -, é um pastiche de prédio de rendimento, com enxertia de mansardas pseudo-industriais e caixilharia pós-moderna.
A Dona Elvira aqui entra na garage Parisiense. Neste mesmo lugar ainda há hoje uma garage. O edifício é outro, porém.
Um dos primeiros automóveis de Lisboa junto à Garage Parisiense, Rua Andrade Corvo (Lisboa), 190...
Fotografia de Paulo Guedes in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Como o tempo tem estado fresco...
Venda ambulante de gravatas, Av. de Roma, 1960.
Arnaldo Madureira, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
O oposto daqueloutra de terça-feira, 16, que mostrava para lá. Por pouco que se via o convento da Penha.
Comício, Arroios, 1908.
António Novais, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Por desfastio peguei ao depois do almoço num livrinho de Alberto Pimentel Uma Visita ao Primeiro Romancista Portuguez em S. Miguel de Seide. Além da notícia das gratas recordações dum dia com Camilo, deu-se esta coincidência...
« De resto, a varanda em que este poema [Gaiola?] ocorre no romance era a do quarto dele, na esquina da Rua José Falcão para a Rua António Pedro, e o prédio da frente-diagonal, tal como é descrito, creio que ainda lá está, como infelizmente a varanda [de Jorge de Sena] não está, nem a casa, levadas no progresso citadino em nome do qual se têm cometido verdadeiros crimes de estética arquitectural.»
D.ª Mécia de Sena, 1983-84, na introdução dos «Sinais de Fogo».
Não estou bem certo se o poema é a Gaiola de Vidro, a dado passo dos Sinais de Fogo. Ele assim parece. Mas nesse passo não há varanda; o autor/personagem, no romance, deambulava por Pedrouços...
Todavia é a casa que me interessa; Rua António Pedro, 68, Lisboa; há hoje ali uma loja de móveis. Da antiga casa, em que morou Jorge de Sena, não achara eu fotografia até há dias. E a que surgiu então (única até agora) nem dá bem a ideia... A casa aqui vê-se em construção («meia desconjuntada» nas palavras dum leitor) e tomada das terras de trás. Cá fica a nota.
Prédio da Rua António Pedro, 68 em construção, Arroios, 1908.
António de Novais, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Acabei de ver uma notícia do Crespo noticiada pelo Mário dito.
O sr. ministro Relvas dos assuntos parlamentares, nascido no Ribatejo e natural de Lisboa, disse à imprensa que a renda de mais € 600.000,00 da loja do cidadão nos Restauradores é exagerada. Eu não sei preços de rendas ali nem a área da loja, mas admito que assim parece; o sr. ministro observa bem. Só não sei claramente o que lhe vai na ideia para resolver o caso, pois apenas o ouvi mencionar freguesias populosas dos concelhos de Lisboa (Pontinha) e de Sintra (Cacém), e misturá-las ao acaso com o concelho da Amadora e, por fim, como que para não ofender alguém, Almada.
E já agora, as lojas do cidadão são da pasta dos Assuntos Parlamentares, ou só assunto para parla...?
Comício, Arroios, 1908.
António de Novais, in Arquivo Fotográfgico da C.M.L.
Dantes, às azémolas punham-se antolhos para só verem numa direcção. Hoje não seria preciso.
Antes das férias queria uma capa para o Kindle que havia de levar e pensei — Que diabo! Não há-de de ser preciso mandar vir uma pinderiquice destas da América! O Kindle ainda vá, que cá se não vende, mas uma capa!... Numa dessas lojas de centro comercial — cuidei — com certeza há-de haver coisa que menos mal sirva. E quiçá mais em conta.
Na primeira a que fui dar procurei logo ao empregado que, com o Kindle diante de si, foi peremptório. Não tinham. — Mas repare! — ainda tentei — Nem nada de dimensões semelhentes que se lhe ajeite? — Não senhor.
Segui adiante.
Na segunda dei prévia vista de olhos a ver se teria mais sorte antes de me desenganarem. Não vi nada, mas com tanta variedade de artigos numa loja tão grande podia ser que com a ajuda dum empregado... — Ele a final de contas há tantas tabuínhas (tablet PC) do tamanho do Kindle... — era a minha esperança. — Também nicles; nada; João Néria. — "Sabe, não vendemos Kindles!...!" — defendeu-se o empregado. — Bom! Ele havia de saber...
Próxima.
Na terceira, decidido a dispensar empregados do comércio, apliquei-me a procurar com mais atenção. Se bem o pensei melhor o fiz. Num pacote fechado uma capa (não sabendo eu especificamente para que aparelho) que, pelo boneco e pela descrição, me pareceu que era calhada. Mas não havia nenhum exemplar exposto e, por via das dúvidas lá me rendi a chamar um empregado.
— Esta capa é para o Blackberry. Não lhe serve.
— Claro. Mas eu tenho a impressão que mesmo assim... Pode o senhor abrir-me a embalagem para eu ver melhor, por favor!
— Está bem. Mas esta capa é para o Blackberry — e passou-me a capa desempacotada.
— Calha que nem uma luva. O senhor acabou de vender o artigo. Obrigado! (*)
A história acima haveria de ficar a aboborar até esquecer não fora a Volta hoje me ter trocado as voltas. Desviado para os lados de S. Sebastião resolvi meter o nariz nos armazéns espanhóis a ver de cerra-livros como uns que há meses lá achei. Não nos achando e fazendo menção de desistir sugere-me a senhora: — "Melhor é perguntares."
Pois bem, inquirida a empregada da papelaria, remete-me ela prontamente para a livraria — certamente a palavra «livros» naquela cabecinha...
Pergunto então na livraria. Um empregado de fato e gravata, asseadamente barbado de três dias, hesita; quer que o esclareça se é o título dalguma obra. (!)
Explico-lhe o que é.
Remete-me solicitamente para a secção de papelaria.
— Sim senhor! Muito agradecido!
(*) Todas as três lojas vendem acessórios para o Blackberry, seja lá ele o que for.
Sardinhada. Sardinha miúda, que é o que se apanha este ano. Boa pinga. melhor prática (4ª acepção).
O avô Manuel, fiquei a saber, aprendeu por si a ler. Tomou-lhe gosto e diz que lia romances à família, ao serão: «Amor de Perdição», «As Pupillas do Snr. Reitor»... — «A Vida de Cristo» — corta a ti Tónia, sempre a mais devota... — Diz que quando interrompia a leitura, que era costume dizer: — "Agora vamos dormir porque amanhã é dia de trabalho." — E diz que no dia seguinte a avó Rosa se punha a contar as histórias às vizinhas.
Algarve, 9/VII/11
(E se é para haver só inglês... pois seja em bom estilo, não no técnico.)
Literalmente e em todos os sentidos.
Esta é do calibre do Egito/Egípcio mas muito mais grosseira: «tacto» com o prefixo de negação «in-» não deixa de ser a mesma palavra «tacto». Pois a bizarria cacográfica que querem levar avante emparelha «tato» sem prefixo e «intacto» com prefixo. Isto não é falta de tacto de incautos acorditas; é asneirada grossa e feia de cavalgaduras de nomeada.
Passou-me pelas mãos um tomo com o título «Jovens Criadores 2002». Edição bilingue luxuosa, em papel couché, publicada sob os auspícios da Secretaria de Estado da Juventude e Desportos, do Clube Português de Artes e Ideias e com o patrocínio doutros mecenas do Estado como a companhia dos Caminhos de Ferro e a Câmara de Santa Maria da Feira. Teve direito a uma tiragem de 1.000 exemplares, 1.000 e a um prefácio do sr. secretário de Estado da Juventude e Desportos, o notável Hermínio Loureiro. Não fiz caso de o ler.
Folheando agora o tomo, vejo arrumada a cada duas páginas uma «criação» e a respectiva efabulação do autor sobre ela. Ao calhas tiro dois exemplos para vos dar:
O 020 é do «jovem criador» João Bento, que filmou um gira-discos com discos a tocar. Chamou-lhe «Ready Made», em americano, e resumiu a coisa como «instalação de vídeo», sonora e a cores, com 8h de duração em repetição (loop). Parece que cabe na categoria de Artes Plásticas, Fine Arts em americano.
«Ready Made», portanto.
Na efabulação conceptual sobre a sua obra «Ready Made», o moço — perdão, jovem — «criador» João Bento explica a fundo a sua ideia: o filmar discos a tocar no gira-discos é «ambíguo e paradoxal» e simultaneamente «simples e objectivo» (ser «objectivo» é da essência de toda Arte, diremos todos!...); além disso diz que a coisa «propõe uma disfuncionalidade entre a TV e o gira-discos» materializando-se ao depois numa «espécie de jukebox».
(Filmar discos num gira-discos resulta numa «espécie de jukebox»... — Muito bem! Muito bem!...)
E ele há mais.
Isto tudo assim posto «transporta-nos para questões relacionadas com a funcionalidade da arte e da TV [leia-se media] e a sua [dos media] incessante procura de um estado de implosão da realidade». — Pois se ele o diz... — Mas afinal quem diria! Uma simples filmagem de 8h dum gira-discos a tocar discos... Que ao ser proposta como «objecto artístico» dá a perceber — enfim! — «um espaço que para além de físico é conceptual.» Eis um rico conceito «Ready Made», ora bem! — Tal como também havia aquele outro que pulava sem parar tentando agarrar a atmosfera com as mãos e, perguntado do que fazia, respondeu que estava a apanhar nhanhas. E cá tendes assim a amostra doutro «espaço que além de físico é conceptual»: as nhanhas.
Aqui chegado, melhor é passar adiante o segundo exemplo que ia dar que é para não maçar; apesar de estarmos em Agosto há mais que fazer. E afinal há mil exemplares, mil, do livro publicados em papel durável que darão válido testemunho aos vindouros dos quês e porquês das nhanhas que lhes serão legadas pelos hermínios loureiros desta civilização.
(Revisto à 9h21 da noute.)
Já há dias recebi da companhia da electricidade, por correio, um folheto de propaganda em brasileiro cujo destino foi imediatamente o caixote do lixo. Agora insultam-me com (parafraseando Olavo de Carvalho) uma grafia da p... que os pariu. A eles e aos governantes que com estas m... põem um povo inteiro de cócoras.
Uma casa que não diz onde é. O arquivista apenas dá o autor e uma data aproximada: década de 1900. Se o prédio detrás do chalet é, como cuido que é, o prédio do anjo, onde há hoje uma construção chamada Atrium Saldanha dando frente para a estátua do dito, então o que vedes aqui é a esquina da estrada das Picoas (hoje Rua Eng.º Vieira da Silva) com a Av. de Fontes Pereira de Melo. Já passava ali o eléctrico (quando lá passou o fotógrafo); a linha do Rossio ao Campo Pequeno (Lumiar) foi aberta em 10 de Agosto de 1902. Dez de Agosto, dia de S. Lourenço. Ora aqui tendes uma boa data para a fotografia. Pelo soalheira que é não desmente.
(Fotografia de Paulo Guedes, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.)
Revisto no dia de S. Lourenço de 2014.
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