« Por motivo de reconstrução de pavimentos, a partir do dia 30 de Setembro de 1955 (6ª feira) é encerrado o troço da Avenida de Roma entre a Rua Silva e Albuquerque e a Avenida da Igreja. Assim, a partir daquela data o percurso da carreira 7 é provisoriamente alterado naquele troço em ambos os sentidos, passando a efectuar-se pelas Ruas Silva e Albuquerque, ligação à Rua Maria Amália Vaz de Carvalho, Rua Maria Amália Vaz de Carvalho, Rua Marquesa de Alorna e Avenida da Igreja.»
C. Filipe, A minha página Carris.
Avenida dos Estados Unidos no cruzamento com a Av. de Roma [pormenor], Lisboa, 1960-69.
Artur Pastor, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
(*) «Reconstrução de pavimentos» é um do mito dos tempos da fundação de Lisboa por Ulisses.
« Estou no 11º ano, comecei agora o ano lectivo e todos os dias entro em “luta” com a minha professora português por causa deste assunto. Todos os professores parecem submissos e conformados, mas eu simplesmente não me consigo conformar e faz-me ainda mais confusão a posição dos professores (especialmente os de português) em relação a isto. Em português, quando se começar a avaliar nos testes como erro (disseram-me que seria em 2014), não prejudicarei a minha nota por não querer escrever assim, mas recuso-me a escrever nos meus cadernos e em tudo quanto seja MEU de uma maneira que eu considero ridícula! E a minha professora de português anda a “impingir-nos” o acordo ortográfico, e o manual este ano já está todo adaptado... É horrível, frustrante, não consigo sair de uma aula de português sem me sentir frustrada e irritada. Anda a ser mesmo complicado. E hoje descobri que a gramática também mudou! Por isso, muitas das coisas que durante 10 anos de escolaridade andei a decorar e a considerar como correctas, agora do nada mudam! (Imaginem as pessoas que estão na faculdade, em cursos de Letras!) Eu não percebo como querem que nos adaptemos a isto, ainda por cima a gramática não é o forte de muitas pessoas na escola. Ainda se fosse acrescentar algumas coisas, se calhar até faziam isso de vez em quando e nem nos apercebíamos. Mas não, mudaram os nomes, acrescentaram coisas só para complicar, sem necessidade justificada! Os complementos circunstanciais agora são os modificadores e muito mais coisas mudaram e tornaram-se mais complexas, sem necessidade nenhuma; não percebo nada; nem eu nem ninguém; vai ser horrível ter que reaprender imensas coisas de gramática, completamente diferentes/modificadas, com as quais já não conseguimos criar associações porque não sabemos o que são. E a minha professora insiste que não é necessário termos uma aula para nos mostrar tudo o que foi modificado: o que era x passa a ser o quê; mas que tudo se vai mostrando “sem pressas, quando surgir”. Estou completamente à toa, e o mais chato é que eu não quero isto para mim, nem para a minha língua, mas tenho que me adaptar na escola! Todos os meus colegas se sentem revoltados, ainda que uns mais que outros, mas sei que muitos vão acabar por se conformar. Mas eu sinto-me DESESPERADA por que isso não aconteça! Queria que tudo o que as pessoas acham viesse a público e mudassem isto! Que se fizessem ouvir! Meios de comunicação, manifestação, qualquer coisa! Só assim alguém nos ouve, infelizmente! (Visto que nem sequer nos requisitaram voto na matéria!) Não consigo conformar-me, não vou fazê-lo. A nossa língua é linda, das nossas maiores heranças, dos nossos maiores potenciais. Isto é um ATENTADO ao português! Eu queria muito assinar, mas não tenho mais de 18 anos por isso não tenho número de eleitor. Não haverá outra maneira de eu poder assinar?»
Comentário da estudante Maria, in «Assinar a I.L.C.», I.L.C. Contra o Acordo Ortográfico.
Adenda: resposta do 1º Subscritor da I.L.C., em 30/9/2011 (ver em baixo).
Mota do padeiro, Av. dos Estados Unidos da América, 1960-69
Artur Pastor, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Recebi da estimada leitora Eva uma florida medalha (muto obrigado!) e a incumbência de dizer seis ou sete coisas que aprecio. Já em tempo me calhou dizê-lo nas «Correntes da memória» e repeti-lo ao depois em «Seis coisas como elas são». Adapto agora o rol anterior ao jogo actual.
Sete coisas que gosto: 1) dias longos e noites abafadas; 2) conservar hábitos; 3) limites à superprodução galopante (vulgo P.I.B.) de bens inúteis; 4) uso da linguagem com propriedade; 5) ignorar o telefone; 6) melão, no Verão. Acrescento mais uma: 7) a Lezíria do Ribatejo.
Barroca d' Alva, Alcochete - (c) 2010.
Preciso agora de passar o testemunho a seis blogos. Pondero meia-dúzia no rol aqui ao lado...
Sua Exc.ª o ministro Álvaro da Economia exprime-se com brilho: ouvi-o na telefonia dizer do aumento da electricidade para consumidores (30%) e para empresas (55%). Cuido, portanto, que quem acenda a luz seja um de dois, consumidor ou empresa. Tertium non datur.
Que tamanho brilho não encandeie o último a sair...
(O Lampadinha é do Prof. Pardal e do Walt Disney.)
« No dia 26 de Setembro de 1971 (domingo) a carreira 7 de autocarros é prolongada ao Cais do Sodré, passando a assegurar o serviço da carreira 16 e reforçando a oferta na Avenida Almirante Reis. A partir do Cais do Sodré a carreira circula pela Avenida Ribeira das Naus, Praça do Comércio, Rua da Prata, Rua do Comércio, Rua da Madalena, Largo do Caldas, Poço do Borratém, Martim Moniz, Rua da Palma e Avenida Almirante Reis, Rua Pascoal de Melo, Rua António Pedro e Rua Pereira Carrilho até à Avenida Manuel da Maia, de onde segue pelo percurso habitual até à Calçada de Carriche. No sentido inverso, a partir da Alameda Afonso Henriques circula pela Rua Quirino da Fonseca, Rua Alves Torgo, Rua José Falcão, Rua Francisco Sanches, Avenida Almirante Reis, Rua da Palma, Martim Moniz, Rua Dom Duarte, Praça da Figueira, Rua dos Fanqueiros, Praça do Comércio, Rua do Arsenal e Rua Bernardino Costa. »
C. Filipe, A minha página Carris [sublinhado meu].
Autocarro 7, Alameda, 1960.
Fotografia do Museu da Carris, in 255 Preservation Group.
Nas palavras de Fernando Cristovão, 1986 é o ano que marca a nascença da lusofonia. A grandiosa lusofonia está, obviamente, acima da mera língua portuguesa.
Miguel Esteves Cardoso, «O Acordo Tortográfico», in Explicações de Português, 2ª ed., Assírio & Alvim, 2001, apud I.L.C. Contra o Acordo Ortográfico.
Não há Google lusofonês (ainda). Medindo a grandiosa lusofonia com os Google possíveis temos:
A lusofonia é portuguesa. O português que fique para o Brasil.
Na língua portuguesa, palavras como vida, alma e esperança pertencem ao género feminino.
Discurso da presidente do Brasil na Assembleia Geral da O.N.U., in O Planeta Osasco, 21/IX/11. (*)
Pois Dilma é do género masculino. Assim como «trolha».
Bairro da Madre Padra de Deus; abertura de ruas, Lisboa, 1944.
Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
(*) Note o benévolo leitor, se puder, o caso que faz este periódico brasileiro do famosíssimo Acordo Ortográfico.
(Verbete revisto.)
Cais do Sodré, Lisboa, c. 1960.
Fotografia do Museu da Carris, in 255 Preservation Group.
« No dia 21 de Setembro de 1952 (domingo) a carreira 1 é prolongada, passando a servir o novo Bairro da Encarnação. A carreira segue pelo percurso habitual desde o Cais do Sodré até ao Aeroporto, seguindo depois pela Estrada de Sacavém [Av. da Cidade do Porto] até à Rotunda da Encarnação, onde passa a efectuar terminal.»
C. Filipe, A minha página Carris.
Autocarro 1, Rotunda da Encaranação, 1952.
Fotografia do Museu da Carris, in 255 Preservation Group.
Buggles, I Am A Camera
(Adventures In Modern Recording, 1981)
Adenda:
O Nuno tinha o disco. Comprou-o na papelaria lá da rua — o Jaime há-de lembrar-se, ele tem boa memória destas coisas. — Da cantiga, porém, não há-de haver muito quem se lembre, creio... (também a julgar pelo número de vezes que foi vista esta cópia no Tubo desde Agosto 2009: 308.)
Eu lembro-me. Ontem vinha a ouvi-la de Salvaterra para cá. Tenho-a naquela série em que a seguir vem o Geno...
...
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Dexy's Midnight Runners, Geno
(1980)
(Uma banda que visivelmente não contribuía para o desemprego entre os jovens.)
Costuma dizer-se que quem não chora não mama. Tenho para mim que a mama que se sabe da Madeira leva já carradas de anos, a medir pelas birras. Sucede que agora a teta da República secou a valer.
Casa do Zarco, Funchal, 2011.
Uma coisa que me sempre irritou nas Ciberdúvidas foi a mania de atirarem as consoantes etimológicas do português para dentro do burladero (parêntesis), a par dos acentos cricunflexos brasileiros (cf. Mictório, Ciberdúvidas, 27/10/2004). Tal exercício parecia-me que era escrever mal; nem escreviam português nem português brasileiro; e tal dejecto ortográfico (passe o termo) sucedia em páginas de esclarecer dúvidas de... português. Pois bem, com a maravilha luso-fôna da união da grafia do português pelo português brasileiro a cagada (desculpem o termo) não podia sair melhor. Confira s.f.f. o benévolo leitor a desdita em que nos lança o Acordo Ortográfico de 1990 (o tal já firmado que se torna imperativo de os portugueses acatarem, polos brasileiros não acatarem eles o que firmaram de livre vontade em 1945). No pelourinho dos «Abusados» da Casa Pia (Ciberdúvidas, 13/1/2004), a redacção é uma confusão pegada. É nisto que havemos de pastar durante anos. É ou não o fim da Ortografia (= recta escrita)?![]() Nota: claro que pelo português brasileiro a impor, o que vai a verde é o que se tem por incorrecto e o que vai vermelho o que se quer tornar português correcto. |
![]() |
José Diogo Quintela, «Adeqúe o seu vocabulário», in Pública (suplemento do Público), 18/9/2011. |
Nota: o tetraneto do 1º conde de Farrobo assinou há dias a I.L.C. contra o acordo (orto)gráfico.
(Fotografia: Alexey Fursov, in Stockpodium.)
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