O meu passo-social de 1985 diabolizado hoje em 1.ª página.
No Corpus do Português há 7 registos, 7, do emprego da flexão verbal de sentido reflexo «reuniram» com a preposição «com»; todas do séc. XX, todas na imprensa; 5 na brasileira, 2 na portuguesa. Apenas numa das 7 se usa o verbo mutilado de pronome: Várias organizações de produtores, quer de pêra quer de maçã, reuniram com responsáveis do Ministério da Agricultura («Promoção da pêra rocha recebe 180 mil contos», in Jornal de Leiria, 22/VIII/1997).
Procurando mais além no Corpus, da expressão «reuniu com» há 34 registos: 1 académico, 33 na imprensa. Destes 33, 21 são na imprensa brasileira, todos com pronome proclítico reflexo (fulano se reuniu com sicrano), como é normal no Brasil; na imprensa portuguesa, 8 casos em 16 usam o verbo com sentido reflexo e sem qualquer pronome, proclítico ou enclítico. Três (maus) exemplos de três jornais diferentes:
O Corpus regista ainda «reunirá com» (3 casos em 4 no Público), «reúne com» (1 em 1 no Jornal da Beira, 3 em 3 no Jornal de Leiria e 1 em 2 no Público) e «reunir com» (7 em 9 no Público, 1 em 3 n' O Jornal e 2 em 2 no Jornal da Beira), todos sem o devido pronome reflexo.
Os exemplos deste apanhado no Corpus do Português são dos anos 90. Todos na imprensa portuguesa, menos um ( um grupo de pares do reino reúne com a rainha, Gilles Lapouge, «Windsor na corda bamba», Jornal de Pernambuco, 4/IX/1997). Não achei exemplos deste erro (os progressistas dirão evolução) em texto literário. Não há casos no Corpus desta má conjugação e textos dantes de 1990. Um trejeito moderníssimo, portanto.
Se a conjugação pronominal como a do verbo lembrar («eu lembro de» por «lembro-me de») definha, sobretudo no Brasil, trocando a gramática pelo falar de cafres, parece-me neste caso que a conjugação reflexa de reunir (a que somaria afundar, inaugurar — já para não falar em casar...) é mérito laborioso dos maiores competentinhos da nossa linguagem: os jornalistas portugueses. -- De cafres é que não!...
Sol, 2/XI/12.
Quando fui para o 7.º ano tive direito ao passo por causa de a escola ser longe. Senti-me então -- aos 12 -- como um pássaro a quem abrem a gaiola; podia descobrir livremente toda a cidade em qualquer autocarro ou eléctrico. Podia descer dum autocarro e apanhar o primeiro que viesse a seguir e ir aonde essoutro me levasse. E podia andar no Metro também porque, embora eu não precisasse para ir para a escola, o meu pai foi sempre generoso (sempre, se excluirmos um certo mês em que as notas que tive não foram suficientes para manter o privilégio) e comprou-me sempre a senha L que permitia livre trânsito no Metropolitano.
O que eu não soube logo e ainda demorou até o meu irmão me dizer foi que o passo da Carris também dava para os elevadores.
Abrigo e bilheteira do elevador da Glória, Lisboa, 1931 [1933].
Fotografia de Eduardo Portugal in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Nota à 2.ª edição:
Este verbete foi publicado originalmente em 17 de Setembro de 2007. Posteriormente publiquei outro com uma fotografia do mesmo lugar, mas referindo-me ao incêndio de 29 de Janeiro de 1929 no Palácio Foz, em que temos o mesmo terminal do ascensor da Glória doutro ângulo.
O ano de 1931 dado pelo arquivista à fotografia não parece, porém, certo. Desconheço em que se ele baseou. O filme em exibição no Central Cinema do Palácio Foz, «O Hotel do Amor», estreou-se em Portugal sòmente em 11 de Dezembro de 1933 [segunda-feira] (cf. Base de Dados de Cinema da Internete). A chapa foi batida na semana do Natal de 1933; o cartaz informa-nos claramente: 2.ª semana. Anteriormente a Dezembro de 33 não seria possível a fotografia.
(Revisto em 4 de Novembro.)
Só se for barbarismo para a canga decorada que junge os bovídeos...
Pequena aldeã guiando carro de bois, Porto, 1900-1919.
Foto: Charles Chusseau-Flaviens, in George Eastman House.
Tipos portugueses: crianças peixeiras, Ribeira de Lisboa, 1900-1919.
Foto: Charles Chusseau-Flaviens, in George Eastman House.
Para baixo... todos os santos ajudam.
«Portugal. Rue de Lisbonne», 1900-1919.
Foto: Charles Chusseau-Flaviens, in George Eastman House.
Nota: o elevador era de dois pisos.
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