Eléctrico 807, ou um 17 à cunha e com ciclista à boleia, para o Alto de São João. Imagem da Rua da Palma com memória viva do teatro Apolo na varanda da alfaiataria. Graças ao sr. Tim Boric que nos legou o que havia para ver, do chão da igreja do Soccorro em... 1980, salvo erro.
Quando há tempo aflorou à imprensa a notícia de a Parpública ter de prover a tesouraria da TAP, constou-me que o fez a preço de amigo, cobrando uns 8% de juro. Como a Parpública não é propriamente um banco, cuido bem que se ela haja provido por sua vez na banca. Não sei se é verdade. Se é, a voz corrente é de a usura na banca rondar os 5 ou 6% num empréstimo destes. Também não sei. Sei é, também de voz corrente, que os onzeneiros da banca se provêem no Banco Central Europeu a 1%...
Ele há agora umas ratoeiras modernaças a que chamam estações rateiras, mas parece-me que não é com isso que se apanha um comboio de ratos...
Ratoeira Estação rateira -- (c) 2013.
Viaduto ferroviário de Santana de Baixo -- eis o nome correcto. -- Por oposição ao viaduto ferroviário de Santana de Cima, ainda muito familiar -- porque sobrevivo -- àqueles que desçam a Av. Calouste Gulbenkian caminho da ponte ou da auto-estrada do Estádio.
Ao benévolo leitor curioso de novidades antigas, esquecidas ou nem imaginadas, o panorama do vale e da ribeira de Alcântara ao fundo da Calçada da Quintinha. Para confronto com a das automotoras Allan.
Viaduto ferroviário de Santana de Baixo, Vale de Alcântara, 1940-45.
António Passaporte, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Três automotoras Allan sobre a antiga ribeira da Alcântara a jusante do velho lugar de Santana, a onde se podia ir de Campolide descendo a Calçada da Quintinha e a Calçada do Baltazar. O lugarejo bucólico era atravessado pela velha ribeira; tinha uma igrejinha (ou capela) meia encarrapitada na vertente da Serra de Monsanto. Não sei o orago mas não será difícil deduzi-lo. A ribeira foi encanada e o pequeno povoado foi completamente varrido do mapa. Um primeiro resultado dos aterros foi um estradão que baptizaram Avenida de Ceuta. Não ficou, porém, como aqui vemos Numa fotografia de Diniz Salgado pode o benévolo leitor ter uma perspectiva semelhável.
Av. de Ceuta (ponte a jusante do antigo lugar de Santana), Vale de Alcântara, c. 1966.
Horácio de Novaes, in Bibliotheca d' Arte da F.C.G..
Quando nos anos 70 ouvi pela primeira vez dumas gasosas sevanepe fez-me espécie o nome sem sentido. Pior por haverem as garrafas um 7 e um UP gravados. Aquilo de se dizer sevanepe duma vulgar gasosa e ao depois ainda por cima se o escrever setupe era demasiado bizarro para quem aprendia as primeiras letras. Pois bem, passada uma data de anos veio a dar-se o que havia de ser: o nome gasosa, à conta da tal bizarria dita sevanepe, veio a levar sumiço da linguagem comum para designar gasosas. Já lá vamos.
Duma vez que dei quantia de mais para pagar uma bica e uma água fiquei ante a empregada que me serviu, com olhar inquisidor, à espera da demasia. Ela, uma mulatita moça, desentendida, embora de boa fé, procurou-me se era mais alguma coisa.
— Sim. A demasia.
Pôs um ar intrigado — Demasia?!...
— Sim. Sabe o que é a demasia?
— É... o troco?
— Ora já vê! — e com isto recebi a demasia com um sorridente pedido de desculpa.
Passado tempo cruzei-me com esta moça que estava na caixa ao fim da linha de refeição da cantina. É aqui que entra o sumiço da gasosa. Vendo que não levava eu bebida na bandeja perguntou-me: — Não quere a bebida?
— Quero. Dê-me uma gasosa.
— Gasosa?!!
— Gasosa.
— É uma sevanepe — soprou-lhe uma que estava detrás dela a atender quem vinha do lado de lá.
Foi-ma buscar. Quando ma pôs na bandeja lembrou-se da demasia: — Ah! O senhor é aquele senhor que fala estranho.
Falar estranho parece que é troco de dizer gasosa por sevanepe.
(Imagem adaptada do Custo Justo.)
Donde me vejo lixo é lixo, é para deitar fora. Logo, descarto simplesmente o lixo, não gero matéria prima. A perspectiva do industrial da reciclagem é que concebe o lixo como matéria prima. Pois bem, qualquer matéria prima é susceptível de incorporação de valor. Naturalmente, justo é que quem tome o lixo desprezado e lhe incorpore valor num dado processo de produção venha a arrecadar renda da mais-valia gerada. Naturalmente, justo será também, que venha a arcar por si com os necessários custos de produção. -- Ora por que diabo hei eu de dar a minha força de trabalho a tal processo de produção se me não há-de calhar quinhão do lucro? Pela fé de salvar o planeta?! Deus me livre!
E em cima disto ainda andam por aí a ratar-me dos impostos municipais as ladainhas com que me enganam.
(Música: Glenn Miller & Ray Eberle, Blueberry Hill; fotografia: Planeta Barbarella.)
Admira-me gente que se alardeia humilde vir dizer: — Em muitas horas de emissão, se esse é o único erro / lapso / gralha a apontar, muito obrigado! Só nos dá a certeza de estar[mos] entre as melhores empresas de tradução.
Admira-me gente que se tenha na grande conta de estar entre os melhores da tradução e legendagem não reconhecer na expressão de escárnio «grafia macaca-casteleira» uma invectiva ao autor do sistema cacográfico com que irresponsavelmente segue em mutilar o português e a tome ensimesmadamente respondendo-me que desconheço por completo o trabalho que está por detrás de uma tradução e legendagem.
Admira-me sobretudo gente que maneja tão laboriosamente o idioma conseguir com vanglória e alardo escrevê-lo com menos letras do que os sons que se dizem.
(O Mirante, 14/II/13)
O Mirante é um bom jornal, que (por bem melhor) se nem compara ao pasquim Correio da Manhã. Apesar disso incorreu neste erro, hoje já sem emenda. Sei que a Camilo e Eça lhes falhou também o mata-borrão no mesmo (cf. «Há por havia», 9/IX/12). Ou antes deles, Garrett, infelizmente -- 'Meu Carlos' ditto assim, não o ouvíra elle ha muito tempo (Viagens na Minha Terra, cap. XXXV). -- Com vultos tais a caucionar desde o séc. XIX a macarrónica sintaxe não é grande quinau que aqui faço a O Mirante. Nem cogitava eu de tornar agora com o caso. Orelha nenhuma hoje o parece estranhar: o verbo haver seguido locução de tempo tende a tornar-se adverbial, com há sempre invariável.
Todavia sucedeu esta tarde que, por fortuita coincidência, me surgiu diante, da pena de Hermano Saraiva -- Além disso, dissera, havia anos, que o Demónio falava por um crucifixo (Vida Ignorada de Camões, 2.ª ed., p. 114).
Valha-me não estar eu mal acompanhado.
Já tínhamos dado conta do pobre Viegas ser mais ventre do que cérebro. Daí a ventriloquência, ou pior...
Ontem quis meter-se a fadista; de tão dado que é ao Bataclan saiu-lhe modinha de samba. -- Ora invectivar alguém com vá tomar... como quem manda tòmá' um drink é lá alguma coisa?! -- Lembra-me dum que, de tão educadinho, o pior palavrão que dizia nem «merda» era; era «merdinha». -- Pois o tipo fadista com que o ex-secretário procurou chocar a malta não é de usar canivetes. A vir de naifa há-de ser com ponta e mola. E nem há-de remeter cá para mariquices passivas. Quando um fadista insulta manda sem mais à parte viril: -- Vá prò... -- Ou não é?
(Imagem em ...)
Caiu com estardalhaço um meteorito na Rússia. Admira-me é os «amaricanos» não no terem previsto. Só devem ser capazes no cinema...
(Meteoro, 1979, in Sean Connery.)
Recebi uma cartinha da A.R.S. de Lisboa e Vale do Tejo... -- dantes dizia-se com mais propriedade Estremadura mas ia lá o povo agora perceber sentido nos estranhos nomes das províncias portuguesas. Também ninguém no ensina...
Adiante.
Recebi uma cartinha da Administração Regional de Saúde a dizer-me que por conta de não sei quantos despachos e decretos me riscavam do posto da Caixa (dantes dizia-se assim mas agora chamam ACES à coisa; nem sei o que significa). A cartinha veio ofensivamente em acordês mas era assinada por ninguém menos do que o sr. Presidente do Conselho Directivo. Isto mesmo: Directivo. Não é espantoso?!
Não sou de fazer esperar gente de títulos em tão recto português e vai daí respondi-lhe prestes -- até redigi à mão -- que, já que a lei mo permite, me mantivessem a inscrição no posto da caixa (ou no ACES ou lá como é) e que fizesse o sr. Presidente do Conselho Directivo o favor de transmitir esta minha tenção aos respectivos serviços.
Disse-lhe mais, mas o principal foi isto.
Nas sociedades agrárias qualquer cavador sabe que para tocar as bestas à frente do arado há-de-se-lhes dar ração. Esta agora de esporear todo o animal na feira para vigiar o comércio por conta do governo, em troca de nada, é digna de nota. Ao pé dos que inventam estas os agentes da P.I.D.E. eram meninos de coro.
(Imagem. Jornal de Negócios, 13/2/2013.)
Lê-se adepto mas escreve-se com menos do que se diz. Tal como facto, invicto, ficção, secção &c. A simplificação é assim. Delir grafemas apesar dos fonemas. O exercício simplificador é grafar menos para ir dizendo menos. O cúmulo é nem grafar sílaba nenhuma quando a linguagem for em grunhidos monossílabos; até nos calarem de vez a voz.
(Imagem por Rui Moura, via I.L.C. contra o Acordo Ortográfico.)
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