Do lat. annus, medida de tempo que comprehende 12 mezes... Differente do lat. anus que remette para o fundo do intestino grosso.
«Anno», Diccionario Aulete, 1.ª ed., Lisboa, Imprensa Nacional, 1881, p. 99.
Milho alvo a 5$40 [cinco e quatrocentos, na linguagem mais corrente] / Kg; milho païnço a 6$90 [seis mil e novecentos, em linguagem também corrente]; e queijo Rabaçal a 19$00 [dezanove mil réis, em linguagem ainda corrente] o quilo.
E um rèclamo aos vinhos Messias. -- É onde esta mercearia ficava: mesmo ao lado do rèclamo...
Mercearia, Lisboa, c. 1960.
Artur Pastor, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
Batata nova para consumo a 1$00 [dez tostões] / Kg. Grande sortido de marcas leite em pó, leite condensado da marca que se sabe, atum em conserva, queijos de vária qualidade e qualquer coisa que não sei dizer a 49$00 / Kg.
Mercearia, Lisboa, c. 1960.
Artur Pastor, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
[...] Nestas condições, normal seria que a jornalice espaventasse o escândalo, matéria de higiene urbana e saúde pública. Dorme, porém, descansado o presidente da Câmara. O homenzinho ajunta ser socialista a ser monhé, duas qualidades fundamentais que lhe garantem a imunidade jornalenga [...] A imprensa não quer enfarruscar as ambições políticas do cavalheiro. Lisboa já lhe fica curta nas mangas e inodora nas narinas. Tarde ou cedo, há-de perfumar de lixo o país inteiro.
Bruno Oliveira Santos, «Lisboa, a capital do lixo», in Biblioteca, 28/XII/13.
O café no recanto da Praça de Londres de que me não recordava ontem era a final o Café de Paris. O confrade Manuel desfez-me dúvidas e enganos ontem ao serão num comentário certeiro com prova irrefutável.
Café de Paris, Praça de Londres (Lisboa), 1977.
Vasques, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Com estas voltas dou comigo a pensar no desconcerto: da Praça de Londres irradiam, entre outras, as avenidas de Roma, de Paris e do México; o Café de Paris ficava na Praça de Londres; o café Londres era (ou é) na Av. de Roma; a leitaria Mexicana descaía (e descai) da Praça de Londres para a Av. Guerra Junqueiro, sem caso da Av. do México que dá para o outro lado...
Só a pastelaria Roma se atinava com a avenida do seu nome. Mas vede, acabou em hamburgaria americana!...
Adenda às 11h30:
Em comentário acabado de receber, o confrade José Leite confirma que o café Londres antecedeu, no actual recanto do B.E.S. na praça da dita, o Café de Paris na imagem.
Recapitulando, assim: nos anos sessenta e até, pelo menos 1973, há testemunho de no tal recanto da Praça de Londres haver (naturalmente) o café Londres. Em 1977 há prova fotográfica de o café Londres se haver vertido em Café de Paris (talvez oriundo da Manuel da Maia, talvez donde está a geladaria Surf). Somado ao que cogitei antes e somadas a Capri, a Zurique (ao Areeiro), a Luanda e mais alguma que me escape, é todo um tratado de cafés e pastelarias com nomes de cidades em avenidas com nomes de cidades, na cidade de Lisboa.
Moliceiros, Aveiro, c. 1952.
Artur Pastor, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Moliceiro carregado, Ria de Aveiro, c. 1952.
Artur Pastor, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Na esquina da Av. de Roma com a Pr. de Londres lembro-me dum balcão do Banco Espírito Santo & Comercial de Lisboa -- entre tanto o «Comercial de Lisboa» foi engolido pelo «Espírito Santo», que é um comilão. -- Um dia entrei com ideia de abrir uma continha de depósito; era moço, não devia dar ar de ter poupança ou renda de interêsse para tão relevante casa bancária e o empregadozeco do balcão não teve pejo em mo dar a entender. Voltei as costas sem mais, cuidando com os meus botões que se tivesse ido de gravata teria enganado o gajo. Abri ao depois conta no balcão de Benfica porque um patrão, certamente de gravata, não pagava senão através de tão ilustre casa bancária.
A historieta é sem interesse e com o agravo de publicitar gratuitamente família de onzeneiros que dele não precisa. -- O que eu queria lembrar-me era do nome do café que havia naquele recanto. Vejo-o na imagem, recordo-me dele e não há maneira de me lembrar o nome...
Pr. de Londres, Lisboa, 1960-69 [post 1972].
Artur Pastor, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
(Datação revista em 27/XII/13 ao meio-dia e meia com base na matrícula do automóvel em primeiro plano.)
Tr. dos Salgados, Venda Nova, 2013.
Cliché de Luísa Gonçalves.
Fran Jeffries, Meglio Stasera
(H. Mancini, F. Migliacci, in B. Edwards, A Pantera Cor-de-Rosa, 1963.)
Sei duma Marisa Matias com sinecura no parlamento de Estrasburgo e uma avença semanal para falar na radiodifusão do regime (num programa «Conselho Superior», conselho esse representado diàriamente por sombras do espectro político autorizado -- o que vai das esquerdas revolucionárias à direita de avental).
Na sexta-feira o locutor da emissora que dá antena à piquena lembrou-a que só havia de tornar a falar depois do Natal; se quereria ela -- foram as palavras do locutor -- deixar uma pequena mensagem para esta quadra.
Balbuciou logo então desejo de o próximo ano ser um melhor ano, em que se ponha fim e se comece a pôr fim [sic] a este ciclo [político]; e seguiu na mesma linha de ideias até concluir com uma exortação muito adequada: as pessoas que me estão a ouvir, que não se resignem, por favor, que lutem pelos seus direitos. De permeio, vá lá, conseguiu denunciar uma vaga ideia da quadra por, enfim, ter alguma noção de que os portugueses e as portuguesas [ai, ai!...] não poderão ter um Natal tão digno como deveriam ter.
Como cega a ideologia! -- Custa tanto a esta gente desejar simplesmente...?
Correggio, Adoração do Menino, 1518-20.
Óleo sobre tela, 81 x 67 cm, Galeria de Uffizzi, Florença.
(Imagem colhida na Galeria de Arte da Rede.)
Manhã de Inverno no cais da alfândega. O relógio não marca ainda as sete. Dois automóveis alinham-se à entrada, aguardam o embarque. Um traz bagagem no tejadilho. O que parece um Guarda Fiscal ronda (os anti-fascistas de serviço não tardarão a aqui vir com aquele de chapéu e gabardina ser da P.I.D.E.). O Sol banha o casario apinhado na encosta da Sé. A primeira fiada é da Rua dos Bacalhoeiros (vedes a casa dos Bicos? -- que o Brás de Albuquerque construiu para uma tal Pilar...?); a segunda é da rua do Albuquerque e, logo a seguir, de S. João da Praça, em baixo da Sé (vedes a rosácea do transepto?). Ao depois é tudo até lá acima aos Lóios.
Cais da Alfândega, Lisboa, post 1955.
Estúdio de Mário de Novaes, in Bibliotheca de Arte da F.C.G.
Nota: Na legenda original o arquivista da Fundação Gulbenkian, além de redigir como analfabeto, diz que é a A.G.P.L. no «Terreiro do Paço». É o subproduto típico da mentalidade «mais ou menos» de quem não sabe nada e que povoa as cacholas mais modernaças, que já carregam inato tudo o que haveria a aprender; ignorar o que seja terreiro, o que seja paço, ou o que seja pròpriamente o Terreiro do Paço dá nisto. Anda-se por aí. Siga o futuro!
O portugalinho da Liberdade é isto. Sucata para godinhos e robalos de águas portuguesas comprados à Espanha (ou a Marrocos) para os godões libertadores.
Da herança industrial fascista apoderada pelos ditadores do proletariado, que sobra?
A Sorefame ainda não fechou? Aguenta-se para aí só com godinhar sucata ou ainda dá para manufacturar robalinhos ferroviários?
E o aço? Vem da China, ou fabricam-no os chins por cá antes de no-lo venderem? -- É como a electricidade, produzida da água dos nossos rios e do vento das nossas serranias, também pelos chins, a quem a compramos...?
Se são tolas as perguntas, confesso-me desde já culpado de não saber nada destas coisas. Destas nem doutras, do tempo da C.U.F., da Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes ou do navio mercante Arraiolos que carregava estas mesmas carruagens, fabricadas em Portugal, para terras longínquas.
Sucata de novo-rico, Portugal, 2013.
Diamantino Cabrita, apud Caminhos de Ferro de Vale da Fumaça.
Embarque duma carruagem «Budd» fabricada pela Sorefame, Alcântara, post 1948.
Estúdio de Horácio de Novais, in Biblioteca d'Arte da F.C.G.
Quinta-feira, 11h28, Restauradores, 1957.
Fotografia de John Gutmann, in Portugal Velho.
O rótulo naqueles anos era mais elaborado -- rock futurista, ou neo-romântico. São etiquetas da moda. Certíssimas quando se tem 13 anos e os referenciais são o kitsch do momento, oriundo dos horizontes curtos, do gôsto mimético dos pares da mesma idade... Estes anos todos passados e só assim me redimo de alguma vez me ter encantado disto. -- Aliás, um ano ou dois depois já me não revia aqui porque a banda da moda havia de ser outra. Tal como um, dois, três anos antes a moda fora a Donna Summer, os Bee Gees ou os ABBA. Sucede porém que fica uma centelha de saüdade. Reconforta tornar ali às vezes. Só pelo instante duma cantiga.
Duran Duran, Anyone Out There
(Old Grey Whistle Test, 7/7/81.)
Aliás gineceu; era escola feminina.
Aliás Filipa (por Felipa, que é forma ortoépica correcta, por dissimilação dos dois ii consecutivos -- como em ministro/menistro).
Aliás Escola Secundária desde que o grande acidente nacional proscreveu proletàriamente os liceus.
Aliás agrupamento de escolas desde que o eduquês deu em prescrever escolas em cachos (foi mais ou menos quando o economês passou a prescrever empresas aos cachos, também).
No tempo em que os telefones tinham discos de marcação, ligavam muita vez lá para casa à procura -- Está lá! É do liceu Felipa? -- Era engano, claro. Devia ser um n.º parecido...
Liceu D. Felipa de Lencastre, Arco do Cego, 1958.
Salvador de Almeida Fernandes, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
(Revisto aos cinco para as duas da tarde.)
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