Segunda-feira, 6 de Outubro de 2014

A propósito de bronzes

 Obra do escultor Leopoldo de Almeida inaugurada em 24 de Novembro de 1970 e apeada num desses cunhais da História...
 Como entretanto as fundições de canhões nacionais cederam lugar à importação de submarinos p.p.p. pode ser que se ache [a estátua] nalgum armazém da falsa História — a tal que nos legou uma pesada herança que também não existe...

Monumento ao marechal Carmona, Campo Grande (A.Serôdio, 1970)
«Por Portugal uno e indivisível», Campo Grande, 1970.
Armando Serôdio, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.

Escrito com Bic Laranja às 16:48
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A propósito de bustos

História de Portugal XV (Verbo, 2002)História de Portugal XVI (Ed. Verbo, 2006 )História de Portugal (Verbo, 2008)


 Há cinco anos publiquei estas imagens para ilustrar a representação do Estado na II.ª e na III.ª repúblicas. As de cima são dos últimos volumes da História de Portugal do prof. Veríssimo Serrão. As inferiores (literalmente e em todos os sentidos) são da Presidência abrilina. Como documentos históricos a sua eloquência é óbvia. Como sinal dos tempos, as superiores, tal como a II.ª República, nunca existiram.

   Mário Soares (Júlio Pomar) Jorge Sampaio (Paula Rego)


(Imagens da
Editorial Verbo e do museu da Presidência)

Escrito com Bic Laranja às 12:22
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Sábado, 4 de Outubro de 2014

Fantochada republicana

 Em 1911, à falta de melhor, a República comemorava os seus desgraçados mártires: um almirante sem navio que, desorientado numa recôndita azinhaga de Arroios (v. n.º 11), meteu uma bala nos miolos, e um psiquiatra propagandista que falhou a revolução porque foi morto na véspera por um furioso louco, doente seu. Dois heróis equívocos da República. Ambos falharam rotundamente o 5 de Outubro (um foi morto em 3, o outro matou-se em 4 de Outubro); a própria República proclamou-se por um equívoco. Neste ensarilhado de equívocos prosseguiu a malta do barrete frígio montando em 3 de Outubro de 1911 grande romaria de marujos pelos dois finados e botando inevitável discurso pela obra (?) do infeliz almirante Reis e pela memória do triste dr. Bombarda (ou não seria pela alma? -- de ambos...).
Marinheiros no cortejo fúnebre, Rua Morais Soares (J. Benoliel, 1911)

 

 Bom, factos são factos e propaganda é propaganda. Da propaganda aproveita-se esta imagem da Illustração Portugueza (II série, nº 295, 16 de Outubro de 1911, pp. 500-501) que mostra a Rua Conselheiro Morais Soares por alturas da Rua Barão de Sabrosa. Os marinheiros não me interessam nada, o que me interessa é o cenário campestre, são os curiosos empoleirados nos muros e são os vultos ao fundo, com umas árvores diante, do Hospital de Arroios e dum casarão com capela que havia na Azinhaga das Freiras - onde deram com o tal almirante suicida. À esquerda ainda se topam umas casas que serviram porventura de posto fiscal ao fundo do Poço dos Mouros. O monte no horizonte é para os lados do Arco do Cego. -- Extraordinário!

(Publicado originalmnete no dia de Nossa Senhora da Conceição de 2010 à uma da tarde. Remissões revistas. Cliché de Joshua Benoliel.)
Escrito com Bic Laranja às 21:05
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Sexta-feira, 3 de Outubro de 2014

Da imperiosa evolução

 Não li a «Chacina do texto» além da chamada naquela escrita de mongolóides, mas pouco importa, conheço-lhe o argumento.
 E conheço o que o Hernâni quer... Leio os primeiros parágrafos desta réplica e só gasto tempo aqui a comentar porque são eles todo um estilo, todo um programa: diminui o Toledo a ignorante e prega-lhe o pior ferrete destes tempos: retrógrado. Nada melhor para desfazer alguém do que tachá-lo por burro e ferrá-lo modernaçamente como velho do Restelo. Depois, mais adiante, é ver o Hernâni sem agá aniquilar panfletàriamente o Toledo com o seu programa progressista de 1) para aprender a orthographia (ou o que seja) nada se haver de decorar e 2) a mocidade não querer outra coisa senão questionar, raciocinar, entender e evoluir.
 Pois experimente o Hernâni fazer uma continha de somar sem antes decorar os algarismos de 0 a 9 (pode usar máquina de calcular se lhe for mais fácil) ou ensine a mocidade brasileira a questionar a mãezinha em casa sobre se o pai é mesmo o pai. Pode ser que se daí entenda qualquer evolução...

Academia Portuguesa da História, Crónica Geral de Espanha de 1344; Edição Crítica do Texto Português por Lindley Cintra, vol. IV, I.N.-C.M., Lisboa, 1990, p. 328
Academia Portuguesa da História, Crónica Geral de Espanha de 1344; Edição Crítica do Texto Português por Lindley Cintra, vol. IV, I.N.-C.M., Lisboa, 1990.

Escrito com Bic Laranja às 23:59
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Os homens das mantas

 Outro episódio para recordar aqui é o da invasão dos «homens das mantas». Em 5 de Outubro de 1911, quando se completava um ano sobre a implantação da república, em Lisboa, entraram pela raia próxima cerca de cento e cinquenta monáqruicos, cada qual com a sua espingarda e uma grande manta ao ombro. À frente da coluna, a bandeira azul e branca do regime deposto. Foi a chamada «incursão de Vinhais». Os invasores entraram na vila e acreditavam sinceramente que a população das aldeias transmontanas, tradicionalmente legitimista e amante da realeza, viria para a rua aclamar os libertadores, dando início a uma inctível avalancha popular. A decepção não podia ser mais completa. Nem sequer lhes chamaram «monárquicos», ou partidários do rei, ou cousa semelhante. Apenas os «homens das mantas». Sem apoio, completamente sós, voltaram à fronteira e internaram-se de novo em Espanha.
 Eram republicanos os aldeões de Vinhais em 1911? Eram monárquicos? A minha opinião é que eram gatos escaldados. Os comandantes da incursão não lançaram nas cartas do Estado-Maior um elemento que podia ser decisivo: o concelho de Vinhais é, de todos os de Trás-os-Montes, o que maior contingente deu para os autos-de-fé. Vila fundada na época dioniosíaca, povoou-se de filhos de Israel e foram eles que puseram aquelas encostas de pedra nua a dar o sumo da uva, e transformaram desertas serranias em lavouras úberes. Depois de 1500 começou a perseguição. Um desabafo imprudente, um dito infeliz, podiam provocar a denúncia, e a denúncia era o início de um longo martírio que acabava no auto-de-fé.
 Esta gente não tem nada de estúpida; basta meter conversa e percebe-se imediatamente que estamos perante uma população de excelentes qualidade mentais. Mas até hoje ninguém achou estranho que aos paladinos do rei exilado não tenham dado outro nome que esse epíteto, aparentemente bisonho e alvar, de homens da manta. É que nem perceberam que eram monárquicos. Nem equer viram a bandeira azul e branca, ou notaram que de cada ombro pendia, presa pela bandoleira, uma espingarda
Mauser; não ouviram rufar as caixas ou tocar clarins: tudo o que eles viram foi a pacífica manta, que, simbolicamente serve para apagar fogos. Muitos avós seus, por terem visto mais do que isso, conheceram trágicos destinos. Aqui está o que a Inquisição nos deixou: não ver nada para lá da manta. Se ao nenos a manta fosse larga e quente! Não é. Cada qual puxa-a para seu lado, e todos sentem o frio.

José Hermano Saraiva, O Tempo e a Alma. Itinerário Português, 2.º vol., Círculo de Leitores, imp. 1987, pp.171-172.

~~~~ * * ~~~~

 

A Incursão de Paiva Couceiro, Illustração Portugueza, N.º 295, 16 Out. 1911, p. 496.
«A Incursão de Paiva Couceiro», Illustração Portugueza, N.º 295, 16 Out. 1911, p. 496.

Escrito com Bic Laranja às 08:00
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Quinta-feira, 2 de Outubro de 2014

Baixa, scena de rua

Rua da Assumpção, Lisboa (E.Portugal, 1939)
Rua da Assumpção, Lisboa, 1939. 
Eduardo Portugal, in Archivo Photographico da C.M.L.

Escrito com Bic Laranja às 00:01
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Quarta-feira, 1 de Outubro de 2014

Deu-lhe a traça

Casa Mariposa, Rua dos Fanqueiros 87-91 (A. Passaporte, 1940)
Casa Mariposa, Rua dos Fanqueiros, 1940.
António Passaporte, in archivo photographico da C.M.L.

 Não tardará em dar-lhe, a Lisboa por inteiro. Por mais ingrazéu em joguinhos que inventem, a armar saberem Inglês...

Adenda: peddy-crioule

Peid' e peiper...?!

Escrito com Bic Laranja às 19:40
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