Alameda de Dom Afonso Henriques, Lisboa, c. 1950.
Mário de Novais, in Bibliotheca d' Arte da F.C.G..
A alternadeira semanal do Nicolaço — a emissora nacional agora alterna o Nicolaço com uma outra nas Contas do Dia — anunciou esta manhã pràticamente a independência da Catalunha; nem sei, do tom, se a não proclamou mesmo, à revelia de castelões e catalães: — Já nada vai ser como antes! — quereis recado mais peremptório?!... — Nem importa lembrar a revolta da Catalunha de 1640 que levou a que tudo tornasse exactìssimamente a ser como antes (que pena!...) com o fim da monarquia dual, a restauração de Portugal e a subjugação da Catalunha, pois claro. Mas exemplos da História importam só ser contados com o devido jeito. Já lá vamos...
Ao depois, então, a alernadeira do Nicolaço distribuiu avisos sérios a Madrid e a Bruxelas, que devem cuidar dos sonhos dos povos. — É preciso não deprezar o povo e os sonhos dos cidadãos — e lembrou que há modelos federalistas que podem satisfazer os sonhos das populações...
Ora bem! Cá está! Já me havia cheirado o velho propósito iberista por via duma federação de nações da Espanha que para aí se aloja nalgumas irmandades. Para isso há-de-se escavacar primeiro o reino de Espanha e derrubar-lhe a monarquia, desbravando assim caminho a uma república federal. O corolário será encavar Portugal na tal federação das espanhas resultante.
Delírio?
Algum irmão que assome por aí à soleira da loja e mo desminta enquanto limpa as mãos ao avental.
Ou algum iniciado arrependido que no-lo confirme.
O caso com que esta alternadeira do Nicolaço, com seus modelos federalistas de algibeira, bons recados a Madrid sobre os sonhos de autonomia dos povos espanhóis e... sinecura na Lusófona... é que tem currículo muito ajustado a doutrinadora de povos, nomeadamente do português: — A falta de inteligência em gerir os sonhos dos povos pode ser dramática — pelo que, inteligentemente, o Ultramar havia de ter sido descolonizado de mão beijada ao primeiro sopro dos ventos da (pré-)história. — Só não esclareceu, do exemplo dado, se era com abandono e generosa dádiva da gente portuguesa que lá houvesse ou se era em debandada como, em fim, a descolonização exemplar...
E o caso de ontem com a Catalunha é que, ao contrário do que troa em toda a imprensa portuguesa — e esta jornalista alternadeira disse-o, mas só entredentes (que gozona!) —, os separatistas não tiveram metade sequer dos votos expressos (v. resumo da coisa). Convenço-me da nossa imprensa e da sua agenda doutrinária que os sonhos de autonomia dos povos se hão-de contar também em votos... sonhados.
Do que se não parece já sonhar em Portugal, porém, é que convulsões em Espanha nunca nos trouxeram cá bom vento. Sei de ser o jornalismo de alternadadeira avesso à História, mas nem precisaria estudá-la; bastava-lhe tão só a noção dela pelo ditado. Pois nem isso.
(Front de victoria i de llibertat!, Marti Bas, 1937, in Loja cartazes de História Social[ista].)
Alameda em 28/IX/2015, Lisboa — © 2015
Acercou-se Rodrigo com a flor da nobreza espanhola e os filhos dos seus reis, os quais, ao verem o número e disposição dos muçulmanos, tiveram uma conferência e disseram uns aos outros:
— Este filho de má mulher [refere-se ao rei Rodrigo] fez-se dono do nosso reino sem ser de estirpe real, mas [é], ao contrário, um dos nossos inferiores. Aquela gente [os mouros] não pretende estabelecer-se no nosso país. A única coisa que deseja é ganhar boa presa: conseguida esta, marcharão e nos deixarão. Empreendamos a fuga no momento da peleja e o filho de má mulher será derrotado.
E foi nisto que acordaram.
Rodrigo dera o mando da ala direita do seu exército a Sisberto e o da esquerda a Opas, ambos filhos do seu antecessor Vitiza e cabeças da conspiração indicada. Aproximou-se, pois, com um exército de cerca de 100 000 combatentes e tinha este número (e não outro maior) porque houvera em Espanha uma fome que (principiou ano de 88 e continuou durante todo o ano e os de 89 e 90) e uma peste durante a qual morreram metade ou mais dos habitantes. Veio depois o ano de 91 (9-XI-709 a 28-X-710) que foi ano em Espanha que, por sua abundância, recompensou os males passados e no qual se efectuou a invasão de Tárique.
Encontraram-se Rodrigo e Tárique, que permanecera em Algeciras num lugar chamado o Lago, e pelejaram encarniçadamente. Mas as alas direita e esquerda, a mando de Sisberto e Opas, filhos de Vitiza, puseram-se em fuga. E ainda que o centro resistisse algum tanto, no final Rodrigo foi também derrotado e os muçulmanos fizeram grande matança nos inimigos. Rodrigo desapareceu em que se soubesse o que lhe havia acontecido, pois os muçulmanos só encontraram o seu cavalo branco com sela de ouro, guarnecida de rubis e esmeraldas e um manto tecido de ouro e bordado de pérolas e rubis. O cavalo caíra num lodaçal e o cristão que caiu com ele, ao arrancar [a] pé, deixara um tesouro no lodo. Só Deus sabe o que se passou, pois não se teve notícia dele nem se encontrou vivo ou morto.Ant.º Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, 2.ª ed., vol. 2, Caminho, Lisboa, 1989, p. 45.
Batalha de Guadalete (Mariano Barbasán Langueruela, 1882).
Óleo sobre tábua, 21,9 × 50,2 cm.
Os do partido dos animais, noutro tempo, haviam de por devoção e fé professar num convento de franciscanos. O espirituoso amor à bicharada ascèticamente enquadrado no claustro dar-lhes-ia decerto o céu...
No Campo Grande, no passadiço de ante a universidade que diplomou o Relvas com a distinção que a imprensa aclamou, pende uma faixa: PAN, PESSOAS – ANIMAIS – NATUREZA. Parece-me um lema excessivo porque, como o bodejar panteísta do Pan testemunha e a teoria dos conjuntos corrobora, bastava dizerem a natureza, que lògicamente contém os animais, e estes contêm, por sua vez, a multidão de primatas que por convenção muitos designam pessoas, quando não mesmo pessoas humanas. A menos que o lema indique o percurso naturista pessoas > animais > natureza, três passinhos na re-volução da cultura à natura.
Mais um partido progressista propondo o paraíso, este Pan.
Quando isto viram (os muçulmnos) desejaram passar prontamente para lá. E Muça nomeou chefe da vanguarda um liberto seu, chamado Tárique ibne Ziade, persa de Hamadane — ainda que outros digam que não era seu liberto, mas da tribo de Sadife —, para que fosse a Espanha com 7000 muçulmanos, na sua maior parte berberes e libertos, pois havia pouquíssimos árabes. E passou no ano 92 (29-X-710 a 18-X-711) nos quatro barcos mencionados, os únicos que tinha, os quais foram e vieram com infantaria e cavalaria, que se ia reunindo num monte muito forte, situado à beira-mar, até que esteve completo todo o seu exército.
Quando o rei de Espanha soube as novas da correria de Tárique, considerou o assunto uma coisa grave. Estava ausente da corte, combatendo Pamplona, e dali se dirigiu ao meio-dia, tendo reunido contra este (Tárique) um exército de cem mil homens ou coisa semelhante, segundo se conta.
Mal esta notícia chegou aos ouvidos de Tárique, escreveu a Muça pedindo-lhe mais tropas e dando-lhe parte de que se apossara de Algeciras e do Lago, mas que o rei de Espanha vinha contra ele com um exército que não podia defrontar. Muça, que desde a partida de Tárique mandara construir barcos e já tinha muitos, mandou-lhe com eles 3000 homens de modo que o exército chefiado por Tárique chegou a 12 000. Tinha já cativas muitas e importantes personagens; e com ele estava Julião, acompanhado de bastante gente do país, o qual lhe indicava os pontos indefesos e servia para espionagem.
Acercou-se Rodrigo com a flor da nobreza espanhola...Ant.º Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, 2.ª ed., vol. 2, Caminho, Lisboa, 1989, p. 45.
(Gravura de Tárique de Teodoro Hosemann — 1807-1875).
Praça do Areeiro, Lisboa, c. 1955.
Fotografias: Horácio de Novais, in Bibliotheca d' Arte da F.C.G.
(*) Os canastrões da Fundação Gulbenkian etiquetaram estas três vistas como Praça Francisco Sá Carneiro, antiga do Areeiro. Uma tentativa espúria, a par do município, de impingir toponímia política, sectária, de regime, num lugar com topónimo natural e ancestralmente sabido da gente. Areeiro e mai' nada é como dizem os alfacinhas —Toma! — O Metro e os autocarros também; se estes mudarem perceberemos a vontade do regime democrático em democràticamente ditar a sua democrática vontade ao povo à gente.
Quem, vindo de automóvel das Picoas ao Campo Grande, se encaminhe pelo túnel no Campo Pequeno apanha com as ventas duma cavalgadura bem diante, num cartaz eleitoral.
É. A democracia tem custo imaterial que não é barato...
Pois bem, tenho encarado com aquilo diàriamente, mas ontem vi que alguma alma caridosa rasgara uma tira de alto a baixo no meio do cartaz; desgraçadamente a fronha retratada via-se à mesma, sem dano... — Bom, quando hoje tornei a passar já alguém restaurara o cartaz; do rasgão nem sinal; uma diligência partidária assaz capaz em compor um estrago, honestamente. O diabo é que o figurão que se apresenta no cartaz mortinho por reger o que resta da nação esteve oito anos como presidente da C.M.L. e já de lá cavou. E nesse tempo todo conseguiu escavacar a Praça do Areeiro sem a nunca restaurar. Cá está como ficou. Até hoje.
Pr. do Areeiro calcetada em betão-relvado, Lisboa, 2015.
In O Corvo.
Nisto morreu o rei de Espanha, Vitiza, deixando alguns filhos, entre eles Opas e Sisberto, que o povo não quis aceitar. E alterando o país, tiveram por bem eleger e confiar o mando a um infiel chamado Rodrigo, homem resoluto e animoso que não era de estirpe real, mas chefe e cavaleiro.
Os grandes senhores de Espanha costumavam mandar os seus filhos, varões e fêmeas, para o palácio real de Toledo, na altura fortaleza principal da Espanha e capital do reino, a fim de que estivessem às ordens do monarca a quem só eles serviam. Ali se educavam até que, chegados à idade núbil, o rei os casava, provendo-os para isso de tudo o necessário.
Quando Rodrigo foi proclamado rei, prendeu-se da filha de Julião e forçou-a. Escreveram ao pai o sucedido e o infiel guardou o seu rancor e exclamou.
-- Pela religião do Messias, que hei-de transtornar o seu reino e hei-de abrir uma cova debaixo dos seu pés.
Mandou em seguida a sua submissão a Muça: conferenciou com ele, entregou-lhe as cidades colocadas sob o seu mando, mediante um pacto que concertou com vantagens e condições seguras para si e seus companheiros. E tendo-lhe feito uma descrição de Espanha estimulou-o a que procurasse a sua conquista. Acontecia isto no fim do ano 90 (20-XI-708 a 8-XI-709).
Muça escreveu a Alualide (califa de Damasco, chefe supremo do Islão) a nova destas conquistas e do projecto apresentado por Julião, ao que o califa respondeu dizendo:
-- Manda a esse país alguns destacamentos que o explorem e tomem informes exactos. E não exponhas os muçulmanos a um mar de ondas revoltas.
Muça respondeu-lhe que não era um mar, mas um estreito que permitia ao observador descobrir de uma parte a forma que o lado oposto revestia. Mas Alualide replicou-lhe:
-- Ainda que seja assim, informa-te por exploradores. Enviou, pois, um dos seus libertos, chamado Tárife e de cognome Abú Zara, com 400 homens, entre eles 100 de cavalaria, o qual passou em quatro barcos e arribou a uma ilha, chamada ilha de Andaluzia, que era arsenal (dos cristãos) e ponto donde largavam as suas embarcações. Por ter desembarcado ali tomou o nome de ilha de Tárife (Tarifa). Esperou que se lhe juntassem todos os seus companheiros e depois dirigiu-se em algara contra Algeciras. Fez muitos cativos como nem Muça nem os seus companheiros tinham visto semelhante; recolheu grande roubo e regressou são e salvo. Isto foi no Ramadã (sic) do ano de 91 (Julho de 710).
Quando isto viram (os muçulmanos) desejaram...Ant.º Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, 2.ª ed., vol. 2, Caminho, Lisboa, 1989, pp. 43-44.
(Imagem em ...)
Ah! a Volkswagen!
Aldrabar testes de emissão de carbono para a atmosfera é atroz sacrilégio! Comparável aos piores crimes punidos outrora pela Santa Inquisição. A Volkswagen só não acaba na fogueira porque um auto-de-fé seria condenado pelo Santo Ofício do Ambiente por razões fáceis de perceber. Não havendo auto-de-fé, porém, há no entanto Autoeuropa. — O Nicolaço lamuriou já esta manhã na emissora nacional as consequências para a Autoeuropa em Portugal. À falta de se lhe alguma vez plantar no bestunto qualquer ideia de auto-Portugal na Europa (ou sòmente em Portugal, que seja), fica-lhe bem a preocupaçãozinha com isso das coiso-Europas em Portugal. Quase tão bem como o papillon. E é para o que as nossas élites estrangeiradas dão...
Mas deste nefando desacato ando curioso: em caindo (e sendo apanhado) num pecado ambiental da ordem dos 9 dígitos como é possível não se haver comprado uma indulgência por, sei lá, um dízimo disso... E assalta-me a dúvida, terrível: é só a Volkswagen?!...
Carocha eco lógico em Carros & Clássicos.
Muça dirigiu-se contra as cidades da costa do mar onde havia governadores do rei de Espanha que se tinham tornado donos delas e dos territórios circunvizinhos. A capital destas cidades era chamada Ceuta. E nela e nas comarcas mandava um infiel, de nome Julião, a quem Muça ibne Noçáir combateu, mas achou que tinha gente tão numerosa, forte e aguerrida como até então não tinha visto. E não podendo vencê-la, voltou para Tânger e começou a mandar algaras que devastassem os arredores, sem que por isso lograsse a sua rendição, porque, entretanto, iam e vinham de Espanha barcos carregados de víveres e tropas e eram, além disso, amantes do seu país e defendiam as suas famílias com grande esforço. Nisto morreu o rei de Espanha (...)Ant.º Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, 2.ª ed., vol. 2, Caminho, Lisboa, 1989, p. 43.
(Gravura do mouro Muça em Almusafir.)
Dos canais nacionais aos «sky news» desta vida a transumância de gente pelo globo passou a equivaler-se à migração das andorinhas: temos só migrantes, portanto.
Compreende-se. A civilização das andorinhas é de bandos e não faz caso de fronteiras. A da gente, porém, é mais complexa e, como tal, os gregos que se abstiveram ontem ouvi-os hoje referidos pelo papillon como... emigrantes. Tem graça. Além do desvalorizar a abstenção em eleições — coisa que fica muito melhor a um democrata do que usar lacinho — os gregos, pertencendo a um grémio de estados que faz descaso das fronteiras internacionais entre si, são emigrantes. Os bandos de asiáticos e africanos à procura de raptar a Europa, são migrantes, pois, como as andorinhas...
Dantes os internacionalistas pagavam estadias por tempo adequado em estâncias de evangelização aos que desconhecessem a Revelação. Evangelização e catecismo ficavam por conta daqueles missionários da Boa Nova. Hoje o catecismo é servido por sermão e homilia liberal, democrática e pluripartidária na casa de jantar do cidadão eleitor ao preço tele-eucarístico do pacote do cabo. Paga o cidadão, bem entendido, porque nem democracia nem partidos hão-de ser diferentes dos almoços. O que espanta no meio deste roncar plural (cada partido sua sentença) é o diabo da força global que há aí capaz de pôr os noticieiros dos quatro cantos da democracia universal no ecuménico coro dos «migrantes» para referir as bárbaras e cafreais hordas que invadem a Europa. — Será a força geral da falta de nervo individual? Pois se é, não tarda a polícia e a tropa serem só de andorinhas migradoras... Roma desfez-se certa vez assim.
Ilustração: Carlos Alberto, História de Portugal, 13ª ed., Agência Portuguesa de Revistas, [s.l.], 1968.
Os três canais de informação livre e plural. Portugal, 20/IX/15.
CEVADEIRA — Vela que pendia de uma verga atravessada no gurupés. ESCOTA — Cabo de que uma extremidade se fixa no punho inferior (isto é, no canto inferior) de uma vela e que serve para esticar a vela de maneira que receba bem o vento. ESCOVÉM — Abertura na proa, por onde passam as amarras que se prendem às âncoras. GÁVEA — A segunda vela do mastro grande, a que está acima da vela grande. Gávea de proa: segunda vela do mastro de proa, a que está acima do traquete. PAPA-FIGOS — As velas redondas mais baixas, isto é, a vela grande e o traquete. TRAQUETE — A mais baixa e maior vela redonda do mastro de proa. É um dos papa-figos. Primeiramente chamou-se «traquete» a qualquer vela redonda em geral, e «traquetes de gávea» ao que depois se chamou «gáveas». | AMANTILHOS — Cabos que, fixos nas pontas das vergas, as seguram para os mastros a fim de as manter horizontais quando as velas estão colhidas. AMARRA - Cabo grosso que se prende à âncora para CHAPITÉU — Parte do navio mais elevada, à popa; castelo de popa. ENXÁRCIA — O conjunto dos cabos fixos que, para um e outro bordo, aguentam os mastros reais, descendo até às mesas. GURUPÉS — Mastro colocado na extremidade da proa, para diante, formando com a horizontal um ângulo de 30 a 40 graus. |
In Ant.º Sérgio (adapt.), História Trágico-Marítima, 10.ª ed., Sá da Costa, Lisboa, 1996.
Esta manhã parece que há Sporting – Benfica eleitoral. Na emissora nacional a notícia não era bem o acontecimento, mas o facto de ser a emissora nacional mai-lo resto da rádio a promover o acontecimento, inclusive por imagens — vá perceber-se a rádio!... — De caminho ouvi o locutor dos factos anunciar pelo meio dos quadrilheiros de turno à coscuvilhice dos acontecimentos que o contendor Costa fazia esperar o contendor-outro por estar engarrafado. Pois bem, era caso para ter ido de burro.
Aterro de Santos-o-velho, Lisboa, c. 1910.
Foto: Charles Chusseau-Flaviens, in George Eastman House.
Rossio de Lisboa à noite aí pelos anos 30. Não me recorda agora o autor desta. Catei-a há tempo no archivo photographico da C.M.L. -- Só para dar ao fundo com a carranca do verbete anterior.
O irmão Constâncio raiou esta manhã a arengar sobre a horda que invade a Europa. Um frete por dever de obediência que a emissora nacional não resumiu melhor:
O vice-presidente do Banco Central Europeu admite que as taxas de desemprego são elevadas e defende que os imigrantes são vitais para manter a força de trabalho (R.T.P., 16/IX/15).
É vital manter a força de trabalho de 26 milhões e meio de pessoas sem emprego?!... Que raio de iluminação!
Certa vez reclamei formalmente ao patrão duma melhoria de ordenado negada por migalhas de absentismo. Invoquei o artigo do decreto tal, a alínea não sei das quantas, o espírito da lei e a moral do legislador ou vice-versa, já me não lembro muito bem. Mas tudo muito bem redigido e argumentado, porque o absentismo estava mal contado. Recebi do director de Pessoal uma resposta toda jurídica contra-argumentando suas razões e que assim eram e não haviam de deixar de ser. Não me querendo meter em demandas nem contendas, aconselharam-me o Provedor de Justiça. Assim foi. Passados dois meses ou coisa oficiou-me justamente o provedor, em anexo, com a mesmíssima resposta toda jurídica do sr. director de Pessoal e nos exactíssimos contra-argumentos que me anteriormente fora apresentada. Sem mais. Ficámos assim.
Lembrou-me agora desta historieta por ler na folha oficial de duas inutilidades de nomeada — o Provedor da Justiça e a Casa da Moeda — e do que andam elas a preparar. Parabéns à prima!
(Revisto.)
Público, 15/IX/15.
A 1.ª página de hoje do Público nutre os neurónios ao leitor com inculcas à la Catarina Martins. Percebe-se o concerto deste jornalismo capcioso — desfazer do governo (não que o defenda eu!) — Sucede que estas inculcas são doutrinárias em mais do que essa medida; rebaixam a gente cá, especialmente se trazem (como habitual) comparação com os de lá da Europa, essa luz de progresso assaz imperiosa a quem antes se soube fazer ao Atlântico a dar novas terras ao reino e novos mundos à... Europa.
Os portugueses são, pois, dos últimos da Europa a regressar às aulas. Convençam-nos subliminarmente que sim, por desorganização, por mandriice, por atavismo serôdio — o mesmo que povoa este jornalismo, pois claro. Está bem de ver que lá na Europa progressiva, onde o Verão é ratinho, os meninos tornem temporãos à escola porque neva no pino do Inverno que Deu-lo dá impossibilitando haver escola. Mas claro que o portugalinho moderno e desenvolvido que se quere — de preferência à esquerda, porque não há progresso em mais quadrante nenhum — precisa de fazer descaso dos verões abrasadores e dos invernos amenos que lhe calharam ao atraso civilizacional. Daqui ouvirmos aí já latir que deva haver por cá férias de Inverno à maneira estrangeira. E começar as aulas talvez em Agosto, a par da bola. Melhor só o sol-pôr no Verão às 11h00 da noute...
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