Pediram-me para fotocopiar o recorte duma revista que ao depois identifiquei; li na última frase do artiguelho:
Esta semana, à pergunta «Portugal tem futuro?» de um professor visionário, um miúdo do 4.º ano respondeu: «Pode explicar-me o que é Portugal?»
(Victor Bandarra, «Portugal tem futuro?». Domingo – Correio da Manhã, 29/5/2016).
Um miúdo insinuado como sábio, mas a quem não ensinaram nada na escola.
Professores visionários...
Livro de Leitura da 3.ª Classe da Santa Nostalgia.
Este sabe.
— Terminou a greve dos tivadores do porto de Lisboa vão retomar o trabalho na segunda-feira &c. &c. [locução sem pausas], TVI, 28/V/16.
Esta Mónica Ferro, professora universitária que reza o Pai Nosso dos refugiados e a Avé Maria do feminismo da igualdade de género sabe também o feminino plural de actor: é actoras.
Olhar o Mundo, R.T.P. 3, 28/5/16.
E diz player por não dizer actor, porventura por ser português e, pior, masculino. E também diz que lá na Síria a economia contraiu 50%. Contraiu 50% de quê? Da Gramática? Do complemento directo?...
Professora universitária.
Além Tejo — © 2012
Trangeiros são uns negócios qu' há, havendo até ministro deles: o ministro dos negócios trangeiros.
Locutor radiofónico da rede...
Fotografias: Avenida de Roma, Lisboa, 195... Claudino Madeira, in archivo photographico da C.M.L.
Adenda:
Existe nestas imagens um encantamento que nao consigo definir muito bem. Talvez se deva à harmonia e a um certo vazio inicial, de começo e de promessa de perenidade. Faço parte da geração que por aqui passeava pela mão do pai ou da mãe a fazer perguntas e a ouvir historias. Por aqui passava muitas vezes, ao sábado no final das aulas da primária. Talvez por me lembrar ainda agora das sensações que me provocava essa harmonia, passo a passo, pela mão da minha mãe que eu acompanhava nas pequenas compras de fim-de-semana antes de tomarmos o autocarro de volta a casa. Lembro-me particularmente de a caminho deste local, vindo da minha escola que se situava no cimo da [Alameda de] Dom Afonso Henriques, descer num desses finais de sábado, pela Primavera, a Alameda e de pensar que tudo fazia parte dum filme. Estava tudo florido e arranjado, ordenado, bem estruturado, da Fonte Luminosa brotava o som de jactos de água. A subida da Guerra Junqueiro, ainda com duas vias — única estrada em Lisboa de que me lembro ter visto a divisória central das duas vias ser feita em metal em vez de tinta branca — era a parte mais penosa devido às continuas interrupções de entradas e saídas nos estabelecimentos, até se chegar à João XXI onde tomaríamos o 22 rumo à Encarnação. Há um território que faz parte de nós, que nos é querido, que é indizível nos remete para o sonho, para a nostalgia. Esse território que não é só físico: é a nossa própria ampliação, identifica-nos e transcende-nos. É aquela coisa só de nós de que muitas vezes nos esquecemos por estar sempre presente, mesmo quando estamos longe destes e de tantos outros locais [...]
Comentário do leitor Almeida em 20 de Maio de 2016.
Os gajos que fizeram a Ponte 25 de Abril foram ontem à Portela e fizeram lá o Aeroporto Humberto Delgado. Foi tal qual!
Lugar da Portela de Sacavém, Lisboa, c. 1938.
Eduardo Portugal in archivo photographico da C.M.L.
« Demolidora vem a crise mundial [de 1929] que na opinião da engenheira Perpétua (*) devia ter sido uma salvação para nós... Por nós importarmos mais que exportamos. Com ela naturalmente vieram as falências e as penhoras. Cunha Leal (**) esfregará como esperto, as mãos de contente, e dirá: não é a crise a culpada; é o Salazar, seguindo a Perpétua. La politique oblige...
Quem tem culpa de no Canadá se queimar o trigo como carvão para... o aproveitar? — Salazar. O culpado do desemprêgo na Inglaterra e na Alemanha — o Salazar. Dos estoiros dos bancos da livre América? E assim por diante? Sempre o Dr. Oliveira Salazar... ”Vão às colheitas os pardais? ”De quem a culpa senão dos Cabrais?“...
[...]
O mais contra Salazar não tem resposta. Só a tiro, como já disse.»
Humberto Delgado, Da Pulhice do “Homo-Sapiens“, Lisboa, Casa Ventura Abrantes, 1933, pp. 222, 250.
Ou o mito do grande demitidor servido à populaça por democráticos aldrabões. Mas a estes ninguém demite.
(Retrato in «Um fascista esquecido», Área Nacional, 6/III/06.)
(*) « Outro que se atirou, além de Cunha Leal, à obra de Salazar, foi um tipo que por aí anda com o nome de Perpétuo da Cruz. Eu cheguei a julgar, como algures um jornal alvitrou, que fôsse uma engenheira Perpétua da Cruz, em virtude dos métodos de combate, por serem tão miüdinhos, darem a perfeita impressão de pertencerem a indivíduo vulvado. Mas não; é homem, ao que parece, o cidadão.» (Op. cit., p. 203.)
(**) « Que o Cunha Leal pedia a Ditadura toda a gente o sabe. Di-lo êle no livro em que ataca o estadista Oliveira Salazar e disse-o muita vez antes ”do 28 de Maio“.» (Id., p. 110.)
Despejada que foi a Maria Machadão do Bataclan, deu o missal noticioso por cá em prègar contra a pelagem do novo governo do Sítio do Pica-pau Amarelo. A pelagem e o sexo. O anti-racismo em vigor e o feminismo antidiscriminatório vigente não apreciam os caras pálidas governando povos de mestiços e mestiças.
Curioso não se afligirem nunca da pelagem da Maria Machadão nem do molusco antes. Talvez do género e da espécie... políticas.
E curioso na regência de cá não prègarem a falta de nativos da Madeira e dos Açores. Será por um brâmane e uma negra suprirem as quotas editoriais daqueloutros? E já agora, às dos moiros daquém-mar ou dos Galegos de Entre-Douro-e-Minho, também...?
Mapa Escolar de Portugal Continental, VI.ª ed., Porto Editora, 1962.
In Biblioteca da Universidade de Toronto.
Gloria Gaynor, Never Can Say Goodbye
(Kultnacht, ZDF, 1975)
... Deu-me agora saudade dos anos 70.
Tina Charles — Love to Love
(Kultnacht, ZDF, 1976)
O plano inclinado da Av. de Roma, aqui (pouco mais ou menos), e o seu acentuar na Guerra Junqueiro é uma coisa de que me não dá sensação tão nítida em passando no lugar. Só quando vejo fotografias antigas como esta, com as fachadas ainda não obstruídas pelo arvoredo jovem. A primeira sensação (e surpesa) com este declive da avenida tive-o duma imagem no tamanho da parede, exposta no Centro Comercial Acqua, onde em tempos houve a R.A.C.
Não sei se já cá disse isto...
Av. de Roma, Lisboa, post 1958.
Salvador Fernandes, in archivo photographico da C.M.L.
Esquina da Av. de Roma com a João XXI. Notai a harmonia primitiva das montras das lojas. Hoje raro se acha prédio com sua face primitiva ao rés da rua. A apresentação do comércio ao sabor do modernaço esfacelou inúmeras fachadas em Lisboa.
Tinturaria do Chile e Mobiladora de Roma, Lisboa, 195...
Claudino Madeira, in archivo photographico da C.M.L.
Apesar de portuense, Medina é apresentado como um lisboeta convicto que «conhece bem as ruas da cidade»; os lisboetas são apresentados como o «seu povo». (*)
Mesmo que nem distinga o Campo das Cebolas da Rua da Alfândega.
Mesmo que massacre árvores em largos e ruas ajardinados querendo plantá-las doentiamente no alcatrão da Av. da República.
Ou como o trolha enxertado na Câmara de Lisboa é passado por coisa de jeito pelo jornalismo pela propaganda a pataco do saco de plástico.
(*) Eduardo Cintra Torres, «A capa duma revista», Malomil, 8/V/16. Imagem no mesmo.
Emissora nacional, noticiário às 8h30 (cito de cór) — «Um homem feriu quatro pessoas com uma faca numa estação perto de Munique. Um dos feridos morreu. O Ministério Público admite motivações políticas para este atentado. Segundo uma testemunha o homem investiu sobre os circunstantes aos gritos de Alá é grande...»
Cerca de ¼ para as 9 na mesma emissora, Leonor [Irene] Pimentel, n' O fio da Meada, começando a incensar exilados e desertores (!): — «Quarenta e dois anos após 25 de Abril de 1974, vinte e dois portuguesas e portugueses...»
A telefonia perdeu o pio neste instante, não sei porquê...
P.S.: na página da emissora nacional diz que o autor do atentado de Munique é um «jovem alemão». Calhando esses jornalistas em investigar bem as «motivações políticas» do «jovem alemão» e vamos nós a ver se não descobrem eles a verdadeira verdade do atentado...
Jovem alemão apanhado na rede...
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