« O pasodoble entra-me em casa pela varanda do saguão» podia ser a frase de abertura burilada ao estilo do Fernando Alves, dos Sinais; abertura de croniqueta de bairro ou verbete olisipográfico (continuemos no estilo), mas não vou mais além. Inaugura-se agora, neste preciso momento, hoje, última sexta-feira de Julho do ano de 16, com charanga e pasodoble, o novo super do bairro. A Sr.ª Conceição dizia-me na escada que fôra ver da janela que dá para lá, para aquele lado da rua. E o que viu era uma multidão, à espera da solene abertura da loja. — É disto que o meu povo gosta, já dizia um outro jornalista, um da bola! — Só não foi ela lá ver também, diz-me, por estar sozinha e lhe faltar a Paula, a empregada, que está de férias. Enquanto aguardo que apareça o mestre de obras que marcou de vir limpar os algerozes vou, pois, ouvindo a fanfarra da inauguração pela varanda do saguão, animado, não de lá ir por promoções e inaugurações, mas por me servir no futuro para comprar papel higiénico, a única compra que faço questão de fazer naquele super.
Quem ganha com o aborto gráfico?...
A Ribeira é rara no Tubo. Há poucos anos era mais rara, mas natural é que reaparecesse, especialmente em apresentações ao vivo, meias revivalistas. O teledisco é que nem vê-lo... Mas a Ribeira chegou-me a aborrecer: andou meses em 1.º no top do T.N.T. em 81 ou 82; semana após semana lá vinha o teledisco que agora teima em não aparecer mai-lo Sol bate no goraz em falsete... Tantas semanas foram, tantas, que me até dava para desconfiar, eu, na minha ingenuidade adolescente, do que estaria detrás de tanta Ribeira, tanta Ribeira: marketing promoção de vendas a fazer batota no T.N.T. e o Jorge Pêgo um aldrabão pegado.
E a irritação que me a Ribeira causou por causa disto?!... Odiava-a.
Embrirrei com os Jafumega logo desde ali para sempre, tanto mais quantos os êxitos que iam somando, com cúmulo na Latin' América. Mas ao depois passou-me (salva a Latin' América que ainda agora não suporto) e, da raridade desta Ribeira neste tempo cibernético já me passou ela a soar a saudade. (De me tanto matraquear no ouvido em moço teve efeito de lavagem ao cérebro, desconfio...)
Ao vivo, esta, foi a melhorzinha que descobri. Confesso que não aprecio como o Luís canta hoje sem pausas os primeiros versos. E confrontando com a versão de estúdio há menos fulgor ao vivo. — Na Rapariguinha do Shopping, p. ex. (uma trintona da mesma idade, agora) não se perdeu tanto. — Menos fulgor ainda, noto no público do concerto. O Luís Portugal bem puxa por eles, coitados, mas esta cantiga já não diz nada àquela gente...
Luís Portugal (Jafu' Mega), Ribeira
(Festival pop de Portugal, Luxemburgo, 2013)
Radar Kadafi, 40º à Sombra
(R.T.P., 1987)
Exorto todo o leitor que renegue os seus antepassados e se envergonhe da sua terra a não assinar a petição pública da preservação do jardim da Praça do Império em Lisboa.
Imagem da Cidadania LX, de 2014. — O risco era o objectivo. Brasões riscados da praça; objectivo atingido.
Os estrangeiros da Europa, muito oficial, formal e sancionalmente, cá condenaram hoje o protectorado. Mas perdoaram-lhe a multa. Estes sansões da Europa armam-se em magnânimos e os mandaretes dalilas cá do burgo caucionam humilhações por parangonas na imprensa (dita) de referência, inchados de júbilo e basófia. São bem herdeiros dos descolhonizadores que reduziram Portugal ao batalhão em cuecas... — Se fossem gozar com o c…lho!
Sobreiro ornamentado, Portugal, s.d.
Fotografia de M.C.V., in H Gasolim Ultramarino.
Volta a Portugal, 1962 (Final)
Ontem um padre foi morto à facada (esfaqueado, degolado, decapitado, não sei...) na sua própria igreja, em Ruão, na França.
Hoje, noticiário da emissora nacional às oito e meia da manhã: 1) sanções a Portugal, 2) a sr.ª Hilária da América e 3) não sei já se a setuagésima oitava Volta a Portugal, se o torneio do Eusébio Cup (Eusébio é aquele britânico de gema que jogou no Benfica quando o Benfica, orgulhosamente, não contratava estrangeiros, e que jaz solenemente no Panteão Nacional em representação do 2.º dos 3 FFF das trevas fãchistas).
Dantes, no tal fâchismo tenebroso, omissão de notícias era a maldita censura. Hoje a benfazeja democracia melhorou tudo: chama-lhe critério editorial.
Recorda-me agora de quando comprei aquela aparelhagem e que me não lembra como a transportei para casa. Calhando foram-ma entregar... — Lembro-me foi de me oferecerem na loja duas cassetes e de uma ser destas.
@ Ingrum
E lembra-me da primeira cantiga que gravei. Vinha num Jackpot 88 que era dalguém (do Zé da Veiga ou isso...) e que me chegou subemprestado talvez através do Pitxaime só pelo tempo de o gravar. Algo assim...
Ofra Haza – Im Nin Alu
(1988)
Vendi um par de colunas que me restava dum sistema de som comprado lá pelo fim do Verão de 1989, salvo êrro. Rendeu-me três contos de réis. Tinha-me custado noventa e tal. Somai-lhe um conto de réis doutro par colunas de som envolvente (surround) que havia adquirido posteriormente, já não sei quando. Três ou quatro contos fora de noventa foi o preço de usufruir da aparelhagem por quinze anos; não sei se foi lucro ou prejuízo; não há como remir certas cosas a cifrões. Os últimos doze anos em que a guardei numa arrecadação foram decerto prejuízo, uma antecâmara do ponto electrão: um dos leitores de cassetes emperrou e deixou de trabalhar, o outro trabalhava a custo, e a correia do gira-discos fundiu-se numa massa pastosa que aderiu ao alumínio do prato que a custo me saiu dos dedos.
Não vem isto por nada agora senão pelos 85 mirós do B.P.N. Pela música que para aí dão, parecem valer bem hoje o bom dinheiro que se presume hão-de dar por eles. Melhor será despachá-los já, por que, em amadurecendo as modas, não venha o seu valor revelar-se realmente como de coisa sem grande jeito que preste.
(Imagem em nettimarkkina.com.)
« Em 30 de Abril de 2009, Seixas da Costa recordava, às 01h58 da madrugada, uma frase de Melo Antunes: “A descolonização foi uma tragédia, da mesma maneira que a colonização foi uma tragédia”. O embaixador em Paris concordava, mas acrescentava da sua lavra: “A descolonização foi feita da forma que foi porque o estado a que o anterior regime tinha conduzido a situação nas colónias não possibilitou outra solução”. E impõe mais outra consideração: “As muito difíceis condições político-militares nas colónias com que o novo poder se viu confrontado e que impedi[ram] que se seguissem outras vias”.
Nesta história de uma descolonização trágica somos todos, todos inocentes. Os responsáveis são só os outros: os do anterior regime, os do Estado Novo, os do capital monopolista, os das multinacionais de rapinagem, os do imperialismo americano e por aí fora.
Convém não desautorizar esta “narrativa” da carochinha, porque a Democracia sairia muito mal de uma história a sério: o exército português retalhado em facções políticas e transformado em bandos de guedelhudos que agiam por conta das centrais político-partidárias a que estavam afiliados; o colapso do Poder e o eclipse da Autoridade que se verificaram num país em autogestão, deliberadamente provocados pelos vários candidatos em disputa pela liderança da revolução socialista que a esmagadora maioria dos portugueses não queria. Em suma: o PREC.»Maria de Fátima Bonifácio, «A amarga irrisão da nossa Lusitânia», Observador, 23/VII/16.
Recomendo ao benévolo leitor que leia o artigo completo de M.ª de Fátima Bonifácio trasladado em pública forma e livre de estropianço ortográfico no
Apartado 53, um blog contra o AO90 e outros detritos, onde se anuncia a auspiciosa reactivação da Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico.
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Gravura de Carlos Alberto in Cadernetas de Cromos.
Ou seja, o travel-eye-lho foi meu, mas o crédito vai à conta doutrem. Um hábito internético.com, já vejo.
http://traveleye.com/modules/gallery/galleries/praia-da-falesia/20fa3deb5ada0752da78264fce6ddf52.jpg
* * *
Praia da Falésia em 10/VII/2005 às 4h 4min da tarde, Algarve — (c) 2005
Até se lhe perdoa o tricórnio.
XX Grande Corrida TV Norte: Filipe Gonçalves, Póvoa de Varzim.
R.T.P. em directo, 22/VII/16.
XX Grande Corrida TV Norte. 3.ª pega da noute: João Espinheira, Grupo de Forcados do Ribatejo.
R.T.P., 22/VII/16.
A fotografia apresentada da praia da Falésia foi tirada em Agosto de 1991, pertence ao autor do blogo Bic Laranja [eu] e foi publicada por ele [mim] em 30/6/2007 (cf. Algarve, 1991).
O crédito ao autor é[-me] devido. O uso da imagem para fins comerciais é abuso.
* * *
Praia da Falésia, Algarve — © 1991
Adenda em 25/VII/2016: o autor do blogo das férias baratas entrou em contacto comigo e cortesmente atribuiu-me já o crédito da fotografia. Honra lhe seja feita e, obrigado!
Aumentou este ano. Decidiu a senhora em Maio. Vai a par da idade, parece...
Na praceta ramadas serradas, uma árvore arrancada. A escada da praia, a enxurrada de Novembro escavou-lhe o poiso. Refizeram-na desviada, noutro jeito. Não me adapto bem a estas mudanças; mudam a fisionomia do lugar, o espírito dele anda ténue...
É o espírito do lugar. Há lugares assim, onde habita um espírito; passamos uma vez e um encantamento nos toma como se fôra feitiço. E ao depois... — Já dizia Eça, se os deuses do Olimpo se não deixam morrer nas florestas, acabam empregados numa qualquer secretaria. Se o genius loci se não acha aí a fazer tejolo no sucedâneo do pinhal é porque seguiu no mesmo. Ou filiou-se nalgum partido e acabou na câmara de Albufeira a lotear seus domínios.
Rua da Falésia, ex-pinhal do concelho de Albufeira — © 2015
O tal espírito havia de nos também inspirar no preparo da praia. Falhou. Saímos sem a maçãs da ordem, sem a rosca e, principalmente (eu), sem que ler. Pelo caminho comprei o Público. Leio o editorial na pág. 2 e enjoo o jornal todo.
Da gente tomada pelo espírito do lugar (quase extinto como vou vendo) alguns são sósias de gente conhecida — um por cá o sei vai por cima de 20 anos; outros também, somam quase 10. — Em avulso, avistados uma vez sem tornarem anualmente por hábito, também achave eu nesta praia numerosos sósias. Ùltimamente não; o último que cá vi foi o Camarão das ilhas há uns anos; isto a não ter sido realmente o sósia original. Hoje só vejo gente como a gente.
Praia da Falésia, Algarve — © 2015
... Separam esta em baixo da primeira no canto direito lá em cima. Foi o tempo de subir as escadas...
Praia da Falésia, Algarve — © 2016
Eléctrico de Benfica, Palhavã, 1964.
Eléctrico de Carnide, Palhavã, 1964.
Eléctrico de Benfica ao Carmo, Palhavã, 1964.
Eléctricos na Palhavã, Lisboa, 1964.
In Portugal Velho.
Charles Trenet, La Mer
(Original de 1946, in Mr. Bean em Férias, 2007)
Adamastor (O)
Apartado 53
Bic Cristal
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