Ou Natal enciclopédico.
Enfeitaram-me o posto de trabalho, Lisboa, 2016.
Demitiu-se o empregado da Caixa Geral dos Depósitos com a função de administrador da sua particular declaração de rendimento. Perdeu o govêrno a oportunidade de o pôr na rua.
Fôsse êle um govêrno.
História de Portugal (contracapa), Agência Portuguesa de Revistas. Ilustr. de Carlos Alberto.
In blogo de B.D.
O confrade A.C. que nutre paixão por Lisboa refere hoje a morosa expropriação do quartel do Valle de Pereiro e o seu loteamento até dar no que hoje sabemos serem as ruas Braamcamp e Castilho. Estas coisas tendem a levar o seu tempo. E ao depois, ante como ficam, fica-nos a memória tão curta que não alcança nada de como foram. [Faltou dizer: vale-nos quem haja paixão por Lisboa; antiga, no caso.]
A propósito dos quarteirões a poente da Rotunda e do que lá houve, cuido que a planta mais em baixo seja ilustrativa q.b. Duas grandes propriedades vizinhas dominavam a área cujos chãos são circunscritos hoje pelas Ruas Braamcamp, Rodrigo da Fonseca, Joaquim António de Aguiar e a Rotunda: o Pateo do Geraldes e o abarracamento militar do Valle Pereiro. O primeiro senhoreava a païsagem como casarão fidalgo que era. Não sei da sua origem e, segundo diz a planta, ficou à Snr.ª Condessa de Foz de Arouce por herança do Marquês da Graciosa. Tenho notícia, porém, que em certo tempo foi aquele Pateo do Geraldes habitado pelo Duque de Saldanha. Como general que era, cómodo lhe seria haver a tropa tão à mão, isso me parece.
Segundo consta no archivo municipal a expropriação do Pateo do Geraldes deu-se em Setembro de 1914, com escrituras de venda de terrenos em 1922. O desfecho de todo este negócio sucedeu todavia só em Abril de 1933 com o pagamento pela C.M.L. de (remanescentes) 135 contos de réis aos herdeiros da Snr.ª Condessa de Foz de Arouce. — Como dizia, estas coisas tendem a demorar o seu tempo.
Deste pateo, como mirante para a cidade por 1880 quando começaram a rasgar a Avenida, cuido ser uma panorâmica em várias partes existente na B.N. dando-nos a ver um scenário que gira da Cruz do Taboado ao Monte Olivete. Com tempo, conto de o publicar com o que souber anotar-lhe.
Photographia: Pateo do Geraldes, Lisboa, s.d. Autor n/ id., in archivo photographico da C.M.L.
Planta. Propriedade da Snr.ª Condessa de Foz de Arouce, D.ª Maria Joana de Bourbon Mello Geraldes (herdeira do marquez da Graciosa) que constitue a parcella n.º 18 do projecto da 1.ª Zona das Picôas, denominada Pateo do Geraldes e cuja expropriação por utilidade publica foi declarada pela Camara Municipal de Lisbôa, em sessão de 3 de Abril de 1914. Alberto Pedro da Silva e Henrique Baltar da Silva, in archivo da C.M.L., 1914.
No telejornal pejota (*) da Sociedade Industrial de Concentrados (S.I.C.), à 1h00 e pouco da tarde, puseram o entendido do Rogeiro em considerandos e prolegómenos sobre o caso do dia. Mal se ele descaiu com a captura de um capitão cubano na Guiné Portuguesa em 73 (i.é, em 69), que afectou ou não, não percebi, as boas relações que Fidel mantinha com os governos de Salazar e Marcello Caetano... Pois mal se ele sai com esta, foi imediatamente atalhado pela locutora:
— Sabemos que Fidel era uma figura controversa.
Controverso (mais qualidade que defeito nestes dias de revolução em banho-maria me(r)diático) é o pior defeito que se ouvirá do defunto Fidel.
E pouco mais disse o entendido do Rogeiro, como é natural.
Entretanto foi o McDonald Trump quem disse tudo quanto havia realmente a dizer sobre a morte do Fidel. O ponto de exclamação é o único exagero, um ponto final chegava, mas serve a todos.
É tudo.
(*) Sigla P.J. (Primeiro Jornal) enunciada por extenso, à laia de como faz a melhor locução radiotelevisiva com a homógrafa P.J., Polícia Judiciária.
Morreu o filho bastardo dum galego. Mas a Radiotelevisão Portuguesa que nos educa ensina-me o histórico líder cubano, uma das pessoas mais influentes do séc. XX, o carismático, o histórico (outra vez), o inteligente, o el comandante, opositor do ditador Baptista (a única vez que ouvi a palavra ditador neste desfile de louvaminheiros) e a que nem o Marcelinho da Gente falhou ao beija-mão, mesmo, mesmo ao virar do dobre de finados. Um feito!...
Depois, servem-me que o fim da U.R.S.S. foi uma realidade que deixa o povo cubano ao abandono; começam a faltar os bens essenciais, mas Castro responde com mão de ferro:
— Nada nos deterá, pátria ou morte! (Aquela vírgula devia ser um ponto final, mas ao jornalista das legendas é indiferente porque nem lhe distingue o sentido.)
(R.T.P. 3, 26/XI/16.)
Mão de ferro e controverso são o contraditório livre e democrático deste noticiário catecismo.
Pelo meio disto (e não considerando, nunca, a feliz pilhagem de Angola) o embargo norte-americano foi um fracasso, como o bama da América, por fim, se encarregou de provar.
Ao fim de um quarto de hora de epitáfio louvaminheiro, espaço às reacções internacionais: o correspondente em Moscovo é o primeiro, para dizer que os comunistas lamentam, mas que já se sabe que o governo da Rússia não tem afeição pelo Fidel de Castro. Notável!
E a referência ideológica, o líder carismático num mundo onde eles faltam (esqueceram-se depressa do bama da América, tão magno o Fidel) introduzem cada novo comentador, especialista, cão ou gato chamado ao púlpito.
Jornalismo de escarro.
(Revisto.)
— Ana! E afinal, o que é que continha, a caixa?
E em directo do caos em Lisboa entra a Ana no ar e diz solenemente:
— Boa noite, Rodrigo! A caixa tinha brinquedos de criança.
De criança, ó Ana?!...E haveríamos nós de pensar logo ali, sem mais, que fossem brinquedos de adulto?...
Passei na Fontes Pereira de Mello há menos de uma hora e não vi o caos nem a Ana, passe a redundância. Uma pena!
(A Ana e o Rodrigo são do Jornal da Noite, S.I.C., 24/11/16.)
O convite do Marcelinho da gente ao presidente do Egipto parecia intrigar o Rodrigo Carvalho e o Miguel Tavares, ontem, no telejornal. — Do Egipto?! Porquê justamente do Egipto? Um presidente tão mal visto no concerto das nações!...
E enquanto isto lá diziam entre si que o presidente egípcio, agradecido, retribuíra já a cortesia convidando o Marcelinho da «Gente» a visitar o Egipto ...
Sai-nos com cada um!
Excursionistas de alto coturno a cavalo em camelos e mulas, Egipto, s.d.
Fotografia in Estefânia Deutsch, Precisas duma Escola.
No telejornal pejota (*) da Sociedade Industrial de Concentrados (S.I.C.) duas notícias dignas de case study (entre outras, entre outras...):
Arte urbana, Porto, 2016.
Imagem da S.I.C.-N., 20/XI/16.
(*) Sigla P.J. (Primeiro Jornal) enunciada por extenso, à laia de como faz a melhor locução radiotelevisiva com a homógrafa P.J., Polícia Judiciária.
Esta manhã um Moscovici punha água benta no Orçamento de Estado de Portugal.
Ùltimamente aparecem uns quantos destes: um Diselbloom, uma Mogherini, um Junckers, um Schauble. Todos eles com a autoridade de eleitos para assuntos dos portugueses. — Bom! O Schauble parece que foi eleito por gente alemã, o que diz muito... Mas aos outros não há votinho popular que se lhe escrutine. Primores da democracia...
Pois são estes estranhos desconhecidos que soam solenemente por cá como tutores dos portugueses e dos seus assuntos. É quase diário.
Como se infantilizou em poucos anos uma nação que se regeu por oito séculos, e com ganas de reger um vasto império por quatro deles, é um mistério.
Esta tarde achei este folheto (bilíngue) no balcão do banco do Estado protectorado. Comemora uma bandeira estrangeira por meio duma moeda corrente. Estrangeira.
Ámen!
Bandeira da Europa 30 anos / 30 Years European Flag. Moeda corrente comemorativa / Commemorative circulation coin.
(Jorge Stamatopulos / Lucas Luycx, I.N.-C.M., C.G.D., 2015)
Andam os noticiários agitados com a administração da Caixa Geral de Depósitos. Entendo que os factos estão mal noticiados. A única administração que vislumbro nas notícias é a das declarações pessoais de rendimento e património dos administradores. Confundir esta administração particular com administração da Caixa, só por descaso. Ou abuso, como o de usar os serviços jurídicos da Caixa em proveito da sua contestação particular da lei.
Caixa Geral dos Depósitos, Lisboa, 2000.
Luís Pavão, in archivo photographico da C.M.L.
Empreendendo ainda agora cá com os meus botões a propósito da proclamação lá de Bruxelas do ministro dos negócios trangeiros (é como dizem na rádio e na TV), cuido que me enganei. — Claro que zurrar das alturas da Europa tem outro sainete e daí o ornejo lhe sair referido expressamente à Europa e não ao gentio cá do rectângulo. Foi o que me baralhou. Mas o recado era para cá. Se não, considerai as mesnadas ontem em ordem de batalha (ou mera troca de galhardetes) no Martim Moniz. É o que faz sentido... E faz mais sentido ainda que, sendo o ministro dos trangeiros, apareça fazendo avisos contra deportações. A portugueses porque mais ninguém o ouve.
Ora bem, de avisos doutrinadores aos portugueses, além do altíssimo ministro dos trangeiros desde o Olimpo de Bruxelas, havemos de considerar a veneranda comunicação social deste terreiro à beira-mar plantado. Entre a evangelização geral com rebaixamento do gentio de direito histórico por um lado, e a sagração do estranho não assimilado por outro, ver uma repórter em directo da horda ululante de talibãs da Moiraria acrescentar como argumento o único angolano da manifestação não havia de ser senão digno do maior dó? A que propósito?!...
Mas ouvi-la acto contínuo reforçar que está em Portugal há 43 anos?!!!... Que diabo! Já é estupidez a mais. Que nacionalidade teria este único angolano da manifestação quando por 1973 aportou à metrópole?
Reis Ventura, Sangue no Capim Atraiçoado, 14.ª ed., [Lisboa], Fernando Pereira, [1986].
Dos píncaros de Bruxelas e com microfone ligado, o sapudo e altaneiro Santos Silva inchou há pedaço pela Telefonia Sem Fios nestes termos: «deportações em massa são contra os valores da Europa», avisa o ministro dos negócios ‘trangeiros.
O antibama da América que se não ponha à tabela com ele, não!
Charles H. Bennett, A rã e o touro (das Fábulas de Esopo) em Etsy.com.
A Imprensa hillaryante continua tão democrática como as manifestações antitrampa das minorias ruidosas, hoje, de Londres ao Novo Mundo.
Ontem, pela alvorada, ouvi a notícia surpeendente de Trump ganhar aos votos seguida da notícia nada coisa do Marcelinho da gente lhe haver enviado sem demora as felicitações. Ouvi-o logo às 8h00 da manhã.
À tarde, uma repórter Cristina Lai Men da T.S.F. tomava as dores duns nova-iorquinos com uma directa nos lombos, decepcionados, infamados e chorosos; o Trump ter sido eleito humilha-os de vergonha e a repórter transmitia-no-lo pelo éter como se fossem aqueles frustrados o exemplo acabado de toda nação americana; infamante nação que na realidade, basta pensar, há-de ter votado no tal infame.
Contradizem-se tão estùpidamente e nem se dão conta? Ou dão e é pior...?
Pois, logo a seguir, um Rui Tukayana na mesma antena, lá noutra terra da América descobria afinal que por ali 70% dos eleitores tinham votado no tal infame com tanta naturalidade como aquela com que no dia seguite foram trabalhar: como se nada mais fosse. Escolheram tão livre e democràticamente como na América quem entenderam e seguiram com a vida. De tal maneira a vida corria normal que a intromissão do repórter os interrompia no trabalho e haviam de parar com ele para lhe responder à trivialidade da reportagem.
Entra de novo a Lai Men e... Milagre! Não é que tira da cartola uns quantos que também tinham votado no Trump e que hàbilmente escondera na primeira intervenção. Maldito Tukayana que lhe desfez o tabu. Quem terá escalado esse cronicão das informáticas a repórter de política?! O andróide estoirou pela culatra ao jornalixo engajado. Azar!
Na TV mais à tardinha iam para o ar os maiores figurões da scena política mundial: o Holanda da França; a Merkela da Alemanha — ambos com recados (pouco) subliminares de acordo com a escritura sagrada do evangelho polìticamente correcto; o Putin da Rússia que, em russo, diz trampa quando refere o Trump e que é muito engraçado ouvir e; a madame Le Pen, da extrema direita francesa, que foi das primeiras a felicitar Trump pela victória.
Isto das primeiras a felicitar lê-se nas entrelinhas.
Do Marcelinho da gente (ou da «Gente») não disseram nada. Será porque, já vistes, também ele foi dos primeiros a felicitar o Trump pela victória?!
(A imagem do Sr. Feijão como repórter imbecil não sei a origem, anda na rede.)
Av. da República à esquina do Campo Pequeno, Lisboa, 195...
Horácio de Novaeis, in Bibliotheca d' Arte da F.C.G.
O jornalixo hillaryante anda de nervos em franja.
A imprensazinha caseira e a sua percepção hilariante da realidade.
(Imprensa em Portugal hoje, 9/XI/16, e ontem...)
Adamastor (O)
Apartado 53
Bic Cristal
Blog[o] de Cheiros
Carmo e a Trindade (O)
Chove
Cidade Surpreendente (A)
Corta-Fitas(pub)
Dragoscópio
Eléctricos
Espectador Portuguez (O)
Estado Sentido
Eternas Saudades do Futuro
Fadocravo
Firefox contra o Acordo Ortográfico
Fugas do meu tinteiro
H Gasolim Ultramarino
Ilustração Portuguesa
Kruzes Kanhoto
Lisboa
Lisboa Actual
Lisboa de Antigamente (pub)
Lisboa Desaparecida
Menina Marota
Meu Bazar de Ideias
Paixão por Lisboa
Pena e Espada(pub)
Perspectivas(pub)
Planeta dos Macacos (O)
Pombalinho
Porta da Loja
Porto e não só (Do)
Portugal em Postais Antigos(pub)
Retalhos de Bem-Fica
Restos de Colecção
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Ruas de Lisboa com Alguma História
Ruinarte(pub)
Santa Nostalgia
Terra das Vacas (Na)
Tradicionalista (O)
Ultramar
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