O Piruças sobre a o surto de hepatite A, citando de cór:
— Não é coisa nova. Já cá a tivemos, antes de 1974, com a pobreza que havia. Ao depois, com o saneamento básico desapareceu. (Uma conquista de Abril!...)
— Não há grupos de risco. Há comportamentos de risco... (Bons costumes!)
— O vírus é expelido nas fezes dos infectados e o sexo oral sem protecção &c. &c.... (Que terá o cu que ver com...?!)
Concluamos todos o recado: antes do 25 de Abril grande acidente nacional a doença era a figadal pobreza. Com a riqueza e bons costumes conquistados... Ámen!
(O Piruças quase de mãos postas rezando a sua ladainha, na SIC-N em 29/III/2017.)
... do pugr€sso.
Rua António Pedro no cruzamento com a Pascoal de Melo, Arroios, c. 1950.
Mário de Novais in Bibliotheca d'Arte da F.C.G.
O Fernando Alves perorava há pedaço sôbre a Gùiana francesa, êsse dept.º ultramarino da França. Claro que êle dizia Guiana sem ler o «u». Dizia e repetia. Repetiu sempre, porque não sabe, porque não aprendeu e nunca leu êste blogo. Mas lá do «quadro geral de instabilidade social» que lhe fere o sentido gramsciano com «acutilância social» e lhe inspira a veia social evangelista, disso sabe êle: quis morigerar a França por desprezar a sua possessão ultramarina, mas não pelo colonialismo — ele lá chegará... — Verberou-a, à França, porque na Gùiana, «uma em quatro famílias vive abaixo dos limites [há mais que um?] da pobreza» e porque «o desemprego na Guiana [sic] francesa atinge os 22%, enquanto na França metropolitana ronda os 9%». Eis já o colonialismo a aflorar pela faixa da esquerda, mesmo que se lhe pressinta, ao Fernando Alves, uma certa complacência de oratória neocolonial por êste «lugar recôndito», «parcela ultraperiférica da União Europeia» que «se sente abandonada» pela metrópole. Eis cá um dept.º ultramarino (não confundir com censuráveis províncias) duma França pós-colonial que hoje por hoje até sabe a pato porque… é «território da União Europeia». Isto é: é nosso, atributo de «favores mediáticos» bem calhado para legitimar todo o anticolonialista-neocolonialista-colectivista em geral, e o Fernando Alves em particular, no dever missionário de botar voto de faladura na matéria e enfiar por ali o bedelho à conta da sua moral social exclusiva e da impante solidariedade contra o desprêzo metropolitano. Tudo sem fascismo. Este é um ultramar que vem a calhar...
O Ultramar português, em tempos, é que estava mal. Para começar era português. Depois tinha muita (demasiada) atenção da metrópole — um estôrvo. E enquanto cá penso nele, o Ultramar português, de sempre, esteve errado. Logo de há séculos, a julgar de como foi parida não só esta Gùiana «dept.º ultramarino da França», «território ultraperiférico da União Europeia», mas outrossim as suas gémeas inglesa e holandesa. É que desde que os portugueses se afoitaram ao mar e extenderam seus domínios — muito até por se não quererem meter em questões de castelhanos e outros dalém Pirenéus — que essoutros daí, pouco inventivos, mas mui cobiçosos, sempre lhe procuraram lançar a gadanha. É com isto que vêm a fabricar as Gùianas, êsses entalhes açucarados esculpidos do Brasil português e tão a jeito de lhe não deixar falecer, a essoutros, um quinhão do rendoso trauto açucareiro. Para êsses gulosos do açúcar do Novo Mundo, a geometria do encontrão e do latrocínio fazia escola já desde a pirataria atlântica (não sabiam navegar até mais longe) contra as naus da carreira da Índia. E de tal maneira lhes corre a inveja no sangue que só lhes podia infectar os bestuntos, como infectou, com requinte de régua e esquadro na partilha de África. Alemães e Belgas, incompetentes antes e após a conferência de Berlim na fabricação de impérios (ou reinos metropolitanos homogéneos que fosse), mas inchadíssimos de bazófia, melhor não arranjaram do que imperialmente se instalarem em África a abocanhar talhões portugueses. O Sudoeste africano alemão, o Sudeste africano alemão e a coutada pessoal de Leopoldo II, rei dos Belgas, são exemplos acabados duma velha história de esbulho e parasitagem advinda de terras de puritanos, modernamente sublimada nos foros do Direito Internacional e do concêrto das nações com o lindo nome de «autodeterminação dos povos», uma habilidade neocolonial.
Aqueles outros (isto é irónico), brutos como bárbaros ou covardes como ratos, logo houveram de perder em África os impérios que nunca construíram e lhes fôram servidos de bandeja. Por cá também fizeram escola.
Ora da França e da sua Gùiana, hoje, o melro Fernando Alves que assovie às massas a moral exclusiva que lhe aprouver. Mas, como orador que se quere de nomeada, aprenda a dizer Gùiana com todos os sons.
(Recorte de Rebelo Gonçalves, Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa, Atlântida, Coimbra, 1947, p.182.)
(Revisto.)
A árvore ao fundo da rampa já se reveste de verde. As olaias na Av. da Cidade do Porto também, depois de nas últimas semanas andarem frolidas em rosa-shock. Uma novidade: no meu telhado apareceu um melro; há dias sondava, ontem assoviava timidamente. Este tempo invernoso é que não anda calhado...
Vista aérea dos Olivais ao aeroporto, Lisboa, 195...
C.M.L./D.E.P., in archivo photographico da C.M.L.
Irreconhecível, entre a Portugália e Praça do Chile.
Av. Almirante Reis à noute, Lisboa, c. 1955.
Mário de Novais, in Bibliotheca d'Arte da F.C.G..
... ou à tardinha por esta hora, será de dia.
Av. do Aeroporto à noute, Lisboa, c. 1955.
Mário de Novais, in Bibliotheca d'Arte da F.C.G..
As nojícias na sociedade industrial de concentrados (S.I.C.-N) forram-se da melhor cultura de contentor. Do escriba do teleponto, à menina locutora, como mesmo à madame, sai Bràdemburgo por Brandeburgo.
E ainda há quem aflore a benzer este jornalixo. Farto-me de rir. Nem tomam noção do ridículo.
(Este verbete verbera a Edição da Noite, S.I.C.-N., às 21h59 do dia seguinte ao atentado de Londres do ano de 17 — Na Alemanha, também muita gente a querer prestar homenagem às vítimas dos atentados [não foi só um?] em Londres; as portas de Bràdemburgo foram iluminadas &c. — O verbete da acordita Infopédia é apresentado com ortografia correcta e publicidade a causa nobre por consideração ao benévolo leitor.)
— Muito boa noite! Há um português entre os feridos ligeiros do ataque em Londres. Trata-se de Francisco Lopes, de 26 anos, que esta noite estava ainda a receber tratamento no hospital à espera de alta para voltar a casa. É pelo menos essa a informação que tem sido avançada por diversos órgãos de comunicação s'cial. Ele foi apanhado no meio da confusão sobre a ponte de Westminster.
(Abertura da Edição da Noite às 9h00, SIC-N, 22/3/2017.)
Fora já de qualquer confusão do que seja realmente a notícia segue-se que irão «actualizar toda a informação sobre este dia fatídico em Londres.» E bem que se lhe confunda desde logo tudo o que há a saber (para já) sobre o apanhado português que ia a passar (falta só descobrir onde mora lá em Londres e mandar urgentemente para lá um pé de microphone a entrevistar o dono do pub onde o Chico Lopes bebe uma caneca de vez em quando), acerca do terrorista só se diz que é «um lobo solitário». Cheira-me que se o gajo fosse meio cenoura e sardento, ou se se simplesmente chamasse Carstairs ou Fairfax, saber-se-ia já de quem era súbdito e que vestia cuecas da cor do Arsenal e não do Tottenham. Assim não sendo... melhor é irmos ligeiros com o bom do Chico Lopes entre os feridos, ligeiros, graças a Deus. Ou com testemunho duma outra portuguesa fulana de tal achada a passar por Westminster àquela hora também, «de bicicleta», segundo a preciosa Edição da Noite, e que «foi das primeiras pessoas a ajudar as vítimas». Ou o do Sonasa da portaria do parlamento... Ou qualquer espécie de portuga que, com ou sem sotaque, se apresente a contar seus feitos heróicos.
Os portugueses são os maiores, quarago! E venham de lá mulheres e cerveja. Esqueçam os bárbaros ou os mouros.
Passagem de nível de Alcântara-Mar, Lisboa, [c. 1955].
Fotografia: Estúdio de Mário de Novaes (1933-1983), in Bibliotheca d'Arte da F.C.G..
A sociedade industrial de concentrados (S.I.C.) papagueava às sete, no jornal das ditas, que o terrorista o «homem» do atentado ao aeroporto de Orly era mouro, perdão francês. Chamava-se Ziyed Ben Belgacém.
Outra notícia suculenta logo logo a seguir a esta foi que explodiu um prédio na Bélgica. Mostraram o prédio que explodiu e viu-se um buraco no lugar do dito, mas diz que a explosão foi de gás. Não chegaram a dizer, mas aposto que o gás era belga.
Explosão de prédio de três andares, Bruxelas. (Gilles Martin, Instagram, 2017).
Duas chapas batidas do Largo de Arroios onde se vê o início da Estrada de Sacavem (ou Rua de Alves Torgo — Edital de 5/11/1925: Era um trôço da Estrada de Sacavem que começa na esquina da Igreja de Arroios e termina...)
Na primeira imagem (vê-se) construia-se o predio que occupou o n.º 16 (actual); o casario que se lhe seguia não era cidade; era campestre, sem signal da Rua de José Falcão. A segunda mostra a païsagem urbanizada com predios de rendimento e, bem perceptivel já, o entroncamento da Rua de José Falcão (a primeira à direita).
Em ambas se acha a via aerea do electrico. O electrico é de 1901. O prédio que se construia tem processo de obra requerido por um Thomé da Silva Coelho em 29/12/1902. São ambas as imagens, por conseguinte, posteriores... A segunda é inda mais tardia...
Largo e igreja de Arroios, Lisboa, c. 1903.
Largo e igreja de Arroios, Lisboa, post 1909.
Photographias: José Arthur Leitão Barcia, in archivo photographico da C.M.L.
Estrada de Sacavem a seguir ao convento de N.ª Sr.ª da Conceição de Arroios, séc. XIX. Ambos os edifícios à esq. permanecem (semi-arruinados). Correspondem à Rua Quirino da Fonseca, 2. A estrada de macadame é anterior à instalação dos trilhos do americano. A casinha e o muro à direita há muito que desapareceram para alargamento viário. Por ali — por onde se enfia a caleche da direita — é a Travessa das Freiras a Arroios, serventia menor onde foi achado o almirante Reis morto na madrugada de 5 de Outubro de 1910. O seu nome, porém, tomou ecos de propaganda e usurpou a avenida mais importante das redondezas, a Av. da Rainha D.ª Amélia.
Estrada de Sacavém, Arroios 18...
In archivo photographico da C.M.L.
Na emissora nacional o foco das notícias da homilia esta manhã foi «a extrema direita não ganhou as eleições na Hollanda». Isto logo em abertura dos noticiários de homilia, às 8h00 e às 8h30.
Na T.S.F. (não há paciência para tanta lavagem ao cérebro da emissora nacional), ás 9h00 , o foco foi quem ganhou. — Melhor! — Mas em reportagem — uma daquelas reportagens como na bola, à porta do estádio, em que o pé de microphone entrevista o primeiro cão ou gato que lhe passe de ante — não escondiam o «alívio» por não ganhar quem não ganhou; enunciaram-no — o alívio — várias vezes.
Ramalho Ortigão, A Hollanda, 4.ª ed., Parceria A.M. Pereira, Lisboa, 1910. In bibliographias.
Corre hoje que faz anos a TAP: diz que são 72. A mesma TAP publicitava em 1 de Junho de 1973 o seu 20.º aniversário. Não será caso de haver sido um certo engenheiro secretário-geral a fazer as contas, mas...
Dakota DC-3 CS-TD... (C?) dos T.A.P. estacionado no aeroporto da Portela, Lisboa, c. 1946.
Mário de Novais, in Bibliotheca d'Arte da F.C.G.
Notícia do que lhe sucedeu (ao CS-TDC, o terceiro avião dos T.A.P.) aqui.
Campanha publicitária de produtos de beleza da perfumaria Nally, fabricante dos produtos Benamôr (com circunflexo). Fotografia sem data produzida durante a actividade do Estúdio de Mário de Novais: 1933-1983. In bibliotheca d'Arte da F.C.G.
Até a dançar:
Orchestral Manoeuvres In The Dark — Electricity
(The Theatre Royal, Drury Lane, 1981)
No tempo em que o prédio de rendimento era tachado como architectura menor que desvalorizava o presumido bom gôsto das avenidas novas, já a moda de fechar marquises pegava. Succede que os materiaes vidro e ferro ainda se perdiam em arrimos «art déco». Nada que se assemelhasse ao alumínio de régua e esquadro a 90º em sublime gôsto eurocaixilho.
Rua dos Açores, 59 a 59-J em 1961: descubra as diferenças! (Não existem soluções.)
Rua dos Açores, 59 a 59-J, Lisboa, 1961.
Augusto de Jesus Fernandes, in archivo phtographico da C.M.L.
Grémio Nacional dos Industriais do Ensino de Condução Automóvel, Av. de João Chrisostomo, 21, com fachada de azulejaria, cantaria limpa e janelas de peitoril e sacadas de ferro forjado trabalhado.
Descubra as diferenças!
Grémio Nacional dos Industriais do Ensino de Condução Automóvel, Lisboa, 1961.
Augusto de Jesus Fernandes, in archivo photographico da C.M.L.
A Caixa Geral de Depósitos teve prejuízos tóricos — ouvi no noticiário da T.S.F. às 2h00 da tarde.
Se são os prejuízos tóricos, já a roubalheira tem ela linhagem ancestral...
Agradeço o informe da novidade antiga ao confrade A.C., da Paixão por Lisboa.
O dia de São João de Deus (Montemor-o-Novo, 8/3/1495 – Granada, 8/3/1550) torna-se cada anno mais sagrado para os missionários do europaganismo Mercantil & Igualadeiro, Ilimitd.ª. A cúria bruxeleante deu hoje Bula aos púlpitos me®diáticos da prègação ordinária para proclamação urbi & orbi duma oração-estudo de que a discriminação das mulheres prejudica a economia. Devem os eurofiéis rezá-lo co-noticiosamente pela emissora nacional como quem reza o Têrço com a Renascença ao fim da tarde!
Palavra da salvação.
Adamastor (O)
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