Alvalade no dealbar dos anos 50. Alvores da Avenida da Igreja, antes da própria igreja de S. João de Brito (inaugurada em 1955).
Três vistas para lá, uma para cá. Numas o horizonte ganha-se na cumeada além da Av. do Aeroporto (quintas da Graça e Belmonte); noutra perde-se contra o Hospital de Santa Maria, em últimos preparos ou acabado de inaugurar (1952). Um autocarro que vai, outro que vem; um táxi; gente que passa, gente que está -- e um vendedor de sorvetes, será? -- Amplos ares de Alvalade para sorver também, porque entretanto...
Fotografias: estúdio de Horácio de Novais, in Bibliotheca de Arte da F.C.G..
Nat King Cole, Smile
(Publicado originalmente em 7/6/2010 aos 21 para as 10 da noite.)
Tonicha : Menina
Música: Nuno Nazareth Fernandes Menina de olhar sereno |
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(Publicado originalmente em 15 de Fevereiro de 2007 à meia-noite e dois.)
Nota à meia–noite e dez de 15 de Maio de 17:
Quem porventura ache que é de se comparar a Menina de Ary dos Santos com não sei quê dos manos Sobrais, pense na redondilha maior da medida velha portuguesa aqui e no versejo livre de nenhuma medida que, parece, representa a europoesia nacional nestes dias. De melodia, arranjos, coros e orquestração nada digo porque não sei de música. Nem fui à procura de ouvir coisa para confrontar aqui. Os gemidos que entrevi nas notícias não me motivaram.
Ligo a telefonia do automóvel esta tarde e oiço: — … Ele foi a casas de prostitutas, esteve com elas… — Um Anselmo Borges, padre, dava uma entrevista já não sei a que emissora; referia-se a Francisco papa…
Continuo a ouvi-lo, ao Borges, Anselmo, padre. Entusiasma-se. — Ele [Francisco papa] já abriu a porta... — ao sacerdócio de mulheres, a todo género de famílias (incluindo lindos pares de jarras), ao fim do celibato... E mais adiante, algo que se não cansa de repetir: — É preciso retomar o Vaticano II, Primavera da Igreja, a que se seguiu um longo Inverno...
O Vaticano II lembrou-me:
« Justamente, nessa altura [Março de 1967] principia a ser divulgada em Portugal a última encíclica papal: a Populorum Progressio. Salazar debruça-se atentamente sobre o documento, e considera-o deplorável. Classifica-o de demagógico, e de perigoso no plano político. Afigura-se-lhe que o pontífice condena o nacionalismo, sem que o defina, e isso poderá ser trágico [...] Em matéria de violência e de subversão, Salazar julga que a Encíclica aceita «com bastante ligeireza ou compreensão a revolta», ainda que se façam «algumas restrições à validade ou mérito da insurreição revolucionária». Pelo que respeita ao repúdio do racismo, «nada há a objectar»; e a proclamação de que todos os povos devem ser artífices do seu destino pode ser aceite se não forem esquecidas ou ignoradas as condições próprias de cada um, o que impõe a diversidade de soluções consoante os casos. Afirma o papa que a civilização e as civilizações nascem e morrem; mas não as caracteriza; e Salazar pergunta: «portanto, também a civilização cristã?» Defende o pontífice uma autoridade mundial, «em condições», comenta Salazar, «de agir eficazmente no plano jurídico e político»; estes são problemas, todavia, em que o papa se cinge a reflectir os documentos já emanados do Concílio [Vaticano II]. Mas o chefe do governo pensa que a Populorum Progressio vem suscitar falsas esperanças, demonstra ingenuidade do Santo Padre, e contribui para adensar a confusão dentro da Igreja. Diz Salazar: «eu não estou muito aflito porque a morte em breve evitará que tenha de me adaptar» (1). »
Franco Nogueira, Salazar, vol. VI, Civilização, Porto, 1985, pp. 271-272.
Da confusão dentro da Igreja temos, 50 anos depois, a eloquência me(r)diática dos Anselmos-Borges. A ponto de sermos videntes da aparição lúgubre da morte duma civilização.
De Francisco papa nem sei que diga.
Vestígios da sala de jantar da Casa Dourada de Nero, ditos vulgarmente Templo da Paz
[na realidade a Basílica de Maxêncio e Constantino], Roma, 1757.
Giovanni Battista Piranesi, Vedute di Roma, 346.
Água-forte, 400 x 550 mm.
(Colecção de Arthur Ross, Galeria de Arte da Universidade de Yale.)
(1) Obviamente, não tenho o intuito de expor a doutrina da encíclica papal, nem sequer de traçar a sua síntese, mas apenas, seguindo uma minuta manuscrita de Salazar, assinalar os pontos que este reputou «essenciais». [Nota do A.]
Ontem, acumularam-se os aviões na Portela sem poderem reabastecer. Avariou-se o sistema de bombagem de combustível. Um caso nunca antes visto: nem quando o Humberto Delgado era do aeroporto (da aviação), nem quando o aeroporto era da Portela. Só agora, quando passou o aeroporto a ser do Humberto Delgado. Ou da Vinci. Dalguém...
Aeroporto da Portela, Lisboa, c. 1943.
Horácio de Novais, in Bibliotheca d'Arte da F.C.G.
Boccherini, Fandango
(Sara Calero, Pablo Romero Luis e o quarteto Escénicas)
Os alunos do 2.º ano [leia-se 2.ª classe da instrução primária] que começam hoje a fazer as provas de aferição em expressões Fisico-Motoras e Artísticas vão poder fazê-las quase todos nas escolas.
O sr. Secretário de Estado garantiu. A emissora nacional deu a notícia.
No tempo da minha 2.ª classe — quando ainda Desenho não era sequer Educação Visual, nem Ginástica era Educação Física — a expressão físico-motora da gente aferia-se muito livremente pelo pontapé na chincha e a expressão artística pelas fintas ou pelos golaços naqueles desafios de muda aos 5, acaba aos 10.
E bom, também havia meninas que jogavam à macaca e saltavam à corda...
Em nada disto havia escolas (só se fosse no recreio) e muito menos secretários de Estado. Mas claro, desde que o eduquês alapou o rabinho nos bancos da escola e a homologação de humanos desde o berço granjeou foros de civilização, a brincadeira dos meninos da 2.ª classe deu nisto: Expressão Físico-Motora e Artística sujeita a provas de aferição nacional pelo Ministério da Educação.
Desafio de futebol, [s.l.], 197...
António Sena da Silva, in Portugal Velho.
Boccherini, Fandango (excerto).
Nina Corti (castanholas), Isabel Martínez (guitarra), Elena Jáuregui e Violeta Barrena (violinos)
Cressida Wislocki (viola), Evva Mizerska (violoncelo).
Galeria Nacional, Londres, 2015.
Adufeiras de Monsanto, Velhinha (2011)
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Quando eu era pecanina (x2)
E acabada de nacer (x2)
Inda mal abria os olhos (x2)
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