O pai postiço não perde uma. Agora, por via dum fenómeno inseminatório de alta-roda, obteve licença de paternidade e lá ficou dispensado dum jogo de derrotados. Na próxima talvez se conheça a mãe. Pode ser que ela diga quem é o pai.
Das alcoviteiras aos tudólogos, dos boatos ou calumnias ás notícias falsas (neo-creoulo fresquinho do amaricano fake news), a cultura nacional, foi um ar que lhe deu; o pior imbecil já consegue ganhar o eurofestival.
Aplausos!
Salvador realizas-te o meu sonho e és o meu heroí, Portela, 2017.
Imagem de Move Notícias segundo o Guglo.
Largo de D. João da Câmara e Rossio, Lisboa, c. 1947.
Horacio de Novaes, in Bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Na tentativa de achar a data daqueloutra que dava o Rossio desde o Largo de S. Domingos eis cá outra nesga do Rossio. Esta agora do lado do Largo de D. João da Câmara. Conjecturo-a no mesmo dia, um nadinha mais tarde: o sol-posto já alumia aqui, rasante, só as cumeeiras do quarteirão da Suíça, enquanto que lá banhava o Rossio todo.
Aventou ali o benévolo leitor sr. Valdemar Silva um domingo de Maio de 1947. Discordei de Maio pelo encasacado dos transeuntes e um tanto do domingo pela ciranda dalguns operários e gente fardada. Dou a hipótese de Novembro, num dia de semana ou num sábado, fresco, embora soalheiro, talvez pouco posterior às comemorações dos 800 anos da tomada de Lisboa aos mouros, em 25 de Outubro de 1947...
Mas, para serem do mesmo dia, esta e aquela, vêem-se aqui a mais os pendões com o brasão de Lisboa. Dou esta(s) para Outubro e a outra para Novembro, embora não passem de conjecturas.
Rossio à noite, Lisboa, c. 1947.
Horacio de Novaes, in Bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Normalmente não aprecio campanhas publicitárias. Há-as demais; são por via de regra ludíbrio, intrujice, quando não vigarice. Mas desta hoje gostei.
O comunicado da é sóbrio q.b. Acertaria mais nas palavras não fosse haver Portugal acabado.
A imagem clássica escolhida para este avião «retro», a mais emblemática antiga identidade corporativa da companhia, foi utilizada pela primeira vez no avião Lockheed Super Constellation, recebido pela TAP em Julho de 1955, tendo o Boeing 727-200 sido o último a exibi-la. Agora, é um moderno Airbus A330-300 a vestir estas cores. O significado que elas carregam, esse, é o mesmo. Chamamos-lhe: Portugal.
Imagens da T.A.P. (horário adaptado por rigor).
Addendum:
Autocarro de porta atrás, Largo das antigas Portas de Algés, 1966.
Augusto de Jesus Fernandes, in archivo photographico da C.M.L.
[JOE BERNARD] — Estes já não prestavam, não se podia entrar nem sair em andamento!
Autocarro de porta à frente, Cabo Ruivo, c.1962.
In «Coisas da Aviação».
2 pisos a arrimar aos 35º em véspera de dia S. João: ou um 55 adernando para a 24 de Julho em 23 de Junho. De 1980.
Autocarro 55, Alcântara-Mar, 1980.
Guy Arab, in Flickr.
Até porque em 1980 já tinha o passo.
Como é óbvio subi para o andar de cima e fui tudo lá para a frente.
Autocarro 55, Alcântara-Mar, 1980.
Fotografia: Biblioteca de Wood, n.º 1 431, 3/X/1980.
IF-77-98, n.º de frota 328, com aspecto novíssimo a descer a Avenida da Liberdade, em Lisboa. Entrou ao serviço em 1959. Aqui na carreira 21. A fotografia andará por 1960 ou 61.
Cliché por John Huddlestone, in Flickr.
P.S.: atenção aos belíssimos edifícios.
— O Pátio das Cantigas —
Francisco Ribeiro (Ribeirinho), 1942
« Em 22 de Abril [de 1967], comparece [Salazar] em Belém para a promulgação solene pelo presidente da República do decreto que, nos termos da resolução da Assembleia Nacional, institui aquele dia como o «Dia da Comunidade Luso-Brasileira». Estão membros do governo, o embaixador do Brasil Ouro Preto. Discursa Américo Thomaz: «Para que todos nos possamos encontrar e recolher nestes pensamentos, o Dia da Comunidade Luso-Brasileira, constitui para nós e para os vindouros um dia de reflexão nas grandes virtualidades da Comunidade […] Responde o enviado brasileiro: «não será difícil prever que largos e claros horizontes se rasgam diante de nós; não há limites imagináveis para os nossos dois países no terreno das constantes essenciais […] No mesmo momento, em Brasília, o presidente brasileiro Costa e Silva e o embaixador português José Manuel Fragoso participam em acto semelhante e trocam mensagens de sabor idêntico.»
Franco Nogueira, Salazar; O Último Combate (1964-1970), Civilização, Porto, 1985, pp. 276-277 passim.
Foto: Lusa/Paulo de Novaes.
Largo das Escolas, Belém, [s.d.].
Mário de Novaes, in Bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Carteira escolar da Fábrica de Portugal, Portugal, [s.d.].
Mário de Novaes, in Bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Biblioteca itinerante n.º 6, Marmelete, [s.d.].
Mário de Novaes, in Bibliotheca d' Arte de F.C.G.
Estação do Correio, Torres Vedras, c. 1940.
Mário de Novaes, in Bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Fábrica de Cortumes, Póvoa de Santa Iria, [s.d].
Mário de Novaes, in Bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Um pouco a destempo tenho agora vagar de transcrever algumas saborosas passagens do embaixador Franco Nogueira, como já raro alguém escreve nesta Nação sumida:
« Entretanto, também durante o dia 12 e por todos os caminhos, afluem ao Santuário milhares, centenas de milhares de peregrinos. Descem povos das altas serras, convergem outros da planície e dos vales; comboios de autocarros e de camionetas abertas surgem das sete partidas, vindas do Alentejo e do Minho, e atravessam as estradas de acesso à Cova da Iria; pelas bermas marcham famílias e aldeias inteiras, carregando as suas crianças de colo e as condessas dos seus farnéis; por atalhos e veredas, arrastam-se velhos, trôpegos e doentes, arrimados aos seus bordões de romeiros, e de alforges pelos ombros; e de quando em quando, o tráfego afrouxa, quase se suspende, para que passem grupos de mulheres, vestidas de negro, que avançam de joelhos, com rosários entre os dedos, numa prece mais contínua, até caírem quase exânimes. É a sensação de que todo o povo está a mobilizar-se por vontade própria, e que através de mil sacrifícios acorre a um chamamento indeclinável. Grupos de estrangeiros da rosa dos ventos, alegres e numa atitude de cruzada, e muitos com as suas bandeiras nacionais, seguem os portugueses para Fátima. Patrulhas da Guarda percorrem as imediações do Santuário; não há um incidente; e as forças da ordem cingem-se a abrir caminhos, a ajudar os mais fracos e os perdidos. No despontar da aurora do dia 13 de Maio, fazem mais de um milhão e meio os peregrinos concentrados no terreiro do Santuário e cercanias.
Peregrinos, Fátima, 1927.
Mário de Novais, in Bibliotheca d'Arte da F.C.G.« […] E então, de costas para o altar erguido ao ar livre, Paulo VI contempla o mar de peregrinos: aos pés do papa comprimem-se para cima de um milhão e duzentas mil pessoas, que fazem sentir uma força feita só de Fé: e mais três ou quatro centenas de milhar espalham-se à distância, por elevações de terreno, telhados, árvores, em modo que se diria quase ocultar a própria natureza e substituí-la. Junto ao altar, ao lado direito, estão o presidente Thomaz, Oliveira Salazar, todo o governo português; e do outro lado, filas de cardeais e bispos. E perante a imagem da Virgem de Fátima, Paulo VI celebra missa. Perto, a alguns passos, encontra-se a Irmã Lúcia.
Paulo VI, Fátima, 1967.
In Porta da Loja.
« No momento próprio e em português, profere o papa a sua homilia. Que diz Paulo VI a Fátima e ao mundo? É bendito o Santuário «onde se celebra hoje o Cinquentenário das Aparições» […] Saúda os cidadãos «desta ilustre Nação que, na sua longa história, deu à Igreja homens santos e grandes»; e os peregrinos, «que viestes de perto e também de longe»; e os fiéis espalhados por todo o mundo […] Mas para o papa […] «mal seria se uma interpretação arbitrária e não autorizada do Magistério da Igreja transformasse este renascimento espiritual numa inquietação que desagregasse a sua estrutura tradicional e constitucional, que substituísse a teologia dos verdadeiros e grandes Mestres por ideologias novas e particulares que visam eliminar da norma da fé tudo aquilo em que o pensamento moderno, muitas vezes falto de luz racional, não compreende e não aceita, e que mudasse a ânsia apostólica da caridade redentora na aquiescência às formas da mentalidade profana e dos costumes mundanos».« Mas a este tempo ainda Oliveira Salazar não se pronunciara sobre a visita de Paulo VI. Esse comentário é tema do Conselho de Ministros de 23 de Maio de 1967 […] Deve ser muito confusa e complexa, julga Salazar, a razão decisiva que determinou Paulo VI a vir a Fátima e a expor-se a críticas. Críticas, além disso, também lançadas com aspereza pelos círculos afro-asiáticos e demais adversários da política de Portugal em África […]
« No plano pessoal e puramente subjectivo, qual o aspecto da visita papal que mais agradou a Salazar? Responde o chefe do governo: «a fúria dos nossos inimigos». E rindo com sabor, acrescenta: «Naturalmente, tratei o pontífice por Vossa Santidade. Sabem como me tratou o Santo Padre? Chamou-me Vossa Eternidade.»Franco Nogueira, Salazar; O Último Combate (1964-1970), Civilização, Porto, 1985, pp. 283-288 passim.
Da Nação sumida emergiram entretanto vozes institucionalonas que falam e dizem:
« Salazar, em 1967, era chefe do Governo quando, pela primeira vez, um Papa visitou o país. O ditador decretou um dia de feriado nacional a 13 de Maio e permitiu uma amnistia geral. Mas recusou encontrar-se com Paulo VI, depois de o Papa ter recebido, em Roma, representantes dos movimentos de libertação das ex-colónias portuguesas de África.»
«Só Salazar não deu tolerância de ponto», Expresso, 29/4/2017. (Para uma verdadeira dimensão da asneira do Expresso saco de plástico, confira o benévolo leitor Helena Matos, «A salazarologia», in Blasfémias, 29/4/2017 e José, «O jornalismo do Expresso recende a madrassa antifassista», in Porta da Loja, 30/4/2017).
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