«Há arte que faz mal à saúde», in O Diabo, 21/VIII/18.
O eléctrico n.º 501, como antes disse, pertencia a uma pequena série de três carros construídos em 1913 e montados em zorras de grande distância entre eixos, como se bem via naqueloutra imagem. No caso concreto desta carreira (Belém-Xabregas) em que serviram até 1968, qualquer desses três raros carros podia ter proporcionado esta curiosa imagem.
Carro eléctrico n.º 501, Alcântara, 1964.
Augusto de Jesus Fernandes, in archivo photographico da C.M.L.
O archivista da Câmara Municipal deu esta a S. Domingos de Benfica. Aponta-a até à travessa dita de S. Domingos. E dá um livro onde tal deve estar publicado (*).
Não é em S. Domingos. É na Estrada de Benfica, sim, mas ante a Igreja de N.ª Sr.ª do Amparo [dando-lhe as costas], como quem vira para Av. de Grão Vasco. Em segundo plano, paralela à Estrada de Benfica [por onde seguem os trilhos do eléctrico] percebe-se a Rua Emília das Neves. A casa mais alta de bom estilo que se lá avista ainda ali está: é o externato de S. Cristóvão.
Movimento de tropa, Benfica, c. 1916.
Joshua Benoliel, in archivo photographico da C.M.L., A6524.
Outra do mesmo lugar, em ângulo aproximado, mas mais fechado, é a esta da Fortex.
Fortex, Benfica, 1967.
Augusto de Jesus Fernandes, in archivo photographico da C.M.L.
____
(*) Emília Tavares (orient. cient.), Joshua Benoliel, 1873-1932: Repórter Fotográfico, Lisboa, C.M.L., 2005.
Ana Vidovic, Asturias (Leyenda)
(Isaac Albéniz)
La Rumba, Entre Dos Aguas
(Melbourne, 2013)
Entre Aspas, Perfume
(Ao vivo na Antena 3, 27/VI/2013)
Diz que ia acabar o Super Maxi, provavelmente o melhor gelado do mundo. (Digo gelado-rajá; porque gelado-sorvete, provavelmente o melhor do mundo é daqueles da Actor Vale...)
Dizia do Super Maxi que ia acabar; fizeram até um grupo de lesados no livro das fuças a reclamar, mas também a explicar com as minhas conjecturas (passe a imodéstia) a razão da queda de vendas (presume-se) detrás do fim do Super Maxi.
Isto pela Primavera deste ano.
Bem! Como ia acabar, roeu-me a saudade e, com algum espírito de contrariar o destino, comprei então, por alturas de Junho, uma caixa de 6 que vi no super — restos de stock existências em armazém, decerto. — Comprei e tirei-lhe o retrato, pois que ia acabar… E entretanto fiz eu o jogo da Olá e acabei com eles, os Super Maxis que comprara. Comi-os todos. Mesmo achando-os muito cristalizados e com o branco nada cremoso apesar da propaganda na caixa; antes como sendo mais água congelada.
Mas não acabou aqui.
Durante a vilegiatura no Algarve ainda me apeteceu jogar o jogo de contrariar o fado do Super Maxi — que acabara de acabar este ano — e pedi um na geladaria da praceta a ver no que dava. A resposta do Ti Pedro foi que, enfim... — Acabou! Já nã vẽ no cartaz e as pessoas já nã pédẽ.
Mal resignado (e com certo espírito de contrariedade) ainda lhe lancei — E não sobra nenhum aí do ano passado? Isso no frio conserva-se...
— Olhe! Tenho-os comido eu! As pessoas nã pédẽ... — E em desabafo abrindo a arca — Um gelade que já tinha uns 50 anes, veja lá! Uns 50 anes!... E nisto estende-me um Super Maxi — Tome! Nã tẽ de pagar nada.
— Ora essa! Assim é que não pode ser...
— Nã vẽ no cartaz, nã paga nada. — Ofereceu-mo.
— ... Muito obrigado! — agradeci penhorado. — Agora é que acabou mesmo — pensei. — Não hei-de pedir cá mais nenhum; vai parecer que quero gelados de graça.
Mas também não acabou aqui.
Há dias chega-me a Sr.ª do super e diz-me:
— Comprei-te Super Maxis.
— Mas já acabou!...
— Não sei. Vi destes e comprei.
Pois bem! O Super Maxi ia acabar e acabou. Já nã vẽ no cartaz. E de Junho para Agosto mudam-lhe a caixa, mantêm que é o original, mas cortam-lhe a treta da anterior que dizia agora ainda mais cremoso.
E sabe o benévolo leitor o que lhe digo? Agora, ao depois que acabou, o Super Maxi que vendem é verdadeiramente mais cremoso, tal como o primitivo. Ou o original.
P.S.: hoje, no fim de acabado, sai a 100$00 cada rajá, o que pelo índice de preços do I.N.E. vai por uns 4$00 de 1976. Cuido que nesse ano já andaria pelos 5 mil réis. Há coisas que acabam e não se perde nada.
Portão do Júlio de Matos, Lisboa, 1946.
Jaime Santos, in archivo photographico da C.M.L.
Em qualquer caso salivará a imprensa.
Grupo de notáveis da terra (ou da situação) no adro da igreja ante o mapa de Portugal.
Ou o comando nacional (ou distrital) da Protecção Civil debruçado sobre o mapa dos incêndios para coordenação eficaz de metade dos carros da bomba e de 50% dos aeroplanos, os chamados meios aéreos e no terreno.
Adro nacional (ou distrital) não identificado, c. primórdios da aviação.
José Chaves da Cruz, in archivo photographico da C.M.L.
Coreto, Avenida (ante o n.º 232), c. 1900.
José Chaves da Cruz, in archivo photographico da C.M.L.
Um coreto pode servir de púlpito a muita conversa:
_______
[*] O n.º 232 da Avenida da Liberdade fica no quarteirão entre a Barata Salgueiro e a Alexandre Herculano; o Passeio Público não passava da Rua das Pretas... Mas, bom! Fico-me por que possa ter sido realmente inaugurado em 15 de Agosto, por capricho ao dia de hoje.
Chegada ao Caes do Sodré do primeiro comboio que circulou na linha de Cascaes, Lisboa, [1894].
José Chaves da Cruz, in archivo photographico da C.M.L.
Uma estação de serviço Shell em estilo modernista na Rua de Andrade Corvo, em Lisboa, oprimida (e condenada) pela C.ª dos Telefones...
A fotografia é de Augusto de Jesus Fernandes, no archivo photographico da C.M.L.
O cabeçalho do Púbico (isso mesmo!), hoje, é desta leveza:
Enquanto isto o Correio informa:
O Diário [Domingário] de Notícias adverte de fascistas à solta em Portugal, um papão estrangeiro respaldado em russos e italianos que são ferrados por inteiro como fascistas.
E ilustra-o: com uma suástica a par das armas de Portugal...
Se a janaria estrangeira for esquerdóide e alienada a psicotrópicos tão proibidos como o fascismo, não há papões; a lei é a da paternal complacência oficial. O caso já tem semanas, mas demonstra o paradigma.
Ana Varela, «Monchique é exemplo[,] considera António Costa», in Barlavento, 11/VI/2018.
---- // ----
Miguel Carrapatoso, «António Costa; 6 minutos e 47 segundos a limpar floresta», in Observador, 24/III/2018.
---- // ----
Meio minutinho na internete e o fedor da propaganda do governo é pior que o cheiro a queimado do jornalismo nacional.
Incêndios?!… Deixai arder. Daqui por um ano veremos o pato a chapinhar nas caldas de Monchique ou a mergulhar na cisterna do castelo de Marvão.
Dantes havia galinheiras na praça. Vendiam pintainhos. Não sei se ainda há… — Galinheiras. — Praças também não há lá grande coisa….
Muita vez pedia à minha mãe um pintainho. Ela comprava-me sem obstar. Às vezes dois. Eu gostava. Quando davam em frangainhas era altura de as pôr na bagagem de férias para levar à avó Rosa. Quando íamos à terra por Agosto subtraíamos sempre uma galinha ou duas lá da capoeira (não sei se ainda há capoeiras…) para repasto da família; as frangainhas que levávamos eram para repor a criação. Eu dos pintos já crescidos não me ralava; não eram a mesma ternura dos pintainhos da praça…
Duma vez vi patinhos. Pedi um à minha mãe, para variar, mas ela disse que não, decidida.
— Porquê? — choraminguei. — São como os pintainhos e pintainhos a mãe compra-me!...
— Não são — explicou. — Duma vez comprámos um patinho ao teu mano. Púnhamos-lhe água para beber numa tigela e o pato não fazia caso de mais nada: saltava-lhe dentro e entornava tudo; só queria nadar.
Entendi perfeitamente.
Se a máxima hoje chegou aos 44º bateu os 43º medidos na Portela em Junho de 1981. Passa a novo record na capital. Esses 43º foram igualados não sei já se logo em Julho de 81, mas, de certo ao depois por algumas vezes; não vou agora ver da estatística dele… Isto oficialmente, claro, não contando medições particulares.
Já agora, por 81 e de Julho desse ano, vem-me a lembrança do Verão da Fórmula 1, do Zé e do Pedro e do Jaime e, com ele, aquela história do Zé Laranjeira, recordada em presente histórico que me foi há tempos pelo Jaime:
Julho infernal, nós a regressarmos da piscina, encontramos o Laranjeira e a sua cabeleira encaracolada à porta do Príncipe Ibor:
— Zé, amanhã estamos a combinar ir até à praia, alinhas?
— Praia? Agora? Nesta altura? Isto não é tempo de praia. Praia para mim é em Agosto!
Estamos em Agosto; hoje a ideia fixa do Zé Laranjeira não lhe daria ângulo para não ir à praia. Talvez tenha ido… Já eu, hoje, a caloraça «de derreter os untos» apanhou-me a dormir a sesta; nem dei pelo record. Fica só o registo em prosa do que foi hoje e do que já houvera sido.
Duque & Cruz Lda., Madeiras, Azulejos, Materiais para Construção, Rua do Visconde de Santarém, 77-79, 1961.
Augusto de Jesus Fernandes, in archivo phtographico da C.M.L.
Duque & Cruz Lda., Madeiras; Materiais para Construção, Rua dos Açores, 1961.
Augusto de Jesus Fernandes, in archivo phtographico da C.M.L.
Adamastor (O)
Apartado 53
Bic Cristal
Blog[o] de Cheiros
Carmo e a Trindade (O)
Chove
Cidade Surpreendente (A)
Corta-Fitas(pub)
Delito de Opinião
Dragoscópio
Eléctricos
Espectador Portuguez (O)
Estado Sentido
Eternas Saudades do Futuro
Fadocravo
Firefox contra o Acordo Ortográfico
Fugas do meu tinteiro
H Gasolim Ultramarino
Ilustração Portuguesa
Lisboa
Lisboa Actual
Lisboa de Antigamente (pub)
Lisboa Desaparecida
Menina Marota
Meu Bazar de Ideias
Paixão por Lisboa
Pena e Espada(pub)
Perspectivas(pub)
Planeta dos Macacos (O)
Pombalinho
Porta da Loja
Porto e não só (Do)
Portugal em Postais Antigos(pub)
Retalhos de Bem-Fica
Restos de Colecção
Rio das Maçãs(pub)
Ruas de Lisboa com Alguma História
Ruinarte(pub)
Santa Nostalgia
Terra das Vacas (Na)
Tradicionalista (O)
Ultramar
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.