Bem haja pela mensagem
Generoso Comandante
Pois assim eu na viagem
Vou muito mais confiante!
Na TAP vai-se-me o mêdo
Que no ar é alergia
Querem saber o segrêdo?
É a vossa simpatia
Amalia Rodrigues
(Autógrafo em versos de redondilha maior a pp. 15 do exemplar da Inter TAP, n.º 27, Out.-Dez. 1969, depositado na Hemeroteca da C.M.L.)
Como não apprecio o Inverno e me desgostam os dias curtos venho por aqui muito em 20 de Janeiro com o rifão popular. Por elle lembrou-me ha annos o confrade Manuel d'outro -- «por S. Sebastião, laranjinha na mão» -- a proposito da data do calendario.
Se em 20 de Janeiro me inspira a dias maiores, laranjinha na mão em dia de S. Sebastião aviva-me o Algarve (elle até ha agora um annúncio), provincia cá muito dos meus dias estivaes, os mais longos de todo o anno, terra de moiras encantadas, jardim das hesperides...
Rezam as etymologias que as laranjas vieram da Asia á Europa no tempo das Cruzadas. A Historia affirma-o sem azedar, mas ao depois conta d'uma variedade mais doce de laranjas trazida ao velho continente pelos portuguezes, na torna-viagem da India.
Tenho para mim que ha trama dos deuses n'estas voltas de portuguezes com laranjinha na mão.
-- Não são as laranjas, afinal, as «maçãs» d'oiro que Gea (Terra) offereceu a Hera quando esta desposou Zeus?
-- E não era Hesperia (do gr. έσπερος = entardecer) nos mythos antigos um jardim de laranjaes a occidente, velado por nymphas, as hesperides?
Pois o Algarve, o Occidente da moirama, era já o Occidente dos poetas da Antiguidade; o limite terrestre à beira do grande rio Oceano que contornava a Terra, onde o Sol se punha e ainda n’estas tardes tem o seu occaso. E... onde as árvores por encanto davam (e dão) «maçãs» d'oiro.
Chamavam os gregos Magna Hesperia á Italia só porque se lhes quedava immediatamente a occidente. A Ultima Hesperia, porém, o verdadeiro jardim das hesperides -- que Estrabão situou na região de Tartessos --, vem com isto a ser o nosso Algarve. As moiras encantadas só podem descender das nymphas. E os laranjaes de «maçãs» doiradas ainda lá estão, para ninguem no desmentir.
Quanto ao equívoco geographico dos gregos, tractaram os deuses de emmendá-lo: laranja em grego diz-se πορτοκάλι. Certamente para que apprendam.
(Imagem de APSmedia para a Compal.)
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Originalmente publicado no dia de S. Sebastião de 2014.
Assistentes de Bordo da T.W.A., Paris, 1963.
Loomis Dean, na rede da Internete.
Escala dum Super Constellation da TAP em Salisbúria, Rodésia, 1959.
Brian Robbins, in Airliners.
(Correio..., 13 de Janeiro de 2019.)
Sinta-se o benévolo leitor livre da caridade de escolher um postal da Adoração dos Reis no sortido fofo de palhaços de neve, da Coca-Cola, do P.A.N. ou de artifícios catitas que a Cruz Vermelha Portuguesa lhe vende para ser (ela) solidária.
Feliz dia de Reis e ano bom!
Cartões de Natal da Cruz Vermelha Portuguesa, Telheiras — © 2019
Chamar-se Sábado e sair à quinta já havia de dar para perceber… Mas como se escrevia em português, lá ia… Não que me não irritasse o desacerto desse jornalismo de sábado à quinta; duma Joana Marques inane a um João Pedro George com alvará de sociólogo — publicista de mão canhota, leia-se — ou, do anafado jacaré que queria ser lagartixa.
Na outra semana, numa reportagem sobre o Governo Sombra (Ricardo Felner, «Estivemos nos bastidores do Governo Sombra», in Sábado, 27/XII/18) esse zénite rectângulo-itinerante da alta cultura cosmopolita nacional-lisboeta, (re)descobri que o Calimero foi ao cu à abelha Maia (sic). Foi num diálogo telegráfico (agora diz-se por sms) personificado pelo culto Vaz Marques (vejo-o a ler livros na casa de pasto ali em baixo; o dono diz que despacha tomos de peso em menos de duas horas) e o cgonista de digueita, o coiso, que assina cgónicas na última página do Púbico (isso mesmo) e que caguega nos egues nas suas locuções na rádio e na TV. Nessa reportagem ainda fiquei a saber que o histrião-mor, comunista (não sei se) militante, filho de aviador da TAP e neto da avó, pagou um jantar no Belcanto [pub] (cerca de 500 €; em dinheiro são 100 000$00, cem contos de réis) por chegar atrasado às gravações.
Teve graça esta nota dos modestos hábitos pantagruélico-comunitários desta fidalguia nacional, porquanto era esta reportagem sobre ela logo seguida na referida revista Sábado por uma outra com parangonas de truz:
Fulgêncio Baptista, Madeira, c. 1959.
(in Sábado)
De luxo e ditador… — Hum! Quantas vezes terei lido ditador na Sábado a adjectivar o Fidel de Castro?! Já para não falar em comezainas de cem contos de réis nalgum Belcanto da Havana, hem?!…
Enfim! Como disse, a coisa lá ia, comprada à quinta por capricho…
Pois «ao fim de dez anos», aparece-me de entrada o Dâmaso a justificar o abraço da cacografia brasileira porque… «já passaram dez anos» que ela por aí anda! — Ah, pois anda! Mas é que anda mesmo!… — E este Dâmaso (que nem chega a ser de Salcede) justifica por menos do que um porque sim o que nem careceria nunca de atenção. Há quem lhe chame progresso, e parece que é por aí que o pobre Dâmaso se perde: abraçar a actualidade com dez anos de atraso?! No saco de plástico (agora deu em saco de papel) mal viram a moda, foi logo — chic a valer! Como quererá o Dâmaso ser jornalista director, chefe de redacção ou lá o que é, com novidades assim, com dez anos de atraso?
(Revista Sábado proscrita, 3/I/19.)
De jornais com ortografia que se leia, sobram o Avante estalinista e o Avante trotskista, vulgo, Púbico (isso mesmo). Além d' O Diabo, o único que me merece a pena ler e que espero se não conspurque coa javardice do Acordo (dito) Ortográfico. O resto é jornalismo (jornalismo?) para esquecer.
Desejo para 2019 que a Primavera venha depressa e o Verão se ao depois não acabe. Até lá, cuidado com a friagem.
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A imagem do Governo Sombra é da Sábado, uma revista brasileira que sai à quinta em Portugal.
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