José Hermano Saraiva,
(Lendas e Narrativas, R.T.P. 2, 15/V/1996)
Sinais. Crónicas radiofónicas com as impressões de Fernando Alves acerca disto e daquilo que veio no jornal ou que foi posto a correr como notícia pelas centrais da homilia mundial.
As crónicas são datadas e continuam até hoje. Mas as impressões do A., jogos de palavras mais ou menos literários de intelectual de esquerda (passe a redundância) glosando temas de nada para moralização geral têm um fundo necessário, gramsciano, que fatalmente deve tomar as mentes. E daí continuarem até hoje. A missionação nos anos 90, como antes, era assim. 20 anos depois é pior. Fernando Alves é um espirituoso mais além das espécies camilianas: é um jornalista. A cada adjectivo ou aposto, uma ironia, ferrando o alvo a abater:
... E o inenarrável «site» da American Patrol. A «Internet» dá abrigo a tamanhas maravilhas, mas é muitas vezes a «Big» Orelha da bufaria da América borrada de medo [...] É aqui que se encontram os delatores [...]
Glenn Spencer, cidadão do mundo livre, criou, a partir de um escritório em Los Angeles, uma página de delação na «Internet». Lá encontramos lancinantes avisos: «Os mexicanos invadem o SO dos Estados Unidos. É a reconquista com apoio do governo mexicano e a tolerância do Estados Unidos.»
A página instala uma espécie de mccarthismo cibernético, não já contra os comunistas, mas contra os outros americanos.
Glenn Spencer [...] tem orgulho em colaborar gratuitamente com a polícia compilando toda a informação disponível sobre a entrada ilegal de mexicanos nos Estados Unidos.
No «site» da American Control o patriota Spencer recebe elogios de agentes da polícia pelo entusiasmo vigilante que contraria «a inutilidade dos esforços do governo norte-amerciano». Mas foi o governo norte-americano que criou o monstro, que instigou a sanha delatora [...].
Piadola final de pretenso antifascista sempre obrigado à clandestinidade pelo neofascismo, agitando a superioridade moral que lhe vai nas entranhas. Cuidado!
Pelo sim, pelo não, desligo o computador, não vá Glenn Spencer localizar-me na rede.
(«Big Orelha», Sinais, p. 56.)
Reler ou ouvir estas crónicas hoje é a prova dos anos que tem já a missa, mesmo que datada.
Vem com um disco compacto com 20 crónicas. É a parte em missa cantada. Quando comprei o livro em 2000 não me apercebia destas coisas.
Fernando Alves, Sinais, 1.ª ed., Oficina do Livro, [Lisboa], 2000.
Publiquei há dias à conta da Quinta da Saúde uma planta de 1909 cuja luz faço agora com o inventário do que ela contém e do que lhe corresponde actualmente.
J.A.V. da Silva Pinto, A. de Sá Correia, Levantamento da Planta de Lisboa: 1904-1911: planta 12 K (des. por F. Santos), Lisboa, 1909.
Planta referente a: Rua do Conselheiro Moraes Soares, Cemitério Oriental (ao Alto de S. João), Quinta do Pinheiro, Rua do Sol a Chellas, Quinta do Sol, Quinta da Curraleira, Quinta Nova, Quinta do Loureiro ou Quinta do Poço, Casal Novo, Quinta dos Sete Castellos, Rua do Barão de Sabrosa, Rua 4 de Agosto, Rua Sabino de Sousa, Azinhaga dos Sete Castellos, Azinhaga do Arieiro, Quinta do Sabido (ou da Ladeira), Quinta da Saúde, Quinta do Manuel dos Passarinhos, Azinhaga dos Baldaques, Quinta da Silveira, Horta da Cera, Quinta da Brazileira, Quinta da Pimenteira, Quinta do Papagaio, Quinta do Saraiva, Estrada do Poço dos Mouros e Quinta do Manuel Padeiro.
Actualmente: Rua do Sol a Chelas, Quinta da Curraleira, Rua António Luís Inácio, Rua Melo Gouveia, Rua Barão de Sabrosa, Rua Quatro de Agosto, Rua Sabino de Sousa, Travessa dos Baldaques, Rua Dr. Oliveira Ramos, Rua Actor Vale, Rua Actor Joaquim de Almeida, Largo Mendonça e Costa, Rua Carvalho Araújo, Rua Lucinda Simões, Rua Ângela Pinto, Rua José Ricardo, Rua Edith Cavell, Rua Actor António Cardoso, Rua Morais Soares, Calçada do Poço dos Mouros, Rua dos Heróis de Quionga, Rua Cavaleiro de Oliveira.
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