A mediocridade de certas coisas…
A mediocridade é uma imprensa dar tanto Papa. A imprensa, medíocre, nunca deu tanta ênfase ao papado, quere-me parecer. Noticias de Bento XVI eram mais tipo Trump… Lá entende a imprensa que este Francisco merece notícia ao dizer mediocridades atrás umas das outras. Antes todas lhe parecem (à medíocre imprensa) notícia boa de noticiar. Tal a mediocridade.
Onde está a mediocridade de apenas querer ou ter uma vida tranquila é que não atinjo. Medíocre serei eu, ou o Papa…? Ou será que o Papa anda aí a apregoar guerra santa em lugar da Paz, do ecumenismo?
O título que pus ali é a mediocridade, mas podia ser o Papa. Ou a imprensa. São todos sinónimos.
«A razão de o Reino Unido estar a ter uma segunda vaga é porque serve à agenda e à narrativa política» — protestos em Londres, 28/XI/20.
[*] Da dupla brasiLusa/Observidor:uma chachada que nada diz do que se passa na Inglaterra. É o que temos.
(Imagem em Lockdown Sceptics.)
As medidas do governo, o esforço dos portugueses… A realidade, matematicamente observida, dum grande timoneiro e duma esforçada passividade do gado em seus currais.
A juke box da leitaria do careca tinha esta. Tem ritmo…
Stevie Wonder, Masterblaster (jamin'), 1980
Agora que me lembra, havia lá um verso no meio — «Peace has come to Zimbabwe» — que canta a queda da Rodésia…
Now's the time for celebration
'Cause we've only just begun
Amanhãs cantados por um cego em balada funky. Desses amanhãs embalados Moçambique ficou melhor; Angola ficou melhor.
A África do Sul ficou melhor.
A Namíbia ficou melhor.
A Rodésia, encravada no meio de tanta melhoria havida e a haver, em que havia senão ela de dar? Em pacífico Zimbábue — «peace has come to Zimbabwe». — Podia ser piss, mas foi peace. Foi mesmo! — Ontens onde não jazem hojes que cantam.
Novos uniformes da Air Rhodesia, [Salisbúria], 1973.
A. n/ id., in Veteranrhodie.
Autoccarro 20 — A.E.C. Regal III da Carris, n.º de frota 106 (ex-58, ex-96), Picheleira, 1980.
Guy, in Flickr.
Havia uns autocarros dos anos 40 que foram recarroçados (estranha palavra) pela Carris no fim dos anos 60, princípio dos anos 70. Eram autocarros de 1 piso, A.E.C. Regals III.
Uns foram transformados em autocaros de 2 pisos, à conta de satisfazerem a cada vez maior procura de transporte pelos alfacinhas e outras gentes de Lisboa. Deram-lhes números de frota na série 400; ficaram conhecidos por lambretas.
Outros ficaram à mesma com 1 piso, mas com carroçarias mais alongadas — a plataforma de trás foi-lhe augmentada. Uns quantos deles ganharam este aspecto: janelas grandes e carroçarias à frente e atrás como que cortadas à fatia. Eram isso mesmo, os «Fatias».
(Inspiração devida, e ilustração dedicada, ao meu velho e querido amigo Pedro Jaime.)
Portugal está numa situação de epidemia de gripe, ainda leve a moderada, mas alguns dos principais hospitais do país, como Santa Maria e São José, já tiveram de activar o plano de contingência interno e abrir mais camas para internamentos. O Centro Hospitalar [de] Lisboa Norte (C.H.L.N.), que integra os hospitais Pulido Valente e Santa Maria, accionou este plano para fazer face ao aumento médio de cem doentes por dia, em comparação com igual período do ano passado, abrindo 40 camas para internamento. O pico da epidemia deverá ser atingido nos próximos dias.
«Nas últimas 24 horas registaram-se cerca de 900 episódios de urgência nos serviços de urgência do C.H.L.N.», disse ontem a administração do centro, num comunicado emitido ao [fim] da tarde. Números a que corresponde também um aumento dos internamentos, que nos últimos dois dias «passou de 10,6% para 12,2%, em linha com o crescimento da complexidade dos doentes» e das situações de doenças múltiplas «próprias da sua elevada faixa etária», referiu ainda o C.H.L.N., adiantando que foram confirmados 68 casos de gripe, 44 dos quais resultaram em internamento. O comunicado acrescenta que a situação «tem exigido bastante dos profissionais», que «têm correspondido em pleno» […]
(Notícia actualizada às 13h40, com uma correcção: a informação de que há hospitais que estão a suspender as cirurgias programadas foi avançada por Ricardo Mestre, da A.C.S.S. [Administração Central do Sistema de Saúde], e não pela directora-geral da Saúde, Graça Freitas.)
Susete Francisco, «Gripe. Epidemia moderada já causa dificuldades nos hospitais », in Diário de Notícias, 5/I/2018. Os sublinhados são meus; o português brasileiro foi descartado com desprezo.
B.º de Barata Salgueiro, Lisboa, c. 1984.
Estúdio de Mario Novaes (frag.), in bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Montes Claros, Monsanto — © 2020
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Por via das dúvidas, a senhora mudou-as de sítio. Passaram a estar na janela de sacada do lado do meio-dia, abaixo da vidraça por não receberem luz directa. E com as portadas de dentro cerradas em cunha durante o dia, a fazer como que uma estufa. Parece que estão a gostar, não?…
QRCode nem português de crioulo é. Mas, como qualquer cão por aí já fala inglês, todo o nativo de Portugal e ilhas entende, não é verdade?!…
A fralda fashion na fronha é também agora uma felicidade. Tão radiosa como sorrir sem mostrar os dentes; tão normal como ir às compras; tão asseado como usar cuecas (que não são obrigatórias por lei). E nada de pensar em açaimes, coisa de raivosos; antes numa daquelas camisolinhas fofas com que se vestem os cãezinhos dóceis e amorosos que levamos à rua e a que apanhamos o cocó, mesmo em horas de recolher obrigatório.
E sobretudo que a falta da carteira (ou o fim do dinheiro) não impeça as comprinhas (ámen!), alegria suprema e salvação da alma naqueles dias e horas autorizados fora do curral ao comum super (ou sub?) urbano. — Deixai lá a carteira, filhos! O Natal pode lá deixar de ser o Natal! Se preciso for, vai de máscara e com crédito… autorizado.
Salva a consoada, porque aí, Deus nos valha que ai o vírus!
(Imagem normalizada e normalizadora da C.G.D., Mundo, 2020.)
A China soma casos, a América, infecções. A China é ilustrada com um china qualquer a comprar hortaliças; a América ilustra-se com as costas largas do Trump.
Habilidades!
Confinados, Cabo Ruivo, 1984.
Martim Hearson, «A Fleetline, and any number of Regents», in Flickr.
Cuido que podeis estar interessados no meu longo fim-de-semana em Espanha. Acredito haver explorado uma lacuna na lei…
Viajei para Espanha na sexta-feira (durante o confinamento 2.0) através do aeroporto de Liverpool. Pude voar sem me perguntarem nada, mas se me tivessem perguntado porque viajava, a resposta teria sido que ia a Espanha para ver uma propreidade que estava à venda. Isto parece ser admitido na Parte 2 das restrições por causa do Coronavirus, onde se diz que podemos sair de casa para ver uma propriedade que estamos interessados em comprar. Não há lá nada que diga que a propriedade haja de ser no Reino Unido.
Parece ser amplamente aceito que se só pode viajar ao estrangeiro por motivo de trabalho, mas não acho nada na lei que que o diga explicitamente. De toda a maneira, o meu trabalho podia ser como provável promotor imobiliário em Espanha.
A quarentena de 14 dias no regresso é obviamente uma restrição, mas há uma excepção na Secção 9 que me permite durante a quarentena sair de casa para viajar para o estrangeiro. Portanto planeio isolar-me até sexta-feira e tornar então a Espanha para ver outra propriedade no próximo fim-de-semana.
Posso enganar-me, não sou entendido em leis, mas valerá bem a pena experimentar para fugir à demência e para umas cervejas e umas almoçaradas nas praias espanholas.Carta dum leitor, in Lockdown Sceptics, 10/11/2020.
À atenção da T.A.P. e do Turismo do Algarve.
Caravela VI-R CS-TCB «Damão» da T.A.P., Faro, [1965-75].
Postal ilustrado, in kitmasterbloke.
A propósito do interesse que A Peste, de Albert Camus, despertou aquando da descoberta do vírus da moda: em Março de 2020, as vendas do livro, em Portugal e no resto do mundo, tiveram uma expressão significativa. Especula-se que os leitores procuravam, no relato das angústias vividas pelos habitantes de Orão durante um surto de peste, um consolo e um guia para a reclusão que os aguardava.
A comparação da conjuntura actual com a peste é exagerada […] Além do mais, se se tiver em conta que a crise sanitária, na sua eclosão, foi equiparada a uma guerra – como se a geração floco de neve, que se ofende com o sarcasmo e os contos de fadas, tivesse estofo para pegar em armas –, o risco de amplificar o medo com analogias fortes não é assim tão sério […] Segundo uma das exegeses mais consensuais, A Peste é uma representação alegórica do totalitarismo.
[…] Passaram-se alguns meses e cresceu a suspeita de que, a pretexto de uma doença que se revelou muito menos letal do que as profecias asseguravam, está em curso a concretização de um programa autoritário e global. Quando as primeiras notícias e imagens sobre abusos de poder em várias regiões do mundo começaram a romper o cerco imposto pela comunicação social, alguns leitores viraram-se para outras obras literárias, como 1984 e Admirável Mundo Novo, e A Peste regressou ao seu exílio na sombra do cânone.
É pena, pois o livro de Camus, ao contrário dos de Orwell e Huxley, não estuda o facto consumado; prefere concentrar-se na alienação e submissão ao avanço do totalitarismo. A Peste é uma fábula sobre a discreta e inapelável emergência de uma força oculta que se instala no seio de uma comunidade desprevenida e a submete à sua vontade. Começa com um rato morto e acaba numa cidade sitiada, sem esperança, privada de todas as coisas que nos definem como humanos: a liberdade, a dignidade, o amor, a família, os rituais fúnebres […]
Confundir liberdade com democracia é um descuido infantil e cego a um século de História.
Primeiro, foram as restrições à circulação e reunião: no início devidamente cumpridoras das leis fundamentais, são hoje impostas, em determinados países, sem qualquer respeito pelas respectivas constituições. Depois, como numa avalancha, vieram as quarentenas de pessoas saudáveis, os testes compulsivos a indivíduos sem sintomas da doença, as invasões de domicílio sem mandado, as restrições à liberdade de culto, a repressão de manifestantes, os processos disciplinares a médicos dissidentes, a perseguição a professores e investigadores cépticos, a vigilância pidesca de declarações públicas e privadas, a denúncia popular de comportamentos «desviantes», as autuações a casais que se beijam na rua, a lei seca, a intimidação anónima dos críticos, a manipulação da opinião pública pelos jornais e televisões, os logros estatísticos, a censura científica. A sociedade viu-se privada de todos atributos que a distinguem de um formigueiro e ficou reduzida ao trabalho: as fábricas laboram, as livrarias fecham. O campo de concentração de Auschwitz tem, à entrada, um título adequado para este quadro.
Transversal a tudo isto, e silencioso como a peste de Orão, está o pior dos atentados à liberdade e dignidade humanas: a nacionalização da morte. Para salvar alguns – e os serviços de saúde –, condenam-se outros.
Dando de barato que a suspensão da liberdade pode ser justificada pela necessidade de uma defesa do direito à saúde (seja lá o que isso for), nada justifica a censura, a intimidação e a manipulação: a liberdade de expressão não é um meio de contágio de doenças respiratórias, nem sequer no estranho mundo inventado pela «ciência» pandémica […]
Lamentavelmente, para a saúde de muitos e para o orçamento de um sem-número de famílias, é tarde demais. Resta-nos esperar que a epidemia de demência e o consequente tsunami económico que nos deixará depauperados represente também o fim dos novos ratos e dos seus encantadores […] Shakespeare, que foi contemporâneo da peste bubónica, nunca escreveu sobre a praga que lhe condicionou a vida e a carreira. Preferiu esmiuçar o exercício discricionário do poder e a construção da tirania. O inventor da personalidade humana sabia de onde vinha o verdadeiro perigo.»Carlos M. Fernandes, «Ratos», in Observador, 6/XI/2020.
Imagem: Alberto Camus, «A Peste», Círculo do Livro, [s.l.], 1983, in Jornal de Vila do Príncipe, 22/VI/20.
The Carpenters, Superstar
(B.B.C., 1971)
O método científico é o que nos distingue dos povos que antes da Renascença podiam enfrentar a peste com rezas. Nós conseguimos fazer melhor, se formos rigorosos. Se uma teoria importante não for coerente com as conclusões que devem verificá-la, então está errada. Os cientistas sérios são por vezes obrigados a reconhecer que se enganam e os mais capazes recuam e separam o que tomaram por verdadeiro do que é demonstrado para lá de qualquer dúvida razoável.
[…]
Na Primavera a composição do Conselho Científico para Emergências [espécie de Conselho Nacional de Saúde Pública] do governo britânico era tratada como segredo de Estado. Por fim os membros foram conhecidos. Direi que, pessoalmente, fiquei desiludido. Procurei as credenciais de todos eles. Não havia médicos especialistas de Imunologia. Ninguém que tivesse formação em Biologia ou alguma pós-graduação em Imunologia. Havia alguns médicos, sim. Uns poucos elementos de humanidades, como sociólogos, economistas, psicólogos e teóricos em Política. Nenhum médico especialista em Imunologia. O que havia com fartura — sete, ao todo — eram matemáticos. Isto compunha o grupo de analistas conselheiros. O resultado dos seus modelos de análise foi responsável por tormentos à população nos últimos sete meses ou isso.
Quando ouço a palavra «modelo» nunca consigo realçar suficientemente a importância de se perguntar quem nele é o perito no assunto que serve de objecto de análise.
É inútil que quem conceba esses modelos seja honesto e tenha uma mente brilhante se não for perito nos fenómenos na base do modelo a elaborar. Porque deveis estar cientes que dos modelos se projectam cenários futuros, previsões, se quiserdes. Se o modelo for elaborado por gente que não domine o assunto que lhe está na base, então laborar-se-á em erro sem dele haver noção.
Tornando a antes da Renascença: em tempo de incerteza, os que se apresentam como mestres em sangraduras e entendidos na leitura das entranhas dos animais tornam-se muito importantes. São tidos na grande conta de magos da era moderna. São, em suma, considerados como videntes, os que conseguem predizer o futuro […]Miguel Yeadon, «What S.A.G.E. Has Got Wrong», in Lockdown Sceptics, 16/X/20.
Bruxarias de noivado com pérolas e tule, in Vogue, 15/IV/1919.
Fotografia de Adolfo de Meyer; modelo, Rosa Dolores (Kathleen Mary Rose Wilkinson), in Fotografia de Moda 1850-2000.
Adamastor (O)
Apartado 53
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