A ferrovia insustentavel dos verdes annos europeus, Costeira, 1994.
Martim van der Velden, in Flickr.
Não é à toa que o hospício dos alienados se acha no n.º 53 de certa avenida desta terra.
BrasiLusa, «… conquista 53.º lugar…», in Observidor (isto mesmo), 28/3/21.
Partida, Senhora da Hora, 197…
Gricer, in Flickr.
Chegada, Senhora da Hora, 197…
Gricer, in Flickr.
Diario de Lisbôa, 18-3-950. p. 4. Folha de jornal aprimorada d' uma photocopia reles da fundação do irmão do dr. Tertuliano.
ORTHOGRAPHIA
« Adoptâmos a orthographia etymologica para os termos de origem erudita e historica, e para as palavras populares a forma popular. Todavia a tendencia moderna é ir substituindo o elemento popular pelo etymologico. Hoje, geralmente, escreve-se egreja em vez de igreja; egual em vez de igual; similhante em vez de semelhante; logar em vez de lugar, não obstante este uso contrariar as leis da nossa morphologia.
O systema que se funda na imitação do som, denominado orthografia phonetica, não tem outro principio regulador senão o capricho individual, e as suas regras pertencem ao dominio da imaginação. Hoje os grandes philologos não se occupam d'ella. Os phonetistas, em face da actual sciencia linguistica, representam o papel dos alchimistas da edade media em busca da transformação dos metaes.
O fim secundario da orthographia é pintar os sons, o primario é dar-nos a conhecer a palavra, dizer-nos a sua origem e a sua historia.
A orthographia phonetica trata de pintar, e mal, os sons que necessariamente se modificam de dia para dia, e concorre para a instabilidade das linguas; a orthographia etymologica tende ao contrario a fixal-as e determinal-as.
Na littertaura e na sciencia não se póde prescindir do estudo da origem das palavras e da sua historia. Succede com as palavras o mesmo que com os homens.
Ignorando-se a filiação de uma pessoa e sua vida, ha uma certa hesitação em tratar com ella. N'esta mesma difficuldade ou embaraço se acha muitas vezes o escriptor em relação ao emprego das palavras. Não tendo segurança na sua procedencia e formação, fica perplexo sobre a legitimidade, propriedade ou conveniencia do seu emprego. O elemento etymologico é o certificado que nos justifica a filiação do vocabulo, o que dá grande satisfação e confiança ao escriptor que se preza de correcto.
O que ignora que a origem commum dos vocabulos aurora e doirado é o termo latino aurum, não hesitará em empregar a phrase vulgar doirada aurora; que equivale etymologicamente á expressão ouro dourado. Os que não conhecem os elementos etymologicos do termo vangloriar-se, empregam como é vulgar este verbo como synonymo de gloriar-se; quando o verbo vangloriar-se só se póde applicar para exprimir uma jactancia ingloria e vã. A palavra manquejar é a fórma frequentativa do verbo mancar, formado do radical mão. Os que ignoram esta procedencia applicam-no aos homens aleijados dos pés, que claudicam, que coxeam. O termo autonomia é de procedencia directa latina e indirecta grega; exprime o direito que os romanos davam a certas cidades do imperio de se governarem pelas suas proprias leis, e elegerem os seus magistrados. Os que não conhecem esta procedencia empregam-no na accepção de independencia.
O termo candidato, de origem latina, significava entre os romanos o cidadão que aspirava a algum cargo ou dignidade, e como taes se apresentavam vestidos de uma toga branca, candida.
Por allusão dava-se este nome aos que aspiravam ao suffragio do povo.
E, todavia, não ha muito, vimos que a imprensa chamava a el-rei D. Fernando candidato ao throno de Hespanha, quando elle não só não se propunha áquella suprema dignidade civil, mas pelo contrario se recusava formalmente a acceital-a.
Vulgar é encontrar o verbo obcecar escripto com s (obsecar); os que sabem que o radical secare significa cortar, sorriem da troca.
O elemento etymologico serve ainda em grande numero de vocabulos de distinguir dois termos que na linguagem falada estão envolvidos nas trevas do homonymo; taes como: assento e accento, cella e sella; anhelar e anellar, annular e annullar, valle e vale, buxo e bucho, sega e cega, sem e cem, chama e chamma, gema e gemma, era e hera, laço e lasso, sumo e summo, tensão e tenção, etc.
Um partidario da orthographia phonetica escrevia ha pouco — El-rei matou dois servos. Elle queria dizer dois cervos (veados).Outra ordem de idéas, postoque de menos valia, recommenda a orthographia etymologica.
A orthographia etymologica é a parte esthetica da palavra.
Assim as palavras historicas monumentaes, que nos trazem á imaginação a veneração por um heroe ou as recordações gloriosas de um grande povo, melhor falarão ao nosso enthusiasmo, quando a sua fórma concorrer para excitar a nossa sensibilidade.
A orthographia phonica apresenta o esqueleto da palavra, a orthographia erudita mostra-nos o verbum tal qual elle viveu no vigor e brilho da sua existencia.
A orthographia sabia fala á intelligencia e ao coração, a phonica apenas se dirige ao sentido de audição.
Quando lemos a palavra homem, a lettra morta h traz-nos á phantasia a grande civilisação romana filia o homem actual n'essa gloriosa pleiade de heroes latinos, cujas acções maravilhosas ainda hoje assombram o mundo.
Para bem se apreciar quanta influencia exerce no nosso espirito a apparencia das cousas adduzâmos um exemplo: Dispam-se ao grande apostolo das Indias os seus habitos talares e substituam-se pelos requintes da moda do ultimo figurino parisiense; e a figura evangelica de S. Francisco Xavier deixará de nos enthusiasmar a imaginação, confundindo o heroe da fé christã com os peralvilhos da moderna sociedade.»J. F. Caldas Aulete, Diccionario Contemporaneo da Lingua Portugueza, v. I (A-H), Lisboa, Imprensa Nacional, 1881, pp. XIX-XX. (Transcripção por gentileza do benevolo leitor Henrique.)
A orchidea pequena abriu três froes, em quanto a grande só vai com rebentos por abrir. 3-0 em froes para a orchidea pequena; 22-15 em rebentos para a grande. Nada mau n' estes tempos d' astra-zenca / desastra-zenca.
N' esta quinta á beira mar plantada o curral está fechado, sem embargo d' as bêstas encurraladas se arrearem ellas mesmas, só por si, de lindos cabrestos cingidos pelos focinhos. O gallo, porém, não se ensaiou nada em sahir da capoeira e voar além do curral.
Se fossem tempos medievaes diria que o maioral da quinta foi em preito e homenagem a el-Rei [de Castella] e ao Papa.
Pormenor de carta de privilegio ao couto de homiziados de Marvão, 27/VII/1378.
A.N.T.T., Chancellaria de D. Fernando, L.º II, f. 34 v., apud A. L. de Carvalho Homem, O Desembargo Régio (1320-1433), I.N.I.C., Porto, 1990.
Orchideas, Lisboa — (c) 2021
«Voos de propaganda» [annuncio], in Diario de Lisbôa, 11/III/950, p. 3.
Recorte aprimorado d' uma photocopia manhosa da fundação do irmão do dr. Tertuliano.
Novidades antigas:
No dia 5 de Março de 1950, domingo, o Benfica joga com o Victoria em Guimarães. Para ver o jogo, a phalange do Benfica (agora dizem claque) torna-se a primeira em Portugal a fretar um avião para ir ao football. Um quadrimotor DC-4 / Skymaster leva a phalange de adeptos do Benfica até Pedras Rubras, d' onde seguem por estrada até Guimarães. Em quanto o jogo decorre, o Skymaster emprehende quatro voos promocionaes — ou voos de propaganda, como ficaram registados nos annaes da T.A.P. — sôbre o Porto e arredores. Não há tempo para o quinto voo. Muitos não conseguem o baptismo de voo. O importante diario nortenho Jornal de Notícias dá mesmo assim conta do enorme exito (hoje dizem successo). A Sr.ª D.ª Maria de Oliveira diz à reportagem que achou adoravel o passeio; que do alto viu tudo; distinguiu Santo Tirso e a Póvoa, mas sobrevoar o mar foi o mais bonito. Gostaria de subir outra vez — diz — e fazer uma viagem maior.
Na semana seguinte os T.A.P. annunciam novos voos de propaganda n' um confortavel quadrimotor, d' esta vez sôbre Lisboa e arredores. Hão-de fazer três voos no domingo, 12 de Março, e mais três ao depois, em 2 de Abril.
Do voo do Benfica há memoria photographica algures, ao que julgo, com a tripulação — Mano, Viegas, Lourenço… Pereira… (não estou certo…) [Almeida] e Assistentes Sara e Victoria.
Do jogo estou mais certo. O Benfica ganhou 5-3.
(Revisto ás 11 e 11 de 12.)
Concessão ao dia de S. João de Deus pagão, que foi hontem, e que dedicam ás Mulheres, apesar d' as quererem cada vez mais como homens.
«Página da Mulher», in Diario de Lisbôa, 1/IV/950, p. 4, aprimorada duma photocopia folleira da fundação do irmão do dr. Tertuliano.
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