Isto está em destaque pela 2.ª vez nos blogos do Sapo. O Sapo, como a imprensa, a rádio e a TV, é um templo do novo Deus-nos-valha pagão. São púlpitos de prègação da palavra da salvação, benza-os Deus. Só não podem dizer se Deus quiser!…
A Brites… (Beatriz é versão fidalga do nome; ao dizer-lho tenho a jubilosa esperança de estar a ajudar a que se conheça melhor, muito em boa hora não seja eu mulher e por tal, sabe Deus, a Brites me não vá ler.) A Brites escolheu, segundo a catequese que lhe deram, ler mais mulheres, para se conhecer melhor. É uma fé. Dizê-lo é anunciar o seu credo e, em simultâneo, rezar essa redentora espécie de Avé Maria dum rosário em voga onde não há (Deus nos livre!) um Pai Nosso.
O destaque da Brites e do seu credo é a homilia duma missa que me rezam insistentemente os artistas prègadores da rádio, TV e, fosse noutros tempos, da cassete pirata. Ao presente, a cassete pirata são destaques como o do Sapo.
Quem não tem que dizer fala do tempo. Ou fala barato…
Logo de madrugada temos a senhora da hora. Muda a hora de Verão, aquela que gostamos mais, mas que, poucos saberão, é a mais adeantada da nossa hora solar. Mesmo a hora de Inverno, em que anoitece cêrca das 5 da tarde, é a hora de Greenwich, na Inglaterra, não a hora portuguêsa. São quási 40 minutos de adeantamento ao fuso horário de Portugal. O que significa que no Inverno, pela nossa hora solar, haveria de amanhecer pelas 7 e meia e anoitecer pelas 4 e meia da tarde. — Hora solar, não esqueçais! Coisas do passado, dum mundo rural regido pelo Sol e o sino da igreja. A República Portuguêsa tratou dêle…
Em Portugal a hora legal largou do fuso próprio e do Observatório da Ajuda para alinhar por Greenwich em 1912, salvo êrro. Afinou em horas de Inverno e de Verão, como era lá fora na Europa, no ano 1916. Salvas umas hesitações em 22, 23, 25, 30 e 33 e um soluço de 42 a 45, a coisa foi andando. De 66 a 76 deixou de ir. Ficou a hora de Verão, sem afinar pela hora de Inverno como era lá fora na Europa. Uma heresia (heresia então, porque agora…) resolvida logo que houve tempo de pensar em ninharias, ao depois de alijar o Ultramar e se remediar o Portugalinho e ilhas na senda da Europa e do futuro. Risonho!…
No tempo do Cavaco o futuro sorriu mais. Sorrimos todos, para não chorar. A hora legal portuguêsa ficou quási 3 horas adeantada. Lisbôa afinou pela hora de Varsóvia. O Sol punha-se pelas 11 da noite.
De há pouco tempo querem os de lá fora na Europa fazer como os portuguêses de há mais ou menos 50 anos e permanecer na hora de Verão. Parece que em vindo dêles, de lá fora na Europa, já é moderno, scientífico, até natural e biológico, se vamos lá de fazer caso das creancinhas na escola e do bem que faz à saúde…
A saúde…
Agora do tempo — o que faz, não o que se mede —, segundo vi no ex-Instituto de Meteorologia, em passando a chuva destes dias vem frio. Vale a notícia o que vale, que é tempo de Outono. Mais vale pelo alarme, o alarmismo. Vamos para Novembro mas, no mundo de jogos de computador em que se esta civilização de recreio de escola infantilizou, são dois fins do mundo: um fim do mundo por frio em Novembro a seguir ao fim do mundo por chuva em fim de Outubro. Ou o fim da macacada. Havemos de nêle acabar todos cheios de saúde, vacinados contra a chuva, o frio e alarmados da trovoada e do vento em geral. Só contra o medinho é que não há remédio, nem com todas as vacinas juntas, mai' las focinheiras. Mas, lá será, viver apavorado é, crêem os govêrnos e os povos agora, uma vida melhor do que morrer de mêdo.
Mulher com bilha à cabeça e cavador de enxada ao ombro, E.N. 249 a Queluz, [s.d.].
Mário de Novaes, in bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Andaluz (Largo do Chafariz de), Lisboa, 1940.
Eduardo Portugal, in archivo photographico da C.M.L.
Gomes de Brito, nas Ruas de Lisboa (vol. 1, 1935), diz-nos de entrada:
Andaluz (Largo do Chafariz de) — «Tem um padrão aonde se diz ter sido feita em 1374; e é a maior antiguidade que temos encontrado em tôda esta nossa curiosidade. A sua água vem do poço de uma quinta na rua de S. Sebastião da Pedreira n.º 141, a qual pertence à sr.ª D. Maria Gertrudes, viúva do ex-ministro do Bairro de Andaluz João António Mayer.
Ao depois refere demandas sobre a água que constam no Senado da Câmara, em 1522 e nos anos posteriores ao terramoto de 1755. Nada adianta sobre a origem do nome.
Mestre Julio de Castilho refere-se ao Vale do Andaluz (Lisboa Antiga; Bairros Orientais, 2.ª ed., vol. IV, 1936, pp. 257, 262, 280) — «Esta denominação ainda existe, mas muito afastada para o norte, e confinada ao Largo do Chafariz do Andaluz» (ib., p. 257). O «risonho e aprazível vale do Andaluz» foram as terras acima da Annunciada, adjacências do caminho que genèricamente hoje chamamos Rua de São José e Rua de Santa Martha. Mas também aqui nada da origem de tal nome. Parece que perdura o misterioso Andaluz mais pelo chafariz do que por quem haja sido.
A explicação mais natural da origem do nome do lugar é a que se sabe — He appellido de hum homem natural da Andalusia, de quem o lugar tomou o nome. — De ou do parece indiferente.
(Fr. João de Sousa, Fr. Jozé de Santo Antonio Moura, Vestigios da lingoa arabica em Portugal, ou, Lexicon etymologico das palavras, e nomes portuguezes, que tem origem arabica, Academia Real das Sciencias, Lisboa, 1830.)
Uma coisa em que a brasiLusa e o Observidor (isso mesmo) laboram com afã diário.
Sim, porque treinados em enfiar cenas pelo nariz acima…
Há quem diga que lhes caiu um calhau em cima.
Também dizem que a Cleópatra era a mulher mai’ bela do Mundo Antigo. A verdade é que não sabemos.
Há pedaço ouvi na Emissora 2 uma sumidade. Falava ao microfone da rádio, há-de ser uma sumidade. Um tal Fróis (ou Froes, não interessa). Já fui ver quem era.
Da converseta, quere ele tornar a enfiar o cabresto na gente em todo o espaço público fechado. — Valha-nos (por agora) que deixou de receitar tal arreio nas ruas. Uma coisa simpática!…
E prosseguia, a manter as pobres alimárias à rédea curta pelo medinho: a gripe, disse, não houve no ano passado graças às focinheiras (ele chama-lhe algo como adereços de Carnaval), mas uma infecção simultânea de gripe e de CoViD é o dobro do perigo. E distinguiu a gripe da outra, agora… Fôra eu, pobre alimária, uma besta e haveria de naturalmente pensar que a gripe se não viu no ano passado porque esqueceu; deixaram-na de apregoar os Fróises (ou Froeses) desta nova ordem de (in)sanidade, logo, esqueceu; e porque o concerto de covidartes e manhas a mascarou… — Rebranding, diriam os amaricanos. — Mas este não: foram as focinheiras que a evaporaram.
Pois este papa das farmacêuticas lembra-se agora da gripe. Vem em boa hora. Na América, há mêses que ouvi que estava na calha um teste 2-em-1 à medida da esquecida (agora revigorada) gripe e, daqueloutra chamada CoViD.
Ao preço que vai não nos havemos de livrar de papões.
Houve vichyssoise?
Quando é a falta de abastecimento de brinquedos que, dizem-me, põe o Natal em risco, bem vejo a noção de Natal…
Mas o Observidor (isso mesmo) tem jornalistas ainda mais.
* * *
Os braços trago cãſados
de carpir eſtas queyxadas
as orelhas engelhadas
de me ouvir tantos brados.
Quero mir as tauerneyras
tauerneyros, medideyras
que me dem hũa canada
ſobre meu roſto fiada
a pagar la polas eyras.
Champagne & Quail— Dan Fontaine e sua Orquestra
(Original de Henry Mancini para o filme de Blake Edwards, «A Pantera Cor-de-Rosa», 1963)
Ele até transcreve do árabe, mas é des + Oriente + ado.
Largo de Andaluz c. 1940 com o viaduto da Av. de Fontes sobre a R. de Santa Martha, segundo o A. da Lisboa de Antigamente (pub), 22/X/21.
Por 400 libras (467 euros) os vencedores podem adquirir o «Digital Winner Pack», que inclui o certificado de vitória que pode ser «impresso, emoldurado e exposto» e por 650 libras (760 euros) o troféu de 2,4 quilos com um globo, a imagem marca dos prémios, para exibir em «recepções de hotéis, escritórios e expositores de troféus», sugere-se. Aos vencedores são oferecidos preços especiais na compra de anúncios na revista Best in Travel e até artigos para «celebrar a conquista com figuras centrais da indústria e influencers de todo o globo». Mil libras custa um artigo especial no site breakingtravelnews.com.
Marta Reis, «O que se sabe sobre os World Travel Awards?», Jornal I, 30/III/21.
Do criado de mesa ao caixeiro de balcão, os símplices histéricos de medinho que rebentavam de autoridade ante mim quando… é vê-los agora; pio calado, trombil na focinheira. Sempre lhes tapa as vergonhas, mas, nem se dão conta. Alguns, como o da farmácia, deixam-nos ainda brincar ao carnaval. — «Nos estabelecimentos de saúde é obrigatório. Nós somos um estabelecimento de saúde.» — Tive de lhe explicar. — «Não senhor! Vós sois um estabelecimento de doença. Houvesse a gente saúde, ninguém cá parava.»
Pharmacia Formosinho, Restauradores, [s.d.]
Ferreira da Cunha, in archivo photographico da C.M.L.
Dreamy — Dan Fontaine e sua Orquestra
(Original de Henry Mancini para o filme de Blake Edwards, «O Regresso da Pantera Cor-de-Rosa», 1975)
É das tais moerdas em que se logo, logo, abre o portão do curral… Neste Verão que se prolonga como a querer fundir-se com o S. Martinho é ainda mais fácil. Facílimo. A manada solta-se obediente e afoita, quási se atropela. É gado manso, domesticado, mas ardente. Chovera ele, naturalmente já o ardor não seria tanto como «um milhar de pessoas manifestam-se [sic] …»; haveriam de ser para aí umas dúzias e talvez (talvez!) a sintaxe calhasse melhor a publicistas analfabetos…
De maneira que, pois é! O gado tresmalhado que se realmente vê naquela espécie de ciclovia não compareceu na manif. Reza virado para Meca, não tanto para Me(r)dina. Manifestou-se em todo o caso um milhar, dizem. De nacionais, afinal. Faltaram, foi, portanto, os ases do teicué a pedal importados a granel e que são os únicos a rolar naquela espécie de… bem, ciclovia. À frequência diurna de 1 por hora.
Ciclovia de Me(r)dina, Portugália (prox.), 2021.
João Porfírio, in Observidor (isso mesmo).
Ciclovia de Meca, Portugália (prox.), 2021.
Nuno Fox, in Expesso (isso mesmo).
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