1.º prémio da Eva do Natal (Estr. de Benfica, 743 ? 747), Lisboa, 1936.
Horácio Novais, in bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Casas Velhas (demolidas). Parque Eduardo VII [Pateo dos Geraldes]
João Hermano Baptista, 1922
Aguarela s/ cartão, 25 x 32 cm, Museu da Cidade, Lisboa
Fragata ou falua: és bela barca! Só andas nas águas do formoso Tejo. És só dele. Regala-te neste Mar da Palha, que mais nos parece um oceano!
Fragata no Tejo, Mar da Palha, [s.d.]
Ant.º Santos d' Almeida, in Jorge Segurado (dir.), Lisboa no Passado e no Presente, Excelsior, Lisboa, imp. 1971, p. 51.
Feira da Ladra. Composições variegadas de naturezas mortas postas ao sol. Grande oceano alfacinha onde há sempre a esperança de descobrir raridades…
Feira da Ladra, Lisboa, [s.d.]
Horácio Novais, in Jorge Segurado (dir.), Lisboa no Passado e no Presente, Excelsior, Lisboa, imp. 1971, p. 46.
Aquêle ruço despenteado inglês, o Boris (ou Doris, há quem lhe chame), declarou nos Comuns os ex-súbditos britânicos (agora são cidadãos do Reino Unido; cidadãos dum reino…) livres dos salvos-condutos de (in)sanidade, da mascaralhice (in)salubre, do trabalhinho remoto, e já a seguir, do ostracismo compulsório à conta da promovida e despromovida CoViD gripe.
Há-de estar para cair, o ruço.…
Rhinol, Instituto Pasteur, [s.d.]
Cartaz de Fradique Kradolfer, fotografia de Mário Novais, in bibliotheca d'Arte da F.C.G.
Em 20 de Janeiro vae uma hora por inteiro. Quem bem souber contar, hora e meia lhe há-de achar.
S. Thiago da Cruz (próx.), V.N. de Famalicão, [193…].
Horácio Novaes, in bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Naquêle tempo havia aquêle funcionário cumpridor que antes de findar o dia de trabalho passava no gabinete do sr. director a preguntar — O sr. Director determina mais alguma coisa? Não. Então até àmanhã!
Já fora dêsse tempo o sr. Fulano de Tal (esquece-me o nome), zeloso contínuo dos serviços de manutenção, ainda telefonava para a administração antes deixar o serviço a informar disso mesmo e que — Uma boa tarde! Até àmanhã se Deus quiser!
Hoje correu que o sr. director está com gripe; uma carraspana das antigas. Que fêz um teste e não… Que não é…
Os tempos mudaram. Alguém com gripe já é notícia. Haverá remédio?
Folheando os jornaes velhos… A chapa foi batida a dias da estréia da revista «Lisboa Nova!» em 6 de Abril de 52, um domingo. O anúncio da estréia da revista apareceu na sexta-feira 4 de Abril no Diario de Lisbôa. A estréia de «Louisa» no cinema Monumenal fôra em 28 de Março.
Monumental à noite, Lisboa, 1952.
Atr. a Salazar Dinis. Estúdio de Horácio Novais, in bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Ao asno meditabundo de 1924 somava já eu o burro (por cábula, e que por acaso até era Leitão) de 1933: o Vasquinho da Anatomia, nas primeiras scenas d' A Canção de Lisboa. É vê-lo aos 4' 28" contra as varinas no pitoresco das escadinhas de Santo Estevam. Dois asnos na mesma païsagem típica alfacinha.
A Canção de Lisboa (Cottinelli Telmo), 1933 (cânone Tu vais ficar mal).
Pois bem, não há duas sem três, diz o bom povo. Do baú das memórias do meu velho sócio de andanças alfacinhas emergiu mais um asno às Escadinhas de Santo Estevam. Êste que lhe isto escreve, benévolo leitor. Meditabundo como o de 24, a pensar no nã' no vi, ao fundo das escadinhas, mas sem a mesma graça, em 1987, naturalmente porque um ano tão adeantado não há nunca de têr a graça duma aguarela de 24, e porque correrias esbaforidas como a de 33, do castiço da Tóbis às escadinhas da Adiça, aos chafarizes da Alfama, a desembocar no Campo de Santana da Escola Médica do mastóideo, eram já scenário estourado na Lisboa de 87. Mas o insólito de um asno a meditar em Santo Estevam ali se viu outra vez.
Escadinhas de Santo Estevam, Alfama, 1987.
Colecção particular de P. Jaime.
Sob o arco a par da velha igreja de Santo Estêvão, em Alfama, medita um asno… Insólita cena. Data de 1924. A pintura é aguarela de Hermano Baptista, apaixonado da Lisboa antiga.
Lisboa Antiga — Santo Estevam.
João Hermano Baptista, 1924.
Aguarela sobre papel, 38,5 x 28 cm. Museu da Cidade, Lisboa.
(Legenda e reprodução fot., in Lisboa no Passado e no Presente, Excelsior, Lisboa, imp. 1971, p. 329.)
Vinhos Camillo Alves (cartaz de reclamo), Portugal, [s.d.].
A. n/ id., in bibliotheca d’ Arte da F.C.G.
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Alexandre Herculano, Lendas e Narrativas, vol. I, 3.ª ed., Mem Martins, Europa-América, [D.L. 1990]. — 195 p.; 18cm; Livros de Bolso Europa-América, 221. |
Retomei em Novembro de 21 na pág. 100, onde parei a leitura, mas resolvi reler o que já lera em tempos (Março de 18). Já me não lembrava.
A pp. 84 e ss. (ponto 15 do preâmbulo) um sucinto retrato de Salazar como pessoa e como estadista. Do mais rico que tenho lido, em meia dúzia de páginas.
Salazar conhecia bem os assuntos do Estado devido à sua longa permanência no Governo e a sua capacidade de trabalho e competência levavam a maioria dos seus colaboradores a ter a tendência de submeter à sua consideração os assuntos mais importantes nas respectivas esferas de acção. No entanto, no trato quotidiano e nas relações de trabalho, Salazar estava longe de ser uma natureza autoritária. Ouvia com atenção o que se lhe dizia, mostrando-se receptivo para os pontos de vista dos seus interlocutores quando estes pela sua lealdade e sensatez lhe mereciam confiança. Admitia opiniões discordantes das suas desde que os argumentos invocados em sua justificação lhe parecessem fundamentados, e fossem apresentadas com o tacto necessário quando se pretende discordar de alguém que mereça o nosso respeito. Nos anos em que colaborei com ele, nunca fez junto de mim qualquer pressão ou manifestou um empenho que acarretassem uma limitação da plenitude de autonomia que eu possuía no exercício dos meus cargos. Também gostava de pôr à prova os seus colaboradores. Inicialmente, Salazar revelava a quem era chamado a trabalhar com ele um carácter porventura excessivamente severo e austero, pouco propício a manifestações de simpatia e de apreço, sendo muito parco no plano do adjectivo lisonjeiro e de uma grande avareza em referências elogiosas. A maior parte das pessoas, intimidadas pelo enorme prestígio de que ele gozava, aproximavam-se dele já embaraçadas, perdendo por vezes algumas faculdades que as tornavam mais marcantes nos seus meios, pelo que tive ocasião de ver muitas que desfrutavam da reputação de serem personagens notáveis saírem de junto de Salazar como que reprovadas. Tratava-se de uma espécie de exame a que eram submetidos os seus colaboradores, mesmo eventuais, podendo dizer-se que os outros estavam em exame permanente. Era muito ingrato, fazer diante de Salazar uma afirmação estatística de ânimo leve, citar arbitrariamente números, porque ele inquiria logo quais os elementos em que se baseava essa avaliação e perdia rapidamente a consideração pelo interlocutor se este não estava em condições de demonstrar a probidade do seu fundamento. Num país de afirmação fácil como o nosso, onde se fazem, tantas vezes, declarações grandiloquentes ou superlativas, talvez sem má intenção mas por excesso de imaginação, a objectividade magistral e as exigências de lente universitário de Salazar levavam muitas pessoas a sentirem a consciência incómoda da reprovação incorrida numa audácia inútil e comprometedora. Para Salazar a leviandade e gratuitidade das afirmações eram impossíveis e detestava as naturezas categóricas e dogmáticas.
Era no fundo um tímido que se refugiava num aparente olimpismo nas cerimónias públicas para afastar um certo número de impertinentes, mostrando-se avesso às demonstrações mundanas e sociais bem como às manifestações de entusiasmo público cuja precaridade e versatilidade não ignorava. Não aceitava convites para jantares ou para festas e sustentava que se frequentasse os salões mundanos perderia grande parte da independência de acção quando chegasse o momento de tomar quaisquer deliberações susceptíveis de afectar pessoas ou interesses que estivessem por detrás desses convites […]
Por outro lado tinha um espírito muito irónico e dificilmente se deixava impressionar por determinadas atitudes pretensiosas e arrogantes. Recordo-me que nos meses que se seguiram ao termo das hostilidades do conflito mundial, atravessámos um momento difícil nas nossas relações com a China porque Portugal tinha mantido um representante diplomático em Pequim e a guerra civil chinesa modificara completamente os dados da política daquele país. A China encontrava-se, como é natural, exaltada com a vitória obtida contra o Japão e a sua influência assumira especial significado no mundo, o que se revestia de implicações directas nos problemas pendentes que tínhamos em Macau. Depois de várias tentativas para nomear o novo ministro de Portugal na China, o funcionário designado para ir ocupar esse posto foi, a meu pedido, recebido pelo presidente do Conselho a fim deste lhe dar uma prova de apreço que o pudesse estimular no exercício das novas funções. Salazar recebeu-o, e quando ao fim da tarde eu fui a S. Bento e perguntei como se tinham passado as coisas com o novo representante diplomático, Salazar sorriu e disse-me: «Falou-me como se eu tivesse chegado na véspera de Santa Comba!»
[…]
Salazar foi acusado de uma grande mesquinhez nas realizações do Estado em virtude do seu espírito de economia e falava-se muito das dificuldades financeiras que ele suscitava em certos serviços com a sua administração, mas ele julgava indispensável à Nação a severa gestão dos dinheiros públicos e em caso de despesas sumptuárias era muito difícil levá-lo a conceder a mais pequena verba. Quando se tratava de mandar ao estrangeiro uma missão, discutia em pormenor as razões apresentadas em sua justificação e o número de pessoas que a compunham, pois considerava dever principal da administração defender do modo mais zeloso o erário público. Mas nunca vi Salazar negar a sua concordância a qualquer plano sério e bem estudado que tivesse por objecto o interesse nacional.
Ele próprio dava o exemplo, nos casos que lhe diziam respeito, desse escrúpulo administrativo. Assim pagava do seu bolso as despesas de aquecimento da residência de S. Bento, porque entendia não ser de responsabilidade do Estado o facto de ele precisar, por ser friorento, que a sala onde trabalhava estivesse bem aquecida. Passava alguns meses de Verão no Forte de Santo António em S. João do Estoril e fez questão de pagar ao Instituto de Odivelas uma importância fixada como renda, pelo uso daquele forte no período do tempo em que aí residia.
Recordo, neste contexto, outro episódio. O príncipe Charles, regente da Bélgica, viera várias vezes a Portugal onde visitara Salazar por quem tinha admiração e estima. Na Primavera de 1946, escreveu ao presidente do Conselho informando-o do seu desejo de vir passar alguns dias de férias, na Páscoa, em Portugal junto dele, certamente persuadido de que este dispunha de uma casa de campo facultada pelo Estado, à semelhança do que sucede em muitos países ocidentais. Salazar incomodou-se com a hipótese, naquelas condições, desta visita, mas não querendo invocar qualquer dificuldade que pudesse ser interpretada como não desejando a visita do príncipe, reservou quartos no Palácio-Hotel do Buçaco para o regente belga e sua comitiva, respondendo ao príncipe que por ser muito pequena a sua casa no Vimieiro não tinha condições para ali o receber como gostaria, mas que lhe reservara aposentos num hotel confortável, a pequena distância de sua casa. Nesse ano, Abril foi um mês de grandes chuvas e a estadia do príncipe foi por isso encurtada. O hotel enviou a nota de despesa efectuada com a hospedagem do príncipe e dos seus acompanhantes aos Serviços do Protocolo do Ministério dos Negócios Estrangeiros. O Protocolo transmitiu a nota directamente ao presidente do Conselho, sem que desse facto me tivesse sido dado prévio conhecimento, e Salazar quis pagar do seu bolso a despesa, não aceitando utilizar verbas de representação do Estado, ao dispor do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Às minhas alegações de que tal decisão era absurda porque o príncipe tinha vindo visitar o presidente do Conselho de Portugal e não o Prof. Dr. Oliveira Salazar, ele insistiu no carácter pessoal daquela visita respondendo que lhe parecia inadmissível ser o Estado a pagar essas despesas salientando ter sido ele a reservar instalações no Palácio do Buçaco por não ter em sua casa aposentos que lhe permitissem receber condignamente o príncipe.
J. V. Serrão (pref.), M.ª José Vaz Pinto (sel., org. e notas), Correspondência. Marcello Mathias / Salazar, 1947/1968, Difel, [Lisboa], 1984, pp. 84 e ss.
O preâmbulo («Portugal de ontem; reminiscências») está assim recheado de episódios que dão a noção dum tempo em que, com homens assim, Portugal fazia-se.
Para mim, Salazar impusera-se ao reconhecimento público pela sua obra, pela independência da sua política externa, pela sua personalidade e pela determinação patriótica que imprimia à sua acção. Nunca lhe vi um desfalecimento de vontade nem uma vacilação, perante pressões externas ou internas, bem frequentes. Salazar pela sua inteireza de carácter suscitava o respeito de todos. Era incorruptível e para se manter no poder era incapaz de transigências que envolvessem diminuição de independência nacional ou da sua liberdade de decisão. Daí que muitos homens de diferentes tendências ideológicas movidos apenas pelo desejo de servir o País, tenham colaborado com o regime desempenhando altas funções e até cargos ministeriais, o que se tornaria difícil de justificar se houvesse fundamentos legítimos para todas as acusações que lhe fizeram os seus adversários políticos. Ele restabelecera o respeito pelas instituições e a autoridade e a credibilidade do Estado. Tinha ele próprio talvez um respeito excessivo pela função pública. Terá havido, como em todos os regimes, deslizes no exercício da autoridade e erros e abusos por parte dos deuses menores que o rodeavam na obra realizada. Mas sempre considerei Salazar um homem excepcional no plano moral e nunca o vi senão guiado por fervorosos motivos de dedicação a Portugal. E este meu testemunho tem tanto maior sinceridade quanto os ventos presentemente não são de feição, e a própria noção de pátria estará hoje subvertida por outras concepções.
No âmbito da política externa, que prioritariamente sempre me ocupou, tínhamos alcançado uma verdadeira independência nacional. Deste aspecto pude tomar consciência, como secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros e mais tarde como ministro, quando a cada passo verificava que as nossas decisões eram tomadas exclusivamente em função do que nos parecia ser o interesse nacional quaisquer que fossem as pressões estrangeiras, sobretudo as das grandes potências. Não tínhamos dívidas externas, pelo que não estávamos sujeitos a influências de tipo financeiro por parte de eventuais credores que esmagassem as nossas veleidades de autonomia: a nossa política exterior baseava-se numa orientação coerente com os princípios em que se inspirava.
Tem-se dito muitas vezes que o Pacto de Amizade e Não Agressão com a Espanha, celebrado em 1939, visava manter os regimes autoritários de Portugal e de Espanha. Ora o que se pretendia com esse pacto não era consolidar a situação política de Madrid ou de Lisboa mas apenas encontrar meios de evitar que os países peninsulares fossem arrastados para a guerra mundial. Salazar tivera a coragem alguns anos antes, num momento em que as paixões políticas cegavam a maior parte dos homens na Europa e muita gente vivia no terror da Alemanha, de dizer inequivocamente, num discurso proferido a 26 de Maio de 1934, que o nosso sistema político interno nada tinha a ver com o fascismo ou com o nacional-socialismo alemão porque a Constituição então vigente estabelecia que a moral e o direito estavam acima das razões do Estado.
Id., ibid.
No fim, é frustrante ler um livro destes. A qualidade dos homens, os trabalhos em que se houveram por manter Portugal íntegro histórica e politicamente — somai-se-lhe a Nação, que os acompanhou — e ver o desfecho inglório de vidas de empenho e dedicação patriótica… Pior! Viver na apagada e vil tristeza que lhes espezinhou o sacrifício, derrubando a Pátria.
Inverno. Alegre, o sol de Lisboa dá o braço à neblina espalhada sobre o casario… O velho plátano está nu mas não tem frio…
Jardim de Lisboa em dia de Inverno (Torel), Lisboa, c. 1960.
Horácio de Carvalho, in Jorge Segurado (dir.), Lisboa no Passado e no Presente, Excelsior, Lisboa, imp. 1971, p. 75.
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