Segunda-feira, 25 de Julho de 2022

40° C

 Quarenta graus. Não me recorda nunca de apanhar 40° C no Algarve. O mais que me lembra foram 38° em 94. Lembra-me desse ano cá. O calor deu-me alergia num dia de só 34°. (Só!…) Uma borbulhagem no peito. Na farmácia aconselharam-me o Piz Buïn Allergy (já então a coisa dos nomes em amaricano…) E que evitasse o calor. Fez bem. A borbulhage passou. Ficou-me o Piz Buïn das alergias até hoje.

 O calor continuou nesse Julho de 94 e na ideia, também me ainda lembra, trazia aquela cantiga dos 40° à sombra. Não chegou a tanto, então.

 

Radar Kadafi, 40º à Sombra
(R.T.P., 1987)


 Julho de 94. Foram dias bem passados, daqueles em que se a vidinha suspende e parece se vive noutra… Outra que me lembra sempre dele e me também ficou até hoje foi do Nescafé. Ao depois de jantar íamos por vício social à gelataria tomar café. Uma daquelas noites, não sei porquê, alguém resolveu que não, mas, e o café?

 Havíamos Nescafé, daquelas saquetas.

 Pois, que bem me soube aquele café nessa noite ali! Nescafé clássico ritualmente batido na chávena antes de deitar água a ferver. Não tinha eu hábito senão de expresso de máquina e a treta do Nespresso ainda não havia ou, se havia, não se falava. E dum prazer simples, ali no relvado, numa daquelas noites algarvias, ficou-me o hábito e o prazer do Nescafé clássico. Até hoje.

 E hoje, finalmente, no Algarve das minhas vilegiaturas, uma caloraça das antigas.

 

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Escrito com Bic Laranja às 16:31
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Segunda-feira, 18 de Julho de 2022

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Famalicão — Estações do Caminho de Ferro (Postal ilustrado n/ id., s.d.)


— Um dia, Camillo, vindo do Porto, preveniu o chefe da estação de Villa Nova de que esperava brevemente a visita de um «bacharel» e pediu-lhe que o guiasse para S. Miguel de Seide. Sempre que chegava um comboio, o chefe da estação perguntava: «Vem ahi algum sr. doutor, que deseje ir para Seide?» Ninguem respondia. Até que finalmente appareceu o «bacharel» annunciado: era um burro que Camillo Castello Branco tinha comprado no Porto.

Alberto Pimentel, Os Netos de Camillo, Lisboa, Empreza da Historia de Portugal, 1901, p. 27.

Escrito com Bic Laranja às 23:32
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Sexta-feira, 8 de Julho de 2022

O nosso campino

Silva Porto, «Condução de cabrestos», 1890. Óleo sôbre tela, 45 x 56 cm

 

« O nosso campino é o cavalleiro mais gentil de toda a Peninsula. Os guardadores hespanhoes são desempenados e elegantes, mas não hombreiam com os nossos, quando trajam a rigor: sapato aberto, de salto raso e prateleira, meia, calção, fivella, cinta, collete muito decotado, jaleca quasi sempre ao hombro, e barrete. 
« Os campinos, n'aquelle tempo, eram como uma raça á parte : sem serem nomades tinham o que quer que fosse do arabe: o cavallo, o pampilho, que é a sua lança, e a hospitalidade na poisada!
« As rixas decidiam-se com um pau de cobrir. Eram os primeiros jogadores de todo o paiz. Desde Alhandra até á Ribeira de Santarem, campino que usasse de navalha seria a deshonra de uma familia, de avós a netos. Isso hoje mudou, e está muito adeantado com a civilisação!
« Não ha cavalleiro em praça, por mais destro que seja, que chegue á elegância d'um campino, só, desamparado, virando um toiro, que reponta com todo o poder da sua força folgada, aos circulos, sobraçando o pampilho, e mettendo-lhe o ferro onde convém. É bonito, e é de destemido; mas, como valor, fazem mais. — Andam lavrando com o gado bravo; ha toiro que se nega a pegar á charrua? Pois não é raro o campino bater-lhe o pé e as palmas, atirar-lhe com o barrete, abrir lhe os braços, gritando: — Entra aqui, boi real! — e pegar-lhe desembolado; isto é, jogando a vida presa a um cabello! 
« Não ha passe de capote, nem de muleta, em que o espada mais arrojado se arrisque com tamanha intrepidez! »

Bulhão Pato, Memórias, tomo I, Lisboa, Academia Real das Sciencias, 1894, p. 155 e ss.

 

Raphael Bordallo Pinheiro, «Campino», 1875. Óleo sôbre (?), ? x ? cm, in Museu Bordalo Pinheiro, Lisboa


Quadros: Silva Porto, «Condução de cabrestos», 1890. Óleo sôbre tela, 45 x 56 cm, in leilões Invaluable.com; Raphael Bordallo Pinheiro, «Campino», 1875. Óleo sôbre (?), ? x ? cm, in Museu Bordalo Pinheiro, Lisboa.

Escrito com Bic Laranja às 14:37
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Quinta-feira, 7 de Julho de 2022

Dos grilos em noites estivais

Ilustração por @ObsNaturalistas

Com esta mania agora de roçarem os matos, só ouço os grilos lá muito ao longe.

 

(Ilustração das Obs. Naturalistas.)

Escrito com Bic Laranja às 22:20
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Bibliothecazinha de praia

Bibliothecazinha de praia, Algarve — (c) 2022
Bibliothecazinha de praia, Algarve — (c) 2022

Escrito com Bic Laranja às 15:15
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Terça-feira, 5 de Julho de 2022

Adeus, barrigas de cerveja!

«Beber uma cerveja por dia faz bem à tripa e não engorda, concluem os sábios», Público, 5/VII/22

Uma cerveja…? Não dizem se é de litro…

Escrito com Bic Laranja às 14:29
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Sexta-feira, 1 de Julho de 2022

Do badalo do dia

 Em 26 de Junho de 1929 o Ministro da Justiça e dos Cultos, dr. Mário de Figueiredo, publicou a Portaria 6 259, a célebre «portaria dos sinos», que esclarecia quanto à autorização prévia das autoridades públicas para a realização de procissões e, mais importante como se viria a vêr, anulava a proïbição do toque dos sinos ao depois do pôr do Sol. Sôbre o toque dos sinos a portaria esclarecia que o mesmo era permitido a qualquer hora, sem necessidade de autorização ou participação às autoridades administrativas valendo para tanto o art.º 2.° do Decreto 3 856, de 22 de Fevereiro de 1918 que dispunha que o «culto público de qualquer religião pode, de harmonia com as leis, exercer-se nos lugares adequados e a qualquer hora, sem dependência de licença da autoridade pública».

 Na reünião do Conselho de Ministros de 2 de Julho de 1929 alguns ministros — mòrmente o Ministro da Guerra, Júlio de Morais Sarmento — opuseram-se à «portaria dos sinos» invocando que violava a Lei de Separação do Estado e a Igreja. A «portaria dos sinos» foi anulada nêsse dia 2. O dr. Mário de Figueiredo, desautorizado que foi, apresentou imediatamente a demissão.

 No dia 3 de Julho, o dr. Oliveira Salazar, Ministro das Finanças, pediu também a sua exoneração ao Presidente do Ministério (de há tempo diz-se em Portugal «primeiro-ministro», à inglêsa), o coronel Vicente de Freitas.

 No dia 4 de Julho de 1929 o sr. Presidente da República, general Carmona, promoveu um Conselho de Ministros. Após a reünião do Conselho fôi distribuída uma nota oficiosa à imprensa:

« Por divergencias de opiniões no seio do gabinete, o presidente do Ministerio aprsentou [sic] a Sua Excelencia o Presidente da Republica a demissão colectiva do mesmo, que foi aceita. O Chefe do Estado iniciou as consultas para a resolução da crise. Os ministros continuarão a gerir as pastas até á sua substituição». (Diario de Lisbôa, 5-7-929.)

 Alembrou-me hoje isto, nem sei bem dizer porquê. A rábula do ministro dos aeroportos não tem nada que vêr. Nem o ministro se demitiu nem o govêrno caíu.

Torre sineira do palácio real da Ajuda, Lisboa (H. Novais, s.d.)
Torre sineira da capela real da Ajuda, Lisboa [s.d.].
Horácio Novais, in bibliotheca d' Arte da F.C.G.

Escrito com Bic Laranja às 15:31
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